*Por Claudemir Gomes
Hoje acordei no passado, embora consciente de que não posso vivenciar o tempo que passou. Acredito que tal sentimento tenha sido provocado, em parte, pela leitura do excelente artigo de José Nivaldo Júnior, publicado na edição de ontem, do jornal O PODER, sobre o Bicentenário da Independência do Brasil.
Mais que um artigo, uma aula de história e conscientização, coisa rara nos dias de hoje onde a alienação impera.
Leia maisJosé Nivaldo começa sua narrativa lembrando o visionário, Marco Maciel, que não foi levado a sério quando, no início dos anos 90, no século passado, defendeu, no Senado, a ideia de ser formada uma Comissão para tratar do Bicentenário da Independência do Brasil. A proposta virou piada para os críticos, que alegaram ser muito cedo para se debruçar sobre o assunto. Pois bem! O tempo passou, o Bicentenário chegou e nenhuma comemoração foi programada.
“Somos uns boçais!” Como canta o poeta, Caetanos Veloso, na sua icônica, Podres Poderes.
Nos últimos dias, por onde ando, sempre encontro alguém para repetir uma frase que parece fabricada para o momento: “O futebol pernambucano está acabado!”.
Qual a causa, ou as causas, desta falência, deste apequenamento? Tenho me perguntado. Creio que encontrei a resposta na literatura, ao iniciar a leitura do novo título lançado pelo amigo e mestre, Raimundo Carrero, A Luta Verbal. Digo sem medo de errar: o grande mal do futebol pernambucano é o conservadorismo.
Tal como fizeram com o saudoso Marco Maciel, há 30 anos no Senado, quem falar em projeto no futebol pernambucano é execrado. Coisa do absolutismo que impera no futebol brasileiro. Absolutismo tão bem expresso no modus operandi da FPF, Ligas e Clubes filiados.
Dia desses o mestre, Sylvio Ferreira, psicólogo, professor universitário, elogiou meus artigos, e disse que eu ia na contramão por “colocar o dedo na ferida com muita clareza e muita coragem”.
Seguindo os ensinamentos do mestre, Carrero, diria que o momento é imperativo, exige que sejamos impiedosos e críticos com conservadorismo.
Perdi a conta dos gritos de alerta dados pelo mestre, José Joaquim Pinto de Azevedo, um dos maiores estudiosos do futebol brasileiro, e que nunca encontrou eco na FPF e nos Clubes. E viva a tirania! A resultante deste absolutismo é o Santa Cruz aparecendo como inquilino da Série D nacional; o Náutico a caminho da Série C e o Sport tendo seu sonho de acesso frustrado por conta de duas derrotas para o CRB de Alagoas.
Nenhuma mudança acontece num piscar de olhos. A história é rica em exemplos que nos mostram, e atestam, a necessidade e importância de se projetar para mudar. Mas, enquanto nada acontece neste sentido, sigamos ouvindo:
“O Senhor Rei mandou dizer que…”.
*Jornalista
Leia menos