Resultado de 23,05% das seções totalizadas até o momento para a presidência da República. Bolsonaro com 51,36% e Lula com 48,64%.
Resultado de 23,05% das seções totalizadas até o momento para a presidência da República. Bolsonaro com 51,36% e Lula com 48,64%.
O ex-presidente da Câmara de Vereadores de João Alfredo, José Joacir Cristóvão da Silva (PSD), conhecido como Oim, morreu nesta quinta-feira (18).
Ele estava foragido porque era investigado em uma operação contra roubos de carros. Mas a polícia o localizou em uma casa na cidade de Vertentes, no Agreste.
Ao tentar cumprir o mandado de prisão, os policiais teriam sido recebidos a tiros disparados por Oim, que acabou falecendo no local.
No Instagram da prefeitura de João Alfredo, uma nota lamenta a morte do ex-vereador.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (18), que vai vetar o chamado PL da Dosimetria. O texto prevê a redução de penas de condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e pela tentativa de golpe de Estado.
“As pessoas que cometeram crime contra a democracia brasileira terão que pagar pelos atos cometidos contra esse país. Nem terminou o julgamento, ainda tem gente sendo condenada, e o pessoal já resolve diminuir as penas. Eu quero dizer para vocês que, com todo o respeito que eu tenho ao Congresso Nacional, a hora que chegar na minha mesa, eu vetarei. Isso não é segredo para ninguém”, afirmou Lula. As informações são da Agência Brasil.
Leia mais“O Congresso tem o direito de fazer as coisas, eu tenho o meu direito de vetar, depois eles têm o direito de derrubar o meu veto ou não. É assim que é o jogo”, acrescentou, em entrevista à imprensa no Palácio do Planalto.
O presidente argumentou ainda que é preciso “terminar esse processo” e investigar também os financiadores dos atos golpistas.
“Nós precisamos levar muito a sério o que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2023 e tem gente que quer que a gente esqueça, mas a gente não pode esquecer. Porque se a democracia esquecer da importância que ela tem para uma nação, a gente termina perdendo o jogo”, afirmou.
Nesta quarta-feira (17), em votação nominal, o Senado aprovou o PL da Dosimetria com 48 votos favoráveis e 25 contrários. O projeto agora segue para a sanção presidencial.
Na quarta-feira (17), os senadores aprovaram na Comissão de Constituição e Justiça(CCJ) o parecer do senador Esperidião Amin (PP-SC), que reduz as penas dos condenados por atos golpistas, entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Amin, que é favorável à anistia, defende que a redução das penas visa “pacificar o país”. Já os opositores do projeto afirmam que ele não representa o anseio do país e foi construído para beneficiar um grupo político que atentou contra a democracia.
O PL da Dosimetria determina que os crimes de tentativa contra o Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado, quando praticados no mesmo contexto, implica no uso da pena mais grave em vez da soma de ambas as penas.
O foco do projeto é uma mudança no cálculo das penas, “calibrando a pena mínima e a pena máxima de cada tipo penal, bem como a forma geral de cálculo das penas, reduzindo também o tempo para progressão do regime de prisão fechado para semiaberto ou aberto”.
As mudanças poderão beneficiar réus como o ex-presidente Jair Bolsonaro, além dos militares Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil; e Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Nesta quinta-feira, quatro bancadas do PT, PSB, PCdoB e PSOL da Câmara dos Deputados impetraram mandado de segurança junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão da tramitação do projeto.
Na manhã desta quinta-feira, Lula recebeu jornalistas para um café da manhã, no Palácio do Planalto, seguido de coletiva de imprensa. Ele está acompanhado dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; da Casa Civil, Rui Costa; das Relações Exteriores, Mauro Vieira; e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (18) que todas as pessoas que tenham envolvimento no esquema de fraudes em aposentadorias do INSS serão investigadas e eventualmente punidas.
Durante um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, Lula foi questionado sobre as investigações da Polícia Federal e a suposta parceria comercial entre Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e o seu filho Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.
Nesta quinta-feira (18), a Polícia Federal realizou mais uma fase da Operação Sem Desconto, que apura um esquema de desvios ilegais em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. As informações são do g1.
