Lula humilhou Prates
Mesmo com o Governo e a popularidade em baixa, o presidente Lula continua arrotando prepotência. Corre nos bastidores de Brasília que humilhou o ex-presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, durante 20 minutos, no episódio em que deu um chute no traseiro do ex-senador potiguar petista.
Lula pegou pesado. Assistiram, constrangidos, os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Alexandre Silveira, das Minas e Energia. Nas palavras de um interlocutor de Lula, foi “uma das mais difíceis que o petista teve neste governo”. Para Prates, não foi muito diferente. Conforme ele comentou após o afastamento com diferentes interlocutores, a sensação foi de que foi “humilhado” por Lula.
Leia maisLula, segundo as informações vazadas, ficou constrangido com a situação. Não explicou a Prates por que Rui Costa e Alexandre Silveira, que tentavam desde o ano passado tirá-lo da Petrobras, estavam na reunião. O presidente havia convocado Costa e Silveira poucas horas antes, cedendo a uma pressão que ambos exerciam há meses pela demissão de Prates, sob a alegação de que ele não entregava os resultados de que o País precisa na Petrobras.
Quem conhece o presidente na sua intimidade sabe que ele, quando perde a paciência, agride sem medir as palavras, com uma postura de rei na barriga. Isso não é hoje, vem desde quando foi eleito pela primeira vez. Com Prates, não respeitou nem a história do ex-senador petista, que vinha, segundo as vozes mais insuspeitas de Brasília e do poder, fazendo um excelente trabalho na Petrobras.
Lula é tão sem coração que detonou Prates diante dos seus algozes – os ministros Rui Costa e Alexandre Silveira. Estes viam há muito tempo pedindo a cabeça dele. Lula não comunicou a outros ministros de seu círculo mais restrito de confiança, como Fernando Haddad e Alexandre Padilha, de que iria fazer a mudança. Poucas horas antes, ambos não sabiam de nada.
A decisão de demitir Prates estava tomada há semanas, mas a decisão de comunicar Prates daquela maneira sobre a saída passou essencialmente pelo trio que agora, ao lado de Lula, recebia um espantado presidente da Petrobras, pego de surpresa com a presença de seus algozes.
A reação – Assim que Prates entrou na sala do presidente, ouviu de Lula a informação que havia decidido substituí-lo. “Eu e você temos visões diferentes sobre a importância que a Petrobras tem para o Brasil”, disse Lula, evitando encarar Prates. “Presidente, desta vez eu vou me permitir discordar do senhor. Das outras vezes em que eu vim aqui e o senhor me apresentou argumentos que chegavam ao senhor contra mim, eu discordava daqueles argumentos. Mas, agora que o senhor disse isso, a discordância é diretamente do senhor”, reagiu Prates.
Ambiente pesado – Segundo o site Metrópoles, Lula disse na sequência do bota fora de Prates que a crise da distribuição dos dividendos da Petrobras, em março, havia sido um ponto relevante para a demissão do ex-auxiliar. “A sua decisão de se abster na questão dos dividendos me pareceu uma afronta”, afirmou. “Presidente, o meu chefe de gabinete que está comigo aqui fora vai tratar com o Rui [Costa] sobre a minha saída. Quero lhe agradecer, mas preciso sair para cuidar da minha vida. Tenho que desmontar minha casa no Rio e tomar diversas providências. Obrigado”. Os quatro se levantaram quase ao mesmo tempo, Prates cumprimentou Lula, deu as costas aos três e saiu de cabeça baixa.
O mártir Pimenta – Ineficaz e desnecessário criar um ministério para socorrer e reconstruir o Rio Grande do Sul. Mais estranho ainda é nomear Paulo Pimenta, atual ministro das Comunicações, para tocar a nova pasta, não por desconfiar da sua capacidade gestora, mas pela sua condição de pré-candidato a governador do Rio Grande do Sul. Lula quer transformar Pimenta no mártir do Estado dele, para vê-lo governador dois anos depois. Claro, se ele der conta do recado.
Start da cassação – O Conselho de Ética da Câmara aprovou, ontem, uma representação que pede a cassação do mandado do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ) e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018. O parecer da relatora, deputada Jack Rocha (PT-ES), favorável à perda de mandato do congressista, foi aprovado por 16 votos a favor e 1 contrário.
Plano B de Raquel – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, a deputada Dani Portela, que oficializou sua pré-candidatura à prefeita do Recife pela federação Rede-Psol, disse que o seu concorrente Túlio Gadelha, da Rede, perdeu todas as condições de entrar na disputa porque foi derrotada por ele na convenção municipal da federação. “A federação só pode ter um candidato”, afirmou, adiantando que derrotou Gadelha por ampla maioria dos convencionais porque a candidatura dele estava a serviço da governadora Raquel Lyra. “Ele era um plano B de Raquel”, disse.
CURTAS
HABEAS CORPUS – O STF já tem quatro votos para manter decisão que negou um habeas corpus preventivo apresentado em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Corte analisa um recurso protocolado pelo advogado Djalma Lacerda para reverter uma decisão do ministro Kassio Nunes Marques que negou o pedido para livrar, antecipadamente, o ex-presidente de uma eventual prisão decorrida da investigação que trata da suposta tentativa de golpe de Estado para se manter na Presidência da República.
PE NO PODER – O jornalista pernambucano Laércio Portela virou ministro-interino da Secretaria de Comunicações (Secom), em substituição a Paulo Pimentel, nomeado ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul. Portela é uma boa figura, casado com Juliana, filha do economista Maurício Romão. No Estado, passou por várias redações e foi colunista político.
FILA RECORDE – A fila por uma vaga em UTI pediátrica em Pernambuco registrou o maior número deste ano. Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), 154 crianças aguardavam um leito na noite de terça-feira passada. Ontem, 144 bebês e crianças estavam na fila, de acordo com a Central de Regulação de Leitos do estado. Entre o mês de janeiro e o dia 11 de maio, foram registrados 2.383 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Mais da metade se deu em bebês e crianças com até quatro anos de idade.
Perguntar não ofende: O PL fica ou sai da base de Raquel?
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