Casamento de fachada
PT e PSB vivem um casamento de fachada há muito tempo. Quando os interesses são recíprocos, fingem lua de mel, muito mais para fel. Na medida em que deixam de falar a mesma língua, consequência de crises geradas pelos mesmos negócios contrariados, a separação bate à porta, nunca descambando para o divórcio.
Em 2020, os recifenses acompanharam de perto PT e PSB guerreando, mais um capítulo sem divórcio passado em cartório, porque agora, com o padre casamenteiro Lula da Silva, voltaram a um casamento do faz de conta. As crises conjugais não se restringem ao território pernambucano. Ontem, no Rio, PT e PSB voltaram a conviver em camas separadas. São iguais àquele casamento na vida real mantido entre tapas e beijos.
Leia maisMais tapas do que beijos. Num áudio que vazou pelas redes sociais, a deputada Benedita da Silva, uma das principais lideranças petistas do Rio, tornou público uma espécie de lavagem de roupa suja da desgastante relação PT x PSB. Tudo porque o PSB, olho grande, vale a ressalva, não cumpriu com a palavra de ceder a vaga ao Senado ao PT. “Sacrificado”, o ex-presidiário, candidato ao Planalto, terá que subir em dois palanques naquele Estado.
Casamento sem amor, apenas de mero interesse, é assim: tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano. PSB e PT praticam e ensinam a pior das políticas, a de que a política não é a moral, ela se ocupa apenas do que é oportuno. Foi assim, em Pernambuco, quando se juntaram para reeleger Paulo Câmara, o pior governador do Estado, e Humberto Costa, senador anão.
Já ouvi que, em política a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades falsas, uma praga tal que os mais sábios não aconselho a não se meterem nela. Dizia Nelson Rodrigues que não há nada mais cretino e mais cretinizante do que a falsa relação política, porque provoca a paixão amarga da política. “É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem”, ensinou.
Lula fechou com Freixo – A executiva estadual do PT carioca aprovou, ontem, por maioria, o rompimento da aliança com o socialista Marcelo Freixo, candidato a governador. O pivô do desentendimento foi o deputado Alessandro Molon, do PSB, que não abriu sua candidatura ao Senado. A campanha de Freixo conta com a palavra de Lula, que se comprometeu em apoiá-lo. Em ato político no Rio no início de julho, o petista reforçou: “Para esclarecer, no Rio de Janeiro, meu candidato a governador se chama Marcelo Freixo”.
Acordo negado – Freixo tem evitado comentar o impasse. Na convenção nacional do PSB, realizada em Brasília na semana passada, ele disse apenas: “Sou candidato a governador”, se desvencilhando do atrito pela eleição ao Senado. Molon, por outro lado, tenta reforçar seu nome como o candidato “que mais tem condições” de vencer o bolsonarismo no Estado. Irredutível, Molon disse em nota: “Mais uma vez reafirmo: não fiz e não participei de qualquer acordo para ceder ao PT a vaga para o Senado.
Quem lidera – A pesquisa eleitoral mais recente sobre a disputa pelo Senado no Rio, da Real Time Big Data/TV Record, mostra um empate técnico no primeiro lugar entre o atual senador Romário (PL), com 19%, e o deputado federal Alessandro Molon (PSB), com 14% das intenções de voto. A mesma pesquisa aponta que o governador Cláudio Castro (PL) está à frente na disputa pelo governo, com 31%, e Marcelo Freixo está em segundo lugar, com 24% dos votos válidos.
Temor de violência – Aliados de Jair Bolsonaro com posição de destaque nos partidos do Centrão e o comando político da campanha bolsonarista estão se movendo para colocar limites no plano presidencial de insuflar a militância para os festejos de 7 de setembro. O temor do entorno mais moderado do presidente é que o chamado de Bolsonaro seja lido como um convite à violência e acabe virando mais um empecilho no já difícil projeto reeleitoral.
Bolsonaro de volta – Bolsonaro volta a Pernambuco no próximo sábado para a Marcha para Jesus, evento no Recife promovido pelo movimento evangélico. A confirmação da sua presença foi feita, ontem, pelo deputado federal André Ferreira (PL), um dos coordenadores em Pernambuco da campanha à reeleição do chefe da nação. Ferreira participou de um culto, na manhã de ontem, em Brasília, com a bancada cristã na Câmara Federal ao lado de Bolsonaro.
CURTAS
GARIMPEIROS – O governo federal pagou auxílio emergencial a dois garimpeiros presos na Operação Ganância, diz relatório da Polícia Federal (PF) obtido pelo Metrópoles. O benefício foi criado com o objetivo de auxiliar famílias de baixa renda em meio à crise econômica intensificada pela pandemia do novo coronavírus.
ENFERMAGEM – Auxiliares do presidente Bolsonaro dizem que ele deve sancionar o Projeto de Lei (PL) que estabelece o piso da enfermagem em uma pequena cerimônia no Palácio do Planalto, hoje, às 17h. A tendência é que ele vete o trecho que estabelece que o salário será reajustado anualmente com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Perguntar não ofende: A marcha para Jesus do Recife vai bombar?
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