O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou neste sábado (18) que mantenha contato com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. A declaração foi uma resposta às afirmações do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), que disse em entrevista que os dois — Bolsonaro e Valdemar — “conversam muito”. Ambos são investigados e estão proibidos de se comunicar por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para evitar a obstrução das investigações sobre a tentativa de golpe, inquérito que tramita na Corte.
“[Jorginho Mello] deu uma escorregada. No momento da entrevista, ele disse que lamentou não poder falar com o Valdemar e disse que eu tenho conversado muito com o Valdemar. Então, não é verdade, foi um ato falho dele. Pelo que sei, ele fez uma nota no mesmo dia”, disse.
As declarações foram feitas na manhã deste sábado enquanto Bolsonaro acompanhava sua mulher, Michelle Bolsonaro (PL), no Aeroporto de Brasília. A ex-primeira-dama integra a comitiva que acompanhará a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para segunda-feira, em Washington.
Na última segunda-feira, 13, o governador de Santa Catarina afirmou em entrevista à Jovem Pan que Bolsonaro e Valdemar “conversam muito”.
“Nosso presidente Valdemar conversa muito com o presidente Bolsonaro, que é o presidente de honra, né? Espero que daqui um pouquinho eles possam conversar na mesma sala, né? Para se ajudar ainda mais”, disse Jorginho Mello.
Após a entrevista, Moraes, relator do inquérito, determinou que a Polícia Federal tome o depoimento do governador em até 15 dias para apurar se Bolsonaro e Valdemar mantiveram contato recentemente.
Caso seja comprovada, a comunicação entre os dois configurará o descumprimento da medida cautelar imposta pelo ministro em fevereiro de 2024, no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta trama de golpe de Estado em 2022, após a derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais para Luiz Inácio Lula da Silva.
O pastor Silas Malafaia utilizou sua conta no X, ontem, para publicar vídeo em que cobrou do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a devolução de seu passaporte e de um caderno com anotações bíblicas. Os itens foram apreendidos pela Polícia Federal (PF) durante operações de busca realizadas na última quarta-feira (20).
POR FAVOR, ALEXANDRE DE MORAES! Devolva meu passaporte e meus cadernos com anotações bíblicas pic.twitter.com/iMdHDCR712
O líder religioso é alvo de investigação da PF após a apreensão do celular do ex-presidente Jair Bolsonaro, no qual foram encontradas mensagens em que Malafaia o incentivava a convocar manifestações e a disparar mensagens pelo WhatsApp, mesmo estando proibido de usar redes sociais.
Aparelhos celulares, entrada de prostitutas, bebidas alcoólicas e churrasco. Essas são algumas das regalias que determinados detentos da Penitenciária de Dr. Edvaldo Gomes, em Petrolina, no Sertão do Estado, tinham acesso. Segundo fontes policiais, as práticas teriam aval de diretores e agentes em cargos de chefia, mediante pagamento de propina.
Na última terça-feira (19), o diretor do presídio, Alessandro Barbosa, e outros cinco policiais penais foram alvos da Operação Publicanos, deflagrada pela Polícia Civil. A ação investiga uma quadrilha suspeita de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
O Diario de Pernambuco apurou que os principais beneficiados eram os “chaveiros”, presos que assumem a função de apoio aos agentes de segurança na unidade, e “cantineiros”, que são detentos que cuidam das cantinas. No esquema, eles seriam responsáveis por intermediar o acesso dos demais presos às vantagens indevidas junto aos policiais penais envolvidos.
Além do diretor da unidade, foram afastados os policiais penais Ronildo Barbosa dos Santos, Ricardo Borges da Silva, Rivelino Rufino de Carvalho, Cledson Gonçalves de Oliveira e Vinícius Diego Souza Colares. A decisão judicial foi proferida pela Vara Criminal da Comarca de Petrolina.
A lista de benefícios também incluiria a mercantilização de itens básicos, como água e espaços para detentos dormirem, consumo de drogas, visita de pessoas sem cadastro prévio autorizado, a entrada de aparelhos eletrônicos sem autorização e até a entrada de pedaços de animais para churrasco.
Um vídeo, obtido pelo Diario de Pernambuco, mostra detentos entrando com um boi inteiro para um churrasco. Outras imagens mostram, também, as carnes já fatiadas e bebidas alcoólicas.
Em nota enviada na última quinta-feira (21), a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP), informou que as imagens são antigas e que medidas já foram adotadas. A reportagem voltou a procurar a SEAP para comentar as novas informações, mas não houve resposta até a publicação.
Operação La Catedral
A prática também pôde ser vista no Presídio de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, em denúncia do Ministério Público (MPPE). Entre os anos de 2018 e 2024, detentos e diretores se associaram de forma estruturalmente ordenada e com divisão de tarefas no Presídio de Igarassu para obter vantagens mediante a prática de infrações penais.
Segundo relatório da PF, obtido pelo Diario de Pernambuco, a peça central do esquema era o preso Lyferson Barbosa da Silva, conhecido como “Mago” ou “Lobo”, que atuava como “chaveiro” do pavilhão e levava uma vida de luxo na cadeia. De acordo com a investigação, Lyferson intermediava a entrada de visitantes sem vínculo familiar com os presos, o que seria irregular, além do ingresso de alimentos não autorizados e de aparelhos eletrônicos nas celas, como TVs, freezers e celulares.
