Sem mãe, Dia das Mães dói muito. É uma ferida aberta sem cicatrização. Traz recordações de um tempo em que mamãe Margarida, linda e radiante, me abraçava fortemente em Afogados da Ingazeira quando eu chegava empoeirado da longa peregrinação por terras de vidas secas, chão seco retratado na pena de Graciliano Ramos.
No abraço, longo e afetuoso, ficava impregnado o cheiro do seu perfume, o aroma da sua alma, as marcas do seu batom no meu rosto, de beijos que expressavam o seu amor, verdadeiro, puro e cristalino amor.
Deus levou minha mãe em 2013, aos 86 anos. Um infarto fulminante encerrou sua missão terrestre. A dor só foi amenizada por ter a certeza de que os céus esperavam a chegada de um dos seus anjos mais belos. Seus braços são agora asas e seu coração a estrela mais brilhante do horizonte.
Leia maisÉ assim que me sinto quando olho os céus com o coração apertado de saudade e tristeza, mas também com orgulho de a ter conhecido como mãe. Sei que a melhor homenagem que poderei lhe fazer é seguir com a minha vida, honrando sua memória e lutando pela minha felicidade.
E é isso que faço quotidianamente esperando que lá de cima ela me acompanhe sempre. A ausência deixa um vazio, mas o amor e as lembranças permanecem vivos. Dia das mães também existem para expressar com palavras a dor e a gratidão. Mãe não é eterna, mas jamais deveria morrer.
O Dia das Mães ficou tão sem graça depois que ela partiu. Sinto tanta falta do seu colo, de ouvir a sua voz, sinto falta de tudo que ela me proporcionava com sua alegria radiante, sua energia que não esmorecia nunca. Seu lindo sorriso aberto. Sua força e amor ficam como inspiração permanentes.
Mamãe era durona. Menino travesso, quando a palavra não me admoestava, a chibata dela corria solta. Puxou a vovô Severo Martins. Só de olhar para o semblante firme dele, tinha medo. Veio lá das bandas de Monteiro, na Paraíba, onde há ainda remanescentes do tronco Martins. Há pouco, descobri que o cantor Novinho da Paraíba, de Monteiro, é parente distante pelo tronco Martins.
Batizada por Margarida, minha mãe tem a beleza das flores, a doçura do mel e o brilho das estrelas. Victor Hugo, romancista francês, dizia que os braços de uma mãe são feitos de ternura e por isso mesmo os filhos dormem profundamente neles.
Um dia, muitos dias, dormi no colo da minha mãe na igreja, enquanto ela recebia as bençãos de Deus. Eu era menino ingênuo, uma ingenuidade pueril. Sonhava com os anjos no colo de mamãe. Sem saber, sentia que no seu colo aprendia o valor do amor, a ternura como maior tesouro, o motor que impulsiona a minha vida.
Aprendi, mais do que isso, que triunfar não é fácil, mas também não é impossível. No colo dela, aprendi ainda que amor de mãe é cura para o que nem sabia que estava doendo, o aconchego que nem sabia que precisava, a força que me guiava quando pensava em desistir.
O amor da minha mãe foi e será para sempre o combustível que me capacitou para fazer o impossível. Sua ausência, que triste ausência, me revela que ela é a maior força do meu universo.
Tudo nesta vida passa, mas o amor de mãe é um sentimento eterno, tão sublime quanto incondicional, que nos molda e nos transforma.
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