O Recife inaugurou, neste domingo (21), a nova sede do Centro de Documentação Dom Helder Câmara (CEDOHC). O espaço funciona no Edifício Arquiteto Zildo Sena Caldas, vizinho à Igreja das Fronteiras, no bairro da Boa Vista, e foi pensado para preservar a memória do arcebispo emérito de Olinda e Recife, reconhecido internacionalmente como defensor da paz e dos direitos humanos.
A reinauguração reuniu o prefeito João Campos, o vice-prefeito e secretário de Infraestrutura, Victor Marques, o presidente da Fundação de Cultura do Recife, Marcelo Canuto, a secretária municipal de Cultura, Milu Megale, a senadora Teresa Leitão, além de convidados e representantes de entidades ligadas à trajetória de Dom Helder.
Leia maisLogo no início da solenidade, episódios chamaram atenção do público. Um homem gritou vivas a nomes de políticos, como Miguel Arraes, Eduardo Campos e Lula, recebendo reações divididas da plateia. Pouco depois, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Paulo Jackson, pediu que ninguém fizesse referência a políticos no evento. O gesto foi seguido fortemente por aplausos e estabeleceu o tom da cerimônia.
Na sequência, João Campos, ao discursar, optou por mencionar o avô, Cyro de Andrade Lima — médico de Dom Helder — sem citar nomes de lideranças políticas. Em sua fala, destacou o compromisso da Prefeitura em preservar o acervo, garantindo repasse anual de R$ 300 mil para manutenção do centro e apoio às atividades culturais.
Durante a missa que se seguiu à reinauguração, dom Paulo voltou a marcar posição ao criticar a Proposta de Emenda Constitucional conhecida como “PEC da Blindagem”. Ele classificou a medida como dissonante em relação à luta que resultou na Lei da Ficha Limpa e afirmou que a justiça deve valer para todos — ecoando os ideais de Dom Helder. O pronunciamento foi novamente aplaudido pelos presentes.
O CEDOHC reúne mais de 200 mil páginas de manuscritos, 18 mil imagens, além de livros, correspondências, vídeos e documentos históricos que estavam sob a guarda da Universidade Católica de Pernambuco desde 2020, quando o prédio original foi invadido e vandalizado. Agora, o material retorna ao espaço concebido pelo próprio Dom Helder, aberto à pesquisa e ao público.
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