Por Isabel Cesse
Balanço inicial feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nestes primeiros dias do ano confirmou que em 21 cidades do Brasil, os prefeitos eleitos em outubro de 2024 não tomaram posse em 1º de janeiro. Desses, 19 ficaram impedidos de assumir porque encontram-se com a candidatura anulada sub judice, segundo o próprio TSE.
No Nordeste, fazem parte da lista o prefeito eleito de Goiana, em Pernambuco e o prefeito eleito de Ruy Barbosa, na Bahia. Outros que não conseguiram ser empossados foram os de Bocaina (SP), Bonito de Minas (MG), Eldorado (SP), Guapé (MG), Guará (SP), Itaguaí (RJ), Mongaguá (SP), Natividade (RJ), Neves Paulista (SP), Panorama (SP), Presidente Kennedy (ES), Reginópolis (SP), São José da Varginha (MG), São Tomé (PR), Três Rios (RJ) e Tuiuti (SP).
Leia maisMas a lista pode ser ainda maior porque começou a ser feita há poucos dias e antecipada pelo Blog do Magno com o apoio, em reservado, de servidores do Tribunal.
No caso de Guapé (MG), por exemplo, Thiago Câmara (PSDB) não tomou posse porque concorreu ao pleito com candidatura indeferida com recurso. Ele aguarda decisão da Justiça Eleitoral para ter a confirmação se assumirá ou não a prefeitura pelos próximos quatro anos.
O presidente da Câmara assumiu o comando da Prefeitura de forma interina, até que haja decisão definitiva no processo. Caso o indeferimento seja confirmado, o município terá nova eleição. Se em algum caso o registro de candidatura acabar sendo deferido, Thiago Câmara e a vice-prefeita eleita na sua chapa poderão ser diplomados e tomar posse em outra data.
Em outras duas cidades, ambas no Ceará, os eleitos não tomaram posse por suspeita de ligação com facção criminosa e compra de votos. Foram os casos de José Braga Barrozo (PSB), o Braguinha, prefeito reeleito de Santa Quitéria (CE). Ele foi preso pela Polícia Federal (PF) e pela Polícia Civil do Ceará na tarde de quarta-feira (1º), pouco antes de tomar posse para seu segundo mandato.
Braguinha é acusado de contar com ajuda do Comando Vermelho (CV) na campanha de 2024. Integrantes da facção criminosa com origem no Rio de Janeiro teriam ameaçado eleitores de morte para votar em Braguinha, além de comandar esquema de compra de votos e intimidar adversários de Braguinha.
Em troca, investigadores dizem que servidores da prefeitura de Santa Quitéria foram ao Rio de Janeiro entregar uma picape Mitsubishi Eclipse Cross ao traficante Anastácio Paiva Pereira, conhecido como Doze ou Paizão, apontado como um dos chefes do CV no Ceará. Em nota, o prefeito negou as acusações.
O vice-prefeito do mesmo município, Francisco Gardel Mesquita Ribeiro (Progressistas), o Gardel Padeiro, também é investigado no mesmo processo. Ele não foi preso, mas impedido de tomar posse. Com isso, assumiu a prefeitura o vereador Joel Barroso, filho de Braguinha, eleito na quarta-feira presidente da Câmara de Santa Quitéria.
A Justiça Eleitoral do Ceará também suspendeu a posse do prefeito de Choró, Carlos Alberto Queiroz Pereira, o Bebeto Queiroz (PSB), e do vice Bruno Jucá Bandeira (PRD). O prefeito foi alvo de duas operações. Uma delas, deflagrada pelo Ministério Público do Ceará em novembro deste ano para apurar suspeita de fraude em contratos envolvendo o abastecimento de veículos da prefeitura do município. Outra, da Polícia Federal, investiga a compra de votos em dezenas de municípios do Ceará em 2024, incluindo Choró.
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