Leia maisA nova fase da Operação Sem Desconto foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, que retirou o sigilo da decisão nesta quinta.
Na decisão, Mendonça afirma que a Polícia Federal identificou cinco pagamentos de R$ 300 mil, totalizando R$ 1,5 milhão, de uma empresa do Careca do INSS — a Brasília Consultoria Empresarial S/A — para a empresa RL Consultoria e Intermediações Ltda., que pertence a outra investigada, Roberta Moreira Luchsinger.
Em mensagem trocada entre o Careca e um de seus sócios, também investigado, ele diz que um dos repasses de R$ 300 mil para a empresa de Roberta Luchsinger seria para “o filho do rapaz”. A decisão de Mendonça não esclarece quem seria essa pessoa.;
Ao ser questionado por jornalistas sobre o suposto envolvimento de Lulinha, o presidente da República afirmou:
“Muitas das coisas estão em segredo de Estado. Já li notícias e tenho dito para ministros e à CPI que é importante ter seriedade, que se possa investigar todas as pessoas envolvidas. Ninguém ficará livre. Se tiver filho meu envolvido nisso, ele será investigado”, disse o petista.
Também consta da decisão de Mendonça que a Polícia Federal encontrou um diálogo entre Roberta Luchsinger e o Careca do INSS – apontado como o principal operador de desvios no INSS.
Na conversa, Roberta afirma que “acharam um envelope com o nome do nosso amigo no dia da busca e apreensão”, em referência a outra fase da Operação Sem Desconto. Segundo a PF, o Careca do INSS responde com preocupação: “Putz”.
Na sequência, Roberta envia mensagem dizendo ao Careca do INSS: “Antônio, some com esses telefones. Joga fora”.
Operação Sem Desconto
A Operação Sem Desconto investiga um esquema nacional de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).
Em abril, investigações da PF revelaram um esquema criminoso para realizar descontos irregulares de valores recebidos por aposentados e pensionistas do INSS, ocorridos no período de 2019 a 2024. Os desvios, conforme as investigações, podem chegar a R$ 6,3 bilhões.
Nesta nova fase, a PF prendeu Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS” e preso pelo mesmo esquema desde setembro, e Eric Fidélis, filho do ex-diretor de Benefícios do órgão, André Fidelis.
O ministro André Mendonça também decretou a prisão domiciliar de Adroaldo Portal, que era secretário-executivo do Ministério da Previdência Social e foi exonerado após a operação desta quinta.
A PF e a Controladoria-Geral da União (CGU) cumprem 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares.
A PF chegou a pedir ao STF a prisão do senador Weverton Rocha (PDT-MA), mas a Procuradoria-Geral da República se posicionou contra a medida. O parlamentar, contudo, foi alvo de mandado de busca e apreensão.
Weverton é apontado pelas investigações como beneficiário dos desvios no INSS e “sustentáculo político” do grupo criminoso.
Em nota enviada pela assessoria, Weverton Rocha disse ter recebido “com surpresa” a busca na sua residência. “Com serenidade se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral a decisão”, diz o comunicado.
A operação desta quinta-feira foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e ocorre nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.
Entenda o esquema de fraudes
O caso foi revelado em 23 de abril, após a primeira fase da operação da Polícia Federal. De acordo com as investigações, os suspeitos cobravam mensalidades irregulares, descontadas dos benefícios de aposentados e pensionistas, sem a autorização deles.
O esquema consistia em retirar valores de beneficiários do INSS mensalmente, como se eles tivessem se tornado membros de associações de aposentados, quando, na verdade, não haviam se associado nem autorizado os descontos.
Segundo o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, informou à época, as associações envolvidas no esquema diziam prestar serviços como assistência jurídica para aposentados e ofereciam descontos em mensalidades de academias e planos de saúde, por exemplo, mas não tinham estrutura.
Ao todo, 11 entidades foram alvos de medidas judiciais. Os contratos de aposentados e pensionistas com essas entidades foram suspensos, segundo o ministro da CGU.
O ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) pediu demissão após sua gestão entrar em crise por conta da investigação. Ele foi substituído pelo então secretário-executivo do órgão, Wolney Queiroz, atual titular da pasta.
