Federação, fusão e 2026
Uma nova federação e uma fusão partidária — a primeira já formalizada entre União Brasil e PP, e a segunda confirmada pelo PSDB com o Podemos — chegam como novos ingredientes para as eleições de 2026. Dificilmente o que os caciques decidem em Brasília não produz estragos na ponta, ou seja, nos estados e municípios.
Daí as dificuldades e a demora nas negociações no plano nacional para bater o martelo nos entendimentos. A federação União Brasil–PP quase não saiu. A pedra no caminho foi o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), porque se achava no direito de presidir a aliança nos primeiros dois anos. Cedeu, mas Antônio Rueda, presidente do UB, também não reinará sozinho.
Leia maisDividirá o comando da federação com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil na gestão Bolsonaro. Aliás, Rueda e Ciro são bolsonaristas de alta linhagem e o ato da oficialização, na terça-feira, no Salão Negro do Congresso, foi embalado com discursos à direita, de oposição ao Governo Lula, embora ambos os partidos ocupem dois ministérios cada um, totalizando quatro.
Em Pernambuco, a junção do PP com o UB forçou de imediato uma composição entre os dois presidentes – Eduardo da Fonte e Miguel Coelho. Isso, evidentemente, com implicações em 2026, tendo em vista que Dudu, como é mais conhecido, na condição de principal líder do PP, tem, hoje, alinhamento ao Governo Raquel Lyra, enquanto Miguel, do UB, está no campo da oposição.
Vão se unir em 2026? Segundo apurei, vão esperar como o Governo e a própria Raquel ficarão com o passar do tempo. A trégua é de um ano. Se até lá a governadora não tiver se recuperado, não será surpresa Miguel arrastar Dudu para o palanque de João Campos e vice-versa. Raquel bem, estando competitiva para a reeleição, quem sabe Dudu e Miguel não fecham as duas vagas para o Senado na chapa da governadora.
Só o tempo, que é o senhor da razão, dará esse desfecho!
CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS – No caso da fusão do PSDB ao Podemos, as implicações são mais imediatas em Pernambuco. Presidente nacional do Podemos, Renata Abreu não conseguiu atender ao pedido do ex-presidente do partido do Estado, Ricardo Teobaldo, amigo do peito, de entregar o comando do novo partido ao atual presidente do Podemos, Marcelo Gouveia. Renata não venceu as resistências do comando nacional do PSDB, leia-se Marconi Perillo e Aécio Neves, contra a governadora Raquel Lyra, hoje no PSD, que usou R$ 38 milhões de fundo partidário e saiu da legenda tucana sem dar satisfação.

Porto comanda nova legenda – O novo partido, resultado da fusão do PSDB ao Podemos, será presidido em Pernambuco pelo deputado Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa. Ele tem carta branca para negociar a entrada de novas lideranças políticas, assim como dar as diretrizes ao projeto majoritário da legenda nas eleições de 2026. De passagem ontem por Brasília, Porto começou a receber essas orientações, tanto de Perillo quanto de Renata Abreu.
Procura de partido – Marcelo Gouveia e Ricardo Teobaldo, agora na condição já de ex-dirigentes do Podemos, já começaram a quebrar a cabeça em busca de um novo partido. A princípio, se cogitou o PDT, no Estado atualmente tocado pelo ex-prefeito de Caruaru, Zé Queiroz, e seu filho, o ex-deputado Wolney Queiroz, que têm alinhamento ao palanque de João e fazem oposição a Raquel. Não será fácil, porque há uma tendência no Congresso do afunilamento dos partidos com a criação de novas federações ou fusões.

Eduardo rasga seda de Miguel – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, direto de Brasília, o presidente do PP, Eduardo da Fonte, partido agora federado com o União Brasil, fez rasgados elogios ao ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, seu novo aliado no Estado. Acertaram em fazer um trabalho conjunto e harmônico pela ampliação da federação no Estado. Quanto ao nome para o Senado, seja na chapa de Raquel ou João, o critério se dará por pesquisas de intenção de voto quando as eleições estiverem mais próximas e na ordem do dia da população.
CURTAS
CONVIDADO – Da bancada federal de Pernambuco, o primeiro deputado a ser contactado para ingressar na União Progressista, a federação UB-PP, foi Júnior Uchôa, filho do ex-presidente da Alepe, Guilherme Uchôa. Foi eleito pelo PSB, mas não está confortável na legenda.
SÓ NA JANELA – Ao blog, Uchôa disse que tem tempo para decidir e que aguardará a janela partidária para as próximas eleições, em abril de 2026. Tem razão, até porque se ingressar de imediato corre o risco de sofrer um processo de perda do seu mandato pelo primeiro-suplente.
FASCISMO – Principal adversário de Edinho Silva, o candidato do Planalto à presidência do PT, o deputado Rui Falcão disse ao meu podcast Direto de Brasília, em parceria com a Folha, que o postulante oficial não é a melhor opção para o PT. “Edinho acena para nazismo e o fascismo, as duas correntes do bolsonarismo. Não há possibilidade de uma convivência saudável com essa gente”, disparou.
Perguntar não ofende: A nova federação União Progressista vai entregar os quatro ministérios a Lula?
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