EUA declaram guerra ao Brasil
Os Estados Unidos declararam guerra ao Brasil. No mesmo dia em que o presidente Donald Trump confirmou que a partir do próximo dia 6 entra em vigor o tarifaço de 50% aos produtos brasileiros exportados aos americanos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, sofreu uma pena de morte financeira, enquadrado na Lei Magnitsky.
O que acontece agora efetivamente com Moraes? De acordo com comunicado emitido pelo Tesouro dos EUA, tudo que estiver no nome do ministro e que esteja nos Estados Unidos ou sob controle de pessoas dos EUA será bloqueado e deve ser reportados ao Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), inclusive empresas com 50% ou mais de participação de Moraes.
Leia maisEle fica também impedido de fazer qualquer tipo de transação financeira, exceto com autorização específica do OFAC. Na prática, cidadãos americanos estão proibidos de realizar qualquer transação que envolva bens ou interesses em propriedade de Moraes, seja nos EUA ou em trânsito, incluindo fornecer ou receber fundos, bens ou serviços. Caso a ordem seja desrespeitada, essas pessoas ou instituições financeiras podem ser sancionadas também.
Caso as sanções não sejam respeitadas, o ministro pode receber penalidades civis ou criminais, mesmo que elas ocorram sem a intenção (strict liability), se assim determinar o OFAC. Ainda segundo o documento, o “objetivo principal das sanções não é punir, mas sim provocar uma mudança positiva de comportamento”.
Nos argumentos que justificam a aplicação das sanções, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, mencionou diretamente a suposta “caça às bruxas”, como classificou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Alexandre de Moraes assumiu para si o papel de juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas dos Estados Unidos e do Brasil”, diz Bessent.
E acrescenta: “Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos judicializados com motivação política — inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação de hoje deixa claro que o Tesouro continuará responsabilizando aqueles que ameaçam os interesses dos EUA e as liberdades de nossos cidadãos”.
TUDO PARA SALVAR BOLSONARO – No último dia 18, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, já havia anunciado a revogação de vistos americanos de ministros do STF e seus parentes, citando Moraes nominalmente. Para justificar a medida, o secretário americano também citou o processo que corre no STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu por tentativa de golpe de Estado após perder as eleições para Lula (PT) em 2022. Nunca na história republicana na relação bilateral Brasil x EUA se viu algo nem parecido!

Lula reprovado por 53% – No mesmo dia da declaração de guerra dos Estados Unidos ao Brasil, o PoderData trouxe uma pesquisa mostrando que as taxas de aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 79 anos, tiveram uma leve melhora. De maio a julho, os percentuais oscilaram favoravelmente ao petista, que surfa no discurso da soberania depois do tarifaço imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano), sobre os produtos brasileiros. A pesquisa do PoderData feita de 26 a 28 de julho mostra que o governo é hoje desaprovado por 53% dos eleitores. A taxa oscilou 3 pontos porcentuais para baixo em 2 meses. No mesmo período, a aprovação foi de 39% para 42%. A distância entre as taxas positiva e negativa caiu de 17 pontos percentuais para 11 pontos percentuais.
Ceará, o mais prejudicado – Pela ordem, o Ceará é o Estado brasileiro com maior dependência do mercado norte-americano. Dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostram que 44,9% das exportações cearenses em 2024 tiveram como destino os Estados Unidos. Em seguida, vêm Espírito Santo (28,6%), Paraíba (21,6%) e Sergipe (17,1%). A confederação afirma que a forte presença norte-americana na pauta dá a dimensão da importância de mercados como os EUA para o comércio exterior regional. Segundo a CNI, o aumento de tarifas imposto pelo presidente Donald Trump deve provocar perdas de mais de R$ 19 bilhões no Brasil.
Impactos danosos – A CNI afirma que o tarifaço prejudica setores estratégicos e pode causar perda de competitividade, corte de pedidos e empregos, além de alta de preços no mercado interno. De acordo com a confederação, a tarifa extra de 50% vai atingir principalmente bens industrializados, que representam 78,2% das exportações brasileiras para os EUA. Entre eles: café não torrado; carnes congeladas; açúcar; soja; produtos siderúrgicos. “Os impactos são muito preocupantes”, afirma Ricardo Alban, presidente da CNI. Para ele, o aumento das tarifas compromete a competitividade do Brasil no comércio global.

PCdoB vai de Alckmin na vice – No podcast Direto de Brasília desta semana, parceria deste blog com a Folha de Pernambuco, a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, não mostrou apenas alinhamento e boa relação com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Na condição de presidente nacional do PCdoB, se mostrou disposta a abrir uma frente na base do presidente Lula para Alckmin ser mantido na chapa de reeleição do petista. “Não tenho a menor dúvida que é o nome que mais soma, que teve papel fundamental já lá atrás, na eleição de Lula 2022”, disse.
CURTAS
NA ITACAETÉ – Líder em audiência em Belo Jardim e região, a rádio Itacaeté FM 88,1, do Grupo Cintra, passa a ser, a partir de hoje, o canal oficial do Frente a Frente, que sai da Bitury FM. Meu programa de estreia na emissora será ao vivo, das 18 às 19 horas, para mais 48 emissoras no Nordeste.
MANGAS PODRES – O São Francisco, leia-se o polo de produção de frutas irrigadas entre Petrolina e Juazeiro, está numa apreensão terrível. Diante do tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros pelo presidente Trump, as mangas e uvas para o mercado americano tendem a apodrecer nas fazendas, causando um prejuízo incalculável aos produtores.
CAPPELLI NO PODCAST – O jornalista Ricardo Cappelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, autor do livro “O 8 de janeiro que o Brasil não viu”, é o entrevistado do meu podcast Direto de Brasília, em parceria com a Folha de Pernambuco, da próxima terça-feira. Capelli foi uma espécie de interventor do Governo do Distrito Federal pós atos de 8 de janeiro e é pré-candidato a governador do DF.
Perguntar não ofende: O que vai ser do nosso coitado brasilzinho depois desta guerra com os EUA?
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