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A última pesquisa do ano para governador de Pernambuco, do Opinião em parceria com este blog, apontando que o prefeito do Recife, João Campos (PSB), mantém uma dianteira folgada de vantagem sobre a governadora Raquel Lyra (PSD), bombou as redes sociais deste blog. Só pelo Instagram, as visualizações passam de 100 mil, o que reflete a liderança do blog no Nordeste também nas redes.

Folha de São Paulo
Quem escreve bem não tem receio de criar uma palavra se ela servir perfeitamente para significar alguma coisa. Autor de muitas obras que ocupam as prateleiras de biografias nas livrarias, Tom Cardoso diz não ser um biógrafo, mas um “perfilista”. “Nem sei se existe esse termo”, afirma. Não, ele não existe, mas se encaixa muito bem para definir o escritor, que lança agora “Eu Queria Ser Cássia Eller: Uma Biografia”
Então a pergunta seguinte abre a discussão sobre seu mais recente trabalho —por que Cássia Eller, e, indo mais além, por que Cássia Eller agora? A cantora morreu em dezembro de 2001, aos 39 anos, de ataque cardíaco, poucos meses após lançar seu álbum de maior sucesso, “Acústico MTV”, que vendeu mais de 1 milhão de cópias.
Leia mais“Escrevi muitas biografias de homens. Paulo Machado de Carvalho, Sócrates, Sérgio Cabral, Caetano Veloso, Chico Buarque”, diz Cardoso. “Quando eu fiz a Nara Leão, minha primeira biografada, por sugestão do Tárik de Souza, eu queria escrever uma biografia do Raul Seixas. Fui à casa do Tárik, sempre cheio de papel velho, cheio de pastas, para pesquisar. Mas ele me desencorajou de fazer o Raul e sugeriu a Nara. E eu gostei muito.”
O autor afirma que ficou com vontade de escrever de novo sobre uma mulher porque tem uma certa implicância com essa política identitária, de mulher escrever sobre mulher. “Estou preparando uma biografia do Mano Brown, e já tem gente falando que um playboy branco do Butantã não pode escrever sobre ele. Tem essa coisa forte de que homem não tem lugar de fala para escrever sobre uma mulher. Eu quero provar que isso não tem nada a ver.”
Ele queria alguém que tivesse uma grande carreira, um estofo musical, mas também uma vida que pudesse render um bom livro. “Eu acho que a Cássia tem esses ingredientes. A questão das drogas. Ter morrido cedo. Ser muito tímida. Há uma outra biografia dela, lançada há mais de 20 anos, e eu também quero ir contra essa coisa que tem no Brasil de achar que um biógrafo é dono do seu personagem. O fato de já existir uma biografia não era um impeditivo.”
Como em seus outros volumes biográficos, este não é amplo e ambicioso, empilhando informações e mais informações sobre seu personagem. “Eu não gosto de ler biografias de 500 páginas. Daí a ideia de ser um perfilista. Escrevo um perfil. Perdeu muito sentido uma biografia tão grande numa época em que você tem a Wikipédia com todas as informações. Antes, se você queria saber sobre a Carmen Miranda, a única opção era ler o livro do Ruy Castro.”
“Eu quero escrever histórias interessantes do jeito mais agradável possível, para que as pessoas descubram esses personagens. Quero que elas leiam o meu livro e tenham curiosidade em ouvir os discos da Cássia. Eu não sou o cara que tem pretensão de escrever a biografia definitiva de alguém.” O único quesito da cartilha do bom biógrafo que Cardoso não admite transgredir é a precisão das informações. “Eu já escrevi 18 livros e nunca fui processado. Eu tenho um rigor de pesquisa, não coloco fofoca nos livros.”
O livro mostra a formação de uma artista popular, talentosa, homoafetiva, consumidora de drogas e muito, muito tímida. O prefácio é escrito por Maria Eugenia Vieira Martins, companheira de Cássia e que cuidou do filho da cantora, chamado no ambiente caseiro como Chicão, e hoje já um cantor em carreira, Chico Chico.
