Agora que está formalmente indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, o advogado Cristiano Zanin ligou o modo turbo na campanha que já vinha fazendo no Senado, a quem cabe avaliar a nomeação.
Além de colocar seus principais aliados no Senado para marcar jantares e reuniões com as bancadas, Zanin acionou também seus contatos no Judiciário e no meio político para garantir uma meta ambiciosa: a de que sua votação no Senado seja igual ou maior do que a obtida por Rodrigo Pacheco (PSD-MG) em sua eleição para presidir a Casa.
Leia maisPara ter a nomeação chancelada, Zanin vai precisar de ao menos 41 votos favoráveis entre os 81 senadores. Mas Pacheco teve 49 votos em fevereiro passado, na eleição que disputou com Rogério Marinho (PL-RN). Entre os líderes de Lula, esse é considerado o tamanho da base governista no Senado e, portanto, uma espécie de piso que Zanin está se dispondo a conseguir.
A estratégia para chegar lá passa por duas táticas principais. A primeira é não descuidar da lista de presenças e colocar o máximo de governistas no plenário na data da votação, que deve acontecer ainda em junho. A lógica é que, quanto mais governistas estiverem presentes maior a chance de Zanin ser aprovado sem precisar da ajuda dos senadores da oposição.
Aí é que entra a segunda linha de ação dos aliados do advogado de Lula: cavar votos favoráveis também entre bolsonaristas. Para isso, ele tem contado com a ajuda de ministros como o Advogado-Geral da União, Jorge Messias, dos ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, e do ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, que já foi assessor do Senado e também era cotado para o Supremo.
Alguns bolsonaristas já haviam sido procurados pelo advogado antes da indicação, como os ex-ministros de Bolsonaro Ciro Nogueira (Casa Civil), do PP do Piauí, e Rogério Marinho (Integração Regional), do PL do Rio Grande do Norte. Nas conversas que tiveram com Zanin lá atrás, os dois já disseram estar dispostos a votar a favor.
O que o indicado de Lula para o Supremo está tentando agora é uma nova rodada de conversas com esses oposicionistas, que deve acontecer muito discretamente, a portas fechadas. Só quem ainda resiste a encontrar Zanin é Magno Malta (PL-ES), muito popular na direita mais radical.
Tanto Malta como Nogueira e Marinho têm acenado com um “tratamento leal” na sabatina que ocorrerá na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes da votação no plenário, mas se declaram preocupados com a reação de seus eleitores caso o placar da aprovação de Zanin seja favorável demais – quer dizer, caso ele tenha muito mais do que os 50 votos do governo no plenário.
Esses parlamentares temem ser vistos como traidores ou participantes de um grande acordão com Lula, o que a base bolsonarista poderia não perdoar. Tudo vai depender, porém, da condução desse processo, já que o próprio ex-presidente Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que a nomeação de Zanin “é competência privativa do presidente”.
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