O sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ) Maurício Júnior, o Mauricinho, até tentou esconder sua relação com os acusados de executar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, só que uma captura de tela (print) de uma conversa comprometedora por WhatsApp acabou revelando que ele vazou informações da investigação para os suspeitos. Entre eles, o ex-PM Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos.
O apartamento de Mauricinho no condomínio Viva Viver, no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, foi alvo de um mandado de busca e apreensão na última segunda-feira (24), em uma operação do caso Marielle. As informações são do site Metrópoles.
Leia maisNo mesmo dia, a Polícia Federal (PF) prendeu o ex-bombeiro Maxwell Corrêa, suspeito de envolvimento no assassinato da vereadora. Outros seis mandados de busca foram cumpridos na ocasião.
Segundo a PF, Mauricinho é suspeito de vazar detalhes da investigação para os executores do crime.
A polícia não descarta que o sargento da ativa tenha mais informações sobre os assassinatos e os vazamentos de outras operações.
Cerveja com Ronnie Lessa
Mauricinho entrou no radar dos investigadores do caso Marielle ainda em 2019, pouco antes de completar um ano do assassinato.
Em janeiro de 2019, o Setor de Inteligência da Polícia Civil flagrou um encontro entre Mauricinho e Ronnie Lessa, além do também policial Pedro Bazzanella, no Bar Resenha, na Barra da Tijuca.
Horas antes desse encontro, Bazzanella e Élcio de Queiroz haviam dado depoimentos sobre o caso Marielle na Delegacia de Homicídios. Antes e depois dos depoimentos, eles se encontraram com Lessa no bar, sendo que Mauricinho participou da última conversa.
Para a inteligência da Polícia Civil, esse encontro tinha o objetivo de manipular os depoimentos.
Essas evidências fizeram com que os endereços de Mauricinho fossem alvo de mandados de busca e apreensão em março daquele ano, na Operação Lume, a mesma que prendeu Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, os ex-policiais acusados de executar a vereadora.
Acontece que Mauricinho ficou sabendo dessa operação na noite anterior, por meio de um amigo conhecido como Jomarzinho, filho de um delegado da Polícia Federal.
Com essa informação em mãos, Mauricinho não só avisou os possíveis alvos, como Ronnie Lessa, mas também ficou longe dos dois endereços em que a polícia iria cumprir os mandados contra ele.
Um dia depois da operação, o sargento Mauricinho compareceu voluntariamente na Divisão de Homicídios do Rio e entregou um celular Android para os investigadores. Só que o celular pelo qual ele vazou a operação não era esse, e sim um aparelho da marca Apple.
Print não some
Às 23h do dia 11 de março, um dia antes da Operação Lume, Mauricinho recebeu uma sequência de mensagens por WhatsApp de Jomarzinho, o filho do delegado da PF. “Recebi um informe agora que vai ter operação Marielle amanhã”, dizia trecho das mensagens.
Mauricinho então teria tirado um print da conversa pelo seu Iphone a fim de enviar a informação para os envolvidos no crime, segundo a PF.
O sargento usava o aplicativo Confide, que destrói as mensagens após serem lidas, assim como os suspeitos Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.
Embora a mensagem tenha sido destruída, a polícia conseguiu comprovar que Lessa entrou no aplicativo Confide um minuto depois de Mauricinho dizer que passaria a informação para a frente. De acordo com a PF, esse foi o momento em que o vazamento acabou repassado para Ronnie Lessa, que, em seguida, informou Élcio.
O print da conversa foi parar na “nuvem” do Iphone de Mauricinho. A “nuvem” é uma tecnologia que permite acesso remoto a armazenamento de arquivos. Assim, mesmo a captura de tela sendo excluída e destruída, ela continuou intacta na “nuvem”, que foi acessada pela PF.
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