Pablo Marçal, o rei da internet
Especialista em redes sociais, consultor em política digital, com experiências exitosas em campanhas eleitorais no Brasil, Portugal e Angola, o pernambucano Márcio Calheiros desconfia – ou não tem mais dúvidas – de que o futuro prefeito de São Paulo tende a ser o candidato do PRTB, Pablo Marçal, a depender do seu sucesso no mundo online. “O que mais impressiona na campanha paulista são os números de Pablo Marçal”, diz ele, com base em estudo recente que concluiu sobre o avanço principal do Instagram de Marçal.
“Apesar de ter suas redes sociais bloqueadas pela justiça e não dispor do direito a tempo de rádio e TV na campanha, além de custear sua campanha com doações, Marçal mostra, com números de seguidores e de compartilhamentos das suas postagens, que pode bater qualquer político com sua ‘indústria de conteúdo digital”, acrescenta Márcio, que tem uma bagagem de causar inveja sobre efeitos das redes sociais numa campanha.
Leia maisSegundo os dados do monitoramento da empresa portuguesa de Inovação e Transição digital Internet Limpa LDA, dirigida por Márcio e uma equipe do mais alto gabarito no assunto, Marçal postou no Instagram, no período de 16/08/2024 (início da campanha eleitoral) até ontem 30/09/2024, 939 vezes no perfil (bloqueado pela justiça), que conta com 13.2 milhões de seguidores) e 1.918 vezes no seu perfil reserva, que já conta com mais de 5.5 milhões de seguidores.
A título comparativo, segundo ele, os três candidatos mais influentes, depois de Marçal, são Guilherme Boulos, com 2,4 milhões de seguidores, Tábata Amaral, com 1,7 milhões de seguidores e Ricardo Nunes, com 1,1 milhões. Todos eles somados, teriam 5,2 milhões de seguidores contra os 5.5 milhões de Marçal.
“Vale a pena destacar que o perfil reserva de Pablo Marçal foi criado no último dia 24 de agosto, isto é, tem pouco mais de um mês”, acrescenta. Segundo Márcio, na soma das postagens de Pablo Marçal no período eleitoral, chega-se a impressionantes 2.857 posts só na rede social Instagram. “Enquanto o prefeito Ricardo Nunes postou 869 vezes, Boulos 571 e Tábata 326. Se incluirmos Maria Helena, com 239, e Datena com 152, teremos ao todo 2.157 postagens. Marçal ainda tem 700 postagens a mais do que todos os candidatos somados”, explica.
Ainda segundo os dados apresentados, Marçal teve entre reações, comentários e compartilhamentos 257.321.683. “Mais de 257 milhões, o que reflete um alcance bilionário. Dos quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas de campo, o segundo em números de reações, comentários e compartilhamentos é Guilherme Boulos, que teve até agora 10.334.036. Tábata Amaral vem em seguida, com 7.190.423 e Ricardo Nunes tem 1.439.890. Todos os candidatos somados não chegariam a 10% do engajamento gerado por Pablo Marçal”, conclui.
BONÉ, ESTOURO DE VENDAS – Marçal usa as redes sociais, e todas as oportunidades que se abrem pela frente, como os debates, para transformar o seu inseparável boné em um símbolo. No seu estilo debochado, publicou um vídeo no Instagram para ironizar os adversários, que dizia: “Se o boné for, eu não vou”. As vendas do adereço pela internet, já estouradas, são uma amostra de que a comunicação de Pablo nas redes é mais eficiente do que os meios tradicionais de campanha – com jingles, slogans e candidatos fazendo o sinal com as mãos alusivo ao “V” de vitória em um programa eleitoral para a televisão.
Influenciador passa Boulos e empata com Nunes – Pela pesquisa do instituto Futura Inteligência, publicada ontem na revista Exame, Pablo Marçal já passou Guilherme Boulos (Psol) na corrida pela Prefeitura de São Paulo e aparece empatado com o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), que tem 26,9% das intenções de voto e o influenciador (PRTB) 26,8%. Boulos, que no levantamento anterior estava empatado com o prefeito, aparece com 20,1%, sendo agora o terceiro. Na sequência, Tabata Amaral (PSB) aparece com 9,4% e Datena (PSDB) apenas 3,8%.
Briga boa em Carpina – Pela pesquisa do Opinião, a disputa pela Prefeitura de Carpina, na Mata Sul do Estado, está acirrada. Cara nova na política do município, Eduarda Gouveia, candidata pelo Podemos, esposa do primeiro-secretário da Alepe, Gustavo Gouveia, aparece numericamente à frente de Joaquim Lapa (PSB), mas num cenário de empate técnico – 30% a 26,6%. A margem de erro do levantamento é de cinco pontos percentuais, para mais ou para menos, com índice de confiança de 95%.
A vitoriosa Conrado – Já em Serra Talhada, só uma hecatombe impediria, a esta altura do campeonato, faltando quatro dias para as eleições, a reeleição da prefeita Márcia Conrado (PT). Ela aparece com 31 pontos de vantagem em relação ao candidato do Podemos, Miguel Duque, filho do deputado estadual Luciano Duque. A possível vitória vai projetar Conrado no cenário da política estadual, com chances de ter papel relevante na sucessão de Raquel Lyra, em 2026.
Chico Siqueira, o estadual do Araripe – Prefeito já reeleito de Ipubi, o empresário Chico Siqueira se consolida como uma das principais lideranças políticas do Araripe com o cenário amplamente favorável para eleger o seu sucessor João Marcos Siqueira (PSD), que aparece na pesquisa do Opinião com 60,9%, 30 pontos a mais do que o seu adversário Doutor Wilson Filho, que tem 30,3%. Com a possível vitória, Chico tende a sair candidato a deputado estadual nas eleições de 2026 com amplas chances de ser eleito.
CURTAS
CRECHES – Do prefeito João Campos (PSB), ontem no debate da TV Jornal, ao ser provocado por Gilson Machado (PL) sobre a polêmica das creches: “O TCE foi em cinco unidades e garantiu o funcionamento de todas elas”.
NA DEFENSIVA – No debate, Dani Portela indagou Daniel Coelho sobre o Grande Recife Consórcio de Transportes, criticando a governadora Raquel Lyra (PSDB), aliada do pessedista. Ele lamentou a crítica e defendeu a governadora, afirmando que Portela estava atacando “uma mulher que não estava presente para se defender”.
OBRIGAÇÃO – Ainda no debate, João Campos perguntou a Gilson Machado sobre geração de empregos, destacando os 90 mil postos criados em sua gestão e os programas de qualificação profissional. Gilson respondeu que o prefeito “não faz mais que sua obrigação”.
Perguntar não ofende: Vai ter graça o debate da Globo com regras tão engessadas?
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