Com tanto tempo debruçado sobre a vida da cantora, Cardoso aceita a brincadeira de imaginar como seria hoje uma Cássia Eller sessentona. “Ela nunca gostou de levantar bandeira. Ela teria um pouco de fastio dessa política identitária, dessa coisa de linguagem neutra. Ela não teria o mínimo saco para isso. Acho que depois, com Jair Bolsonaro, ela teria um posicionamento de oposição.”
Cardoso faz um comentário sobre a timidez de Cássia e como isso afetou sua carreira e sua vida. “A Bethânia ou o Ney Matogrosso, por exemplo. Eles organizam todas as suas coisas, são disciplinados, organizados, cumprem toda a agenda, né? A Cássia não sabia lidar com muitas coisas. Ela morre por causa de estresse emocional. Estava indo comprar passagens de uma viagem, coisa que a Eugenia faria, mas teve que ficar com o Chicão. A Cássia surta com uma coisa absolutamente corriqueira, comprar passagens. Imagine você surtar com algo tão trivial. Ela tinha de ter babás o tempo inteiro, e a Eugenia cuidava do filho pequeno, não tinha mais tanto tempo.”
Ele destaca que poucas vezes em suas pesquisas teve chance de falar com tantas pessoas próximas ao biografado. “Maria Eugenia me ajudou demais. Tive um contato rápido com o Chicão, que é o espelho dela. Ele é muito tímido. Parece até antipatia, mas é timidez. E Cássia tinha dois empresários, um que era muito careta e outro que cheirava tanto quanto ela. São caras que conseguiram entender a Cássia, eram da turma dela.”
E Cássia era alguém que gostava de uma turma. “Ela tinha uma banda na qual todos eram muito amigos. Eles conviviam muito tempo com ela. Pude entrevistar bastante esse pessoal. Cássia às vezes tinha direito a dois camarins, um para ela e outro para a banda. Aí ela ia com a banda para um deles e deixava o outro para o pessoal da segurança, para os faxineiros, os copeiros… As entrevistas com o pessoal da banda foram muito ricas, eram como irmãos dela de verdade.”
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O prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro, participou, ontem, em Brasília, da cerimônia de entrega da 1ª edição do Prêmio Brasil Sem Fome, iniciativa do Governo Federal que reconhece trajetórias, políticas públicas e resultados relevantes no enfrentamento à fome e no fortalecimento da segurança alimentar e nutricional no país.
A solenidade foi realizada no Teatro Nacional Cláudio Santoro, Sala Martins Pena, e reuniu gestores públicos, representantes de instituições e premiados de diversas regiões do Brasil. O reconhecimento destaca ações desenvolvidas em Caruaru voltadas à promoção da segurança alimentar, ao combate à vulnerabilidade social e à garantia de direitos básicos à população.
Para Rodrigo Pinheiro, a premiação reforça o compromisso da gestão municipal com políticas públicas integradas e eficazes. “Esse reconhecimento nacional mostra que Caruaru está no caminho certo, com ações concretas que cuidam das pessoas, especialmente de quem mais precisa”, destacou o prefeito durante o evento.
Por Zé Américo Silva*
A aprovação do PL da dosimetria expõe acordos nos porões do Senado, a aposta do Planalto no STF e um Parlamento que legisla para si mesmo, ignorando a vontade popular
O que se viu no Senado Federal, na votação do chamado PL da dosimetria, foi mais um retrato fiel do funcionamento dos porões da política brasileira. Longe da luz do debate público, governo e oposição firmaram um acordo pragmático, caro e politicamente tóxico: o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, viabilizou a ida do projeto ao plenário em troca da liberação de pautas econômicas consideradas estratégicas pelo Planalto para fechar o ano e ajustar o terreno fiscal mirando 2026.
Leia maisO resultado foi previsível. O Congresso, mais uma vez, legislou em causa própria. Sob o argumento técnico de “recalibrar penas”, aprovou-se um projeto que, na prática, beneficia Jair Bolsonaro e outros condenados ou investigados por atos contra a democracia, abrindo um precedente perigoso: o de transformar tentativa de golpe em crime negociável.
