Por Hilda Meira Lima Cavalcanti*
Sem nenhuma modéstia e com o maior amor do mundo, quero dizer aos meus amigos do Facebook que, se eu pudesse, diria para o planeta inteiro que Pernambuco ontem perdeu um dos melhores dentistas, talvez do Brasil. Dinho, apelido de Aldo Portela Filho, primo legítimo de mamãe e primo meu em segundo ou terceiro grau, que nos deixou, era daquelas pessoas generosas, atenciosas ao extremo e profundamente acolhedoras.
Exemplo de trabalhador incansável, era o próprio símbolo do brasileiro batalhador na vida. Ficava no seu consultório, antes de se aposentar, praticamente o dia inteiro e a gente até brincava que ele deveria já ter atendido cada um dos recifenses pelo menos uma vez na vida ao longo de décadas.
Leia maisFoi dentista e, por muitos anos, da assembleia legislativa de Pernambuco, atendeu muitos políticos que ali passaram(e alguns que ainda permanecem), servidores, e seus familiares, sempre com a mesma atenção e cordialidade.
Era daqueles agregadores que juntava as pessoas, fazia amizades entre os que iam no seu consultório, cuidou dos dentes da família inteira de graça. Reclamava quando a gente demorava para ir lá fazer revisão e ficava bravo quando dizíamos “dessa vez eu vou pagar”, dizendo que se repetíssemos isso, ele iria ficar ofendido.
E não era apenas com a família, tratou de muita gente que estava precisando e não tinha condições de ir a um bom profissional. Dizia: “deixe comigo, vá lá no consultório”. E depois, pedia para a pessoa não tocar mais no assunto.
Super apegado, por tabela, à família, Dinho foi exemplo de tudo: excelente amigo, irmão, primo, pai e esposo, além do amor e dedicação que tinha pela profissão. Eu adorava conversar com ele, assim como gosto de Glória, sua esposa, e dos demais primos, filhos de Tio Aldo e Tia Lulu. Tia Lulu foi irmã querida da vovó Hylda, minha avó materna.
Dinho nos deixou na madrugada de ontem, depois de um período adoentado. Descansou. Sei que, pela sua bondade e pelo grande homem que sempre foi, está em paz, mas isso me deixou — desde que li a notícia pelo Emanuel, irmão dele e outro primo querido — com um nó no peito difícil de desatar.
Como nos últimos anos têm acontecido tantas coisas estranhas e tristes com grandes amigos e pessoas da família – eu sei, é normal nas grandes famílias, mas não deixa de ser difícil. Resolvi acatar o conselho de uma pessoa muito amada que me foi dado há poucos dias: temos de começar a aprender a não normalizar a tristeza.
Quem me conhece, sabe. Busco ser sempre uma pessoa alegre e positiva, e nos últimos anos ficou difícil, mas a vida tem que seguir. Daqui do Planalto Central, mando mil beijos e abraços aos primos tão queridos e aviso à todos que já estou com saudades de Dinho. Mas, também, muito orgulhosa da trajetória linda que ele teve. Não queria postar mais coisas tristes por aqui, mas em homenagem ao Dinho, que muito merece, como jornalista e escritora eu não poderia deixar de expressar meus sentimentos pelas palavras mais uma vez.
*Jornalista e escritora
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