Dilma usou Abin para vasculhar vida de Eduardo
Em meio tantos assuntos abordados, ontem, no meu podcast “Direto de Brasília”, em parceria com a Folha de Pernambuco, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, revelou um bastidor de arrepiar: quando contrariou o PT e se lançou candidato ao Planalto, o ex-governador Eduardo Campos (PSB) teve sua vida bisbilhotada por agentes da Abin, por ordem da ex-presidente Dilma (PT), então adversária do socialista.
“Eduardo sofreu muitas ameaças, a pré-candidatura saiu a fórceps. Dilma interferiu tanto, que botou até um agente da Abin lá. Vivi tudo aquilo intensamente, sei o quanto foi difícil. Passamos dificuldades políticas muito grandes, insufladas por Dilma e por gente do PT”, disparou Siqueira. Diante de tamanha arbitrariedade e jogo sujo, relembrei a Siqueira que havia suspeita de sabotagem na queda do avião que tirou a vida do ex-governador.
Leia maisQueria ligar uma coisa à outra, já que o advogado Antônio Campos, irmão de Eduardo, insistiu por diversas vezes na reabertura do inquérito que investiga o assunto, mas Siqueira foi muito sincero. “Acho que foi acidente mesmo, não houve nada além disso”, afirmou. Quanto aos agentes da Abin, o que Dilma temia tanto com a entrada do ex-governador na disputa presidencial?
Temia ser derrotada, evidentemente, porque o único nome que ameaçava frustrar o seu projeto de reeleição era o de Eduardo, que estava em pré-campanha num estágio em ascensão. Se não tivesse ocorrido a tragédia com o avião que o levava a Santos naquele fatídico 13 de agosto de 2014, o socialista poderia ter derrotado a petista, segundo os mais variados analistas e cientistas políticos que se pronunciaram.
Orientados por Dilma, os agentes da Abin, pelo visto, já vinham vasculhando a vida de Eduardo desde o dia em que ele rompeu com o PT, criou musculatura política e passou a viajar o País em busca de consolidar um projeto de terceira via presidencial. O que a Abin investiga? Informações grotescas que possam comprometer o investigado. Se Dilma agiu assim com alguém que a ajudou a chegar à Presidência da República e não mais concordava com a sua reeleição, imagine com os verdadeiros inimigos da direita.
MAIS ÁGUA – Na sua passagem, ontem, por Salgueiro, a 500 km do Recife, o presidente Lula (PT) assinou a ordem de serviço para a duplicação da capacidade de bombeamento de água do Eixo Norte do Projeto de Integração do São Francisco (PISF), nas estações de bombeamento intermunicipais EBI1, em Cabrobó, EBI2 em Terra Nova e EBI3 em Salgueiro. Com a duplicação, a capacidade de escoamento de água vai aumentar de 24,75 m³/s para 49 m³/s. O projeto, no valor de R$ 491,3 milhões, vai beneficiar cerca de 8 milhões de pessoas, atingindo 237 municípios de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Distante de Lula e da sua PB – Uma semana após acompanhar o presidente Lula na China, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), que é paraibano de Souza, cidade contemplada pela Transposição do São Francisco, não atendeu ao convite do petista a viagem, ontem, a Paraíba. Ele alegou que estava com pauta no Congresso, mas a negativa foi vista por algumas lideranças da Câmara como uma estratégia para se distanciar do governo, embora o deputado tenha acompanhado Lula em viagens internacionais recentes.
Pau em Bolsonaro – Já na Paraíba, onde inaugurou o Ramal do Apodi, em Cachoeira dos Índios, o presidente Lula (PT) bateu sem piedade no ex-presidente Bolsonaro. “O Brasil nunca mais terá um presidente negacionista”, alfinetou, referindo-se ao seu antecessor. E acrescentou: “Eu vou dizer uma coisa a vocês. Nunca mais esse País vai ter um presidente negacionista que brincou a covid, que mentia descaradamente. Que fazia fake News, vivia no celular mentindo. O Brasil tem que ter um presidente que viaje pelos Estados, que cuide da saúde, da educação, da defesa e da dignidade do povo brasileiro”.
Na comitiva presidencial – João Campos, que estava em Brasília organizando a convenção do PSB no próximo final, pela qual será eleito presidente nacional da legenda sucedendo a Carlos Siqueira, seguiu na comitiva de Lula até Salgueiro. E lá, se emocionou com tudo que viu na Transposição. “Aqui está a realização do sonho de muita gente. Em 1989, Miguel Arraes era governador em Pernambuco e já me falava sobre a necessidade da transposição do Rio São Francisco”, disse, em meio a entrevistas para jornalistas que acompanharam o evento.

O carinho de Lula por Patriota – O presidente Lula fez um gesto de respeito, carinho e apreço pelo ex-deputado federal Gonzaga Patriota (PSB) ao convidá-lo para integrar a comitiva presidencial de Brasília até Salgueiro. O petista reconhece o trabalho que Patriota desempenhou como autor do projeto da ferrovia Transnordestina, cujo trecho de Salgueiro até Suape continua paralisado. Durante o voo, Lula brincou com Patriota. “Gonzaguinha, para de fazer menino”, provocou. Em tempo: o ex-deputado não nega suas origens sertanejas: é pai de 12 filhos.
CURTAS
NA PRESSÃO – Nove frentes do Congresso Nacional apresentaram, ontem, um pedido para pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar o projeto que derruba o decreto que elevou as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Na última quinta-feira, o governo anunciou e revogou parte da medida de aumento da alíquota em operações de crédito.
NA PAUTA – A taxa de 3,5% sobre transferências de aplicações de fundos no exterior foi revogada e voltou a ser zerada. A taxa de 3,5% sobre remessas para investimentos enviados ao exterior também foi derrubada e voltou a 1,1%. Desde então, os deputados apresentaram 19 PDLs (projetos de decreto legislativo) para revogar a medida. Motta disse aos líderes partidários que irá debater as propostas.
FULGÊNCIO – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o prefeito de Santa Maria da Boa Vista, George Duarte (PP), lamentou que na sua passagem pelo Sertão pernambucano o presidente Lula não tenha tomado uma decisão definitiva para o projeto Fulgêncio, ameaçado de paralisação por ameaças de corte da energia usada pelos assentados.
Perguntar não ofende: Raquel foi vaiada, ontem, em Salgueiro, ou foi só uma ameaça logo contida?
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