Por conta dessa operação, um ex-secretário, um ex-diretor de presídio, oito policiais penais e três detentos viraram réus, acusados de participar de um esquema envolvendo organização criminosa, corrupção, prevaricação (quando um funcionário público atrasa, deixa de fazer ou faz algo indevidamente em benefício próprio), favorecimento real impróprio (facilitar a entrada de aparelhos de comunicação em estabelecimentos prisionais sem autorização legal), violação de sigilo funcional, tráfico de drogas e tráfico de influência.
A Polícia Federal (PF) constatou que o pen drive apreendido no banheiro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no dia 18 de julho, tinha grande quantidade de documentos apagados antes da apreensão, mas nenhum arquivo considerado relevante foi recuperado.
Segundo os peritos, poucos arquivos puderam ser revistos, razão pela qual o dispositivo não foi considerado relevante para as apurações e nem chegou a ser citado no relatório final que indiciou Bolsonaro e o filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O pen drive foi localizado no banheiro do quarto do ex-presidente, durante a operação que resultou na imposição do uso de tornozeleira eletrônica. Na ocasião, a PF também apreendeu outros documentos, entre eles uma petição da plataforma Rumble, anotações sobre a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e comprovantes de transações bancárias direcionados a Eduardo nos Estados Unidos.
Dentro do dispositivo, os investigadores encontraram apenas catálogos em PDF de uma empresa de Santa Rita do Passa Quatro (SP), especializada na fabricação e comercialização de equipamentos médicos e odontológicos.
A empresa, chamada Medicalfix, tem como um dos sócios o dentista Mário Roberto Perussi, amigo pessoal de Jair e Eduardo Bolsonaro. Os três participaram juntos de um encontro em 22 de agosto de 2024, quando discutiram importação de máquinas de outros países.
“Discutimos estratégias para incentivar a competitividade das empresas brasileiras ao enfrentar a concorrência de máquinas estrangeiras e como otimizar a legislação tributária para apoiar essa causa”, registrou Perussi em uma publicação nas redes sociais.
Hipótese da investigação
Segundo investigadores ouvidos pelo Metrópoles, os arquivos foram gravados no pen drive em 21 de agosto de 2024, um dia antes do encontro. Para a PF, é possível que o dispositivo tenha sido entregue por Perussi a Bolsonaro no encontro realizado no dia seguinte.
A corporação chegou a verificar se a empresa havia firmado contratos com o governo federal ou com governos estaduais, como São Paulo, mas não encontrou registros. No entanto, a Medicalfix celebrou contratos com o município onde está sediada, entre o período de 2019 e 2025.
Como o conteúdo não se enquadra no escopo do inquérito que investiga Bolsonaro e Eduardo, a PF não incluiu o caso no relatório final. O pen drive segue apreendido.
PF acha anotações em porta-luvas
Na mesma operação de buscas, em julho, a PF encontrou, no porta-luvas de um dos carros de Bolsonaro, anotações manuscritas que fazem referência à delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Os papéis, em folhas brancas, não foram incluídos no inquérito por coação, no qual Bolsonaro já foi indiciado, por não se enquadrarem no escopo da investigação.
O Metrópoles apurou com investigadores que os registros podem ter sido feitos pelo ex-presidente ao longo do interrogatório do ex-braço direito em junho, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo investigadores, o material apresenta uma espécie de “linha do tempo”, a partir da colaboração premiada de Cid. O contexto exato não foi identificado, mas os rabiscos sugerem apontamentos relacionados a possíveis estratégias de defesa.
Em uma das anotações, Bolsonaro escreveu: “Não existia grupos, sim indivíduos (…) considerando – 2 ou 3 reuniões. Defesa + sítio + prisão – várias autoridades. Previa: comissão eleitoral nova eleição”.
Em outro trecho, anotou: “Recebi o $ do Braga Netto e repassei p/ o major de Oliveira – pelo volume, menos de 100 mil. Pressão p/PR assinar ‘um decreto’ – defesa ou sítio, mas nada vai acontecer”.
Entre as anotações, consta ainda a expressão “Min Fux” e, logo abaixo, frases como: “Estava com a filha em Itatiba/SP”; “Preocupação em não parar o Brasil”; “Das 8, fiquei 4 semanas fora da Presidência”.
Em outra parte, Bolsonaro escreveu: “Nem cogitação houve. Decreto de golpe??? Golpe não é legali//, constituição, golpe é conspiração” (sic). Mais adiante, há a marcação da data “29/nov” — riscada — seguida da frase: “Plano de fuga – do GSI caso a Presidência fosse sitiada”.
De acordo com investigadores, os rabiscos parecem reunir observações sobre pontos destacados por Cid em sua delação. Durante o próprio interrogatório, Bolsonaro também fazia anotações em papéis.
Na mira da Polícia Federal, o pastor Silas Malafaia, dono e fundador da Igreja Assembleia de Deus, acumula dívidas tributárias com a União que somam mais de R$ 17 milhões.
