Por Rodrigo Fernandes
Do JC
Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) encontrou indícios de sobrepreço, subdimensionamento de equipamentos e descumprimento de cronograma na obra do Hospital da Criança do Recife, que está sendo construído no bairro de Areias. O caso foi revelado pelo Metrópoles na última terça-feira (17).
A obra do novo hospital é coordenada pelo Gabinete de Projetos Especiais do Recife (GABPE) e está sendo tocada pela construtora Celli LTDA, ao custo de R$ 111.809.296,00. Desse total, R$ 52.147.356,31 já foram pagos.
Um dos relatórios da auditoria apontou que houve contratação com sobrepreço em equipamentos de uma subestação de energia, da ordem de R$ 3,79 milhões, e superfaturamento de R$ 2,08 milhões na compra de estacas de fundação, totalizando R$ 5,8 milhões de danos ao orçamento público.
Leia maisO apontamento também indica desconformidade no cumprimento do cronograma físico financeiro, com atraso na execução dos serviços.
Um segundo relatório também demonstrou sobrepreço no fornecimento de transporte dentro da obra, sobrepreço e superfaturamento em serviço de demolição contratados por preço unitário, alteração de equipe em desconformidade com o Termo de Referência e com o contrato e atraso na emissão de relatórios semanais. Essas irregularidades somam R$ R$ 1,18 milhão em danos ao orçamento, de acordo com os técnicos.
As obras do Hospital da Criança são custeadas com recursos da prefeitura do Recife e do governo federal, por meio do Novo PAC.
Auditoria será analisada
Os auditores sugeriram ao relator das contas do GABPE, conselheiro Marcos Loreto, uma medida cautelar suspendendo os pagamentos à empresa. O conselheiro é primo da ex-primeira-dama de Pernambuco, Renata Campos, mãe do prefeito João Campos.
De posse do relatório, o relator solicitou esclarecimentos à prefeitura no prazo de cinco dias úteis. A gestão tem até a próxima segunda-feira (23) para responder ao TCE.
“Apenas após a manifestação dos interessados, respeitando o amplo direito de defesa, é que o relator vai decidir sobre o assunto”, informou o TCE à reportagem.
Procurado pelo JC, o Gabinete de Projetos Especiais do Recife declarou que está levantando as informações técnicas necessárias para apresentar resposta ao TCE.
“A prefeitura reitera que ajustes, esclarecimentos e justificativas técnicas fazem parte do processo natural de auditorias em obras públicas e serão devidamente apresentados no âmbito da tramitação regular. A gestão municipal ratifica o seu compromisso com a transparência e a correção de eventuais inconsistências, assegurando que as obras sejam conduzidas com responsabilidade, eficiência e a melhor qualidade possível”, diz a nota.
“A Prefeitura do Recife informa que todas as contratações realizadas seguem rigorosamente os ritos administrativos da gestão municipal, em conformidade com os princípios da legalidade, economicidade e transparência”, acrescentou o GABPE.
Licitação liberada com recomendações
Em junho, a licitação para construir o Hospital da Criança foi autorizada pela Segunda Câmara do TCE após o colegiado julgar como regular uma auditoria especial sobre a obra.
A auditoria verificou o cumprimento de um Alerta de Responsabilização encaminhado ao Gabinete de Projetos Especiais do Recife (GABPE) em 2023, que previa ajustes no Termo de Referência e na planilha orçamentária, detalhamento do projeto estrutural e licenciamento e autorização dos órgãos competentes.
As recomendações incluíram ainda a possibilidade de participação de empresas em regime de consórcio em licitações cujo objeto seja de alta complexidade, relevância e valor significativo.
A previsão é de que o Hospital da Criança seja inaugurado no primeiro semestre de 2025. O equipamento terá 12 mil metros quadrados de área construída.
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