O mais grave é que essa decisão foi tomada contra a vontade expressa da maioria da população brasileira. Pesquisas recentes mostram rejeição majoritária a qualquer afrouxamento das penas impostas aos responsáveis pelos ataques de 8 de janeiro. Mesmo assim, e apesar de manifestações populares que reuniram milhares de pessoas em diversas capitais, o Senado avançou. Foi um gesto explícito de desprezo à opinião pública — a clássica “banana para o povo”, institucionalizada.
Do lado do governo, a postura foi tudo, menos coerente. Publicamente, Lula e sua base afirmam repudiar o projeto e classificam o texto como inconstitucional. Nos bastidores, porém, permitiram que a negociação prosperasse. O Planalto decidiu lavar as mãos, apostando que o estrago seria contido depois, seja por meio do veto presidencial, seja pela atuação do Supremo Tribunal Federal.
Trata-se de uma estratégia arriscada. Ao transferir para o STF a responsabilidade de enterrar um projeto aprovado com anuência tácita de sua base, o governo reforça uma dinâmica perversa: o Legislativo empurra decisões impopulares e moralmente questionáveis, enquanto o Judiciário é convocado a apagar o incêndio. O resultado é o desgaste institucional de todos os Poderes e a corrosão da confiança democrática.
O PL da dosimetria não é apenas um ajuste técnico. É um salvo-conduto simbólico. Ao sinalizar indulgência com crimes contra o Estado Democrático de Direito, o Congresso envia uma mensagem perigosa ao país: amanhã, quem atentar contra a democracia poderá contar com a complacência política, desde que tenha força suficiente para negociar.
No fim das contas, o episódio deixa uma lição amarga. O Congresso segue legislando para proteger os seus, o governo prefere o cálculo ao confronto, e o povo — mesmo quando vai às ruas — continua sendo tratado como figurante. Resta ao STF, mais uma vez, o papel de último dique institucional. Mas democracia que depende sempre do Judiciário para sobreviver já está seriamente doente.
*Jornalista e consultor de marketing político
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O leilão parcial dos serviços de saneamento de Pernambuco, realizado nesta manhã na B3, sede da Bolsa de Valores de São Paulo, foi marcado por ágio elevado e arrecadou R$ 6,546 bilhões em outorgas para o Estado, resultado acima das expectativas iniciais do governo. A disputa envolveu dois blocos e terminou com a vitória do fundo Pátria Investimentos e do consórcio Acciona/BRK Ambiental.
No Bloco 1 (Sertão), que reúne 24 municípios, incluindo Petrolina, o vencedor foi o Pátria Investimentos, que apresentou proposta com ágio significativo sobre o valor mínimo exigido, garantindo a concessão após concorrência direta entre os participantes. Já o Bloco 2 (RMR–Pajeú), o maior do certame, abrangendo 151 municípios, incluindo o Grande Recife, a Zona da Mata e parte do interior, foi arrematado pelo consórcio Acciona/BRK, com uma oferta de R$ 3,015 bilhões, o que representou um ágio de 224% em relação ao valor mínimo de R$ 929 milhões.
O termo ágio, utilizado no leilão, refere-se justamente à diferença positiva entre o valor mínimo fixado no edital e o montante efetivamente ofertado pelas empresas vencedoras. No caso de Pernambuco, os percentuais registrados nos dois blocos evidenciaram a disputa acirrada e o interesse do setor privado na concessão dos serviços de saneamento, ponto detalhado na matéria da Revista Exame que o blog republica a seguir. Confira:
Leia maisGrupo Pátria vence leilão do bloco de R$ 15 bi de saneamento de Pernambuco
O Grupo Pátria venceu nesta quinta-feira, 18, o leilão do maior bloco de saneamento do estado de Pernambuco. O certame ocorreu na B3, a sede da Bolsa de Valores de São Paulo.
O grupo ofereceu 5% de desconto na tarifa e outorga de R$ 720 milhões. Venceria o leilão quem oferecesse a menor tarifa, combinado com o maior valor de outorga.
O lote Pajeú inclui inclui 150 cidades (entre elas a capital) e Fernando de Noronha, com R$ 15,4 bilhões em investimentos previstos.
Também participaram da disputa a Aegea e os consórcio entre BRK e Acciona e outro da Cymi com a Vinci Partners.
Os dois blocos somados preveem R$ 19 bilhões em obras.
A concessão será parcial dos serviços de água e esgoto e dos serviços complementares nos municípios.
A Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) continuará prestando os serviços de produção de água (captação ao tratamento de água).
Os serviços de esgotamento sanitário na Região Metropolitana do Recife e no município de Goiana estão fora do escopo.
A previsão do governo estadual é que 9,5 milhões de pessoas serão beneficiadas em contratos de 35 anos de duração.
A disputa está entre os 27 leilões previstos para ocorrer até o fim de 2026 e somam R$ 88 bilhões em investimentos no saneamento em busca da universalização.
Acciona e BRK vencem bloco 2
O outro bloco, o Sertão, que reúne 24 cidades, com investimentos de R$ 2,9 bilhões foi vencido pelo consórcio entre Acciona e a BRK.
A empresa foi a única que apresentou proposta para esse grupo, com desconto da tarifa de 5%.
Tarifa social
A concessão prevê ainda a garantia da tarifa social para 580 mil residências no Estado, beneficiando 1,6 milhão de pessoas, com desconto de 50% para famílias com renda per capita de até ½ salário mínimo, inscritas no Cadúnico e/ou BPC e residenciais da Faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida ou programa similar.
O projeto foi estruturado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com apoio do Ministério das Cidades e da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (SEPPI).
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Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
Glauber Braga (Psol-RJ) acabou suspenso por seis meses de seu mandato depois do entrevero que teve com um militante do Movimento Brasil Livre (MBL). Mas Glauber mesmo não tem muita dúvida: a razão da suspensão foi menos, na sua avaliação, o chute que deu no militante e mais a insatisfação de parte da cúpula da Câmara, especialmente Arthur Lira (PP-AL), com a sua atuação.
Sai, então, Glauber Braga e entra em seu lugar Heloisa Helena (Rede-RJ). “Que azar, hein?”, brinca Heloisa em conversa com o Correio Político. A frase resume a atitude da nova deputada. Quem imaginava um ambiente mais calmo sem Glauber Braga na Câmara é porque não conhece Heloisa Helena. “Vou ser o que sempre fui”, avisa.
Leia maisHeloisa fica por seis meses na vaga de Glauber. Um período que conta, inclusive, o tempo de recesso que haverá a partir da semana que vem e se estenderá até fevereiro. Um tempo curto. Mas no qual ela vem disposta a mostrar o mesmo perfil combativo que demonstrava quando ela senadora pelo PT de Alagoas no primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva. Um perfil que bate de frente com a postura conciliadora de Lula.
Heloísa era senadora pelo PT no primeiro governo Lula em 2003. Chegou a ser líder do partido. Até começar a trombar com as conciliações que Lula fazia a segmentos mais conservadores, especialmente quando aprovou uma reforma da Previdência e exigiu fidelidade dos petistas. Ela recusou-se e acabou expulsa do partido. Fundou o Psol depois. Chegou a ser candidata à Presidência em 2006. Deixou depois o Psol e ingressou na Rede, da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Marina reconciliou-se com Lula. Heloisa, não.
Heloísa volta à Câmara integrando um partido da base do governo, mas manterá seus posicionamentos. Porque diz seguir condenando o perfil mais conciliador de Lula.”Conciliação é que produz essas pústulas políticas”, diz ela. “Pústulas” que teriam tramado o afastamento de Glauber. Nesse sentido, ela pretende manter no mandato a mesma postura de Glauber.
Embora seja alagoana de nascimento e ter tido boa parte da sua carreira política no estado, Heloisa Helena diz não ter relação alguma com Arthur Lira. A não ser uma percepção de que um acerto de Lula com Lira é que foi o início do seu período de ausência na política, a partir de 2010.
Segundo ela, Lula teria apoiado Lira em 2010 para deputado e o pai dele, Benedito de Lira, para o Senado. Heloisa, disputando contra, acabou perdendo e, por um tempo, voltou a ser somente professora. “Curioso voltar agora à Câmara partir de uma situação que envolveu Arthur Lira”, comenta.
