O Recife inaugurou, neste domingo (21), a nova sede do Centro de Documentação Dom Helder Câmara (CEDOHC). O espaço funciona no Edifício Arquiteto Zildo Sena Caldas, vizinho à Igreja das Fronteiras, no bairro da Boa Vista, e foi pensado para preservar a memória do arcebispo emérito de Olinda e Recife, reconhecido internacionalmente como defensor da paz e dos direitos humanos.
A reinauguração reuniu o prefeito João Campos, o vice-prefeito e secretário de Infraestrutura, Victor Marques, o presidente da Fundação de Cultura do Recife, Marcelo Canuto, a secretária municipal de Cultura, Milu Megale, a senadora Teresa Leitão, além de convidados e representantes de entidades ligadas à trajetória de Dom Helder.
Logo no início da solenidade, episódios chamaram atenção do público. Um homem gritou vivas a nomes de políticos, como Miguel Arraes, Eduardo Campos e Lula, recebendo reações divididas da plateia. Pouco depois, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Paulo Jackson, pediu que ninguém fizesse referência a políticos no evento. O gesto foi seguido fortemente por aplausos e estabeleceu o tom da cerimônia.
Na sequência, João Campos, ao discursar, optou por mencionar o avô, Cyro de Andrade Lima — médico de Dom Helder — sem citar nomes de lideranças políticas. Em sua fala, destacou o compromisso da Prefeitura em preservar o acervo, garantindo repasse anual de R$ 300 mil para manutenção do centro e apoio às atividades culturais.
Durante a missa que se seguiu à reinauguração, dom Paulo voltou a marcar posição ao criticar a Proposta de Emenda Constitucional conhecida como “PEC da Blindagem”. Ele classificou a medida como dissonante em relação à luta que resultou na Lei da Ficha Limpa e afirmou que a justiça deve valer para todos — ecoando os ideais de Dom Helder. O pronunciamento foi novamente aplaudido pelos presentes.
O CEDOHC reúne mais de 200 mil páginas de manuscritos, 18 mil imagens, além de livros, correspondências, vídeos e documentos históricos que estavam sob a guarda da Universidade Católica de Pernambuco desde 2020, quando o prédio original foi invadido e vandalizado. Agora, o material retorna ao espaço concebido pelo próprio Dom Helder, aberto à pesquisa e ao público.
O PCdoB realizou na sexta-feira (19) o ato de filiação do secretário executivo de Integração Metropolitana do Recife, Vinicius Castello, ao partido, no Clube Vassourinhas, em Olinda. O ex-candidato a prefeito de Olinda pelo PT anunciou sua pré-candidatura a deputado estadual pela legenda, com o slogan “PCdoB com a cara do povo”.
Com a frase “Um bom filho à casa torna”, Vinicius Castello reafirmou sua felicidade de retornar ao PCdoB. O advogado e ex-vereador da cidade de Olinda contou sua história, da luta da sua família e de tudo que enfrentou para chegar ao lugar de representação que hoje se encontra. Ele ainda agradeceu ao Partido dos Trabalhadores (PT) por fazer parte da sua história. “Eu preciso agradecer ao PT. E dizer que sou muito grato ao partido de massa, que integra a nossa federação e que tem o presidente Lula como seu líder maior”, disse.
O evento contou com a presença da ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, do deputado federal Renildo Calheiros, da vereadora do Recife Cida Pedrosa e de outros integrantes do partido em Olinda e Pernambuco.
Durante o ato, Cida Pedrosa afirmou que Castello fará parte da atuação do partido no combate à extrema direita. Renildo Calheiros destacou a trajetória de Castello como ex-vereador e afirmou que ele representará o PCdoB na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
Luciana Santos mencionou que Castello iniciou sua trajetória política na União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, e disse que a filiação dele ao partido reúne jovens militantes e membros com experiência política.
“Você representa o espírito de luta. Quando você vem para o PCdoB, você agrega valor, uma figura e militante muito jovem com muita história para contar, de capacidade política e perseverança. Aqui você reúne a juventude da UJS e a figura de Alanir Cardoso, que é símbolo de experiência e resistência. Você representa a nossa bandeira. Você será nosso estandarte nesta cidade e você vai ser eleito deputado estadual com a força da nossa militância e nossa energia, com coração e a convicção que nos move. Nós vamos garantir em 2026 uma nova vitória de Pernambuco e do povo brasileiro”.
Em seu discurso, Vinicius Castello relatou sua trajetória política e familiar, agradeceu ao Partido dos Trabalhadores (PT) por integrar sua história e afirmou que chega ao PCdoB para atuar em questões como racismo, misoginia e defesa de minorias. O filiado afirmou que pretende atuar junto ao partido em Olinda e em Pernambuco, com o objetivo de participar das eleições de 2026.
A ordem é minimizar, mas, em reservado, aliados de Jair Bolsonaro — de dentro e de fora do Congresso — afirmam que se assustaram com o tamanho das manifestações realizadas em diversas cidades do Brasil contra a PEC da Blindagem e a anistia neste domingo (21). O projeto aprovado na Câmara dificulta a abertura de ações penais contra parlamentares e é um retrocesso de mais de 20 anos na legislação.
O local que mais impressionou os bolsonaristas foi a Avenida Paulista, em São Paulo. A imagem de milhares de manifestantes nas ruas foi apontada como “similar” aos atos realizados pela direita em defesa do ex-presidente e causa preocupação por confrontar o argumento de que a esquerda não teria capacidade de mobilização.
Aliados do capitão reformado apontam que, com a PEC da Blindagem, os parlamentares do PL que votaram em peso pela aprovação da medida “empurram para o colo” da esquerda e do governo Lula a pauta anticorrupção, que acreditavam ter o monopólio.
Os dados do Monitor do Debate Político, da USP, mostra que o ato deste domingo na Avenida Paulista reuniu 42.379 pessoas. Visualmente, a manifestação preencheu ao menos três quarteirões da avenida no meio da tarde. Ao comparar os números de público do mesmo monitor da USP, a presença é semelhante à do último ato realizado por bolsonaristas no local, em 7 de setembro, que levou 42,2 mil pessoas à avenida e foi considerado um sucesso de público pelas lideranças bolsonaristas.
