Mas Lula já afirmou que pretende fazer ajustes e tem recebido recados de partidos aliados que desejam mais espaços de poder e de controle do orçamento dentro do governo.
Aliados do presidente acreditam que as trocas possam ser definidas até fevereiro, após o fim do recesso parlamentar do Congresso Nacional. Contudo, não arriscam cravar datas, já que o presidente demonstra, neste mandato, que não gosta de ser pressionado e costuma postergar decisões deste tipo.
Por ora, segundo interlocutores, Lula avalia possibilidades e colhe impressões a respeito dos impactos de alterações que visam:
- fortalecer a base do governo na Câmara dos Deputados e no Senado
- atrair partidos para a chapa do PT nas eleições de 2026, onde Lula pode disputar a reeleição
- melhorar a execução de projetos e programas do governo federal
Comunicação
A mudança que aliados de Lula consideram mais próxima de se concretizar é na Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), responsável pela assessoria de imprensa, redes sociais e publicidade do governo.
O presidente já anunciou que deseja corrigir problemas na comunicação e pode substituir Paulo Pimenta (PT-RS) por Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha do petista em 2022.
Sidônio dá conselhos para Lula desde o começo do governo, porém reforçou sua presença em Brasília a partir de novembro, com participação direta no anúncio do pacote de corte de gastos, no pronunciamento de Natal do presidente e na campanha publicitária de fim de ano.
Caso a troca seja efetivada, Lula terá de decidir o futuro de Pimenta, que pode retornar ao mandato de deputado federal ou ser deslocado para outro cargo.
Uma possibilidade especulada é nomear Pimenta para a Secretaria-Geral da Presidência, que faz o diálogo do governo com movimentos sociais. O atual ministro é o ex-deputado Márcio Macêdo (PT-SE), tesoureiro na campanha de 2022.
Congresso e alianças para 2026
Partidos do Centrão têm interesse em mais espaço na Esplanada. O PSD já comunicou ao Planalto que está insatisfeito com os três ministérios que comanda, em especial o da Pesca, comandado pelo deputado André de Paula (PSD-PE), cuja indicação contempla os deputados do partido.
Os senadores apadrinharam as indicações do senador Carlos Fávaro (PSD-MT), que comanda a Agricultura, e do ex-senador Alexandre Silveira, do diretório mineiro da sigla, que é ministro de Minas e Energia.
Os deputados do PSD desejam ter um representante em um ministério com maior orçamento, mesmo desejo de bancadas do União Brasil, PP, MDB e Republicanos.
Os partidos do Centrão cobiçam desde o começo do governo pastas como Saúde, cuja ministra é Nísia Trindade, ex-presidente da Fiocruz.
Espaço do PT
Parlamentares de partidos da base também entendem que o espaço do PT no comando de ministérios está superestimado diante do tamanho das bancadas na Câmara, que é de 67 dos 513 deputados, e Senado, onde o partido tem nove dos 81 senadores.
O Centrão avalia que é possível herdar parte dos 12 ministérios comandados pelo partido de Lula.
Parlamentares defendem que a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), que cuida da articulação com o Congresso, seja chefiada por um nome do Centrão.
O ministro atual é Alexandre Padilha (PT-SP), deputado licenciado e nome de confiança do presidente. Padilha é um nome citado para eventualmente substituir Nísia Trindade na Saúde.
Defesa e Justiça
Nos últimos meses, circularam informações sobre possíveis saídas dos ministros da Defesa, José Múcio Monteiro, e da Justiça, Ricardo Lewandowski, que estariam dispostos a reduzir o ritmo de trabalho a pedido de familiares.
Os ministros não confirmam oficialmente as intenções e são nomes de confiança de Lula, sem vinculação partidária com as indicações.
O petista escalou Múcio para distensionar a relação com militares, enquanto Lewandowski, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), coordenou os estudos, elaboração e negociação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que amplia a participação da União na segurança pública.
Um nome especulado para as vagas, em especial a da Justiça, é o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que deixará a presidência da Casa em fevereiro.
Estilo Lula de decidir
O perfil de Lula faz com que integrantes do PT e dos partidos da base evitem projetar uma data para definição das mudanças de ministros. Fruto das idas e vindas das negociações anteriores de escolhas do primeiro escalão.
Lula tem como característica, neste terceiro mandato, postergar anúncios de ministros e refutar pressões do PT e dos partidos aliados, a fim de reforçar que ele é o senhor das decisões.
Durante a transição, Lula só completou a equipe ministerial no dia 29 de dezembro, a três dias da posse, quando anunciou 16 nomes.
Em 2023, o presidente empurrou por semanas a confirmação da demissão da então ministra do Turismo Daniela Carneiro (União-RJ) e levou mais uma semana para anunciar Celso Sabino (União Brasil-PA) como substituto.
As confirmações de André Fufuca como ministro do Esporte e de Silvio Costa Filho na pasta de Portos e Aeroportos também se arrastou por mais de um mês.
Do g1.
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