Com exceção dos apoiadores mais radicais, há um consenso da necessidade urgente da recomposição de várias parte do setor público como, por exemplo, todo o aparelho de controle e fiscalização ambiental, vítima de um abandono sem precedentes.
Há também um consenso da restauração dos serviços na área de saúde pública com destaque para o segmento de vacinas. Assim como a restauração das erráticas práticas diplomáticas que colocaram o Brasil em grave situação de exclusão de sua tradicional política internacional. Não há o que se questionar.
Mas na outra direção, o governo Lula tem caminhado em direções que passam a perturbadora sensação de revisão de uma série de leis e práticas no setor público que acabam frustrando a quem acreditou que a terceira gestão do presidente seria pautado pelas escolhas dos melhores. As informações são do colunista Fernando Castilho, do JC.
Leia maisO resultado das urnas impôs a Lula a dura realidade de precisar negociar partes do governo e de aceitar políticas de revisão que nem sempre ajudam na propagação de uma imagem moderna de gestão. A Petrobras é um bom exemplo pelo que, após três meses, permite inferir de como o governo pretende conduzi-la a despeito de todos os avanços obtidos pela empresa depois do ataque da Lava Jato.
A mudança da Lei das Estatais é um bom exemplo de como um governo pode perpetrar retrocessos com o discurso de fazer política. Que, como se está vendo pelas dificuldades das escolhas para seu comando, parece não caminhar na busca dos mais preparados para dirigir a maior empresa do país e a que paga mais impostos e mais dividendos à União.
EMPRESAS PÚBLICAS
A decisão do ministro do STF, Ricardo Lewandowski acabando com a quarentena para políticos assumirem cargos de direção em empresas públicas mostra a dificuldade de o Estado continuar nomeando profissionais alinhados aos objetivos das melhores práticas de gestão conquistada pelas empresas públicas.
Mais ainda pela forma como o ministro decidiu encaminhar a questão e fazer valer sua vontade, com um gesto tão atípico para o Supremo que surpreendeu até mesmo o Senado que analisa a questão depois de ela ter sido aprovada pela Câmara Federal.
Há uma leitura de que o gesto do ministro ajudaria na nomeação do ex-governador Paulo Câmara para a presidência do Banco do Nordeste. Pode ter sido, embora o grande beneficiado seja o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates que – com a decisão – elimina qualquer possibilidade de contestação.
Câmara e Prates podem ser os nomes mais visíveis, mas a consequência está relacionada à grande quantidade de cargos disponíveis nas empresas onde o estado tem participação especialmente nos conselhos.
AVANÇOS NA GESTÃO
Não que possíveis escolhidos não estejam aptos a assumirem tais cargos. Mas é que na prática se despreza a qualidade agregada da governança das estatais aumentou de 4,15 a 8,07 segundo indicador compilado pela Secretaria de Coordenação das Estatais.
E de desvaloriza os avanços na gestão de com CVM, Banco Central, Previc e Susep incluindo requisitos de investidura em seu arcabouço de regulação a partir de longa experiência de erros e acertos no modelo de fiscalização.
Como advertiu a Associação dos Investidores no Mercado de Capitais e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, impressiona a desconsideração da eficácia das restrições introduzidas no diploma legal para a melhoria das estatais.
A questão não é poder nomear pessoas sem a necessidade de observância de critérios que hoje as empresas privadas consideram como definidores na contratação, mas de flexibilizar os critérios para a ocupação de cargos gerenciais nessas companhias – que é o verdadeiro alicerce da Lei das Estatais, anulando meia década de esforços para fortalecer a sua gestão.
Leia menos