Heloisa deixou Alagoas pelo Rio de Janeiro em um projeto de fortalecimento da Rede. Combinou-se, para esse fortalecimento, que Marina Silva sairia candidata por São Paulo, e ela pelo Rio, como aconteceu. “Mas eu tenho relação antiga com o Rio. Meu pai foi pedreiro no Rio, e foi onde meu irmão nasceu”.
No caso do orçamento, Heloisa pretende montar um observatório da execução orçamentária. No caso, sua preocupação é com o retorno efetivo das políticas sociais à população. Ou seja, o dinheiro precisa claramente chegar ao destino. “Precisamos garantir a possibilidade objetiva de acesso do cidadão ao que é financiado com o orçamento”.
“O Sistema Único de Saúde, por exemplo, não tem que ser somente uma política avançada, tem de funcionar de fato”, diz ela. E, nesse sentido, a aplicação orçamentária precisa ser transparente. “O orçamento não é uma caixinha da qual dispõe o deputado ou senador. Toda destinação tem de ser transparente”.
Nesse ponto, é a mesma briga que antes fazia Glauber Braga. Heloisa pretende seguir batendo na mesma tecla. Com um olhar para o que chama de “Rio profundo”. Para além das belas paisagens, ela enxerga a cidade que sofre com a desigualdade social e com a falta de oportunidades.
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O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, mandou exonerar o secretário-executivo da pasta, Adroaldo Portal, que teve prisão preventiva decretada hoje, após a operação da Polícia Federal (PF) contra fraudes em descontos do INSS. As informações são do portal G1.
O procurador-federal Felipe Cavalcante e Silva, atual consultor jurídico do ministério, assume a função de secretário-executivo. Nesta manhã, a PF e a Controladoria-Geral da União cumprem 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares contra os acusados de envolvimento nas fraudes.
Leia maisEm abril, investigações da PF revelaram um esquema criminoso para realizar descontos irregulares de valores recebidos por aposentados e pensionistas do INSS, ocorridos no período de 2019 a 2024. Os desvios, conforme as investigações, podem chegar a R$ 6,3 bilhões.
Jornalista com 23 anos de experiência no Congresso, o número dois da Previdência do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi chefe de gabinete do senador Weverton Rocha (PDT-MA), parlamentar que foi alvo de mandados de busca e apreensão nesta quinta. Além de Adroaldo, estão entre os alvos desta fase:
Em novembro, a PF prendeu o ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Alessandro Stefanutto e outras oito pessoas.
Um novo mandado de prisão foi expedido contra Antônio Carlos Antunes Camilo, o chamado “Careca do INSS”, que já estava preso desde setembro.
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Por Antonio Magalhães*
O que tem a ver o cultivo de flores com a sinceridade na política? Aparentemente nada. O diretor americano Hal Ashby conseguiu produzir a metáfora perfeita que une os dois temas no seu filme “Muito além do jardim” (1977), um clássico do cinema, quando um jardineiro simplório, com deficiência cognitiva, torna-se o conselheiro-mor do “fazedor de reis” de Washington.
Expulso por corretor de imóvel da casa onde viveu 44 anos, o jardineiro Chance, que foi adotado na infância por um milionário da cidade, depois da morte do tutor vaga pelas ruas da capital americana como um E.T. recém-chegado à Terra. Tudo lhe surpreende. Ele via o mundo por alguns programas de TV. Depois de um banal acidente de trânsito, na sua andança pela metrópole, ele é abrigado na casa do influente Ben Rand (Melvyn Douglas), que, mesmo doente de cama na sua mansão, conversa com Chance – a esta altura Chancey Gardiner (jardineiro) – e confunde sua inocência com sabedoria.
Leia maisComo Chance só entende de jardinagem, o novo amigo carente de sinceridade interpreta as palavras sobre plantas do jardineiro como metáforas para a vida política: quando plantar, quando colher, de olho no tempo etc. O que Chance diz é escutado por políticos amigos de Ben, até o presidente dos EUA, pela forma direta dele responder ou silenciar sobre temas mais delicados. Afinal, o “fazedor de reis” dá o aval às palavras do suposto conselheiro de “papo reto”.
