O Museu do Amanhã tem hoje o que nenhum outro museu do mundo tem, por mais espetacular que ele seja: exposição de fotos de Sebastião Salgado sobre a Amazônia (arrebatadora) e um restaurante em anexo, o Casa do Saulo, onde se pode desfrutar, no prato, de tudo de melhor que se tira dos rios, das matas e das árvores lindamente retratados por Salgado. Onde mais?
A parceria entre a mostra e o restaurante — e a lojinha do Museu, que também entra no clima — é um acerto inédito. As informações são da coluna Sintonia Fina, assinada por Luciana Fróes, do O Globo.
Leia maisVoltada para a Baía de Guanabara, dá para comer pescada amarela, filhote, pirarucu, tambaqui. Chegadas de lá. Daí, deixa o bowl turbinado de açaí com flocos de tapioca e as bolas de sorvete Cairu para comer em outro CEP. Nem dá. Já que ambos não aparecem no cardápio da Casa do Saulo, que, adianto, não se trata de um restaurante amazônico qualquer.
O daqui é filial de Belém e de Santarém, cidade onde nasceu o chef Saulo Jennings, o embaixador da cozinha do Norte do país. Um bravo defensor do comércio justo, sustentabilidade, preservação das matas, tudo que pesa em se tratando de Amazônia. Não é bom saber? Por lá, é endereço icônico e a filial do Museu do Amanhã é a primeira unidade fora do Pará. Está bem parada, convenhamos.
Da filial carioca quem cuida é a Isa Duarte, chef que se mudou de Santarém para o Rio para comandar o espaço. E é ela quem vai nas mesas explicar os pratos, contar das diferenças, por exemplo, das farinhas de Santarém da de Bragança. Na casquinha de caranguejo, servida na cuia indígena e com suporte de palha. A cobertura de flocos crocantes amarelada é de farinha bragantina (R$ 38,50). Bom começar por aqui, depois, a linguiça de pirarucu com jambu (R$ 48,90), que não conhecia. E pastéis amazônicos: queijo Marajó, pato com jambu e pirarucu (R$ 32,90).
As porções dos principais são para muitos. A Feijoqueca traz na travessa medalhões de pirarucu, camarões, feijão de Santarém no fundo, banana-da-terra frita, cumaru perfumando tudo e ramos de jambu dando croc ao prato (R$ 89,90). A caldeirada com tucupi é ainda mais farta, com filhote, camarão de água doce, caldo de tucupi com macaxeira e jambu (R$ 83,90). E farofas, todos elas.
O chef espanhol Ferran Adrià disse certa vez que a cozinha do futuro é a amazônica. E que não mexam nela. Ver ela ali, bem representada, no belo salão do Museu do Amanhã e ainda tendo a mostra de Sebastião Salgado como moldura, é sintonia em grau máximo.
Praça Mauá 1, Centro. De terça a domingo, de meio-dia às 19h.
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