O fato da urgência do projeto de anistia aos golpistas de 8 de janeiro — que também busca beneficiar Bolsonaro — ter sido aprovada na Câmara dos Deputados no dia seguinte à PEC da Blindagem passou a ser criticado pelos aliados do ex-presidente, que veem dificuldades para a pauta avançar, ainda mais diante das mobilizações populares deste domingo (21).
Integrantes do governo Lula celebraram o resultado das manifestações, como o advogado-geral da União, Jorge Messias. “Neste domingo, o Brasil voltou a mostrar ao mundo a força de sua democracia. As ruas de várias grandes cidades se encheram em defesa soberana de nossas conquistas democráticas. O povo expressou sua posição firme pela integridade do nosso Estado Constitucional. Com paz no coração e serenidade, nosso povo desenhou, nas praças e avenidas, o mapa de suas esperanças e as prioridades que espera de seus representantes. Seguiremos juntos, com coragem e, cada vez mais, esperança! A democracia é sempre caminho e nunca ponto de chegada. Temos muito a construir”, escreveu o ministro nas redes sociais.
A Praia de Copacabana reuniu, na tarde deste domingo (21), uma multidão à espera de artistas numa manifestação convocada em todo o país contra o projeto da anistia e a PEC da blindagem, em pauta no Congresso Nacional. O ato carioca apostou em nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque para mobilizar o público, que esperou pacientemente por cerca de duas horas até o início das atrações.
Após espera paciente por parte da plateia, o ato musical teve início por volta das 16h15 com o aumento dos gritos de “sem anistia”. A cantora Maria Gadú abriu as apresentações cantando a sugestiva “Como nossos pais”, de Belchior, com direito a alteração na letra para dizer que “eles não venceram e o sinal está sempre aberto para nós que somos jovens”. Na sequência, Os Garotin entoaram “Olhos coloridos”, de Sandra de Sá. Na frente do trio foi reservada uma área vip para convidados. Nomes como Dira Paes, Carol Castro, Alessandra Negrini, Alinne Moraes, João Vicente de Castro e Alice Carvalho marcaram presença no evento.
O show continuou com Marina Sena, que cantou “Brasil”, tema da novela da TV Globo “Vale tudo”. — Viva a democracia e sem anistia — afirmou Marina antes de chamar ao palco o cantor Jorge Vercillo, que entoou seu hit “Final feliz”.
A seleção musical engajada continuou com “Podres poderes” na voz de Caetano Veloso. Principal promotor do ato ao lado da esposa, a empresária Paula Lavigne, o músico continuou a apresentação com “Gente”, “Um índio”, “Alegria, alegria” e “Desde que o samba é samba”.
— Sem anistia. O povo brasileiro elegeu Lula e por isso a democracia no Brasil resiste — afirmou Caetano. — Não poderíamos deixar de responder aos horrores que vem surgindo a nossa volta.
Na sequência, Caetano fez as vezes de mestre de cerimônia e convidou colegas para cantar com ele. Primeiro fez duetos com Djavan em “Linha do Equador” e “Sina”. Depois, convocou o parceiro Gilberto Gil para “Aquele abraço”, que contou ainda com participação de Chico Buarque e do próprio Djavan. Num dos momentos mais aguardados da tarde, Chico e Gil cantaram o hino contra a ditadura “Cálice”, emendada com “Samba do grande amor”, na voz de Chico e Djavan.
E os duetos seguiram… Djavan e Gil cantaram “Estrela”. Gil e Caetano foram à forra com “Cajuína” e “Divino e maravilhoso”, em que os versos “é preciso estar atento e forte” empolgaram o público. — Salve a nossa democracia. Lutemos por ela sempre — disse Djavan antes de se juntar a Paulinho da Viola em “Coração leviano”.
Bastidores com Djavan
Antes do show, Djavan mostrou no Instagram imagens do encontro. Ao lado de Caetano e Chico, cantaram “Samba do Grande Amor”. Apesar de não aparecer nas imagens da postagem do alagoano, Gilberto Gil também estava presente.
O “Brasil nas ruas” também levou artistas para protesto em diversas cidades pelo país. Marina Lima, em São Paulo, Chico César, em Brasília, Daniela Mercury e Wagner Moura, em Salvador, Silva, em Vitória, e Simone, em Maceió, foram alguns dos destaques.
A Câmara dos Deputados aprovou na noite da última terça-feira a chamada PEC da Blindagem, proposta que dificulta a prisão e a abertura de ações penais contra parlamentares, além de ampliar o alcance do foro privilegiado para incluir presidentes de partidos. Escolhido para relatar a PEC da Blindagem, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) disse na sexta (19) que opinará pela rejeição do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeira parada da proposta na Casa
Portugal anunciou neste domingo (21) o reconhecimento oficial do Estado da Palestina, por meio de declaração do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, na sede da missão portuguesa junto às Nações Unidas.
“Hoje, 22 de setembro de 2025, o Estado português reconhece oficialmente o Estado da Palestina”, afirmou Rangel, destacando que o país se posiciona a favor de uma solução de dois Estados e do avanço de paz no Oriente Médio. As informações são da Revista Exame.
O anúncio de Portugal acontece no mesmo dia em que outros países, como Reino Unido, Canadá e Austrália formalizaram o reconhecimento da Palestina. O movimento internacional ocorre em meio a crescente pressão diplomática para que Israel e a Autoridade Palestina retomem as negociações por uma solução de dois Estados, que permita coexistência pacífica e estabilidade na região.
A expectativa é que, nos próximos dias, outros países europeus, incluindo França, anunciem reconhecimentos semelhantes durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Reação de Israel
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou neste domingo (21), que “não haverá um Estado palestino”, após o reconhecimento formal da Palestina por parte de Reino Unido, Canadá e Austrália. Em declaração gravada, o premiê disse que anunciará uma resposta à medida após retornar da Assembleia Geral da ONU, que ocorre nesta semana nos Estados Unidos.
