Márcia na vitrine estadual
O que se vislumbrava como um clássico, a eleição em Serra Talhada, a 411 km do Recife, virou céu de brigadeiro para a prefeita Márcia Conrado (PT), que disputa a reeleição contra três adversários. A princípio, o mais forte, o jovem Miguel Duque (Podemos), não mostrou musculatura eleitoral na pesquisa do Instituto Opinião (postagem abaixo), em parceria com este blog.
Ele aparece 37 pontos abaixo da prefeita, faltando 30 dias para as eleições. É fato que eleição é como mineração, o resultado só depois da apuração, como costumava dizer o sábio Marco Maciel, meu biografado. Mas o que se diz em Serra Talhada – e as pesquisas anteriores mostravam isso – é que o ex-prefeito e atual deputado Luciano Duque era mais competitivo do que o filho.
Leia maisDuque, aliás, elegeu Márcia Conrado na eleição passada, mas o tempo se encarregou de afastá-los, caminho natural na política. Não precisa ir muito longe. Que o diga o ex-prefeito do Recife, João Paulo (PT), hoje deputado estadual, que elegeu o poste João da Costa e este, antes mesmo de tomar posse, já estava rompido com o seu criador.
Só que no caso do Recife, Costa se revelou num péssimo prefeito, aliás o pior da história da capital, diferente do que ocorre em Serra Talhada. Ali, Márcia faz uma gestão em plena sintonia com a população, chegando a mais de 70% de aprovação, segundo as mais diversas pesquisas. E isso lhe abre os caminhos para emplacar a reeleição sem muitas dificuldades.
Segundo o levantamento do Opinião, ela teria, hoje, com quase 60% dos votos, precisamente 59,5%, enquanto Miguel Duque pontua apenas 22,8%. Os demais candidatos – o Doutor Luiz Pinto (Psol) e Sargento Jucelio (PL) – somam apenas 3,8%, percentual abaixo da margem de erro, que é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos. A reeleição de Márcia, a esta altura muito próxima de se confirmar, vai lhe conferir autonomia política e colocá-la na vitrine na cena estadual.
Palanque múltiplo – Um detalhe curioso chama atenção em Serra Talhada: a prefeita Márcia Conrado, mesmo disputando a reeleição pelo PT, conta com o apoio não apenas dos partidos de esquerda e da ex-candidata do Governo do Estado, Marília Arraes (SD), assim como da governadora Raquel Lyra (PSDB). Só que Marília armou uma estratégia para não aparecer na foto nem em eventos que Raquel esteja com a candidata.

Prato frio – Considerado osso duro de roer pela prefeita de Serra Talhada na época em que eram especuladas as pré-candidaturas no município, o deputado Luciano Duque (SD) foi rifado, literalmente, na disputa pela presidente estadual do seu partido, Marília Arraes. Além de negar-lhe legenda, Marília se aliou à Márcia Conrado. Na política, a vingança é um prato que se come frio, pelas beiradas, feito papa. Marília deu o troco a Duque porque ele se aliou à governadora, tão logo foi eleito, desrespeitando uma orientação partidária.
Marçal fora da bolha – Depois do crescimento surpreendente do candidato do PRTB, Pablo Marçal, as atenções do País se voltaram para a capital paulista, maior colégio eleitoral do País. Os novos números do Datafolha, ontem, mostram que não se trata de uma bolha. Marçal já aparece empatado numericamente com seus dois principais adversários, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o candidato do Psol, Guilherme Boulos. Todos aparecem com percentuais entre 22% e 23%. São Paulo promete!
Paes se consolida – Já no Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) vai sedimentando a sua reeleição. Pelo Datafolha, cresceu três pontos percentuais, de 56% para 59%. Como João Campos em Pernambuco, Paes tem pretensão de disputar o Governo do Estado em 2026. Se nada acontecer de impacto nos próximos dias, ele tende a ser reeleito logo no primeiro turno, o que lhe dará musculatura eleitoral para a disputa seguinte a governador.

O vexame de Daniel – No Recife, o Datafolha confirmou também, mais uma vez, o favoritismo do prefeito João Campos (PSB) em busca da reeleição. Recuou dois pontos, dentro da margem de erro, saindo de 76% para 74%. O levantamento revelou, novamente, que o candidato do PSD, Daniel Coelho, apoiado pela governadora Raquel Lyra (PSDB), tende a sair das urnas com uma derrota acachapante e vergonhosa, perdendo até para Gilson Machado. Enquanto Gilson subiu três pontos em relação ao último levantamento do Datafolha, saindo de 6% para 9%, o candidato de Raquel se manteve nos 5%.
CURTAS
EM BH – Em Belo Horizonte, o Datafolha também não trouxe novidades. O candidato do Republicanos, Mauro Tramonte, continua na frente, mas com percentual baixo: 29%. Na sequência, tecnicamente empatados, vêm Fuad Noman (PSD), atual prefeito, com 14%, Bruno Engler (PL), com 13%, Duda Salabert (PDT), com 12%, e Rogério Correia (PT), com 8%.
EM SAMPA – Num eventual segundo turno em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) derrotaria todos os seus adversários, seja numa final contra Boulos (Psol) ou contra Marçal (PRTB). No enfrentamento com Boulos, teria 49% contra 37%. Já contra Marçal, a vitória seria maior – 53% a 31%.
VITÓRIA – Se os números trazidos, ontem, em Vitória de Santo Antão, pelo Instituto Opinião, se confirmarem, o prefeito Paulo Roberto (MDB), que lidera com 68,8%, ante 14,8% de Victor (PSB), tende a sair das urnas como o prefeito reeleito com maior votação no Interior do Estado.
Perguntar não ofende: Daniel Coelho será o rabo da gata na eleição do Recife?
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