Enquanto isso, em Recife, João Campos botou para funcionar. Fez dez mil vagas, dobrou o número, e ainda sobrou sorriso para as mães.
Mas aqui, no interiorzão do Estado, o governo segue estudando a melhor forma de fazer nada. E olha: estuda com afinco! Segundo o tal Plano Plurianual 2024–2027, das 250 creches prometidas, nenhuma ficou pronta. 192 estão “em licitação”, que é o nome bonito para “no papel”; 89 tão “em análise”, que é quando o governo esquece o assunto; 55 nem ordem de serviço têm; e 48 começaram, mas andam mais devagar que jegue cansado em subida de serra.
Ou seja, prometeram 60 mil vagas e entregaram 60 mil desculpas. E cada desculpa vem com carimbo de solenidade. Paulo Freire dizia que “a educação é um ato político: ou liberta, ou domestica”. Pois por aqui, minha gente, o governo resolveu domesticar. A educação virou problema para a madame governadora.
Negar creche é negar o futuro da meninada. É fazer o menino nascer com o sonho já cativo. Mas o problema não é só a lerdeza, não. É projeto!
Desde o bolsonarismo, que deu palanque e benção à própria Raquel – e ainda hoje tem cadeira no governo –, o negócio é o mesmo: manter o povo na ignorância, chamando isso de eficiência.
Muda o discurso, bota um perfume de gestão moderna, mas o cheiro é o mesmo: política de elite, para a elite e pela elite. A tal “pedagogia do atraso” segue firme, só que agora com planilha de computador.
Raquel governa de costas para o povo, tropeça na própria gestão, culpa a política e se curva para a elite empresarial em busca de atitude, pedindo conselho como quem pede bênção. É a tal “elegância da omissão” que Jessé Souza falou – quando o governo posa de técnico pra esconder que é preguiçoso.
Enquanto isso, a cada licitação que não vira obra, Pernambuco vai ouvindo a velha ladainha:
– “O problema é burocrático.”
– “Estamos revisando o cronograma.”
– “O Estado está fazendo o possível.”
A oposição atrapalhou. A mulher tem a caneta na mão, mas não usa! Pois é. O possível, no caso, é nada.
E o povo, coitado, não quer discurso – quer creche, escola e futuro. Quer deixar o menino no colégio para poder trabalhar, quer ver a filha aprendendo, quer viver com dignidade. Mas enquanto governante continuar achando que propaganda é política pública, o Pernambuco vai rodando no mesmo buraco, igual carro de boi sem junta.
Como dizia o mestre Paulo Freire, “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. E nós, por aqui, seguimos esperando que um dia o governo aprenda a ler o que o povo já entendeu faz tempo: quem não planta creche, colhe atraso.
E o povo não é besta e vai lembrar na hora de votar!
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