PL de Bolsonaro em embate com Caiado a fim de derrubar sua candidatura. No ano passado, a coligação do PL em torno de Fred Rodrigues, que concorreu à Prefeitura de Goiânia, denunciou o governador por suposto abuso de poder durante as eleições municipais. Caiado recebeu o então candidato a prefeito Sandro Mabel, também do União Brasil, no Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual, logo após o primeiro turno. Mabel disputava o segundo turno com Rodrigues.
Condenação e elegibilidade. Em dezembro, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Goiás condenou Caiado a oito anos de inelegibilidade por favorecer seu candidato. O goiano recorreu e a ação foi julgada outra vez pelo TRE-GO na última quarta.
Próximo round dessa ação envolve movimento do PL. Embora a condenação tenha sido mantida, e o governador tenha de pagar multas por abuso de poder, a inelegibilidade foi revertida. No entanto, o UOL apurou que o PL estadual deve recorrer da decisão e insistir em tornar Caiado inelegível.
Caiado se vê isolado contra a união com o PP. Em outra frente, o pré-candidato estaria numa luta isolada contra a união de seu partido com o PP, do senador Ciro Nogueira (PP-PI). Até mesmo apoiadores de Caiado, como ACM Neto e Bruno Reis, se posicionam favoráveis a essa federação, que garantiria a maior bancada do Congresso.
Ciro colocou panos quentes à época do lançamento da pré-candidatura de Caiado. O senador disse que o objetivo é estar com quem ganhar em 2026 — assim, restaria ao governador conquistar espaço com sua candidatura para tornar-se uma alternativa competitiva, mas lutando contra a maré.
União fica entre o PT e Caiado. O partido está hoje dividido entre os que desejam o apoio ao PT e os que querem a candidatura do governador goiano. O União Brasil ocupa três ministérios do governo petista —recentemente, Juscelino Filho pediu demissão, mas será substituído por Pedro Lucas Fernandes, também do União.
Racha no partido é exposto por ministro. Um dos defensores da aliança com petistas é o ministro do Turismo, Celso Sabino. Em entrevista ao “Roda Viva” na última segunda, ele afirmou que a “ampla maioria” da União Brasil defende uma aliança com PT em 2026.
Querem conservar emprego, diz Caiado. Para o governador, os que defendem aliança com PT formam um grupo dentro da legenda cujas ideias “não têm espaço na vida como ela é”. “Uns vão pela convicção, outros vão pelo emprego”, disse ao UOL. Caiado é um grande crítico dos petistas, antes mesmo de assumirem o governo federal pela primeira vez.
‘Para-brisa gigante‘
Caiado precisa tornar-se conhecido, avalia aliado. Em entrevista ao UOL antes do lançamento da pré-candidatura de Caiado, Rueda afirmou que seria tarefa de Caiado aproximar-se dos eleitores de todas as vertentes para tornar-se mais conhecido. Sobre as rusgas recentes entre o governador goiano e bolsonaristas, Rueda disse: “Na política, o retrovisor precisa ser bem pequeno. Mas o para-brisa, gigante”.
Bandeira branca com Bolsonaro. A passagem por São Paulo e a subida no palanque do ex-presidente Bolsonaro no ato pró-anistia foi o gesto encontrado para plantar uma bandeira branca entre ambos, com vistas a colher eventuais eleitores. Na manifestação, o governador abraçou a pauta do ex-presidente. “Eu era deputado e a Casa foi invadida pelo MST várias vezes”, disse. “Eu não admito baderna, mas as pessoas estão presas há dois anos. A força do Estado não é para vingar, é para educar.” O UOL apurou que Caiado encontraria Bolsonaro nesta semana, mas o encontro foi cancelado após a internação do ex-presidente em Natal.
Neste momento, Caiado busca visitar estados que “querem” recebê-lo. “Apesar de ser um candidato menos conhecido, eu vejo que, quando me conhecem, sou bem avaliado”, disse ele, que depois de Salvador e São Paulo, voltou a circular pelas cidades goianas. Caiado também disse ver os estados do Ceará, do Rio Grande do Norte e do Piauí como “futuros destinos”.
Candidato e governador
Passar bastão ao vice. Ocupando seu segundo mandato como governador — ele foi reeleito com 51,8% dos votos no primeiro turno da disputa — Caiado tem de conciliar seu papel de pré-candidato à Presidência com o de chefe do Executivo estadual. Desde que reassumiu a cadeira em janeiro deste ano, ele tem falado sobre passar o posto para o vice Daniel Vilela (MDB).
Renúncia precisa acontecer até abril de 2026. A expectativa é que o governador comece a se distanciar progressivamente até renunciar no ano que vem. Durante sua passagem pela Tecnoshow, Caiado afirmou que ficará no governo até o dia 3 de abril de 2026 — a data limite para a renúncia é dia 4 de abril. Até lá, as ações de pré-campanha, bancadas pelo fundo partidário, estarão mais focadas nos finais de semana, segundo seu entorno.
Novo baiano
Aliança baiana. A pré-campanha de Ronaldo Caiado foi lançada oficialmente no Centro de Convenções de Salvador. Há uma aproximação de Caiado com o grupo baiano da União Brasil. Entre seus aliados mais próximos estão ACM Neto, ex-prefeito de Salvador, e Bruno Reis, atual prefeito.
Dobradinha com Gusttavo Lima foi desfeita. Em março, Caiado alardeou que ia compor uma chapa com o cantor como vice e que ambos estariam juntos em Salvador. Duas semanas depois, o músico disse ter desistido da ideia de se lançar na política — em janeiro, chegou a afirmar que seria candidato a presidente. Ao mudar de ideia, alegou falta de apoio da família e de parceiros comerciais — mas enfrentou insatisfação de Bolsonaro, que viu traição na movimentação.
Aliança com primeira-dama. Entre fontes mais próximas de Caiado, especula-se que Gusttavo Lima ainda possa sair como candidato ao Senado — como sugeriu publicamente Bolsonaro — em uma chapa com a primeira-dama de Goiás, Gracinha Caiado.
Para ‘endireitar’ o Brasil
Caiado aposta em sua candidatura com o slogan “Coragem para endireitar o Brasil”. Sob essa bandeira, a busca pelo eleitor progressista fica mais distante. Aliados do governador de Goiás acreditam que pautas como ciência, educação e políticas sociais podem ajudá-lo a dialogar com setores além da direita.
“Ele é bem direitão”. Ainda assim, em relação à conquista de votos de eleitores de esquerda, os integrantes da campanha não têm esperança. Historicamente, desde a primeira eleição presidencial após a redemocratização, em 1989, quando Caiado candidatou-se pela primeira vez a presidente — com um forte embate com petistas — ele marcou distância do eleitorado de esquerda. Até mesmo os assessores mais próximos confirmam: “Quem conhece Caiado sabe: ele é bem ‘direitão'”.
Oposição antiga. Naquele momento, em 1989, o jovem Ronaldo Caiado ainda tinha os cabelos negros e a aparência jovial, enquanto liderava a União Democrática Ruralista (UDR), durante o período em que se discutia a reforma agrária no país. Desde então, distanciado do campo progressista, Caiado usou de seu perfil combativo no parlamento para se opor a governos petistas.
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