O prefeito de Petrolina, Simão Durando (UB), avaliou a relação da governadora Raquel Lyra (PSD) com o município e voltou a cobrar ações concretas do governo estadual para a cidade. Em entrevista à Folha de Pernambuco, o gestor destacou que, apesar das promessas, pouco foi entregue até agora. Segundo ele, o maior problema é a Compesa, que arrecada R$ 12 milhões por mês em contas de água e esgoto, mas reinveste apenas uma pequena parte em Petrolina. “Estamos às margens do São Francisco, mas há bairros que ficam até 20 dias sem água. O que a população não aceita é pagar caro e continuar sem o serviço adequado”, afirmou.
Na avaliação do prefeito, falta diálogo do governo estadual com as cidades do interior. Ele lembrou que, desde a gestão de Miguel Coelho, a prefeitura solicita a retomada do controle dos serviços de água e esgoto para poder investir com mais eficiência. Apesar de torcer para que a concessão anunciada pelo governo dê certo, Durando insiste que a prioridade deve ser garantir acesso universal à água tratada e ao saneamento.
Leia maisO cenário político estadual também foi pauta da entrevista. Para Simão, a eleição de 2026 será definida pela avaliação da população sobre a gestão atual. Ele defendeu a pré-candidatura do ex-prefeito Miguel Coelho ao Senado, destacando que o Sertão precisa de um representante que conheça de perto as dificuldades da região. “Miguel já mostrou que está pronto. Pernambuco ganha com um senador que tenha cheiro de povo”, afirmou.
Durando também comentou a disputa entre Raquel Lyra e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), que lidera as pesquisas para o governo estadual. Sem avaliar diretamente a gestão de Raquel, disse que o eleitor vai pesar se houve avanço em áreas como educação, saúde e geração de empregos. Ao falar de João Campos, ressaltou o legado político do avô, Miguel Arraes, e do ex-governador Eduardo Campos, lembrados como referências de gestão no estado.
Sobre a economia local, o prefeito destacou o impacto do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos às exportações de frutas brasileiras. Segundo ele, o aumento das tarifas chegou como “uma bomba” para o Vale do São Francisco, que depende da fruticultura irrigada. A saída encontrada foi negociar com os importadores e buscar apoio do governo federal para prorrogar os prazos de pagamento junto aos bancos. “Um terço da população vive diretamente da fruticultura. Se não tivéssemos conseguido esse acordo, o comércio e a economia local teriam sido gravemente afetados”, explicou.
Mesmo com os desafios, Petrolina segue ampliando sua presença internacional. Apenas para a América do Norte, são exportados anualmente 2.500 contêineres de manga e 800 de uva, além de grandes volumes destinados à Europa. O município aposta em novas áreas irrigadas no Pontal e aguarda a conclusão da Transnordestina para reduzir custos logísticos. “Se a ferrovia chegar até Salgueiro já é um avanço, mas nosso sonho é que venha até Petrolina”, ressaltou o prefeito.
Durando também destacou o esforço para retomar voos cargueiros internacionais a partir do Aeroporto de Petrolina, ampliado recentemente. A medida facilitaria a exportação por via aérea, especialmente para mercados mais distantes como Japão e China, onde a logística por navio torna inviável a chegada da fruta em boas condições.
Ainda durante a entrevista, o prefeito aproveitou o lançamento do meu mais recente livro, “Os Leões do Norte”, em Petrolina, para relembrar a importância histórica do ex-governador Nilo Coelho para o município e para Pernambuco. Citando relatos de seu pai, o ex-prefeito Simão Durando, destacou que Nilo foi responsável por obras estruturantes, como a pavimentação de rodovias e a eletrificação rural, além de apoiar a implantação da irrigação no Sertão. “Ele foi um estadista que sonhava com os pés no chão e deixou um legado que permitiu que Petrolina se tornasse hoje a capital da fruticultura irrigada”, concluiu.
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