O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou nesta quinta-feira que o seu país vai “responder adequadamente” ao que ele definiu como “caça às bruxas”, após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenar Jair Bolsonaro (PL) e mais sete aliados no julgamento da trama golpista. Em publicação nas redes sociais, Rubio acusou o ministro Alexandre de Moraes de ser um “violador de direitos humanos”.
“As perseguições políticas por parte do violador de direitos humanos Alexandre de Moraes continuam, uma vez que ele e outros membros do Supremo Tribunal Federal do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos responderão adequadamente a esta caça às bruxas”, escreveu a autoridade americana. As informações são do jornal O Globo.
Leia maisThe political persecutions by sanctioned human rights abuser Alexandre de Moraes continue, as he and others on Brazil’s supreme court have unjustly ruled to imprison former President Jair Bolsonaro.
— Secretary Marco Rubio (@SecRubio) September 11, 2025
The United States will respond accordingly to this witch hunt.
Antes, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerou “muito surpreendente” a condenação de seu aliado. Bolsonaro e aliados foram condenados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Ação penal deve ter a análise concluída nesta semana.
— Eu achava que ele era um bom presidente do Brasil, e é muito surpreendente que isso tenha acontecido. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram — disse Trump aos repórteres. — Ele era um bom homem.
Força para ‘proteger a liberdade de expressão no mundo’
No início da semana, a porta-voz da Casa Branca afirmou que Trump “não tem medo de usar o poder econômico e militar para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo”. A declaração ocorreu após uma pergunta de um jornalista especificamente sobre o julgamento contra Bolsonaro.
— Não tenho hoje nenhuma ação adicional (sanções ou elevação de tarifas) para antecipar a vocês, mas posso afirmar que essa é uma prioridade para o governo (assegurar a liberdade de expressão), e o presidente (Trump) não tem medo de usar o poder econômico e militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo — afirmou Karoline.
Durante a coletiva, Leavitt ressaltou que Trump não considera novas medidas tarifárias ao Brasil. Segundo a representante da Casa Branca, novas sanções não estão sendo estudadas.
— A liberdade de expressão é, possivelmente, a questão mais importante do nosso tempo. Ele (Trump) leva esse tema muito a sério, razão pela qual adotamos ações significativas em relação ao Brasil, tanto na forma de sanções quanto no uso de tarifas, para garantir que cidadãos ao redor do mundo não sejam tratados dessa maneira. Ao mesmo tempo, enquanto o presidente utiliza o peso dos Estados Unidos para proteger nossos interesses no exterior, ele também assegura que a liberdade de expressão permaneça aqui nos Estados Unidos da América — disse Karoline a um repórter, que questionou se os EUA estariam analisando novas sanções ou aumentos em tarifas diante do julgamento de Bolsonaro.
Repercussão internacional
Quando o voto da ministra Cármen Lúcia levou a Corte a formar maioria pela condenação de Bolsonaro e outros sete aliados, isso repercutiu na imprensa internacional. A Reuters destacou que a decisão faz de Bolsonaro o primeiro ex-presidente na história do país a ser condenado por atentado à democracia e apontou possíveis impactos na relação entre o Brasil e os Estados Unidos.
“É provável que isso enfureça ainda mais o aliado próximo de Bolsonaro, o presidente dos EUA, Donald Trump, que já chamou o caso de “caça às bruxas” e criticou duramente o Brasil com aumentos de tarifas, sanções contra o juiz presidente e a revogação de vistos para a maioria dos membros do STF”.
O Al Jazeera, do Catar, noticiou o julgamento e destacou que Bolsonaro “mantém uma base política sólida no Brasil, e espera-se que o veredito seja recebido com agitação generalizada”.
A agência Associated Press apontou que o “político de extrema direita que governou o Brasil entre 2019 e 2022 foi considerado culpado em cinco acusações por três membros de um colegiado de cinco juízes”.
Além de Bolsonaro, foram condenados:
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
- Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin (neste caso, menos por dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado)