O ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, foi um dos primeiros políticos de relevância nacional enquadrados na Lei da Ficha Limpa, de 2010. Naquele ano, ele havia sido preso preventivamente, viu a Câmara Legislativa do DF aprovar um processo de impeachment e terminou cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral, por desfiliação partidária – havia deixado o DEM no final do ano anterior, fora do prazo, o que o tiraria da disputa à reeleição. Mesmo assim, afirma que a lei, aprovada fruto de iniciativa popular, cumpriu seu papel.
“Acho que a Ficha Limpa cumpriu o seu papel sim, mas não pode ter exagero. Veja bem, se você comete um homicídio, a pena máxima é de 30 anos. No Brasil não tem nem pena de morte nem prisão perpétua. Agora, se você é acusado de ter cometido uma irregularidade na administração pública, que é o meu caso, eu já estou há 15 anos fora. É razoável que os oito anos da Lei da Ficha Limpa sequer tenham começado a contar?”, colocou Arruda, em entrevista ao podcast ‘Direto de Brasília’.
Leia maisO ex-governador lembrou de um vídeo que circulou na mídia da época e prejudicou sua imagem, em que recebia dinheiro que não teria sido declarado. Ele explicou que o fato foi plantado por adversários e lhe custou muito caro.
“Foi um episódio triste da minha vida. Na verdade, eu recebi R$ 20 mil dois anos antes de ser governador, e declarei no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Eu fazia ações de Natal no final do ano, entregava cestas básicas, recebia várias doações. Um sujeito filmou maldosamente uma dessas doações. Mas eu, sem saber disso, registrei normalmente no TRE, como manda a lei. Só que depois que no governo e contrariei os interesses desse grupo que ele representava, e que ganhava muito dinheiro na área de informática. Eu cortei tudo, e aí ele apresentou um vídeo como se fosse um ato de corrupção no meu governo. Não tinha nada a ver, nem era corrupção, nem era no meu governo, mas até provar que focinho de porco não é tomada eu levei 15 anos”, elencou Arruda.
“Só para você ter a ideia, no meu processo sequer consta esse vídeo. O Ministério Público nem botou, porque se botasse ficava clara a data e acabaria o processo. Veja como é a maldade, foi uma tremenda armação, que me custou muito caro, 15 anos de vida pública. Custou muito também para mim a vida pessoal. Mas na política você encontra essas pessoas do mal, e na vida de um modo geral. Eu fui muito descuidado. Eu errei porque fui confiar em quem não merecia a confiança”, lamentou.
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