Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog
A pesquisa Quaest divulgada ontem (30) com as intenções de voto para a Prefeitura do Recife revelou que o candidato do PSD, Daniel Coelho, teve redução de 4% para 3% nas intenções de voto a uma semana da disputa.
Apoiado pela governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), Daniel Coelho aparece em terceiro lugar, empatado com a candidata do Psol, Dani Portela, que no levantamento anterior tinha 2% e subiu um ponto percentual. Em primeiro lugar na Quaest, está o prefeito e candidato à reeleição, João Campos (PSB), com 75%, seguido de Gilson Machado (PL), com 11%.
O desempenho de Daniel Coelho chamou atenção sobretudo por ser o candidato do Palácio do Campo das Princesas, além de ter recebido um alto volume de recursos do fundo eleitoral. Ao todo foram R$ 7,8 milhões enviados pela direção nacional do PSD, quase 80%do limite de gastos para o primeiro turno (R$ 9,7 milhões, no Recife).
De acordo com cientistas políticos, vários fatores explicam a reta final inexpressiva de Daniel Coelho, não apenas o favoritismo de João Campos. Uma das motivações é consenso entre os analistas: o apoio da governadora Raquel Lyra, neste momento, não consegue atrair votos.
Leia mais“Não tem como não associar à questão da não alavancagem da imagem da avaliação do Governo Raquel Lyra, sobretudo na capital e na Região Metropolitana. Se ao mesmo tempo Lula (PT) parece não ter sido necessariamente o cabo eleitoral, porque João não precisou buscar Lula como apoiador, Raquel também não emprestou popularidade e não foi capaz de agregar para o candidato dela”, explicou a doutora e especialista em Ciência Política Priscila Lapa.
Imagem do Governo Raquel Lyra
Na avaliação de Priscila Lapa, Daniel está refletindo a imagem do governo. “É uma sinalização de um governo que não tem marcado do ponto de vista de gestão e nem político. Olhando à luz dessa interpretação, do ‘fenômeno Daniel’, é um governo sem marca, o que deixa uma sinalização da necessidade de correção de rumo imediata, pós eleição 2024, sob o risco de uma candidata muito enfraquecida para o processo de 2026”, completou Lapa. Ainda segundo ela, o eleitorado não consegue identificar qual o lado de Daniel Coelho na disputa.
“Daniel ficou sem estratégia, sem espaço para uma candidatura mais propositiva, porque ele não é de direita nem de esquerda. Para o eleitor ideológico isso fica muito ruim, porque o eleitor não identifica João necessariamente como a esquerda, mas ao mesmo tempo não identifica Daniel com nada. João tem a favor de si esse perfil do eleitor que avalia sua administração independente de viés ideológico. Gilson Machado tem a favor de si viés ideológico e Daniel Coelho tem a favor dele nada, desse ponto de vista de um suporte político, por essa ausência de visão política mais estruturada de Raquel, que nem é Lula nem é Bolsonaro. Ele não conseguiu se conectar com um segmento do eleitorado que pudesse ter representatividade dentro desse processo de 2024.”
Onde estava a oposição nos últimos quatro anos?
Para o cientista político Alex Ribeiro, faltou à oposição atuar durante o mandato de João Campos. “Por conta disso, existia até uma dúvida de qual nome deste campo (oposicionista) estaria no páreo da disputa”, observou. Ribeiro elencou outros fatores para o baixo desempenho de Daniel. “Alta rejeição; sua candidatura, de centro, não atrai o eleitorado recifense neste momento – boa parte desse grupo tem simpatia pelo atual prefeito; o eleitorado bolsonarista tem seu próprio candidato, Gilson Machado; a governadora Raquel Lyra, neste momento, não é um cabo eleitoral que consegue atrair votos”, pontuou.
Mais bolsonaristas
O crescimento do bolsonarismo local, embora não seja um campo político forte em Pernambuco, também ajudou a tirar votos de Daniel Coelho, na opinião do cientista político e professor Antônio Henrique Lucena. “Esse núcleo bolsonarista do Recife, que geralmente são as comunidades de alta renda, vai votar em Gilson Machado, por causa desse movimento de transferência. Já Daniel não tem ninguém em nível nacional que consiga fazer esse movimento para ele, mesmo sendo apoiado pela governadora Raquel Lyra, que está enfrentando problemas de popularidade e algumas críticas à sua gestão. Isso, obviamente, resvala nesse processo”, comentou Lucena.
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