Quase a totalidade desse valor – R$ 16.983.200,80, para ser mais preciso – é devido pela Editora Central Gospel LTDA. A empresa foi aberta há 26 anos por Silas Malafaia e a esposa, a também pastora Elizete Malafaia, e, em 2019, entrou em recuperação judicial. Uma outra pequena parte, de R$ 46.388,42, é devido pela Assembleia de Deus.
O montante devido à União pela editora inclui R$ 6,9 milhões em débitos previdenciários e R$ 10,1 milhões em demais débitos, segundo dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) consultados pela coluna do Metrópoles.
O valor é 843%, isto é, quase 10 vezes maior que a dívida ativa à União da Central Gospel em 2021. Naquele ano, a empresa devia cerca de R$ 1,8 milhão.
No processo de recuperação judicial, a Central Gospel tem arcado com outras dívidas que somam R$ 15,6 milhões. Nesses casos, os credores são dezenas de empresas – de microempreendedores a grandes bancos – e trabalhadores, não mais a União.
À coluna do Metrópoles, Silas Malafaia reconheceu ambas as dívidas. Em relação aos débitos tributários com a União, afirmou que seus advogados estão em processo de negociação para quitá-los. “Sobre os outros credores, eu já estou pagando na recuperação judicial, que já foi concluída, já foi homologada. Já estou pagando há dois anos isso”, complementou o pastor. O advogado dele também se manifestou sobre o assunto.
Entenda investigação da PF envolvendo Silas Malafaia
O pastor Silas Malafaia teve o celular apreendido logo após desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, vindo de Lisboa, na última quarta-feira (20). De acordo com a investigação da PF, o líder religioso teria atuado em ações coordenadas de desinformação e pressão sobre integrantes do Judiciário para favorecer interesses do grupo ligado ao ex-presidente.
O mandado de busca e apreensão foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes considerou que a perícia realizada pela Polícia Federal no celular apreendido de Jair Bolsonaro indica que Silas Malafaia “exerce papel de liderança nas ações planejadas pelo grupo investigado que tem por finalidade coagir os ministros do STF e outras autoridades brasileiras”. O ministro ressalta que as atitudes apontam atos no sentido de coação no curso do processo e tentativa de obstrução à Justiça.
O magistrado também proibiu Silas Malafaia de se ausentar do Brasil, com cancelamento de todos os passaportes do pastor, tanto nacionais quanto estrangeiros. Moraes ainda proibiu o religioso de se comunicar com todos os investigados do núcleo do Jair Bolsonaro (PL) em trama golpista, além de também proibir a comunicação com Eduardo Bolsonaro, hoje nos Estados Unidos, por qualquer meio, inclusive pelo intermédio de terceiros.
Ao Contexto Metrópoles o pastor disse que troca de aparelho celular com frequência e que não tem medo em relação ao material encontrado pela Polícia Federal.
Advogado de Silas Malafaia diz que recuperação judicial de editora já foi encerrada
Questionado sobre as dívidas vinculadas ao pastor Silas Malafaia, o advogado Jorge Vacite Neto enviou a seguinte nota:
“A fim de evitar qualquer descumprimento das condutas legalmente previstas, informamos que os débitos fiscais encontram-se em processo de revisão interna, a fim de possibilitar sua regularização nos valores corretos.
Quanto ao processo de reestruturação econômico-financeira da empresa (recuperação judicial), considerando as informações públicas, esclarecemos que o mesmo foi encerrado (arquivado) com o integral cumprimento de todas as fases e obrigações por parte da Editora Central Gospel.
Esse cumprimento foi devidamente atestado pela ilustre magistrada que conduziu o processo, com a devida fiscalização do administrador judicial e também do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.”
Beremiz Samir, o homem que calculava, era um sábio para quem a diplomacia apaziguava conflitos e acomodava interesses. Um belo dia, ele encontra três irmãos discutindo sobre uma herança de 35 camelos. O pai deixara um testamento dizendo que o filho mais velho receberia metade dos camelos, o do meio 1 terço e o mais novo 1 nono. Mas 35 não era divisível nem por 2, por 3 ou por 9. E os irmãos estavam à beira de uma guerra familiar.
Ele pensou um pouco e propôs o seguinte: incluiria o seu camelo e assim seriam 36, número divisível. Assim, o mais velho ficou com 18 camelos, o do meio com 12 e o mais novo com 4. A soma dos camelos dava 34. Um foi devolvido a Beremiz e outro ficou de presente como gratidão por ele ter resolvido a questão sem brigas e discussões.
A fábula foi contada por Malba Tahan no seu best-seller “O Homem que calculava”, lançado em 1938 e sucesso até hoje. Mais que um livro de aventuras, traz na sua essência pílulas de sabedoria. O herói Beremiz Samir é alguém que sempre busca a paz e escapa dos confrontos. Sua sabedoria é diplomática, porque mostra que é possível alguém conseguir o que deseja sem briga, não importa se você é o mais forte ou o mais fraco.
Diplomacia, como ensinou o embaixador dos embaixadores Paulo Tarso Flecha de Lima, é antes de tudo inteligência e estratégia. Melhor uma vitória sem conflito do que uma guerra com consequências imprevisíveis. Foi com essa mentalidade que os líderes europeus conseguiram mudar a relação com Donald Trump, embora muitos deles ainda continuem torcendo o nariz para o presidente norte-americano no privado. Em público, agiram para travar o comportamento disruptivo do líder do país mais rico do planeta.
