Região Metropolitana, o gargalo de Raquel
A avaliação negativa do Governo Raquel, constatada, mais uma vez, numa pesquisa do Opinião, postada abaixo, não surpreende. Outros institutos já diagnosticaram. Na primeira avaliação do Atlas Intel, no fechamento do primeiro ano dos governadores eleitos em 2022, a tucana apareceu no rabo da gata.
Neste novo levantamento chama atenção o nível de insatisfação dos eleitores concentrados na Região Metropolitana – quase 60% reprovam o Governo Raquel, exatos 57,3% dos entrevistados. Eis o X da questão no tempo que resta – pouco mais de um ano e meio – para a governadora tentar dar a volta por cima. O Grande Recife representa quase metade do eleitorado do Estado.
Leia maisÉ na RMR que Raquel tem também seus grandes desafios: reduzir a criminalidade, em taxas recordistas, melhorar a saúde com hospitais agonizando, criar programas que reduzam os níveis de desemprego e tirar do papel projetos estruturadores que desafoguem as vias de acesso ao Recife, como o Arco Metropolitano.
No Recife, com reflexo na Região Metropolitana, a governadora se depara com um quadro inusitado: enquanto seu governo tem quase 60% de rejeição, a gestão do prefeito João Campos (PSB), provável adversário nas eleições de 2026, caiu na graça da população. Segundo pesquisa do Datafolha, o gestor recifense é um dos mais populares do País, ao lado dos prefeitos de Salvador e Maceió, também campeões em aceitação popular.
Sentindo que teria dificuldades em virar a página da desaprovação no Grande Recife, Raquel inverteu a ordem das preferências da sua gestão: passou a governador do Sertão em direção ao Litoral, anunciando obras, especialmente estradas, projetos sociais, como cozinha comunitárias e creches. Deu certo? Não como esperava, mas começou a surtir efeitos.
Segundo a pesquisa, as maiores taxas de aprovação da gestão tucana aparecem no Agreste (58,2%), na Zona da Mata (48%) e no São Francisco (44,3%). Na Região Metropolitana, ela não consegue manter essa performance, estando com uma aprovação de apenas 33,8%).
ENTRE OS MAIS VIOLENTOS – Por falar em violência, pesquisa Quaest apontou, ontem, Pernambuco entre os Estados mais violentos do País. Dos entrevistados, 32% apontaram o descontrole no combate à criminalidade como o principal problema da governadora Raquel Lyra, seguido por saúde, com 25%, e o desemprego, com 11%. No Nordeste, Pernambuco só perde para a Bahia, onde 44% dos baianos apontaram a violência como o problema mais estarrecedor e aparentemente sem solução. Pernambuco, entretanto, superou Minas, Rio Grande do Sul e Paraná.

BOTANDO A CARA – Discretamente, o prefeito João Campos, na condição de provável adversário de Raquel em 2026, vai adentrando pelo Interior. Ontem, viralizou pelas redes sociais um vídeo do prefeito de Petrolândia, Fabiano Marques (Republicanos), ao lado do socialista, afirmando que a gestão recifense está sendo parâmetro para o resto do Estado. “São experiências bem-sucedidas que refletem em todas as regiões”, disse ele, que é aliado do ministro Silvio Costa Filho, cotado para o Senado na chapa de João.
Esquema de segurança 1 – A Secretaria de Defesa Social anunciou, ontem, que vai implementar controle de acesso durante o carnaval para o Bairro do Recife, ruas de Olinda e para o desfile do Galo da Madrugada, que acontece no Sábado de Zé Pereira (1º). O uso de drones e de “bodycams” (câmeras nos uniformes dos policiais) também fazem parte da estratégia da segurança pública para este ano, apresentada durante coletiva de imprensa. A SDS afirma que será a primeira vez que o modelo de controle de acesso será aplicado no carnaval do Estado.
Esquema de segurança 2 – De acordo com o secretário Alessandro Carvalho, serão montados pórticos em pontos específicos para revistar e impedir a entrada de armas e materiais que possam oferecer risco a outras pessoas. Por questões de segurança, a SDS pediu que não fossem divulgados os locais. “São pontos em que as pessoas que estão indo para folia, por amostragem, poderão ser submetidas à revista pessoal. Já é uma prática que é feita no carnaval da Bahia há muitos anos e tem a intenção de impedir que objetos que possam ser utilizados para a agressão não entrem nos pólos de carnaval, como arma de fogo, arma branca, soqueira, uma chave de fenda”, explicou o secretário.

Números da eleição presidencial – Na última amostragem da pesquisa do Opinião, numa parceria exclusiva com este blog, os leitores tomarão conhecimento, amanhã, dos números para a corrida presidencial em Pernambuco, ao mesmo tempo a avaliação da gestão do presidente Lula. O levantamento foi feito nos dias 18, 19, 20 e 21 em 80 municípios das diversas regiões do Estado, sendo aplicados dois mil questionários. Já foram divulgados os cenários para governador e senador.
CURTAS
EMENDAS – O ministro Flávio Dino, do STF, homologou, ontem (27), um plano de trabalho para garantir transparência na execução de emendas parlamentares, destravando a aprovação do orçamento de 2025. A decisão será analisada pelo Plenário do STF. O plano, elaborado entre governo e Congresso, foi encaminhado ao Supremo pela AGU. Dino suspendeu a audiência de conciliação prevista para quinta-feira (27). Ele destacou que a medida não encerra o debate, mas representa um avanço institucional. A decisão não libera emendas com impedimentos técnicos ou sob auditoria da CGU. Também ficam excluídas as chamadas “emendas Pix” sem plano de trabalho e algumas emendas de comissão e bancada.
COMEMORAÇÃO – Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), celebraram a homologação do plano de trabalho para a execução de emendas parlamentares pelo ministro do STF, Flávio Dino. Motta destacou que a decisão reconhece as prerrogativas do Legislativo e permite a destinação de recursos para regiões pouco assistidas pelo Executivo. Alcolumbre, por sua vez, afirmou que o diálogo é fundamental para fortalecer a democracia e garantir o entendimento entre os Poderes. Ambos ressaltaram a importância da medida para a distribuição equitativa dos investimentos no País.
ARTICULAÇÃO POLÍTICA – Em conversa com a imprensa no Palácio do Planalto, ontem (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou já ter escolhido o novo ministro da Secretaria de Relações Institucionais, mas não revelou o nome. A vaga ficou aberta após Alexandre Padilha assumir o Ministério da Saúde. PT e partidos do Centrão disputam a indicação, mas a definição só deve ocorrer após o Carnaval. Entre os petistas cotados estão José Guimarães, Jaques Wagner e Gleisi Hoffmann, enquanto o MDB defende Isnaldo Bulhões (AL). O Centrão pressiona para reduzir o espaço do PT na articulação política, mas o alinhamento com Lula favorece um nome do partido para o cargo.
Perguntar não ofende: Raquel vai se recuperar?
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