No exercício da minha profissão, optei pela área política. Bacharel em Jornalismo pela Unicap, na mesma faculdade arrebatei o diploma de pós-graduação em Ciência Política. Grande parte dos meus leitores só me enxergam e me identificam pelo viés da política. Mas meu xodó não é a política, é a poesia, são minhas crônicas que falam da vida e nos levam a fazer profundas reflexões.
Tenho outro grande xodó: a música. Embora não toque nenhum instrumento, sou vidrado na arte mais importante manifestada na sociedade. Aprendi lendo Aristóteles, um dos maiores filósofos da Grécia Antiga, que a música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição. E que onde há música, há vida pulsando em cada nota.
Por isso, criei o Sextou, um programa musical na Rede Nordeste de Rádio, levado ao ar todas as sextas para 38 emissoras em quatro Estados do Nordeste, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha 96,7 FM, no Recife. Foi a janela que encontrei para entrevistar celebridades da MPB, desde nomes do passado, como Wanderley Cardoso, Wanderléa e Ronnie Von, a talentos mais recentes, como Vanessa da Mata, Ana Canãs, que canta o canto torto de Belchior, e a fantástica Marina Elali, neta de Zé Dantas.
Leia maisPara mim, a melodia, seja de onde venha, é a poesia do coração, capaz de transformar o silêncio em emoção. É a alma que fala, quando as palavras se perdem. É, também, o eco dos sentimentos mais profundos da humanidade. A música tem o poder de nos levar a lugares onde as palavras jamais chegariam. No ritmo da vida, a música nos ensina a dançar com o coração, cada acorde é uma janela aberta para a alma, revelando quem realmente somos.
Ela nos leva a diversas situações. Na canção “Tudo novo de novo”, Paulinho Moska diz: “Vamos acordar. Hoje tem um sol diferente no céu, gargalhando no seu carrossel, gritando “nada é tão triste assim”. Tem também gente que nos anima, como Fundo de Quintal, que na canção “Pra alegria eu peço bis”, diz: “Siga em frente e não olhe para trás, o melhor da vida é você quem faz”.
Tem também protestos, como fez Chico Buarque, em “Apesar de você”: “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia”. Têm ainda quem faz canções para os apaixonados, como eu pela minha Nayla, feito Charlie Brown Jr, em “Dias de luta, Dias de glória”: “O seu sorriso vale mais que um diamante”. Ou o canto do inesquecível e eterno Tim Maia, em “Não quero dinheiro”: “Acontece que na vida a gente tem que ser feliz por ser amado por alguém, porque eu te amo, eu te adoro, meu amor”.
Há gente que nos leva ao delírio, como Belchior: “Não quero o que a cabeça pensa, eu quero o que a alma deseja”. Foi Belchior, de quem sou um dos maiores fãs e colecionador da sua obra, que cantou que viver é melhor do que sonhar. “Tenho pressa de viver, mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar, que é para eu ter tempo de me apaixonar”. Que lindo e tão profundo o romantismo!
Como falar no canto torto de Belchior sem citar o mais romântico de todos os poetas, Vinicius de Moraes: “Amai, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido. A felicidade é como uma gota de orvalho numa pétala de flor. Mas que seja infinito enquanto dure. Sem rosa, sem nada. Meu Deus, eu quero a mulher que passa”.
Filósofo alemão, conhecido crítico ferrenho da hipócrita sociedade, Arthur Schopenhauer disse que a música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende. Para ele, a música é o fio invisível que nos conecta ao que é eterno e belo. Há canções para todos os momentos da vida e por isso mesmo a música tem essa magia.
Ela tem o poder de direcionar a atenção, de bloquear distrações externas e facilitar a concentração em tarefas específicas. Estudos indicam, por exemplo, que a música instrumental, em particular, pode ajudar a criar um ambiente propício para levantar o astral de pessoas que passam momentos difíceis na vida, internadas num leito de hospital.
Foi Ludwig van Beethoven, um dos mais célebres pianistas alemães, que disse: “A música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos”. Já o grande Mozart, compositor austríaco do período clássico, disse que para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força.
“É preciso também viver um grande amor”, alardeou, para completar: “A música é minha vida e a minha vida é a música”.
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