Na última quinta-feira (21), o Wall Street Journal revelou numa reportagem de Daniel Michaels e Laurence Norman, como os principais líderes europeus que escoltaram Volodymyr Zelensky até a Casa Branca na segunda-feira (18), neutralizaram o temperamento de Trump usando ferramentas de inteligência, bom senso e uma diplomacia exemplar.
Mostraram ao mundo a sedução como arma diplomática. Ninguém se humilhou ou pagou mico. Ao contrário, saíram do encontro na Casa Branca com uma vitória, dobrando o presidente dos Estados Unidos, que terminou sendo suave e cortês, em vez de usar e abusar da sua verborragia característica. Estudaram a fundo a personalidade e o comportamento de Trump e o resultado saiu melhor que a encomenda. Nada como um dever de casa bem feito.
Zelensky chegou de preto, dando um recado ao chanceler russo Serguei Lavrov, que apareceu no Alaska com um moletom com a sigla CCCP da antiga União Soviética. “O padrão europeu é esperar, se preocupar e reclamar. Este é o pior instinto possível para lidar com Trump. O que você precisa fazer é ser positivo, fazer sua própria lição de casa e ter suas próprias propostas e ser proativo. Acho que segunda-feira foi uma boa demonstração de todos descobrindo como fazer isso”, explicou didaticamente Kurt Volker, ex-representante especial dos EUA para a Ucrânia durante o 1º mandato de Trump.
Os europeus mostraram que a primeira lição que aprenderam foi dizer obrigado. Trump mencionou durante o encontro que já resolvera seis guerras e ouviu “thank you” ser dito por 30 vezes pelos europeus, enquanto ele agradecia outras 12 vezes. Massagearam o ego do presidente, que entendeu o recado respondendo com mesuras e elogios.
Desde que Trump venceu as eleições, a inteligência da União Europeia sabia que as tarifas seriam um ponto nevrálgico das relações com os EUA. Por isso, começaram desde cedo a conversar com Trump e sua equipe. Antes da posse, seus emissários já frequentavam as rodas da diplomacia trumpiana, que viria a ser comandada pelo senador Marco Rubio. Evitaram ataques frontais e provocações. Se precisassem colocar um camelo no jogo para fechar as contas, fariam isso de bom grado.
Trump valoriza as palavras e a presidente da Comissão da União Europeia Ursula von der Leyen passou a falar mais em tarifas do que em sanções contra os russos. O presidente norte-americano percebeu a mudança de tom e gostou. Von der Leyen também parou de falar em cessar fogo a qualquer custo, adotando o discurso de que é imperativo acabar com a matança.
Mas o ponto alto da reunião foi protagonizado por Zelensky, agora exímio engolidor dos sapos da reunião de fevereiro quando tomou um puxão de orelhas de Trump e seu vice JD Vance. Passou a falar a mesma língua de Trump, cria do setor imobiliário, quando mostrou um mapa da Ucrânia e explicou a situação territorial do seu país, mostrando que Putin queria tomar territórios. Lembrou que os EUA ocuparam a Flórida no início do século 19, quando a Espanha não teve mais como manter a região em função das guerras napoleônicas. No caso da Ucrânia, não havia isso.
Enquanto Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália, adotou o discurso da direita que Trump admira, o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, virou parceiro de golfe do presidente dos EUA.
Trump deu sinais de que tinha sido seduzido pelo charme europeu quando elogiou o bronzeado do chanceler alemão, Friedrich Merz, chamou Ursula von der Leyen de mulher mais poderosa do grupo e elogiou o poder jovem de Stubb. O único que não mereceu afagos de Trump foi Emmanuel Macron, presidente da França, que tem errado e perdido espaço na política, liderando um governo onde ninguém se entende, e, como diz um amigo francês, acabou “Micron”.
Há na atitude dos europeus muitos ensinamentos. Usaram a inteligência para seduzir Trump, cujo poder pode desequilibrar a segurança da Europa. Em vez de ficar xingando e se isolando, preferiram enfrentar a realidade como ela é. Podem não ter ganho tudo o que gostariam, mas deixaram Washington certos de que as portas estão abertas.
Como ensinou Beremiz Samir de Malba Tahan, muitas vezes você é obrigado a dar um camelo para fechar as contas, mas se você usar a cabeça pode dobrar seu patrimônio e acabar com dois camelos.
O secretário-executivo de Turismo e Lazer de Pernambuco, Cláudio Asfora, participou, na última quinta-feira (21), da abertura do 9º Salão Nacional do Turismo, em São Paulo. Ele representou o Governo de Pernambuco e a Secretaria de Turismo na cerimônia. Na ocasião, Asfora posou para foto ao lado do ministro do Turismo, Celso Sabino.
O evento contou ainda com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e João Paulo Capobianco (Meio Ambiente, interino), além do presidente da Embratur, Marcelo Freixo. Também participaram secretários estaduais, deputados e prefeitos de diferentes regiões do país.
O julgamento do recurso que pode definir o futuro político do prefeito da Pedra, Junior Vaz, estava marcado para a última quinta-feira (21). No entanto, foi adiado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) para a próxima segunda-feira (25).
