Fake news atrapalham trabalho de ajuda às vítimas no Rio Grande do Sul, diz comandante do Exército

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou, hoje, em entrevista à GloboNews na Base Aérea de Canoas, no Rio Grande do Sul, que notícias falsas sobre a tragédia das enchentes no estado têm atrapalhado o trabalho de ajuda às vítimas.

“Já foram resgatadas mais de 60 mil pessoas por todas as forças, e aqui eu estou colocando todo mundo: não tem que ter diferença entre Exército, Marinha, Aeronáutica, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, os voluntários que estão trabalhando. Toda a ajuda é importante nesse momento, mas as fake News prejudicam o trabalho”, disse Paiva.

A catástrofe ambiental, provocada pelas chuvas que transbordaram rios, matou até o momento mais de 100 pessoas no estado. Os governos federal, estadual e municipais montaram operações de resgate que seguem em curso.

“As pessoas que estão ajudando também têm famílias, muitas vezes também estão deslocadas, só que não podem ir pra casa. Estão dobrando três dias, quatro dias, às vezes não têm tempo pra tomar um banho. Estão fazendo de tudo pra gente fazer o mais importante que é resgatar vidas, salvar vidas. A fake news desmotiva, espalha inverdade. Mas não podemos nos desmotivar com isso. Temos que estar o tempo todo mostrando o que está acontecendo e mostrando a verdade”.

A Polícia Federal informou, ontem, que abriu o inquérito pedido pelo governo federal para apurar a divulgação de conteúdos falsos a respeito das enchentes no Rio Grande do Sul. O pedido de investigação foi anunciado na terça pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, também defendeu a apuração e punição de grupos que divulgam desinformação.

“As Forças Armadas e equipes de resgate da Defesa Civil estão exausta de tanta fake news. AGU e PF devem agir para identificar os agentes criminosos para impedir sua ação organizada para prejudicar os resgates e salvamentos”, disse Pimenta.

Por Edward Pena – repórter do Blog

A produção de cerveja na cidade de Viamão, Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, será suspensa e dará vez a uma operação emergencial de envasamento de água potável para ser doada às vítimas das chuvas no estado. De acordo com a Ambev, cerca de 850 mil latas, cada uma com 473 ml, serão produzidas diariamente na cervejaria.

“A companhia precisou levar de São Paulo alguns maquinários para viabilizar a adaptação de sua fábrica”, disse a empresa, em nota. Mais de 560 mil de litros de água, sendo 185 mil litros para a população de 11 municípios afetados e 375 mil em caminhões-pipa para suprir a necessidade de água de hospitais da grande Porto Alegre, já foram doados pela companhia.

O Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal assumiu, hoje, a segurança do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, também inundado em meio às enchentes que afligem o Rio Grande do Sul. As informações são do portal Estadão.

O COT é especializado em situações de risco elevado e alta complexidade. O comando chegou à capital gaúcha na noite desta terça, 7, e também vai realizar ações de patrulhamento nas ruas alagadas de Porto Alegre, fazendo a segurança dos procedimentos de resgate.

Segundo a Polícia Federal no Rio Grande do Sul, outros 350 agentes da corporação foram mobilizados para atender sobreviventes e fazer a segurança de voluntários. A PF informou que já encaminhou para locais seguros mais de 2 mil desabrigados e 600 animais nas regiões de Porto Alegre, Canoas e Eldorado do Sul na Operação Esperança. A corporação usa botes e embarcações, helicóptero, drones, equipamentos de visão noturna e jet skis para realizar os salvamentos.

O governo do Rio Grande do Sul diminuiu em 8% os gastos com defesa civil em 2023 na comparação com 2022. A Prefeitura de Porto Alegre reduziu em 68%. Chuvas que atingem 401 das 497 cidades do Estado desde 28 de abril de 2024 já causaram pelo menos 95 mortes.

Os gastos totais dos governos do Estado e das cidades com defesa civil em 2023 foram de R$ 598 milhões. Ficaram 0,6% acima de 2022. A variação foi abaixo da inflação de 5,8% do ano. As informações são do portal Poder360.

Ações de defesa civil têm foco na prevenção de catástrofe e atendimento de emergências. Os dados são do Siconfi (Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro) do Tesouro Nacional.

TOTAL ABAIXO DA INFLAÇÃO

Houve alta dos gastos com defesa civil em 2023 em 35% das cidades gaúchas. Houve queda em 15,3% das cidades. Deixaram de informar 48,7%. É uma irregularidade administrativa. O governo do Rio Grande do Sul e a Prefeitura de Porto Alegre foram procurados para se manifestar sobre os dados. Não houve resposta. O espaço segue disponível.

O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), sob orientação da Casa Civil, apresentou medidas para avaliação de danos e definição de ações de investimentos para a retomada de operações dos portos, aeroportos e hidrovias do Rio Grande do Sul.

