Só agora, em meio a corridinha de 8 km na Jaqueira, me veio à lembrança outro terrível vexame que passei como “foca” (jornalista em início de carreira), tema da crônica domingueira de hoje. Num fim de tarde, já de saída para a faculdade (eu estagiava no Diario de Pernambuco), o chefe de reportagem, Selênio Homem de Siqueira, me escalou para cobrir a chegada do então ministro do Interior, Mário Andreazza, na Base Aérea do Recife.
Não havia nenhum repórter do quadro do jornal disponível. Selênio olhou em minha direção e disse: “Vá correndo pra Base Aérea entrevistar Mário Andreazza. Na pauta, escreveu algumas sugestões de perguntas. Chamou o fotógrafo Edvaldo Rodrigues para me acompanhar.
Leia maisDeu aquele frio na barriga. Eu entrevistar ministro? Passei a tremer feito vara verde. Na Base Aérea, onde pousavam os aviões do poder, os carros de reportagem tinham livre acesso. Entramos sem a menor cerimônia, mas nem isso me acalmou.
Quando o jatinho do ministro pousou, eu era o único jornalista a esperá-lo. Que falta de sorte, pensei. Nenhum colega aqui para fazer a primeira pergunta! Ai, foi que tremi sem parar. Estava tão nervoso que o gravador tremia nas minhas mãos.
Simpático e sorridente, Mário Andreazza se aproximou de mim, joguei o gravador na cara dele e cadê a pergunta sair?. Me engasguei, fiquei tão gago que o ministro não entendeu patavinas.
Vendo que eu engatinhava na profissão, Andreazza me segurou pela mão direita e disse: “Fique calmo! Vou dizer aqui no seu gravador a razão da minha presença aqui. E fez uma longa gravação sem eu interromper de tão nervoso que fiquei.
Andreazza me salvou de voltar à redação sem uma linha sobre a presença dele em Pernambuco.
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