O confuso quadro de Olinda
Pela pesquisa do Instituto Opinião, Olinda tende a ter uma disputa de segundo turno entre a candidata da situação, Mirela Almeida (PSD), e o postulante do PT, Vinicius Castello. Mas Izabel Urquiza, do PL, abaixo cinco pontos do petista, também está no páreo, levando-se em consideração que a margem de erro do levantamento é cinco pontos percentuais, para mais ou para menos.
Num cenário entre Mirela e Vinicius, para onde iriam os votos de Izabel, que tem 15%, e Antônio Campos (PRTB), que aparece com 5%? Teoricamente, o eleitor de Izabel, filha da ex-prefeita Jacilda Urquiza, em grande parte é bolsonarista, mas pode ser que uma parte queira fazer uma homenagem à mãe dela, votando na herdeira política.
Leia maisJá os 5% dos eleitores de Campos são uma incógnita, tanto podem votar em Mirella ou Vinicius. No caso de Izabel roubar a vaga de Vinícius no segundo turno, o cenário se complica ainda mais, porque, teoricamente, seus eleitores são ideológicos. Um cenário Mirela x Izabel no segundo turno se traduz numa disputa de centro direita.
Daí, as chances de isso ocorrer, hipoteticamente, são menores, mas não impossível. Para Mirella, no segundo turno, seja o candidato que for escolhido pelo eleitor nas urnas do primeiro turno, haverá um plebiscito, no qual ela terá como única bandeira o legado da gestão atual, sob o comando do Professor Lupércio. Seu discurso da continuidade contra o da mudança.
Assim, ainda teoricamente, a melhor adversária para Mirela derrotar seria Izabel, representante do bolsonarismo num Estado em que há predominância do lulismo. Se for Vinicius, as dificuldades tendem a ser maiores, porque as chances da eleição de segundo turno vir a ser estadualizada, com a presença de João Campos e, provavelmente Lula, no palanque do petista, são bem maiores, criando um cenário desafiador para a candidata da situação.
Todos são rejeitados – Outro dado que chama atenção da pesquisa Opinião em Olinda diz respeito à rejeição de Izabel Urquiza, a maior de todos os candidatos, com 45,8% dos entrevistados afirmando que não votariam nela de jeito nenhum. Mas Mirella também não fica muito distante. Entre os entrevistados, 43,4% disseram que não votariam nela de forma alguma. Dos candidatos mais competitivos, Vinicius Castello (PT) é o menos rejeitado, mesmo assim com um percentual assustador: 37,3% dos eleitores afirmaram que não votariam nele de jeito nenhum.

Sem guia, Tonca saiu no prejuízo – Entre os que estão no jogo eleitoral em Olinda, o mais afoito, responsável pelos maiores bombardeiros em cima da gestão Lupércio, é Antônio Campos, o Tonca, do PRTB. O fato dele ter aparecido com apenas 5% das intenções de voto provavelmente seja reflexo da sua sigla não ter direito a guia eleitoral no rádio e na TV. Só restou para ele as redes sociais e o espaço do noticiário na mídia. Pablo Marçal disputa em São Paulo pelo mesmo partido de Tonca, mas a sua posição destacada nas pesquisas não se deu pelo guia eleitoral, que também não dispõe, mas por ter ficado conhecido através das polêmicas que gerou nos debates.
A caminho da reeleição – Já em Petrolina, o prefeito Simão Durando (UB) aparece num cenário de céu de brigadeiro para a reeleição. Na espontânea, abre 25 pontos de vantagem sobre o tucano Júlio Lóssio e na estimulada, a que vale, na verdade, a diferença sobe para 29 pontos. Faltando apenas seis dias para as eleições, só uma hecatombe evitaria o sucessor de Miguel emplacar um novo mandato. Ali, as oposições “cantaram” um cenário de segundo turno nos bastidores, o que não se comprovou pelo levantamento do Opinião, instituto que acertou todos os prognósticos eleitorais de Petrolina, inclusive as eleições nas quais Lóssio saiu vitorioso.
Péssimos cabos eleitorais – Lula nem Bolsonaro são bons cabos eleitorais. Em Petrolina, todo o mote da campanha de Odacy Amorim foi surfando na força, prestígio e popularidade do presidente Lula. Nunca conseguiu passar dos 6% das intenções de voto. Já em Caruaru, o candidato do PL, Fernando Rodolfo, fez a campanha casada com a imagem do ex-presidente Bolsonaro e chega na reta final sem conseguir romper a fronteira dos 7%, nem tampouco virar numa ameaça de pôr fim a polarização entre o prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) e o candidato do PDT, Zé Queiroz.

Debate na Globo será na quinta – Diretora de Jornalismo da TV Globo no Estado, a jornalista Angélica Tasso define, hoje, com os assessores dos candidatos a prefeito do Recife, as regras para o debate global entre os postulantes, marcado para a próxima quinta-feira, às 22 horas, com mediação do apresentador Márcio Bonfim. O prefeito João Campos (PSB), que até então não foi a nenhum debate, provavelmente não faltará, para não cometer o mesmo erro de Marília Arraes nas eleições para o Governo do Estado. Então líder nas pesquisas, Marília não foi alegando que iria virar alvo do bombardeio de todos os adversários.
CURTAS
ABSURDO 1 – O site Metrópoles, de Brasília, fez um levantamento estarrecedor: beneficiários do programa Bolsa Família doaram R$ 652 mil a candidatos nas eleições municipais. Encontrou repasses que variam de um centavo a R$ 9 mil para abastecer campanhas eleitorais de candidatos a prefeito e vereador.
ABSURDO 2 – O caso de maior destaque se refere à campanha de DJ Marcelo Mattos (Agir-MG), que concorre à Câmara Municipal de Belo Horizonte. O doador, que é beneficiário do Bolsa Família, fez quatro transferências por Pix que somaram R$ 9 mil.
OS LISOS – Enquanto isso, dados do TSE mostram que 48,4% dos candidatos a vereador em São Paulo declararam não ter recebido um centavo sequer para fazer campanha nas eleições deste ano, percentual que corresponde a 34.872 candidaturas. As declarações foram atualizadas na última sexta-feira, faltando apenas nove dias da eleição, em 6 de outubro.
Perguntar não ofende: João vai aos dois debates – o da TV Jornal e o da Globo?
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