A sessão, que analisaria as acusações de abuso de poder político e econômico, foi adiada a pedido do desembargador relator do caso, Paulo Machado Cordeiro. Assim, o município viverá mais alguns dias de tensão à espera de uma decisão que poderá manter ou cassar o mandato do gestor. As informações são do portal Panorama PE.
A oposição acusa Junior Vaz de utilizar cerca de R$ 31 milhões em pagamentos da prefeitura para se beneficiar durante as eleições. Embora o prefeito já tenha sido absolvido em primeira instância no mês de junho — quando o juiz local entendeu não haver irregularidades —, os adversários recorreram, insistindo na cassação.
Dessa forma, caberá ao TRE-PE dar a palavra final na próxima semana: confirmar a decisão inicial e manter Junior Vaz no cargo ou reformar o julgamento e decretar a cassação do prefeito.
Chegou meu 23 de agosto, minha data magna e também da minha mana Zeza. Viemos ao mundo no mesmo dia, em anos diferentes, ela primeiro, eu mais na frente. Zeza é a segunda da prole de nove, eu o sexto.
Meus pais Gastão e Margarida adoravam namorar e procriar em dezembro. Também são de agosto meus irmãos Marcelo e Denise, 3 e 4, respectivamente. Nossos pais nos educaram sob os preceitos divinos, numa região marcada pelas tragédias de vidas secas, no chão euclidiano, sob os ventos uivantes de noites lembrando o deserto.
A cada aniversário dos nove filhos, papai e mamãe nos diziam que tínhamos que sorrir para celebrar o privilégio de existir. Que a maneira de ser feliz é celebrar a vida todos os dias. Quando celebramos a vida, descobrimos novas razões para agradecer, aprendi com Gastão e Margarida.
Celebro mais um ano de vida feliz, ao lado da minha Nayla, dos meus filhos Filipe, André Gustavo, Magno Filho e João Pedro, das minhas duas Marias enteadas — Beatriz e Heloísa. Dos meus irmãos Tarso, Zeza, Fátima, Ana, Marcelo, Augusto, Gastão Filho e Denise.
O tempo me ensinou a enxergar a beleza em cada detalhe, a entender que a vida acontece nos pequenos milagres de cada novo amanhecer. Celebrar a vida é um jeito especial de agradecer. De reconhecer que, apesar de dura, a vida é linda de se viver. Festejar a vida é curtir o hoje, esquecer o ontem e não temer o amanhã.
Festejar a vida é deixar que a música seja o maestro soberano do corpo. É perceber que dinheiro nenhum substitui o valor das amizades. Festejar a vida é ser livre para decidir os rumos da própria vida. É somar, viver todos os momentos com intensidade. É compreender que todos os dias o sol nasce para iluminar o nosso caminho, dar luz as veredas que muitas vezes parecem trevas.
Celebrar a vida é celebrar os ensinamentos de Cora Coralina, que aconselhou: “Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.
Que lindo e emocionante! A vida é boa e, como diz Cora, você pode fazê-la sempre melhor. Nada do que vivemos tem sentido se não for intenso e verdadeiro. “Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo”, disse Cora.
Para completar: “Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma”.
Números da Quaest e a tranquilidade necessária para Raquel e João
Por Larissa Rodrigues – Repórter do blog
A pesquisa Quaest para as eleições de 2026 ao Governo de Pernambuco, divulgada ontem (22), apresentou cenário positivo para o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e dificuldades para a reeleição da governadora Raquel Lyra (PSD).
Mas deve ser analisada com cabeça fria pelos dois grupos, porque ainda falta mais de um ano para a disputa e ambos sabem que, em política, nada é definitivo e pode mudar a qualquer instante. É bom lembrar que, nas duas últimas eleições para governador de Pernambuco, quem largou na frente não se elegeu: Marília Arraes, em 2022, e Armando Monteiro, em 2018.
A vantagem de João Campos, com 55% das intenções de voto, contra 24% da governadora, deve ser muito bem administrada, sem clima de “já ganhou”. Como já disse neste espaço outras vezes, o salto alto pode prejudicar o candidato, levando a escolhas erradas e à falta de humildade. É momento de estratégia para João, de usar os números em seu benefício sem se expor, continuar trabalhando como se fosse o último colocado.
No caso de Raquel, o desafio é maior. Essa não é a primeira pesquisa em que a governadora aparece em desvantagem nas intenções de voto. No dia 12 de agosto, por exemplo, um levantamento encomendado pelo União Brasil ao Instituto Paraná Pesquisas mostrou João com 57%, contra 24% de Raquel.
Mesmo com a máquina nas mãos e rodando o Estado em campanha, a governadora não consegue sair da média dos 24%. Raquel teve problemas de articulação política desde o primeiro dia de governo e parece nunca ter descido do palanque de 2022.
Perdeu tempo com picuinhas desnecessárias, como a canetada do fim do mundo (que paralisou a máquina) e a exigência da volta dos servidores cedidos às prefeituras, enquanto deveria, naquele primeiro ano, organizar a casa, preparar o time e contratar as licitações para, hoje, fazer as entregas.
Não dialogou com a política, subestimou a força de ex-aliados ignorados por ela e menosprezou a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o que vem lhe rendendo dores de cabeça até hoje, com expectativa de mais problemas até o fim de seu primeiro mandato.