“Isso não vai acontecer. Não será estabelecido um Estado palestino a oeste do rio Jordão”, afirmou Netanyahu no vídeo divulgado por seu gabinete. A mensagem foi direcionada especialmente aos países que decidiram reconhecer o Estado palestino em resposta à ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza, onde os ataques já deixaram mais de 65 mil mortos, segundo dados palestinos.
Por Jorge Henrique Cartaxo e Lenora Barbo Especial para o Correio Braziliense
O Graf Hindenburg — dirigível mais moderno do que o já tradicional Zeppelin — fazia a rota Frankfurt-Rio, sem escala, em três dias. Impactante, a nave, quase cilíndrica, exibia, de cada lado da cauda, uma suástica preta sobre um fundo branco. Era uma das faces do nazismo de Joseph Goebbels, cruzando o atlântico. Foi num desses voos que Le Corbusier desembarcou no Rio, em 1936. O já famoso arquiteto franco-suíço fora convidado pelo arquiteto Lucio Costa para integrar a equipe que elaborou o projeto do futuro Ministério da Educação e Saúde, comandado pelo ministro Gustavo Capanema. Tinha início a, ainda hoje polêmica, consolidação da arquitetura modernista no Brasil.
Charles-Édouard Jeanneret-Gris — nome de batismo de Le Corbusier — nasceu, em 6 de outubro de 1887, na indústria relojeira de La Chaux-de-Fonds, na comuna suíça situada na Cordilheira do Jura. Em 1902, sob a orientação do pintor e arquiteto suíço Charles L’Éplattenier, Jeanneret começou a estudar artes decorativas. Nesse momento ele se interessa também pela arquitetura. “Étude sur le mouvement d’art décoratif em Allemangne”, é o primeiro trabalho publicado de Jeannert. “A Revolução levou a uma reversão completa. Homens no poder — ou tendo a possibilidade de subir ao poder — tiveram uma educação incompleta, tendo ascendido os plebeus ignorantes”, disse o futuro modernista ao analisar, em seu texto, os efeitos da Revolução Francesa nas artes decorativas do império, que teriam entrado em declínio vencidas pelo gosto burguês.
Em 1917, já em Paris, depois de ter sido expulso pela elite judaica de La Chaux-de-Fonds, acusado de não cumprir contratos profissionais, Le Corbusier — agora com o nome artístico — conhece o pintor francês Amédée Ozenfant. No ano seguinte publicam o manifesto de fundação do purismo na arquitetura: “Aprés le cubisme”. Naquela reflexão ele traz as primeiras percepções do impacto das novas tecnologias na arquitetura. Pontes, barragens, fábricas, tudo em grandes dimensões, sinalizando o advento de uma nova Era moderna.
Curiosamente, o texto traz uma conexão com a clássica “grandeza romana”. Em outubro de 1920, agora em companhia, também, do poeta belga Paul Dermée, o trio lança a revista “L’Espirit Nouveau” (1920/25). Um espaço editorial para o embrionário movimento de vanguarda e as reflexões sobre o purismo na arquitetura. “Roma se ocupava de conquistar o universo e gerencia-lo. Estratégia, suprimentos, legislação: espírito de ordem[…]. A ordem romana é uma ordem simples e categórica […]. Eles tinham desejos imensos de dominação, de organização”, escreveu Le Corbusier, na 14º edição da revista, sublinhando a disciplina e a ordem, que o encantavam como fundamentos da antiga civilização romana. Nesse período, Le Corbusier e o seu primo Pierre Jeanneret, projetam a Ville La Roche (onde hoje funciona a Fundação Le Corbusier), em Paris, para o banqueiro suíço Raoul La Roche.
Foi também nesse início dos anos 20, que ele lançou o seu clássico “Ver une Achiteture” rapidamente traduzido na Europa e nos Estados Unidos. Havia naquela ocasião, certamente uma consequência das preocupações com a salubridade e a higiene urbanas evidentes no século 19, como ilustra a grande e clássica reforma de Paris do Barão Haussmann, a construção de espaços urbanos higiênicos, ordenados e funcionais. Era uma proposta para uma reflexão e um refazimento da forma de se organizar, trabalhar e viver a luz da história e das “tradições”.
Em 1927, os líderes do primeiro grupo fascista francês, “Le Faisceau”, encantaram-se com as ideias do arquiteto franco-suíço expressas no seu “Plan Voisin”. George Valois, no seu artigo “La Nouvelle Etape De Fascisme”, disse que ele expressava o pensamento profundo do fascismo com a sua cidade moderna. Corbusier, durante quase vinte anos, teve uma participação ativa no “Le Faisceau”, defendendo um estado forte, intervencionista e autoritário. Eram evidentes suas críticas à democracia moderna que nasce com a Revolução Francesa.
Convidado por Paulo Prado — rico e um dos patrocinadores da Semana de Arte Moderna de 1922 — Le Corbusier desembarca em Santos, na sua primeira visita ao Brasil, no dia 17 de novembro de 1929. Entre São Paulo e o Rio de Janeiro, ele faz uma série de palestras, antecipando o que apresentaria na Carta de Atenas de 1933. No IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), realizado a bordo do navio “Patris II”, foram apresentadas as teses básicas do urbanismo moderno: habitação, trabalho, lazer e circulação; as áreas verdes e de lazer deveriam estar distantes do setor industrial; o patrimônio e a memória arquitetônica deveriam ser preservados; o crescimento urbano teria que ser observado e administrado.
Assinaram o documento, além de Corbusier, os arquitetos Wiliam Morris e Tony Garneier. As questões ideológicas, naquele momento, não tinham ainda a densidade e tensões que o ocidente passaria a perceber e se posicionar com o início da II Guerra Mundial, em 1939. Portanto, as teses sobre o urbanismo e a arquitetura modernista, que se destacariam depois de 1945, pelo menos de uma forma direta, não se viam prejudicadas pelas posições ideológicas manifestas.
A fama, o reconhecimento e a notoriedade não afastaram Le Corbusier do fascismo italiano e do colaboracionismo francês com o nazismo. “A nova civilização da máquina nasceu há cem anos. As raízes são tão profundas que uma arquitetura e um planejamento urbano resplandecentes e magníficos…podem florescer sob o sinal milagroso da decisão, esse gesto que depende apenas da autoridade. A autoridade, essa força paterna”, disse o arquiteto ao encerrar uma palestra, em Roma, no ano de 1934.