Ontem, o ministro Silvio Costa Filho realizou mais uma reunião de trabalho junto à concessionaria do Fraport Brasil S.A do Aeroporto Internacional Salgado Filho, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Infraero, ABR Aeroportos do Brasil, além da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e representantes da Superintendência de Portos e Hidrovias do Estado do Rio Grande do Sul (Portos RS).

No modal aéreo, foram definidas ações prioritárias para auxiliar na recuperação dos serviços. Entre elas:

1 – Trabalhar para garantir a segurança do Aeroporto de Porto Alegre;

2 – Realizar diagnósticos dos danos causados à infraestrutura aeroportuária;

3 – Desenvolver uma estratégia logística para a cadeia de insumos, como combustível, água, medicamentos, alimentos, entre outros;

4 – A Infraero disponibilizará funcionários para auxiliar no aeroporto;

5 – Apresentar um plano de ampliação da malha aérea no Rio Grande do Sul em 24 horas.

Silvio enfatizou o comprometimento do Governo Federal em minimizar os impactos das enchentes e fornecer assistência aos moradores. “O presidente Lula está empenhado em realizar investimentos nos portos, em contribuir para a agenda aeroportuária, aumentar os investimentos em nossas rodovias e também nas estradas estaduais, além de manter um diálogo fundamental entre o governo federal, o governo estadual, o Congresso Nacional e o Poder Judiciário. Este momento requer união. O Brasil precisa estar unido para ajudar o povo do Rio Grande do Sul”, destacou.

O Governo Federal, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos, juntamente com as companhias aéreas e a Fraport Brasil trabalha integralmente para restabelecer as operações no aeroporto. Para minimizar os impactos na malha aérea do estado, a Anac e a Abear devem apresentar nos próximos dias um plano para uma malha aérea essencial para atendimento do Rio Grande do Sul, de modo a restabelecer as operações logísticas fundamentais para a retomada da economia local.

Somar forças e ajudar a população do Rio Grande do Sul neste momento de calamidade pública em razão das fortes chuvas que caem no Estado. Este é o objetivo da Portaria Conjunta 8/2024 do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que destina, em caráter excepcional e temporário, recursos provenientes do cumprimento de penas de prestação pecuniária e outros benefícios legais. O documento foi publicado na edição 83/2024 do Diário de Justiça eletrônico de hoje.

A medida autoriza magistrados(as) gestores(as) dos recursos provenientes do cumprimento de penas de prestação pecuniária e outros benefícios legais a repassar para a conta da Corregedoria Geral da Justiça do Rio Grande do Sul, em caráter excepcional e temporário, os valores existentes e aqueles que venham a ser depositados nos próximos 15 dias, na importância que entenderem adequada, até o limite de um terço do montante total. Se for necessário, a medida será prorrogada por mais 15 dias.

O presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, desembargador Ricardo Paes Barreto, destaca a relevância da iniciativa e da união da sociedade brasileira neste momento tão delicado para a população do Rio Grande do Sul. “Temos que nos unir em torno de um objetivo comum, que é ajudar nossos irmãos do Rio Grande do Sul. Já tivemos recentemente uma tragédia climática no nosso Estado e sabemos o quanto a solidariedade é importante e necessária, inclusive no âmbito do Estado de Pernambuco também”, completa.

Ainda de acordo com a Portaria, os valores repassados deverão ser utilizados em ações de auxílio às vítimas dos eventos climáticos ocorridos a partir de 24 de abril de 2024 nos municípios do Estado do Rio Grande do Sul em que venha a ser reconhecida a situação de calamidade pública, por ato do Poder Executivo Municipal, Estadual ou Federal, cabendo à unidade recebedora destinar os valores transferidos às entidades credenciadas e proceder à análise, no momento oportuno, das prestações de contas, nos termos da regulamentação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vigente.

Em virtude do número de unidades judiciárias que recebem recursos provenientes do cumprimento de penas de prestação pecuniária, no momento, não é possível quantificar os valores a serem destinados.

A Polícia Federal envia, hoje, ao Rio Grande do Sul, o grupo de elite da corporação – agentes do Comando de Operações Táticas (COT), que atuam nas ações mais arriscadas do país.

A ideia é que o grupamento ajude nos resgates de famílias ilhadas pelas chuvas que atingem o estado desde o fim de abril, e que podem voltar nos próximos dias.

Segundo a PF, a equipe vai ajudar no patrulhamento e na segurança, reforçando o trabalho de policiais federais que já atuam no estado.

Os agentes também devem se deslocar para áreas estratégicas, onde há notícias de problemas de segurança.

A equipe deve sair da Base Aérea de Brasília às 12h30 desta terça. O grupo leva botes, geradores, rádios e insumos como combustíveis e hipoclorito de sódio (usado para purificar a água).

