Amupe, provável duelo entre Raquel e João
Antes de José Patriota, que Deus já levou, a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) era uma instituição esvaziada, falida, sem poderes, não tinha sequer o respeito dos seus próprios associados, os prefeitos, que não pagavam em dia, em sua grande maioria, a contribuição mensal.
Patriota deu régua e compasso ao órgão representativo da gestão municipal, que ganhou peso político e vitrine. Fortalecida, com poderes de decisão em instâncias estaduais e federais, principalmente quando se colocam em discussão os interesses dos municípios, a Amupe virou alvo de cobiça.
Leia maisA renovação da sua diretoria, no próximo mês, será num bate-chapa, algo que já não acontecia há muito tempo, porque os presidentes eram escolhidos de forma consensual. O atual presidente, Marcelo Gouveia (Podemos), ex-prefeito de Paudalho, não conseguiu unir a categoria.
Vai ter que disputar o cargo no voto. Já tem um adversário em campanha, o prefeito de Aliança, Pedro Freitas (PP), integrante do grupo político do presidente estadual do PP, Eduardo da Fonte. Em dezembro passado, Dudu, como é mais conhecido, fez uma aliança com o PSB e conseguiu derrotar o deputado Gustavo Gouveia, irmão de Marcelo, que disputou a reeleição para Primeira-Secretaria da Assembleia Legislativa, mas perdeu para Francismar Pontes (PSB).
Na eleição da Amupe, Dudu e os Gouveia estão novamente medindo forças. Pedro Freitas, gestor de primeiro mandato, depois de atuar no mundo financeiro como superintendente da CEF, foi lançado por Dudu e já aparece como favorito. Esta polarização, entretanto, está por um fio: o ex-prefeito de Carnaíba, Anchieta Patriota (PSB), estimula o surgimento de uma terceira via na disputa pela presidência da instituição. O terceiro candidato ainda não está definido, mas falam na prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), e nos prefeitos de Garanhuns, Sivaldo Albino, e de Afogados da Ingazeira, Sandrinho Palmeira, ambos do PSB.
Teoricamente, Marcelo seria o candidato apoiado pela governadora Raquel Lyra e Freitas sem carimbo, ou seja, não se apresenta nem como nome da governadora nem tampouco do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Quando Anchieta entra no jogo falando numa suposta terceira via, com dois nomes do PSB, certamente tem a intenção de transformar a eleição na Amupe numa guerra eleitoral entre Raquel e João.
GOLPE DE RAQUEL – Ainda em relação à eleição na Amupe, corre nos bastidores que a governadora daria um golpe fatal nas pretensões de Marcelo Gouveia em tentar a reeleição, indicando a prefeita de Igarassu, Elcione Ramos (PSDB), como candidata a vice na chapa de Pedro Freitas. Se isso ocorrer, provavelmente o atual presidente da instituição municipalista jogue a toalha, desistindo do projeto da reeleição.

Disputa pelo Coniape – Outra briga municipalista que promete é a renovação do comando do Coniape, o consórcio que agrega 34 prefeitos do Agreste Central e Setentrional. Candidato à reeleição, o presidente Josafá Almeida (UB), prefeito de São Caetano, terá como adversário o prefeito de Surubim, Cléber Chaparral, também do União Brasil, que teria sido estimulado a entrar na disputa pelo comando da instituição pela governadora Raquel Lyra (PSDB).
João insiste na adesão do PT – Em meio às primeiras discussões sobre 2026, alguns quadros do PT têm se posicionado em favor de que o partido deixe a oposição à Raquel Lyra. A movimentação parte da bancada petista na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), liderada pelo ex-prefeito do Recife João Paulo. “Há uma tendência de o PT mudar a posição, sair da oposição, que não está fazendo, nem o governo Lula, nem os ministros, nem os dois senadores, nem o deputado federal, e muito menos a bancada estadual. Aquela decisão de oposição foi em uma conjuntura, terminada a eleição, que foi bastante acirrada. O próprio ministro Rui Costa já disse que Raquel era da base, então no mínimo, o partido deveria rever a condição de oposição”, disse João Paulo, em entrevista ao JC.
Reajuste do magistério – Os novos prefeitos estão perdendo a cabeça com as notícias referentes a obrigatoriedade do reajuste do piso nacional do magistério. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) diz que os sucessivos reajustes estabelecidos em Portarias publicadas pelo governo federal desde 2022 não têm amparo legal. Apenas entre 2022 e 2024, a União publicou reajustes que totalizam 58,71% para a categoria, com impacto de R$61 bilhões nos municípios. A folha de pagamento do magistério municipal corresponde a 29% do total gasto com pessoal nos municípios.

Campeão no leite – Uma boa notícia para a agropecuária estadual: Pernambuco superou a Bahia e virou o maior produtor de leite in natura do Nordeste, chegando próximo a marca de 1 bilhão de litros no ano passado, enquanto a Bahia caiu para 891 milhões de litros. Prefeito de Pedra, no Agreste, Júnior Vaz (PV) diz que seu município deu uma forte contribuição para isso, sendo hoje o maior produtor de leite do Estado. Segundo ele, a governadora Raquel Lyra (PSDB) também teve papel importante, ao isentar o ICMS dos laticínios do Estado, desde que priorizem o recebimento da produção de leite dos produtores locais. “Por parte dos produtores, houve investimentos no melhoramento genético”, diz ele.
CURTAS
QUEDA – O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) registrou queda de 6,4% no preço do leite pago ao produtor em novembro de 2024, com valor médio de R$2,6374 por litro. Na comparação com novembro de 2023, o preço acumula alta de 25,9%, já considerando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do período. O Cepea afirma que a desvalorização do leite cru resulta da progressão da safra e do aumento sazonal da oferta.
IMPEACHMENT – Políticos da oposição já falam no impeachment do presidente Lula (PT), após o Tribunal de Contas da União suspender R$6 bilhões em recursos do programa Pé-de-Meia não previstos no Orçamento da União. A notícia que TCU manteve a cautelar do ministro Augusto Nardes de suspender os repasses do programa estudantil – uma das principais bandeiras do 3º mandato de Lula – levou políticos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a ventilar a possibilidade de cobrar manifestações populares.
VINGANÇA – O deputado Luciano Bivar (UB) preparou um projeto de lei que deve ser apresentado à Câmara nos próximos dias para vedar a participação de parentes em partidos políticos. Ex-dono do União Brasil e que acabou extirpado da presidência do próprio partido por Antônio Rueda, que assumiu o comando seu lugar, Bivar pode atingir a irmã de Rueda, Maria Emília, que atua como tesoureira da legenda.
Perguntar não ofende: Quando, enfim, a governadora vai anunciar o novo secretário de Educação?
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