Em fevereiro daquele mesmo ano, agora em Paris, ao saber de uma grande manifestação da extrema direita contra o parlamentarismo, ele observou: “o despertar da limpeza”. Às vésperas da guerra, em 1937, ele escreveu que almejava “uma sociedade ordenada, viril, higiênica, racional […] classifique as populações urbanas, ordene, elimine aqueles que são inúteis na cidade”. Em junho de 1940, quando o Marechal Pétain assinou um armistício com a Alemanha, entregando todos os judeus aos nazistas, Le Corbusier, em uma carta à sua mãe, escreveu: “Vitória milagrosa. Se tivéssemos ganhado, a podridão teria triunfado e nada de limpo jamais poderia pretender viver”.
“Le Corbusier tinha alguns notáveis rivais, mas nenhum deles teve a mesma importância na revolução da arquitetura, porque nenhum deles suportou insultos tão pacientemente e por tanto tempo”, disse André Malraux, herói e símbolo da resistência francesa, na cerimônia fúnebre do festejado urbanista, no átrio do Louvre, no dia 1 de setembro de 1965. Naquele momento, as feridas abertas pelos colaboracionistas ainda estavam abertas. O esquecimento era uma prudência, sobretudo quando se tratava de um símbolo da cultura, de certo modo, universal.
O relatório final e conclusivo da Comissão de Localização da Nova Capital Federal, presidida pelo Marechal José Pessoa, com minucioso e amplo detalhamento sobre todos os aspectos e procedimentos necessários para a mudança e edificação da cidade, apresentado em 1955, merece, pelo menos, dois destaques: a identificação dos cinco sítios possíveis para localização do núcleo urbano principal da cidade; e o primeiro Plano Piloto da capital que, pela sugestão de Pessoa, teria o nome de Vera Cruz.
O primeiro anteprojeto para a Futura Capital, é importante destacar, com as inspirações modernistas de Le Corbusier, foi apresentado pela primeira urbanista brasileira, Carmem Portinho, em 1939, como o seu trabalho de tese. Inspirada nos trabalhos da Comissão Cruls e as referências de Glaziou sobre o local onde seria o Lago Paranoá, sem um trabalho de campo, ela apresentou uma espécie de Ville Radieuse. Por coincidência, ou não, o projeto apresentado pelos engenheiros Raul Penna Firme, Roberto Lacombe e José Oliveira Reis, da equipe do Marechal Pessoa, traz os mesmos princípios do modernismo. Reis, Lacombe e Firme sugeriram a vinda de Le Corbusier para aconselhar a equipe brasileira. O Marechal Pessoa não acolheu a sugestão. Para ele, aquele era um desafio para os brasileiros!
A Comissão, seguindo as orientações do Relatório Belcher (fotos e analises), identificou, em cores para evitar a especulação imobiliária, os Sítios Azul, na região de Anápolis; o Amarelo, em Silvânia; o Verde, em Planaltina; o Castanho, onde é hoje o Plano Piloto; e o Vermelho, a 65 quilômetros de Unaí. Cada uma das regiões escolhidas foi devidamente analisada, considerando as adequabilidades já elencadas. Uma combinação se destacava: o Sítio devia ter uma altitude de cerca de 1.000m, em um terreno sem grandes ondulações, paisagem variada sem monotonia.
“As encostas seriam de pouca declividade, não excedendo a 8%, assim permitindo construir sobre elas sem dificuldades. Deve haver, também, uma área localizada em posição dominante, que possa ser aproveitada, de forma monumental, para o núcleo governamental da cidade”. Venceu o Sítio Castanho — onde fica o Plano Piloto — que somado ao Sítio Verde, constituem o Distrito Federal.
*O jornalista Jorge Henrique Cartaxo é diretor de Relações Institucionais do IHG-DF | A arquiteta Lenora Barbo é diretora do Centro de Documentação do IHG-DF
Manifestantes realizam atos em diversas cidades do país neste domingo (21) contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e o projeto que anistia pessoas condenadas pelo 8 de janeiro.
Convocados nas redes sociais por movimentos de esquerda, os protestos acontecem em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Belém e Maceió.
Em comum, as manifestações pedem que a PEC da Blindagem não siga a tramitação no Senado Federal. O texto, aprovado na Câmara dos Deputados na última semana, busca proteger parlamentares contra a abertura de processos penais no Supremo Tribunal Federal (STF).
Críticos da proposta afirmam que a PEC, na prática, inviabilizará a abertura de ações penais contra deputados e senadores, uma vez que, quando regra semelhante vigorou no país, somente a instauração de um processo foi autorizada pelo Legislativo.
Após ser aprovada na Câmara, a PEC da Blindagem segue para análise no Senado, onde sofre resistência. O presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), disse à GloboNews neste domingo (21) que vai pautar o texto na próxima reunião do colegiado para “sepultar de vez esse assunto”. Ele chamou a proposta de “murro na barriga e tapa na cara do eleitor” e afirmou que há articulação para rejeitá-la na comissão e no plenário.
Manifestantes também se posicionaram contra a tramitação do projeto que prevê perdoar os condenados envolvidos no ato golpista do 8 de janeiro de 2023. Na última quarta-feira (17), os parlamentares aprovaram um pedido de urgência para a proposta para acelerar a análise do texto.
Veja o andamento das manifestações nas cidades brasileiras:
São Paulo
Manifestantes fazem protesto ao Masp, na Avenida Paulista, contra a PEC da Blindagem e o Projeto de Anistia — Foto: Reprodução/TV Globo
Manifestantes se reúnem em frente ao Masp, na Avenida Paulista. O ato começou às 14h e foi convocado nas redes sociais por movimentos de esquerda.
Os participantes gritam palavras de ordem contra a anistia e carregam placas e cartazes. Eles também estendem uma bandeira gigante do Brasil, em contraste com o bandeirão dos Estados Unidos exibido por bolsonaristas no mesmo local, durante o ato do 7 de setembro.
