O Governo de Pernambuco suspendeu empenhos que garantiriam melhorias no gabinete da governadora Raquel Lyra (PSD) e na Secretaria da Casa Civil com recursos de empréstimos. A medida foi tomada após a pressão de deputados estaduais, que denunciaram um desvio de finalidade no uso de parte de um montante de R$ 600 milhões obtido em uma operação de crédito junto à Caixa, em 2023.
O caso deve entrar na mira do Tribunal de Contas da União (TCU) e tem gerado desconfiança sobre a necessidade de aprovação de mais dois empréstimos, de R$ 1,5 bilhão e R$ 1,7 bilhão, solicitados pela governadora.
Em 27 de maio, durante entrevista coletiva na Assembleia Legislativa (Alepe), os presidentes das comissões de Constituição, Legislação e Justiça, deputado Coronel Alberto Feitosa (PL); de Finanças, Orçamento e Tributação, deputado Antonio Coelho (União Brasil); e de Administração Pública, deputado Waldemar Borges (PSB), expuseram reproduções da tela do sistema e-Fisco e do Portal da Transparência em que as despesas eram comprovadas.


Nesta semana, porém, os empenhos aparecem zerados, o que indica que, de fato, havia a intenção de fazer os gastos, mas houve um recuo após a repercussão do caso.
Para o gabinete da governadora, tinham sido feitos três empenhos que totalizavam R$ 124,2 mil. O mais caro, de R$ 85 mil, seria destinado à compra de 15 evaporadoras, via inexigibilidade de licitação, à Hitachi Ar Condicionados do Brasil.
Depois de ser alvo de críticas, o governo transferiu a fonte desse recurso do empréstimo com a Caixa para uma operação com o Itaú, feita na gestão passada e com menos amarras.
Já um segundo empenho, de R$ 19,5 mil, teria o objetivo de adquirir, da empresa Olinda Info Comércio Varejista Ltda., um sistema com mesa de som e microfones. A compra também foi suspensa.
Um terceiro gasto, porém, chegou a ser efetivado em janeiro, antes mesmo de a Alepe tomar conhecimento de que recursos de empréstimos vinham sendo usados em finalidades diferentes das autorizadas pelos deputados. O gabinete da governadora pagou R$ 19,5 mil à empresa R&A Eletroeletrônicos para adquirir quatro televisores de 75 polegadas.
Já na Casa Civil, R$ 611 mil foram empenhados em 29 de abril para comprar, da empresa Decision Serviços de Tecnologia da Informação Ltda., licenças perpétuas de software com backup e suporte técnico.
As intenções de compra foram comprovadas pelos deputados em imagens exibidas no fim de maio e seguem registradas no Portal da Transparência, mas com empenhos também zerados, o que indica mais um recuo. Não há registro de que a operação foi feita por outra fonte de recursos.
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