Lula e Biden

Por Marcelo Tognozzi*

Eleitos depois de dura disputa contra líderes da nova direita mundial, Joe Biden e Lula não foram capazes de corresponder às expectativas do eleitorado. Uma pesquisa do PoderData, publicada na quarta-feira (29), mostra uma diferença de 9 pontos percentuais entre a aprovação e a rejeição ao trabalho pessoal de Lula.

O site 538, no qual são publicados cruzamentos das principais pesquisas de opinião dos Estados Unidos, registra que Biden começou a perder consistência ainda no 1º ano de governo, assim como Lula.

Biden, 81 anos (completará 82 em 20 de novembro, logo depois da eleição), quer ficar mais 4 anos na Presidência, mas tem uma baita pedra no caminho: 56,3% de rejeição contra uma aprovação de 37,6%.

Não é pouca coisa quase 19 pontos percentuais de diferença (no caso de Trump, a rejeição vence por 12 pontos percentuais). A popularidade começou a desabar em agosto de 2021, sete meses depois da sua posse, em 20 de janeiro. Em 30 de agosto, havia empate entre aprovação e desaprovação.

Com Lula, 78 anos (fará 79 em outubro), aconteceu igual em setembro do ano passado, 8 meses depois da posse. Na eleição de 2026, o presidente terá a mesma idade que Biden tem hoje.

Ambos têm cara e jeito de passado, pródigos em cometer gafes variadas. Às vezes, dão a nítida impressão de estarem desconectados do mundo. Lula forneceu bom exemplo disso ao declarar seu enfado com a inteligência artificial.

Outra coincidência são os adversários processados na Justiça, porém com fôlego e disposição incomuns para a mobilização. Os Estados Unidos vivem a inusitada situação de uma eleição disputada por um presidente contra um ex-presidente, Donald Trump, o qual tem feito campanha do banco dos réus. No Brasil, Bolsonaro, que disputou contra um ex-presidente e perdeu, está nas ruas, mantendo uma mobilização forte, usando intensamente as redes sociais.

Trump e Bolsonaro lideram por pequena diferença as pesquisas e simulações para eleições presidenciais. Ainda teremos muito chão pela frente até novembro e mais chão ainda até 2026, porém, quanto mais a situação se consolida, maior a possibilidade dessa tendência ser mantida em função da polarização.

Lula tem lidado com cenário complicado. Na votação que derrubou o veto à proibição das saidinhas, o governo perdeu de 314 a 126.

Na votação que manteve o veto de Bolsonaro barrando a criminalização de fake news, o resultado foi 317 a 139.

Conclusão: o governo vive a mesma situação de 2016, quando a Câmara aprovou o impeachment de Dilma, com 367 deputados votando a favor e 137 contra. Significa que na hora do vamos ver, o governo conta com os mesmos votos de 8 anos atrás.

Aqui, faço um parêntese para mais uma vez constatar que o Brasil, na prática, caminha para o semipresidencialismo, parlamentarismo ou qualquer coisa parecida com isso –o nome importa pouco– diante de um Congresso cada vez mais forte a ponto de o Executivo ser obrigado a fazer coalisão com o Judiciário para manter a governabilidade e a força. Essa coalisão distorce o papel do Judiciário, cuja missão não é governar ou definir políticas públicas, muito menos legislar.

No caso de Biden, a situação no Congresso mostra desgastes evidentes, revelando outra coincidência entre Lula e Biden: problemas com a articulação política. Nessa toada, foi aprovado pela Câmara um pedido de impeachment contra Biden no fim do ano passado.

As pesquisas mostram tanto Lula como Biden desconectados da maioria da população. Eleitos com os votos de eleitores que rejeitavam seus adversários e a eles deram um voto de ocasião, os 2 presidentes não conseguiram furar a bolha e conquistar novos eleitores. Diferentemente, perdem apoios, mostram os números.

A permanência de Biden como candidato revela um Partido Democrata incapaz de criar consistentes líderes. Na outra ponta, os republicanos têm, além de Trump, outros nomes competitivos como a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley ou Ron DeSantis, atual governador da Flórida.

No Brasil, a situação é semelhante. Lula é o único candidato forte da esquerda. O PT não tem outros nomes com a mesma força. Há mais de 40 anos, segue apostando em Lula. A oposição dispõe de vários nomes como os governadores Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior e Ronaldo Caiado, além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina. Bolsonaro, mesmo inelegível, produziu filhotes.

O PT chegou ao ponto de não ter candidato forte em nenhuma capital importante na eleição deste ano.

A agenda da oposição, menos impostos e mais segurança pública, está, neste momento, sintonizada com a do eleitorado médio, enquanto a agenda do governo, feita de viagens internacionais, críticas aos Estados Unidos, aproximação com o Irã e atritos com Israel, fica cada vez mais longe do dia a dia da massa dos eleitores em idade produtiva. Na quarta-feira (29), mostrou a última rodada do PoderData, só o Nordeste continua apostando forte no presidente.