Rio de Janeiro
Manifestantes se reúnem na orla de Copacabana. Segundo organizadores, o ato deve começar às 15h.
Brasília
Na capital federal, os manifestantes se concentraram em frente ao Museu Nacional da República, na via S1, por volta das 10h. A partir das 11h30, o grupo seguiu em marcha até a altura da Avenida José Sarney, nas proximidades do Congresso Nacional.
Está prevista a apresentação do cantor paraibano Chico César.
Salvador
Manifestantes protestam contra PEC da Blindagem e PL da Anistia em Salvador — Foto: Luan Fagundes / TV Bahia
Em Salvador, manifestantes se concentraram em frente ao Cristo da Barra, por volta das 9h. Com cartazes nas mãos e entoando gritos de ordem, os manifestantes deram início ao ato por volta das 10h40.
Estão presentes no ato os atores Wagner Moura e Nanda Costa, a percussionista Lan Lanh e Daniela Mercury, ambas em cima de um trio elétrico.
“Estamos juntos lutando pela democracia brasileira, contra anistia, que já foi julgada pelo Supremo, de forma adequada, respeitando o Estado Democrático de Direito e todo processo legal. A gente não aceita que ela seja ressuscitada a qualquer custo”, afirmou Daniela.
Belo Horizonte
Manifestantes se reuniram na Praça Raul Soares, na Região Centro-Sul, neste domingo (21), e seguiram em marcha até a Praça Sete, no Centro da cidade.
Nas ruas, era possível ver cartazes com dizeres como “Sem anistia”, “Não à PEC da bandidagem” e “Em defesa da democracia”.
O ato conta com a presença de lideranças políticas e sindicais, além de artistas mineiros, como a musicista Fernanda Takai, da banda Pato Fu.
Natal
Manifestantes se reuniram na Avenida Roberto Freire, na Zona Sul de Natal, em um ato convocado por partidos de esquerda e centrais sindicais do Rio Grande do Norte. O protesto começou por volta das 9h e segue no local.
João Pessoa
Manifestação contra a PEC da Blindagem em João Pessoa, Paraíba — Foto: Yanka Oliveira/TV Cabo Branco
Na capital paraibana, os manifestantes se concentraram no Busto de Tamandaré, em Tambaú, por volta das 9h, carregando bandeiras e faixas.
O ato conta com a presença de artistas e políticos e permanece parado ainda no lugar de encontro.
Maceió
Manifestantes realizam protesto contra PEC da Blindagem e PL da Anistia em Maceió — Foto: Lucas Leite/g1 AL
Na orla da Pajuçara, manifestantes se concentraram próximo à Praça Sete Coqueiros a partir das 9h. O grupo incluiu movimentos sociais, lideranças sindicais e partidos de esquerda, que fizeram falas a favor da democracia.
Durante o ato, foram exibidas bandeiras do Brasil e faixas com mensagens como “Sem anistia para golpistas e bandidos”, “Fascismo nunca mais” e “Não à PEC da Bandidagem”.
A manifestação seguiu até a Praça Multieventos, também na orla da Pajuçara, onde foi encerrada por volta das 12h.
Entre os participantes do ato, estava a cantora Simone, que realiza um show na capital alagoana ainda neste domingo. Ela foi recebida com a canção “Para não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré, que também foi interpretada pela artista.
Teresina
Na capital do Piauí, o ato reuniu pessoas na região central a partir das 10h.
Representantes de movimentos sociais, partidos e sindicatos discursaram em um trio elétrico. O grupo exibiu cartazes e entoou palavras de ordem.
Belém
Manifestantes realizam ato contra PEC da Blindagem e PL da Anistia em Belém — Foto: Lucas Trevisan/TV Liberal
O grupo se reuniu em frente ao Theatro da Paz, na Praça da República, por volta das 9h. A mobilização é organizada por frentes locais ligadas ao Brasil Popular e ao Povo Sem Medo, que destacam o caráter simbólico da Praça da República como espaço tradicional de manifestações políticas na cidade.
Estão previstas apresentações de artistas como Keila Gentil, Aíla, Raidol, Jeff Moraes, Antônio Oliveira, Joelma Kláudia, Carimbó Selvagem, além da participação do ator Marco Nanini, que está em temporada na capital paraense.
Manaus
Ato contra PEC da Blindagem e anistia reúne manifestantes em Manaus — Foto: Michel Castro/Rede Amazônica
Manifestantes se reuniram durante a manhã na faixa liberada da Avenida Getúlio Vargas, no Centro, e seguiram em caminhada até a Avenida Sete de Setembro.
Durante o percurso, exibiram cartazes com dizeres como “Não à PEC da bandidagem” e “Sem anistia para golpistas” e gritaram em coro: “Sem anistia e sem perdão”.
São Luís
Manifestantes se reúnem em ato contra a PEC da Blindagem em São Luís — Foto: Larissa Carneiro/g1 MA
Manifestantes se reuniram na manhã deste domingo (21) na Praça da Igreja do Carmo, no Centro Histórico de São Luís, em um ato convocado por partidos de esquerda.
Com cartazes e faixas, o grupo percorreu as ruas da região distribuindo panfletos e gritando palavras de ordem. Alguns manifestantes carregam placas com as fotos dos 15 deputados federais maranhenses que votaram a favor do texto-base da chamada PEC da Blindagem.
Cuiabá
Na capital do Mato Grosso, o protesto, convocado por partidos de esquerda, aconteceu durante a manhã na Praça Cultural do CPA 2.
A manifestação durou pouco mais de 2 horas. Os participantes usaram faixas e cartazes para se manifestarem contra as propostas.
Juiz de Fora
Ato contra PEC da Blindagem foi realizado na Praça da Estação, em Juiz de Fora — Foto: Marcos Lacerda
Em Juiz de Fora, o ato teve concentração na Praça da Estação e depois subiu a Rua Halfeld, até as escadarias do Cine-Theatro Central.
Triângulo Mineiro
Em Uberlândia, o ato teve concentração na Avenida José Fonseca e Silva, no Bairro Luizote de Freitas. O grupo percorreu a feira livre para chamar a atenção da comunidade, usando apitos e instrumentos musicais para fazer barulho.