A governadora também enfrenta dificuldades na comunicação. Nos últimos meses, subiu o tom e radicalizou o discurso, ficando “raivosa” e “pesada”. Tudo isso parece estar sendo percebido pela maioria do povo pernambucano, o que tem prejudicado o projeto de reeleição.
Ainda sobre comunicação – Ao que tudo indica, Raquel Lyra escolheu uma estratégia de comunicação pouco eficaz, muito aquém do que se espera de uma chefe de Poder Executivo de um Estado libertário como Pernambuco. Estão sendo investigados, pelo Poder Legislativo, os indícios de que milícias digitais operam na internet um gabinete do ódio contra opositores da governadora, ao mesmo tempo em que os tais perfis fake, de maneira pueril, enaltecem Raquel Lyra e Priscila Krause, a vice-governadora.
Gestão centralizadora – Com uma gestão centralizadora, na qual ninguém pode brilhar porque Raquel não gosta de sombra, nem o próprio time do primeiro escalão pode defender o governo. A gestão prefere mandar os cargos comissionados comentarem em postagens dos principais blogs de política do Estado, como todo mundo que acompanha já percebeu, do que deixar os secretários, por exemplo, falarem às televisões, rádios, jornais e blogs de notícias espalhados do Litoral ao Sertão de Pernambuco. Por qual razão a governadora não libera seu time para defendê-la? Por que não investe nos perfis de Instagram deles, para que possam mostrar o trabalho que estão fazendo?
Time apagado por ordem de cima – Com exceção de dois ou três que já são midiáticos, como Daniel Coelho (Meio Ambiente) e Kaio Maniçoba (Turismo), os demais secretários são completamente apagados. Muitos têm até os perfis fechados. Seria muito mais inteligente investir na imagem do próprio time e deixá-lo falar sobre as obras da gestão de canto a canto do Estado do que financiar perfis chinfrins para atacar opositores ou obrigar comissionados a fazer elogios à governadora.
Raquel é Lula? – Outro fator que prejudica o projeto de reeleição de Raquel Lyra é a indefinição quanto ao cenário nacional. Ninguém sabe se Raquel apoia a reeleição do presidente Lula (PT), em um Estado majoritariamente lulista. Inclusive, o presidente estadual eleito do PT em Pernambuco, deputado federal Carlos Veras, afirmou ontem (22), em entrevista à Rádio Folha, que aguarda uma sinalização da governadora quanto ao apoio à reeleição de Lula. A indefinição, segundo ele, será determinante para a escolha do partido em relação à sucessão estadual em 2026.
Débora Almeida comprou Os Leões do Norte – De passagem por Arcoverde, em viagem para o Sertão pernambucano, ontem, a deputada estadual Débora Almeida (PSDB) adquiriu o mais novo livro do titular deste blog, Os Leões do Norte, que reúne biografias de 22 governadores do Estado. “Comprei agora e já estou lendo, estou gostando”, comentou Débora Almeida. A parlamentar é uma das mais aguerridas aliadas da governadora Raquel Lyra na Alepe e solicitou à Mesa Diretora da Casa a recontagem dos votos para a composição da CPI da Publicidade. O pedido foi feito após o juiz Fernando Jorge Ribeiro Raposo manter, ontem, a suspensão dos efeitos da reunião realizada pela Comissão Executiva Interventora do PSDB-PE.
CURTAS
Josafá recebe Matuto – O presidente estadual do PRD, Josafá Almeida, recebeu ontem, na sede estadual da legenda no Recife, o deputado estadual Júnior Matuto, que se filiou recentemente ao partido. Além de saudar o novo líder do PRD na Alepe, Josafá também confirmou que o partido terá chapa de candidatos a deputado estadual no próximo ano, levando em consideração que a chapa de federal está praticamente montada.
Mas Joãozinho é líder – Mais uma decisão judicial envolvendo as mudanças partidárias, em meio à disputa por vagas na CPI da Publicidade na Alepe, foi divulgada ontem. O juiz Sérgio Paulo Ribeiro da Silva entendeu como irregulares as alterações do diretório estadual do PRD, nomeando Júnior Matuto como líder da sigla na Casa e suspendendo a saída do bloco governista. O deputado Joãozinho Tenório, então, voltou a ser o líder do partido na Alepe.
PT pede prisão de Bolsonaro – O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) ontem um pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por descumprir as medidas cautelares impostas pela Corte. Segundo o deputado, há chance real de o ex-presidente fugir do país. Disse que, mesmo em prisão domiciliar, Bolsonaro estava comandando ações da oposição para tentar frustrar as investigações. As informações são do portal Poder360.
Perguntar não ofende: Qual será o clima da primeira reunião da CPI da Publicidade, na Alepe?
Encerrei há pouco, em Triunfo, a noite de autógrafos do meu livro “Os Leões do Norte”, pela editora Eu Escrevo. O encontro foi realizado no Centro Pedagógico da Biblioteca Municipal, com apoio do prefeito Luciano Bonfim (PSDB).