Além do grupo que sai de Brasília, também colaboram com as equipes da PF no Rio Grande do Sul os policiais de Santa Catarina e do Paraná, além de operadores aerotáticos da Coordenação de Aviação Operacional (CAOP).

“Os agentes estão fazendo emprego de rádio satelital, óculos de visão noturna e de visão termal, além de ações de socorrismo e aberturas. Ademais, o Comando de Operações Táticas (COT) está enviando policiais e operadores com capacitação em gerenciamento de crise”, informou a PF.

Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil de Pernambuco seguirão para o Rio Grande do Sul, nos próximos dias, para apoiar o governo gaúcho no enfrentamento à tragédia vivida pelo Estado devido às chuvas. A determinação foi da governadora Raquel Lyra, que desde que se tornou pública a situação de calamidade do Rio Grande do Sul, colocou as forças de segurança pernambucanas à disposição do governador Eduardo Leite.

Ao todo, 25 homens (sendo 21 bombeiros e quatro agentes da Defesa Civil) e mais dois cães especialistas em buscas irão somar esforços com o efetivo da Defesa Nacional que o governo federal enviou, além de outros voluntários dos estados da Federação para ajudar a salvar vidas e encontrar as pessoas desaparecidas no Rio Grande do Sul.

“Estamos trabalhando em rede junto com o Consórcio Nordeste e levando profissionais e equipamentos. Tudo aquilo que cada um dos estados tem está sendo disponibilizado para permitir que aquele povo possa ser acalentado e para que os líderes de lá possam ter certeza de que não estão sozinhos. O que nos divide são só as fronteiras político-administrativas, mas na verdade somos um povo só”, afirmou a governadora Raquel Lyra.

De acordo com balanço divulgado pelo Governo do Rio Grande do Sul na manhã desta segunda-feira (6), já são 345 municípios afetados pelas chuvas, mais de 120 mil pessoas desalojadas, 83 mortos, 276 feridos e 111 desaparecidos.

O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, disse, hoje, que os prejuízos causados pelas cheias que atingem a região Sul do Brasil estão sendo contabilizados e que a estimativa é de que seja necessário ao menos R$ 1 bilhão somente para as rodovias.

Ele diz que o governo federal está disposto a disponibilizar crédito, mas que o processo demanda tempo. “São necessárias informações que precisam ser levantadas por estados e municípios. Eu posso dizer que, só de estradas, o Renan Filho (ministro dos Transportes) já levantou um dado de quase R$ 1 bilhão. Se for ver os dados de cidades, são bem significativos”

Ele explicou que devem ser reconstruídas, além das estradas, postos de saúde e escolas, por exemplo. Para isso, cidades, estado e União estão se conversando para fazer esse levantamento. Em paralelo, medidas sociais já foram implementadas, diz Góes. Ele cita como exemplos a antecipação do Bolsa Família e a liberação de FGTS.

“Esse é o novo normal”, disse o ministro das Cidades, Jader Filho, hoje, sobre os temporais que atingem o Rio Grande do Sul desde a segunda-feira (29).

A Defesa Civil colocou a maior parte das bacias hidrográficas do estado com risco de elevação das águas acima da cota de inundação e o governo decretou estado de calamidade.

“Eu tenho dito que esse é o novo normal. A gente tem discutido isso nos fóruns globais. Seja na ONU Habitat ou na COP28, essa discussão tem sido feita em todos os países. Todo mundo tem discutido essa nova realidade”, afirmou em entrevista a GloboNews.

O ministro diz que o foco para enfrentar casos como o do Rio Grande do Sul é adaptar as cidades e prepará-las para essas situações.

“A gente precisa deixar as cidades preparadas para terem, vamos dizer assim, estrutura para poder enfrentar essa nova realidade. Nós precisamos entender que a política de prevenção não pode ser a política do vai e vem. Constrói [cidade], destrói e constrói [de novo]”.

Até a última atualização desta reportagem, mais de 30 pessoas haviam morrido e outras 60 estavam desaparecidas. Ao todo, até a manhã desta sexta, 154 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema. Mais de 14,8 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. Pelo menos 4,6 mil estão em abrigos e outras 10 desalojadas – vivendo na casa de familiares ou amigos, segundo informações da Defesa Civil.

O governo do RS decretou estado de calamidade, situação que foi reconhecida pelo governo federal. Com isso, o estado fica apto a solicitar recursos federais para ações de Defesa Civil, como assistência humanitária, reconstrução de infraestruturas e restabelecimento de serviços essenciais.

No Guaíba, em Porto Alegre, o nível da água já passou dos 3,6 metros e pode superar 5 metros ainda nesta semana, segundo a Sala de Situação do RS. Isso quer dizer que será a maior cheia do Guaíba em mais de 80 anos.