O protesto foi pacífico, mas deixou claro o descontentamento com os parlamentares que votaram a favor da PEC da Blindagem nesta última semana.
Já em Uberaba, a manifestação aconteceu na Feira da Abadia, na Avenida Prudente de Morais, e foi liderada pelo Fórum dos Trabalhadores de Uberaba.
O deputado federal Felipe Carreras esteve, neste domingo (21), em São Bento do Una para uma agenda de visitas e anúncios de novos investimentos, ao lado do prefeito Alexandre Batité, do vice-prefeito Paulo Renato, do deputado estadual Diogo Moraes e de vereadores do município. Na zona rural, Carreras anunciou a destinação de uma emenda de R$ 1.138.500,00 para a construção de passagens molhadas em estradas vicinais, atendendo a um pedido do prefeito Alexandre Batité.
Essas estruturas são fundamentais para a mobilidade no campo, pois garantem a fluidez do tráfego em áreas de rios ou córregos, evitando alagamentos, erosões e danos ao pavimento, além de assegurar o escoamento da produção agrícola e o acesso às comunidades rurais.
A agenda também contemplou o hospital municipal, onde o deputado e as lideranças locais acompanharam o local da instalação do novo aparelho de Raio-X, que será inaugurado em breve, e visitaram a sala de cirurgia, que reforçará a capacidade de atendimento da unidade. Além disso, realizaram visita à obra de uma UBS que está sendo construída no município, reforçando o compromisso com a atenção básica e a saúde preventiva.
Durante a visita, Carreras revelou que destinou mais R$ 550 mil à saúde, reforçando os investimentos na rede municipal.
Às vésperas do início da 80ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Reino Unido, Canadá e Austrália fizeram declarações neste domingo (21), reconhecendo a existência do Estado palestino.
O presidente francês, Emmanuel Macron, articulava nos bastidores um movimento em massa de países para o reconhecimento formal da Palestina. A França, inclusive, deve fazer o mesmo durante a Assembleia da ONU.
Segundo Keir Starmer, primeiro ministro do Reino Unido, “diante do crescente horror no Oriente Médio, agimos para manter viva a possibilidade de paz e uma solução de dois Estados. Isso significa um Israel seguro e protegido ao lado de um Estado palestino viável”.
Antes, em julho, Starmer já havia afirmando que faria o reconhecimento, caso Israel não adotasse um cessar-fogo em Gaza. Ao contrário, o estado israelense tem intensificado o genocídio do povo palestino, com uma ação terrestre que, segundo a Associated Press, matou 34 pessoas, incluindo crianças, na noite de ontem (20).
Mark Carney, primeiro-ministro canadense, também reconheceu formalmente a Palestina neste domingo. Carney explicou que “o Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece nossa parceria na construção da promessa de um futuro pacífico tanto para o Estado da Palestina quanto para o Estado de Israel”,
Já o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse em comunicado que o reconhecimento é “um esforço internacional para uma solução de dois Estados”.
Além dos três países deste domingo, nove países já haviam feito movimento semelhante desde a intensificação do genícido em Gaza: Espanha, Irlanda, Noruega, Eslovênia, Bahamas, Jamaica, Barbados, Armênia e Trinidad e Tobago.
Outros países como Malta, Bélgica e Luxemburgo também devem formalizar o reconhecimento da Palestina durante a Assembleia da ONU.
Genocídio prolongado
Os ataques desta madrugada atingiram o sul de Gaza. Em um quarteirão residencial da zona sul da cidade, Mosallam Al-Hadad, afirmou que perdeu sua nora, grávida e dois netos. “A mãe, o menino, a menina e o bebê em seu ventre. Encontramos todos mortos”, contou. Seu filho também foi ferido de forma grave.
Segundo o hospital que recebeu os corpos de mais uma ofensiva isralense, um enfermeiro da unidade de saúde estava entre os mortos, juntamente com sua esposa e três filhos.
A iminente saída de Celso Sabino do Ministério do Turismo gerou uma disputa no governo pelo posto e pressionou o titular do Esporte, André Fufuca, integrante da mesma federação partidária do ministro demissionário.
Sabino conversou com o presidente Lula na sexta-feira e avisou que vai formalizar o desembarque na volta do chefe de Nova York, prevista para quarta-feira. De acordo com interlocutores do Palácio do Planalto, há algumas possibilidades à mesa para para a substituição, em uma negociação que também está relacionada com a campanha presidencial de 2026.
Caso opte pela continuidade e por manter Sabino mais próximo à gestão, Lula pode optar pela secretária-executiva da pasta, Ana Carla Machado Lopes. O PDT também já manifestou o desejo de assumir mais um ministério — ocupa a Previdência atualmente, com Wolney Queiroz. O desejo do PDT foi externado diretamente ao presidente em almoço com a bancada no Palácio da Alvorada na quarta-feira.
No Palácio do Planalto, os cálculos feitos quanto ao provável substituto envolvem ainda o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), que pretende manter um nome do seu estado à frente da pasta às vésperas da COP30, que ocorre em novembro, em Belém. Sabino é aliado de Helder no Pará e pretende concorrer ao Senado na chapa com o governador paraense.
Parlamentares do PT, por sua vez, defendem a nomeação do presidente da Embratur, Marcelo Freixo. Pesa contra ele, no entanto, a disposição em concorrer a deputado no ano que vem, o que faria com que tivesse que deixar o posto em abril. A bancada do partido indica que não vai se opor caso a solução seja oferecer mais espaço ao PDT. Os citados foram procurados, mas não se manifestaram.
Pressão em Fufuca
A saída de Sabino também pressiona o pedido de demissão de André Fufuca (PP-MA), ministro do Esporte. Na semana passada, o União Brasil, que formalizou federação com PP em agosto, determinou a entrega de cargos de todos os seus filiados.
O movimento de desembarque do partido se deu por decisão do presidente nacional da legenda, Antônio Rueda, depois que foram divulgadas notícias afirmando que um avião que seria de sua propriedade foi usado pelo crime organizado. Ele nega as suspeitas. O presidente do União vê influência do governo na divulgação da informação, o que foi negado pelo Planalto.
