Brasília, estou de volta. Tu és um dos grandes amores da minha vida. Aliás, a terceira pátria-mãe do coração. Só perde na intensidade do amor da alma e do coração para Afogados da Ingazeira, pátria do ventre materno, e Recife, pátria de coração afetivo e adotivo.
Oscar Niemeyer te esculpiu em curvas e arcos para que entendêssemos no contraste a seriedade retilínea que deveríamos tratar nosso País. Teu mar é o céu, lindo de se ver. O mais belo pôr do sol de todos os rincões. Falam que Clarice Lispector te definiu como uma prisão ao ar livre.
Certamente, a grande Lispector não conheceu a Brasília que conheço, que me deu régua e compasso, que me deu meu primogênito Felipe, que me batizou nas águas do Paranoá. Falam muito bobagem de ti, Brasília!
Leia maisDizem até ser uma infeliz cidade, por causa dos maus políticos. Que culpa tens com isso? Os políticos corruptos não são candangos, não nasceram por aqui nem vivem de verdade por aqui. São de seus Estados. Aqui, são passantes. São parte da população flutuante.
Muitos são os relatos de que Brasília não tem esquina, não tem gente andando na rua, não tem calor humano. Mas, à maneira brasiliense, a esquina existe sim. Em cada uma delas, podemos encontrar um bom e velho boteco.
Os cruzamentos são substituídos por rotatórias (carinhosamente chamadas de “balões”), que dão fluidez ao trânsito. Nas tesourinhas, é possível passar um dia inteiro rodando se você não souber pegar a saída certa. Na principal via da cidade, o Eixão (que corta as asas Norte e Sul), se vai de uma ponta à outra sem encontrar sequer um sinal de trânsito.
Brasília, para mim, é só amor e ternura. Amo porque amo, não há explicação para o amor, como disse Rubem Alves. Enxergo Brasília com todas as cores no céu. Cheia de contrastes, tem todas as formas de arquitetura, perfeita, planejada. Brasília é o céu do mar, o céu de todas as estações.
Sob o céu de Brasília, as nuvens flutuam, lentas e majestosas, como navios no mar, cobrindo a cidade em um manto de sombra e luz, que nos faz sonhar com um mundo novo. Suas nuvens nos lembram da imensidão do céu e nos convidam a olhar além da sua moderna e encantadora arquitetura.
Podem falar mal de ti, Brasília! Mas tu tens um lugar bem especial no meu coração e também na minha alma candanga.
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