Por que a fala deste desconhecido tem tanta credibilidade? Como na vida real e no filme, os políticos só estão acostumados a quem conversa com subterfúgios, promete e não cumpre, mente nos gastos públicos, é capaz de enganar eleitores e até mesmo uma nação. Portanto, para os conhecidos de Ben, Chance é diferenciado, uma incógnita a ser revelada. Vão atrás do seu passado e da origem da sua “sabedoria”. Recorrem aos arquivos policiais, FBI, CIA, bancos e não encontram qualquer registro dele. Uns acham até que é um espião soviético.
Diante da ficha limpa, espertalhões interessados em votos e poder, pensam até na possibilidade de eleger Chance para um cargo maior, quem sabe à Presidência dos EUA, com ampla possibilidade de manipulação como aconteceu com o ex-presidente Joe Biden. Coisa de filme: na vida real, quem está fora de esquemas e sem dar brecha para chantagens de inimigos dificilmente é eleito, mas acontece. E se chegar lá vai ser massacrado e perseguido pelo sistema, como ocorreu com um ex-presidente de um país conhecido e que pode vir a se repetir com seu filho, durante a campanha presidencial e no caso de vitória.
Voltando ao Chance, por conta dos contatos alavancados por Ben, o jardineiro passa a participar de entrevistas na TV – por onde ele via o mundo do seu quarto – e dar conselhos usando o linguajar dos cuidadores de jardins, lembrando a existência das pragas que matam as plantas, tidas como metáforas pelos maus políticos como forma de eliminar adversários políticos.
Existem filmes de comédias românticas, comédias dramáticas, mas essa película poderia ser classificada como uma comédia filosófica, pois mostra que um ingênuo pode ser mais sensato e profundo de quem se acha muito sabido: o espertalhão que, na verdade, age como uma formiga roceira comendo plantas em fase de crescimento e inviabilizando o futuro de frutos e flores. Ou de seu país. É isso.
*Jornalista
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Um consórcio entre Acciona e BRK e o Pátria Investimentos foram os vencedores do leilão de saneamento de Pernambuco, que aconteceu há pouco, em São Paulo.
O projeto dividiu a área de concessão em duas. A Acciona e a BRK levaram o contrato do bloco Pajeú, que engloba 151 municípios. O Pátria vai ser responsável pelo bloco Sertão, com 24 cidades. Os contratos terão duração de 35 anos. As informações são da Folha de São Paulo.
Leia maisUm dos maiores projetos do setor de saneamento dos últimos anos, a concessão de Pernambuco prevê R$ 19 bilhões em investimentos para universalizar os serviços em 175 dos 185 municípios do estado.
O leilão foi marcado pela alta concorrência, com quatro grupos interessados no ativo. Apresentaram propostas a Aegea, o fundo Pátria Investimentos, a Cymi Brasil e um consórcio formado pela Acciona e pela BRK Ambiental.
As empresas serão responsáveis pela distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto nos municípios abrangidos; a Compesa (estatal de saneamento) vai continuar responsável pela produção e venda de água tratada para a concessionária.
Segundo o Governo de Pernambuco, o objetivo da concessão é chegar à universalização no prazo determinado pelo marco legal, atingindo 99% de cobertura de água e 90% de atendimento com redes de esgoto até 2033.
O contrato estabelece a meta de reduzir as perdas gradualmente e prevê mecanismos de enfrentamento a um dos principais problemas do estado: a intermitência no fornecimento de água. Em até 180 dias após o início da operação, os vencedores deverão elaborar um plano de combate à intermitência, priorizando os municípios com racionamento e apontando intervenções imediatas.
O projeto foi alvo de contestação judicial. Dias antes do leilão, a Procompesa (associação dos empregados do grupamento superior da Compesa) acionou o Tribunal de Contas de Pernambuco com um pedido de medida cautelar para suspender o certame.
O documento apontou inconsistências no edital de concessão, e cita superestimativa nos índices de atendimento de esgotamento sanitário em diversas cidades. Segundo a representação, os dados distorcem a realidade econômica do projeto, o que fabricaria pedidos de reequilíbrio de contrato pela empresa vencedora logo após o leilão, já que os investimentos necessários para universalizar o serviço seriam maiores que os planejados.
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