A decisão de desembarque antecipado gerou incômodo na ala governista do PP, que previa a continuidade de Fufuca à frente da pasta por mais tempo. O Planalto, por sua vez, manifestou incômodo com o fato de o suplente do ministro na Câmara, Allan Garcês (PP-MA), votou a favor do requerimento de urgência para votação do projeto da anistia. O voto do suplente irritou o Planalto especialmente após a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, ter solicitado empenho dos ministros do Centrão para travar a proposta.
A aliados, Fufuca se defende dizendo que é distante do suplente e que não guarda qualquer relação com ele. A saída de Sabino, no entanto, gera desconforto e o pressiona a também deixar o governo. Neste fim de semana, o ministro manteve agenda de entregas de obras e assinatura de ordens de serviço no Maranhão. O PDT mantém olhar atento também sobre o Ministério do Esporte, caso o Turismo fique com Freixo ou com algum indicado por Barbalho.
Apesar da postura de Rueda, o governo conta com a manutenção da boa relação com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), vista como cada vez mais estratégica. Na semana passada, o senador freou a tramitação da PEC da Blindagem, que impede a Justiça de abrir ações penais contra parlamentares sem o aval do Congresso. A proposta vai passar pela Comissão de Constituição e Justiça e, como mostrou O Globo, já há maioria no Senado para barrar a iniciativa.
Quando a gente pensa que não há mais o que acontecer de absurdo no meio político no Brasil, vem uma novidade querendo fazer a população brasileira de otária, mais uma vez. Nos últimos anos, a gente já viu de tudo: negacionismo, pandemia chamada de “gripezinha”, bolsonazifascismo, agressões a cortes como o TSE e o STF, tentativa de golpe de estado, quebradeira violenta dos prédios públicos. E até o fracassado plano para eliminar autoridades constituídas como o Presidente Lula, o Vice Geraldo Alckmin e o Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Recentemente, a penalização da cúpula do atentado de 8 de janeiro contra a democracia passou a ser chamada pela extrema direta de “ditadura”. E Xandão, o herói da Nação, é agora classificado de “terrorista”, segundo um bando de “patriotas”, que de patriotas só têm o nome, pois estão com representante lá fora, na terra do supremacista Donald Trump, conspirando contra a nossa soberania. Um deles é o vulgo Bananinha, que está sendo pago com nosso dinheiro – o meu, o seu, o nosso – para trabalhar contra o Brasil, sem dar um dia de expediente na Câmara Federal. Ou seja, comendo dinheiro público sem trabalhar onde deveria.
Pois bem, quando a gente pensa que é só isso, aparece uma tal de uma PEC da Blindagem, que nada mais é do que uma PEC da Bandidagem, para proteger políticos que sabotarem a confiança que o povo lhes depositou nas urnas. Mas isso não vai ficar assim não e, neste domingo (21) o povo vai às ruas protestar contra esse descalabro. E, também, contra a anistia para golpistas e esses, sim, que agiram como terroristas, querendo golpear a nossa democracia, conquistada a duras penas. Artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Anita, Alceu Valença, Antônio Nóbrega e muitos outros estão convocando a população para os atos que acontecem, hoje, em várias capitais do país. E, também, no interior.
Em Pernambuco, por exemplo, haverá manifestações em Garanhuns (Agreste) e Petrolina (Sertão). No Recife, a concentração “antifa” começa às 14h, na Rua da Aurora, em frente ao Ginásio Pernambucano. No nosso Estado, surpreendeu o “sim” dado por quatro deputados do PSB à PEC da bandidagem, entre eles Pedro Campos, irmão do Prefeito João Campos, também do PSB, que agora dá uma de Madalena arrependida nas redes sociais. Acreditem, o placar do PSB ficou empate com o do PL. Cada qual contribuiu com quatro votos para apoiar a bandidagem.
Ao contrário de representantes de outros estados, o PT de Pernambuco votou contra. Não nos envergonhou. Nenhum dos nossos deputados petistas foi conivente com esse descalabro. Mas houve, sim, de petistas de outros estados. Coisa feia mesmo! Os demais de Pernambuco que votaram a favor da PEC da bandidagem não constituíram surpresa para os pernambucanos, pois pertencem a bancadas conservadoras e fisiológicas, que sempre votam com as piores propostas apresentadas ao nosso poder legislativo. Aliás, nosso não. Porque tem deputado que quer que o legislativo trabalhe só a favor deles, não é?
Veja quem (de Pernambuco) votou a favor da PEC que protege deputados bandidos: Guilherme Uchoa, Felipe Carreras, Eriberto Medeiros, Pedro Campos, todos do PSB; André Ferreira, Fernando Rudolfo, Pastor Eurico, Coronel Meira (PL); Luciano Bivar, Fernando Coelho, Mendonça Filho (União); Eduardo da Fonte e Clarissa Tércio, e Lula da Fonte (PP); Fernando Monteiro, Augusto Coutinho e Odéssio Silva (Republicanos). Houve, ainda, a deputada Isa Arruda (MDB), que ficou em cima do muro. Não votou.
Percebam um detalhe: com discurso metido a progressista, o PSB de Pernambuco marcou o mesmo Placar do PL, que é partido ultra conservador. É nessa hora, infelizmente, que o eleitorado termina repetindo o velho ditado: “político é tudo farinha do mesmo saco”. Vamos, pois, ficar de olho nestes daí, para que jamais tenham o voto de quem prefere política feita com princípios e seriedade, a favor do povo e para o povo, e não para o benefício deles.
Vamos à rua da Aurora contra o bolsonazifascismo, contra a anistia, e contra a pretendida impunidade defendida para políticos bandidos. Somos contra a PEC da blindagem. Ops… da bandidagem! O Ginásio Pernambucano fica bem pertinho do monumento Tortura Nunca Mais, onde estão os nomes de mortos e desaparecidos da ditadura militar de 1964. Que os bolsonazifscistas dizem nunca ter existido (e que, infelizmente, querem mais).
