Por Antonio Magalhães*
O presidente Donald Trump foi claro no discurso de terça-feira na ONU: o Brasil deve se juntar aos Estados Unidos ou fracassará. Antes da fala do americano, o presidente Lula alertou que não admitiria a intervenção estrangeira nos assuntos do país, reafirmando seu entendimento de soberania nacional. Contudo, há quem acredite que Lula irá aliviar sua resistência aos EUA na negociação proposta por Trump para a próxima semana. É um engano de quem pensa assim. Pode, no máximo, ser gentil e levantar um brinde.
O coração lulista bate mais forte pelos “irmãos” do Oriente e não mudará. Hoje, os interesses chineses financeiros e ideológicos são irremovíveis diante de qualquer aceno dos EUA. Mas afinal de que lado está o povo brasileiro, enquanto Lula brinda com Xi Jinping? Na rota do Hot Dog ou do Chop Suey? Os pratos nacionais de um e de outro que só coincidem no excesso de temperos e conservantes, elevando o nível da obesidade planetária. E mais nenhuma identidade.
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Na verdade, o que está em jogo é o futuro do País. Se ele quer ser uma ‘suposta’ democracia ao modo chinês, defendida hoje pelo consórcio Lula, STF e velha mídia, ou fazer parte do mundo ocidental, orientado por princípios de liberdade civil, de expressão, religiosa, que formam as grandes democracias conhecidas? Diante dessa querela, por que não fazer um plebiscito para os brasileiros apontarem o rumo da Nação?
Contudo, esta consulta é um acontecimento quase impossível diante de tantas restrições para que os brasileiros possam se expressar em liberdade. Há um risco grande de até ser um “plebiscito fake” que não revele o sentimento verdadeiro do nosso povo. Para melhor compreensão e reflexão, vale a pena apontar aqui algumas diferenças entre os dois povos.
De volta à metáfora alimentar, infelizmente, a livre escolha pelo cachorro-quente ou pela mistureba chinesa não resolve tudo. A fartura gordurosa pode ser contida por uma dieta vegana. Mas o que é importante é a opção dos brasileiros entre a liberdade individual, de ir e vir, de expressão, de pensamento, e uma vida censurada, cheia de perseguições jurídicas, de violações contínuas dos direitos humanos. Daí para pior.
E o mau exemplo vem da China. Lá, o governo vê os direitos humanos como uma ameaça existencial. O Partido Comunista Chinês (PCCh) acha que a liberdade política pode comprometer seu poder, e por isso construiu um estado de vigilância altamente tecnológico e um sofisticado sistema de censura na internet para monitorar e abafar o criticismo público. No exterior, a China tem usado sua crescente influência econômica para silenciar críticos e realizar o mais intenso ataque ao sistema global de proteção dos direitos humanos desde sua emergência em meados do século XX.
Silenciados forçosamente, os chineses veem as autoridades se vangloriando do progresso econômico e social do país, mas censurando informações sobre sua crescente desigualdade de renda, proibindo o acesso discriminatório a serviços públicos, estimulando os seletivos processos judiciais contra casos de corrupção e de dissidência da ditadura chinesa que podem levar à pena de morte. As pessoas são vítimas de um governo sem transparência e controles. O mesmo PCCh que hoje proclama um milagre chinês, impôs no século passado a Revolução Cultural e o Grande Salto Adiante, com dezenas de milhões de mortes.
E curiosamente, para conhecimento de Lula e petistas, as relações comerciais entre China e Estados Unidos são gigantes, complexas e multifacetadas. Não são nem aliados e nem inimigos e aparecem no ranking econômico mundial nos primeiros lugares. A China tem títulos americanos em dólares e os americanos possuem fábricas no país e investem muito no país do Oriente. Além disso, têm parcerias internacionais nas pesquisas científicas.
Ao tomar posse na presidência dos EUA, Donald Trump assanhou a relação de negócios entre os dois países, adicionando tarifas à importação chinesa. Depois conversaram e se acertaram. Nem os americanos querem perder o mercado chinês, nem o gigante oriental quer ficar sem os maiores consumidores do mundo.
Só Lula não se importa com o risco de ficar distante comercialmente dos Estados Unidos, que compra muitos produtos manufaturados do Brasil, diferente da China que só adquire commodities agrícolas. O presidente brasileiro e o consórcio que o sustenta resistem em negociar o tarifaço americano, por conta dos condicionantes lançados por Trump, como a liberdade do ex-presidente Bolsonaro e a condenação do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Diferentemente do que aconteceu em todos os países que compram e vendem dos EUA, Lula ao evitar até agora conversas com Trump, revela que, de forma equivocada ou proposital, vem preferindo levar o país à bancarrota na ilusão que a China vai substituir todo o mercado dos EUA.
Portanto, como se vê, o Brasil está saindo da Rota do Hot Dog para seguir pela Rota da Seda ou do Chop Suey, a mesma percorrida pela combalida Venezuela, que tem como seu prato nacional o Pabellón Criollo, que foi, em outro tempo, uma excelência culinária para ser hoje um arremedo inverso, resultado da ditadura de Chávez e Maduro, numa combinação de arroz vencido, feijão preto azedo, carne desfiada de cachorro e banana passada cozida. Triste. Mas é isso.
*Jornalista
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