Ao longo desta semana, também passei por Carnaíba, Itapetim, Brejinho, Afogados da Ingazeira e São José do Egito. Com Triunfo, meu livro já alcança 15 municípios de Pernambuco, chegando às escolas e bibliotecas como material de pesquisa, algo que me alegra especialmente pelo caráter histórico da obra.
O público presente
Marcaram presença o prefeito Luciano Bonfim (PSDB); o presidente da Câmara, Camilo Ferreira (PSB); e os vereadores Márcio Pinheiro (MDB), Leandro Dionisio (PSDB), Leonardo Ferreira (PSDB), Anselmo Martins (PSDB) e João Hermano (PSDB).
Da equipe municipal, estiveram os secretários Saullo Barros (Finanças, Planejamento e Gestão), Miriam Pereira (Educação), André Vasconcelos (Turismo), Bruna Florie (Mulher) e Joeldes Moreno (Obras e Serviços Públicos); os gerentes Romério Pereira (Agricultura), Lucivaldo Ferreira (Cultura) e José Elton (Saúde). Participaram ainda Kátia Ferreira, representando a classe empresarial, diversos empresários locais e a historiadora, escritora e pesquisadora Diana Rodrigues.
“Os Leões do Norte” é fruto de extensa pesquisa jornalística e historiográfica, reunindo 22 minibiografias de ex-governadores de Pernambuco (1930–2022). A obra contribui para a preservação da memória política e institucional do Estado e fomenta o debate sobre legados, contradições e impactos de gestão. O projeto traz capa, design e caricaturas de Samuca Andrade, além de ilustrações de Greg.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou nesta sexta-feira (22) que “impunidade, omissão e covardia” são caminhos falsos que corroem os valores democráticos e não resolvem crises institucionais.
Ele destacou que a democracia brasileira resistiu a ataques nos últimos anos e segue firme em seus pilares: imprensa livre, eleições periódicas e Judiciário independente. As informações são do g1.
Moraes participou de um evento no Rio de Janeiro, onde falou sobre democracia. Ele é relator do processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete ex-auxiliares são réus por tentativa de golpe de Estado. O caso envolve ações do grupo no fim de 2022 e início de 2023 para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Moraes, por causa desse processo e de outros em que enquadrou redes sociais norte-americanas na lei brasileira, é alvo de sanções por parte do governo Donald Trump.
No evento, Moraes lembrou que o Brasil chega a 2025 com 37 anos da Constituição de 1988 e quatro décadas de redemocratização. “O Brasil é hoje uma das maiores democracias do mundo. Tivemos avanços econômicos, sociais e políticos mesmo diante de crises e instabilidades”, disse.
Sem citar diretamente a tentativa de golpe de Estado, ou as sanções de Trump, de quem Bolsonaro é aliado, afirmou:
“A história do Brasil e do mundo nos ensina que impunidade, omissão e covardia podem, num primeiro momento, parecer o caminho mais rápido pra acabar com os problemas. É um caminho falso. Impunidade nunca deu certo na história pra nenhum país do mundo”, disse o ministro. Ele ressaltou que a Carta de 1988 é a que mais sofreu alterações no mundo, mas que, ao mesmo tempo, foi capaz de garantir estabilidade. “Nenhuma grande democracia passou por dois impeachments em 37 anos, com presidentes de espectros opostos, sem ruptura institucional.”
Liberdade com responsabilidade O ministro afirmou que liberdade sem responsabilidade é característica de autocracias. “Democracia é o governo da liberdade com responsabilidade igual para todos. Não se pode atentar contra a democracia e, se der certo, instaurar uma ditadura, e se não der, voltar para casa como se nada tivesse acontecido”, disse.
Lições da história Moraes fez paralelos históricos, lembrando que políticas de apaziguamento permitiram a ascensão de Hitler na Europa. “A covardia de não enfrentar o que deveria ser enfrentado levou ao domínio nazista. O que existe no Estado democrático de direito é aplicação da lei”, afirmou.
Papel do Judiciário Ele defendeu que o Judiciário brasileiro é independente e deve resistir a pressões. “O juiz que não resiste à pressão deve mudar de profissão. O Judiciário cresce com a pressão. Um Judiciário vassalo não é independente”, declarou.
Moraes destacou que, apesar da polarização política e das tentativas de ataques institucionais, o Brasil se manteve firme. “Se não fosse essa odiosa polarização insuflada pelas redes, todos deveriam estar comemorando que o Brasil resistiu e manteve suas instituições democráticas.”
Desafios Por fim, o ministro apontou que o grande desafio para os próximos anos será fortalecer a segurança institucional, incluindo segurança jurídica e maior eficiência do Judiciário. “Temos que avançar na proteção social e no cuidado das pessoas, sempre com coragem para enfrentar os problemas dentro da lei”, concluiu.
A defesa de Jair Bolsonaro (PL) acusou nesta sexta-feira (22) a Polícia Federal de montar uma “peça política” ao revelar conteúdos encontrados no celular do ex-presidente e disse que a minuta de um pedido de asilo direcionada ao presidente da Argentina, Javier Milei, localizada no telefone, não pode ser considerada uma tentativa de fuga do Brasil ou descumprimento de medidas cautelares pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
A manifestação foi enviada à corte perto após o ministro Alexandre de Moraes determinar que a defesa do ex-presidente esclarecesse em até 48 horas “os reiterados descumprimentos das medidas cautelares impostas, a reiteração das condutas ilícitas e a existência de comprovado risco de fuga”, que teria sido demonstrado pela PF. As informações são da Folha de S. Paulo.
