A desculpa esfarrapada do PT
Nas eleições municipais de outubro passado, o PT só elegeu um prefeito entre todas as capitais, o de Fortaleza, mesmo assim, no sufoco, por menos de 1%. Foi rabo da gata na soma geral nos municípios, emplacando apenas 252 gestores. Diante disso, seria cômico, se não fosse trágico, encontrar um culpado pelo desastre eleitoral petista: as emendas parlamentares.
Na resolução aprovada no encontro do partido na última sexta-feira, seus dirigentes escreveram: “O mau desempenho da legenda nas eleições municipais de 2024 foi causado pelo “crescimento desproporcional para R$ 50 bilhões” das emendas de congressistas”. E acrescentou: “A questão é uma distorção no orçamento público herdado do governo Bolsonaro”.
Engraçado, mas a dinheirama das emendas também não entrou nos cofres dos prefeitos petistas? Claro! E muito! Mas o PT teria que encontrar um bode expiatório para esconder a profunda decepção do povo brasileiro com os seus dirigentes municipais e com o próprio jeito petista de governar. Há de se registrar, também, que as emendas não são exclusividades do PSD, partido do Centrão campeão em número de prefeitos eleitos.
Leia maisForam modificadas, aprovadas e tramitaram no Congresso com o aval de todos os partidos, inclusive com o voto dos seus 69 deputados e nove senadores. O que o PT está vivendo, e não dá o braço a torcer, é uma corrida ao fundo do poço. Está na iminência de virar uma legenda, não diria nanica, mas no futuro sem expressão alguma.
Já nas eleições de 2020, o partido só elegeu 183 prefeitos, dos quais nenhum nas capitais. Virou, literalmente, uma agremiação dos grotões. Em Pernambuco, por exemplo, nas eleições deste ano, só emplacou seis prefeitos, todos de pequeno porte, com exceção de Serra Talhada, município de médio porte.
MAIS PRONUNCIAMENTOS – No documento, o PT também diz que Lula faz “um ótimo governo” e que precisa “apenas ajustar o modo de comunicar e formar o seu povo”. O diretório defende que o presidente e ministros do governo façam mais pronunciamentos oficiais em rádio e televisão e não deixem o expediente para ser usado apenas em datas comemorativas como o 7 de Setembro. “Internamente, é nítida a percepção e o reconhecimento de que a gestão Lula tem garantido muitas conquistas populares e apresenta excelentes resultados em inúmeras áreas. Ainda mais se considerarmos o estado de destruição nacional deixado por [Jair] Bolsonaro”, destaca.
Partido quer Lula reeleito – Na resolução, o presidente Lula é tratado como candidato à reeleição pelo PT, que o classifica como a “maior expressão” do partido. “Como candidato à reeleição, Lula, nossa maior expressão, deve recalibrar toda sua sabedoria e liderança para o mundo digital, sintonizando-as novamente para absorver anseios, frustrações e mudanças pelos quais atravessa nossa juventude. O PT está empenhado nesta causa”, diz o documento. A resolução afirma ainda que porta-vozes petistas são tímidos no debate e na disputa política contra “forças conservadoras e reacionárias”.
O próprio Lula culpa a comunicação – No seminário petista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas à comunicação do seu governo. Disse que há equívoco seu por não organizar entrevistas com jornalistas e cobrou a realização de uma licitação para mídia digital. O petista afirmou que a questão é uma de suas preocupações para resolver a partir de 2025, porque a população precisa saber das realizações de sua gestão. “Há um erro no governo na questão da comunicação e eu sou obrigado a fazer as correções necessárias para que a gente não reclame que não está se comunicando bem”, disse.
Edinho, o sucessor de Gleisi – O PT também definiu, no mesmo encontro, o calendário de atividades internas para a escolha de um novo presidente e novos diretores locais para a legenda. A eleição será realizada em 6 de julho e o voto registrado em urnas eletrônicas. O prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, é o nome mais cotado para substituir Gleisi Hoffmann. Ele conta com apoio de Lula e de integrantes da cúpula do partido. O favoritismo de Edinho chegou a ser arranhado logo depois do 1º turno das eleições municipais, quando fracassou em eleger sua sucessora, Eliana Honain, na cidade do interior paulista.
Hoje tem avaliação da gestão de Adelmo – Na sequência das pesquisas do Opinião, em parceria com este blog, trazendo a avaliação dos gestores municipais que encerram um ciclo de oito anos, ou de quatro para os que não se reelegeram, sai hoje o desempenho do prefeito de Itapetim, Adelmo Moura (PSB), que encerrou mais um duplo mandato, fechando uma era de 16 anos no poder, isso sem contar com um mandato de quatro de um aliado que elegeu, um somatório de 20 anos. A propósito, Adelmo é um dos nomes lembrados para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa em 2026, para ocupar o vácuo no Sertão do Pajeú deixado pela morte do ex-deputado José Patriota.
CURTAS
VERTENTES – Na sexta-feira passada, o Opinião, através deste blog, trouxe a avaliação de mais um ciclo de oito anos do prefeito de Vertentes, Romero Leal (PSDB). Fechou mais dois mandatos, completando 16 anos como gestor municipal, com 72,5% de aprovação. De alma lavada, pois elegeu o seu sucessor, o tucano Rael, que foi secretário na atual gestão.
MAIS PESQUISAS – Até o dia 31, este blog trará mais pesquisas de avaliação dos gestores pernambucanos que estão se despedindo. O Opinião apresenta um verdadeiro diagnóstico, com a visão da população em todos os segmentos da administração, da saúde ao serviço de coleta do lixo. Um documento e tanto!
VIROU ESTRELA – Uma das petistas mais festejadas no encontro do partido em Brasília, sexta-feira passada, foi Márcia Conrado, prefeita reeleita em Serra Talhada. Está sendo tratada tão bem por Lula e aliados que há quem desconfie que reservam para ela novos desafios eleitorais pela frente, quem sabe uma disputa majoritária.
Perguntar não ofende: Quando Miguel Coelho assume a comissão estadual provisória do União Brasil no Estado?
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