A pressão do PL para filiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e lançá-lo à Presidência em 2026 vem gerando incômodo em seu atual partido, o Republicanos, que já pleiteia compensações caso perca seu principal ativo eleitoral. Em estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, a legenda busca marcar posição com pré-candidaturas ao governo e ao Senado, sinalizando concorrência com o PL por postos-chave nessas disputas.
Reservadamente, lideranças do Republicanos admitem que o objetivo do partido é fazer com que o PL ceda espaços. Um enredo semelhante ocorreu nas eleições de 2022, quando a própria filiação de Tarcísio ao Republicanos foi articulada pelo então presidente Jair Bolsonaro como uma compensação ao partido. À época, o deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP), presidente do partido, vinha ameaçando retirar o apoio à coligação de Bolsonaro por insatisfação com o fato de o PL concentrar candidaturas relevantes. As informações são do jornal O Globo.
Em São Paulo, como mostrou a newsletter Jogo Político, do GLOBO, o próprio Tarcísio avalia filiar o atual vice-governador Felício Ramuth (PSD) ao Republicanos e lançá-lo como candidato à sucessão estadual em 2026. Em paralelo, o Republicanos passou a incentivar a candidatura do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, ao Senado.
Reorganização
A articulação pode impedir uma candidatura ao governo do deputado estadual André do Prado (PL), atual presidente da Assembleia Legislativa (Alesp) e nome de confiança do chefe do PL, Valdemar Costa Neto. Vice-presidente da Alesp, o deputado Gilmaci Santos (Republicanos) defende que Tarcísio concorra à reeleição, e diz que uma eventual saída do governador para a disputa nacional levaria a um rearranjo “complexo”.
— Eu trabalho com a hipótese de Tarcísio ficar no governo. A filiação do Felício (Ramuth) seria algo complicado, ele já é de um partido da base, o PSD. É claro que, se Tarcísio se lançar à Presidência, o Republicanos vai ter que discutir os espaços — afirmou Gilmaci.
No Rio, o Republicanos vem rejeitando investidas do PL para compor com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e com o governador Cláudio Castro (PL), e tenta apresentar candidatura própria ao Senado. Por ora, os nomes cotados são o do deputado federal Marcelo Crivella — autor do projeto que servirá de base para a tentativa de reduzir penas da trama golpista — e o da ex-deputada Clarissa Garotinho.
Outra compensação pleiteada pelo Republicanos é em Minas, onde o partido avalia lançar o senador Cleitinho Azevedo como candidato ao governo. Aliado de Cleitinho, o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) também articula uma vaga ao Senado.
Ambos têm dialogado com Valdemar, que estuda uma composição em que o PL indique a outra cadeira de senador. O desenho, porém, não agrada ao vice-governador de Minas, Mateus Simões (Novo), que concorrerá ao Executivo estadual e busca o apoio do bolsonarismo.
No fim de agosto, Valdemar afirmou que Tarcísio já se comprometeu, em conversas com dirigentes partidários, a migrar para o PL caso dispute a Presidência em 2026. Dias depois, Pereira sugeriu que poderia lançar o governador de São Paulo como candidato ao Palácio do Planalto pelo Republicanos.
Apesar do discurso de Pereira, interlocutores de Bolsonaro e de Tarcísio afirmam que o governador já acenou, mais de uma vez, que a migração para o PL é questão de tempo.
Inicialmente, Tarcísio havia dito a Bolsonaro e a aliados que se filiaria ao PL no início deste ano. A condenação de Bolsonaro a 27 anos de prisão pela trama golpista reforçou os apelos de aliados tanto para que o ex-presidente formalize o apoio a Tarcísio, quanto para que o governador oficialize a troca de partido.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca neste domingo (21), às 10h, para os Estados Unidos (EUA) para participar da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas. A assembleia ocorre entre os dias 22 e 24 de setembro em Nova York. Lula será acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e por outros ministros e especialistas que integram a comitiva.
Como tradição desde 1955, o Brasil será o primeiro Estado-membro a discursar na abertura do debate geral. Lula falará na terça-feira (23) de manhã, logo após os discursos do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e da presidente da 80ª assembleia geral, Annalena Baerbock.
Além de apresentar prioridades da política externa brasileira, o presidente deve participar de encontros que discutem desde o cenário na Palestina até a crise climática, em preparação para a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP30), que ocorre em Belém em novembro.
Palestina
Durante a viagem a Nova York, Lula participa, na segunda-feira (22), da segunda sessão da Confederação Internacional de Alto Nível para Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, convocada pela França e pela Arábia Saudita.
Segundo o Itamaraty, o governo brasileiro espera que o momento sirva de oportunidade para que mais países reconheçam a Palestina como Estado – além do Brasil, outras 147 nações já reconhecem a Palestina. Países como França, Reino Unido, Canadá e Portugal manifestaram interesse em fazer o mesmo durante o encontro da ONU.
Democracia
Na quarta-feira (24), o presidente participa da segunda edição do evento Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo, acompanhado de representantes de cerca de 30 países. Além do Brasil, lideram a iniciativa os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Espanha, Pedro Sánchez.
De acordo com o Itamaraty, a iniciativa pretende avançar em uma diplomacia ativa, que promova a cooperação internacional contra a deterioração das instituições, a desinformação, o discurso de ódio e a desigualdade social. O primeiro encontro sobre democracia ocorreu no Chile, em julho, quando foi publicada uma declaração conjunta.
Crise climática
Também no dia 24, um evento sobre crise climática – outra prioridade da agenda de Lula em Nova York – será copresidido pelo Brasil e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. O encontro deve incluir a apresentação de novas contribuições nacionalmente determinadas (NDC, na sigla em inglês).
O presidente ainda participa, em Nova York, de evento organizado pelo Brasil para ampliar o apoio à construção do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, a ser lançado em Belém com o objetivo de financiar a preservação de florestas. Outra agenda é o encontro promovido pelo Centro Global de Adaptação para discutir mecanismos de adaptação à mudança climática.
A delegação brasileira também deve participar, a partir do dia 22 de setembro, da Semana do Clima de Nova York 2025. O encontro, que promove cerca de 500 eventos com lideranças de governos e da sociedade civil do planeta, ocorre desde 2009 de forma simultânea à Assembleia Geral da ONU e serve como evento preparatório à COP30.