A equipe comandada pelo advogado Celso Vilardi afirmou ao Supremo que a minuta do pedido de asilo não poderia justificar uma prisão preventiva do ex-presidente porque não é um “fato contemporâneo”, e a fuga não se concretizou.
“Parece claro que um rascunho de pedido de asilo ao presidente argentino, datado de fevereiro de 2024, não pode ser considerado um indício de fuga”, afirma.
“Fato é que, com ou sem o rascunho, o ex-presidente não fugiu. Pelo contrário, obedeceu a todas as decisões” do Supremo, “inclusive a que o proibia de viajar ao exterior, respondeu à denúncia oferecida, compareceu a todas as audiências, sempre respeitando todas as ordens” do STF, completa.
Os elementos encontrados pela PF embasaram o indiciamento de Bolsonaro e de seu filho Eduardo, deputado pelo PL-SP, sob suspeita de prática dos crimes de coação e abolição do Estado democrático de Direito.
Agora, caberá a Moraes avaliar os argumentos da defesa e decidir se pede manifestação da PGR (Procuradoria-Geral da República). Uma das possibilidades é o ministro agravar a situação de Bolsonaro com eventual prisão preventiva.
No documento, a defesa de Bolsonaro acusa a Polícia Federal de agir de forma política para “desmoralizar um ex-presidente da República”, de forma a expor sua vida privada com acusações sobre fatos graves e descabidos.
“O relatório da Polícia Federal só demonstra sua parcialidade e faz lembrar que essa mesma Polícia Federal foi responsável pela triagem de todas as mensagens que foram utilizadas pela acusação no processo penal”, diz.
Vilardi e os demais advogados dizem que o objetivo foi alcançado pela PF: “Manchetes no Brasil e no exterior anunciando que o ex-presidente planejou uma fuga. Nada mais falso, mas nada mais impactante, sobretudo há [sic] pouco mais de 10 dias do julgamento”.
As mensagens também revelaram troca de ofensas dirigidas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ao ex-presidente e ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e do pastor Silas Malafaia contra Eduardo.
Ao STF a defesa negou ainda que Bolsonaro tenha conversado com o ex-ministro Walter Braga Netto após a decisão de Moraes, de fevereiro de 2024, que proibiu a comunicação entre os investigados.
A Polícia Federal disse que há indício do descumprimento da medida cautelar por ter encontrado uma mensagem de SMS enviada pelo general a Bolsonaro horas após a proibição determinada por Moraes. Não há registro de resposta do ex-presidente.
“É incrível ter que dizer que a inexistência de resposta é o exato contrário de manter contato. Eis porque, impressiona muito mal a tentativa de afirmar que a medida cautelar de 2024 havia sido prontamente descumprida… com o silêncio do ex-presidente”, completa.
Na mesma apuração, a PF indiciou indiciou ele e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) pelos crimes de coação no curso do processo sobre a trama golpista e abolição do Estado democrático de Direito. As penas máximas dos dois crimes, somadas, chegam a 12 anos
Segundo a investigação, pai e filho tentaram interferir no processo sobre a tentativa de golpe de Estado em benefício de Bolsonaro, que é réu no Supremo e será levado a julgamento a partir de 2 de setembro. Eles negam.
“[A dupla tentou] Atingir diretamente instituições democráticas brasileiras, notadamente o Supremo Tribunal Federal e, até mesmo, o Congresso Nacional Brasileiro, objetivando subjugá-las a interesses pessoais e específicos vinculados aos réus julgados no âmbito da mencionada ação penal”, diz a PF.
No relatório, a Polícia Federal mostra que Bolsonaro tinha salvo em seu celular uma minuta de pedido de asilo político ao presidente da Argentina. O arquivo teria sido criado e editado por um usuário no nome da esposa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), segundo os investigadores.
Ao cobrar a resposta da defesa do ex-presidente, o ministro do STF apontou como evidências de descumprimento de medidas cautelares, entre outros pontos, diálogos de Bolsonaro com o pastor Silas Malafaia. O líder religioso também teve celular e passaporte apreendidos em operação da Polícia Federal na última quarta.
Para os investigadores, Malafaia incentivou que Bolsonaro descumprisse a proibição sobre uso das redes e o orientou sobre estratégias para a divulgação de conteúdos. O líder evangélico também revisou uma carta do ex-presidente que foi publicada nas redes sociais.
Eduardo passou a ser investigado em razão de sua atuação nos Estados Unidos, onde está desde março articulando pedidos de sanção contra autoridades brasileiras.
O relatório da PF expôs diálogos em que ele critica o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e xinga o pai devido a uma entrevista em que o ex-presidente chamou o deputado de imaturo.
Os investigadores também afirmaram que Bolsonaro e Eduardo usaram as contas de suas esposas em transações para evitar bloqueios de recursos. Pai e filho utilizaram “diversos artifícios para dissimular a origem e o destino de recursos financeiros, com o intuito de financiamento e suporte das atividades de natureza ilícita do parlamentar licenciado no exterior”, segundo a PF.