O Lula de 2024 se parece com o Getúlio Vargas de 1954, cuja morte completará 70 anos em 24 de agosto. Depois de governar o Brasil por 15 anos, Getúlio foi deposto, se elegeu senador, mas permaneceu recolhido na sua fazenda no interior do Rio Grande do Sul.

Voltou pelo voto em 1950 e encontrou um Brasil completamente diferente daquele de 1945. Conviveu com um Congresso hostil, indomável. Não soube entender a mudança. Embora contasse com ministros competentes, como Tancredo Neves, sucumbiu, levado pela enxurrada de trapalhadas do irmão e do chefe da sua segurança, todos alopradíssimos.

Não estou dizendo que Lula acabará como Getúlio. Longe disso. Faço apenas uma constatação de que quando o mundo muda, governantes só entenderão essa mudança se fizerem parte dela.

*Jornalista

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Por Jornal da USP

Dados do estudo Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil 2017-2023, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, mostrou que a não alfabetização saltou de 14% para 30% entre 2019 e 2023, além de quatro milhões de crianças e adolescentes que estão atrasados nos estudos e 619 mil em privação extrema de educação.

E, segundo a professora Carlota Boto, docente do Departamento de Filosofia da Educação e diretora da Faculdade de Educação (FE) da USP, apesar de crianças de sete anos ainda preferencialmente não serem caracterizadas como analfabetas, a pandemia foi um dos fatores que atrasaram a alfabetização.

“O aumento das taxas de analfabetismo das crianças de 7 a 10 anos é, em alguma medida, um efeito do processo de pandemia, porque essas crianças, no momento da pandemia, que tinham entre 5 e 6 anos, estavam, evidentemente, numa situação em que não podiam frequentar a escola. Portanto, elas tiveram problemas no processo de prontidão para a alfabetização”, esclarece a professora.

Entretanto, Carlota ressalta que a pobreza é um problema multidimensional; dessa forma, outros fatores influenciam tais resultados. “Há intersecções, existem problemas de saneamento, de moradia, de acesso à informação, de água, de trabalho infantil, de renda, de insegurança alimentar, que, embora tenham diminuído na sua incidência, ainda impactam as crianças pequenas. Então, existem múltiplos fatores que precisam ser considerados.”

Poder público
Maneiras de recuperar tal atraso vem sido discutidas ao longo dos últimos anos e, segundo a professora, é essencial que o poder público aja não só para recuperar o atraso, como para suprir a privação da escola durante a pandemia.

“O investimento na educação, o investimento na qualidade do trabalho do professor, o investimento na formação dos professores, o investimento, portanto, no pagamento justo desses profissionais também atuam no sentido de contribuir para resultados mais efetivos de ensino. É necessário, evidentemente, que haja medidas voltadas especificamente para suprir essa privação de acesso à escolarização, essa privação que houve naquele momento da pandemia e que está trazendo consequências até hoje”, detalha.

Entretanto, a professora alerta que nem todo atraso educacional deve ser visto como consequência da pandemia, considerando a delicada e estrutural situação da educação brasileira. Além disso, a evolução processual do letramento é necessária para ser considerada na recuperação da educação, assim, segundo a professora, intensifica a importância e urgência na recuperação do atraso.

“Eu acho importante a gente ter como meta que as crianças estejam alfabetizadas até os sete anos de idade, mas a criança que não se alfabetizou até os sete anos de idade precisa ter a oportunidade de fazê-lo nos anos subsequentes, especialmente aos oito, por exemplo. Então, o ensino de nove anos aumentou um ano, mas esse um ano que foi ampliado corresponde justamente à necessidade que as escolas têm de estabelecer também elementos preparatórios para que seja processada a alfabetização aos sete anos. Então, é fundamental pensar na extensão das oportunidades para a criança que, eventualmente, não estiver plenamente letrada aos sete anos”.

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O MDB acusou nesta quarta-feira (5) o PSB de ser “biruta de aeroporto” e lembrou uma frase do atual vice-presidente, Geraldo Alckmin, de 2017, de que o presidente Lula pretendia “voltar à cena do crime” ao buscar retorno ao Palácio do Planalto.

O partido respondeu a uma crítica feita pelo presidente do PSB, Carlos Siqueira, ao Painel, de que o MDB não foi um aliado confiável quando ocupou a Vice-Presidência da República, no governo Dilma Rousseff.

O pano de fundo da troca de farpas entre as legendas, ambas com assentos no governo Lula, é a disputa pela vaga de vice em sua eventual campanha de reeleição em 2026. As informações são da Folha de São Paulo.

O PSB quer manter Alckmin, enquanto o MDB busca emplacar um filiado, como o governador do Pará, Helder Barbalho, o ministro dos Transportes, Renan Filho, ou a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

“O MDB não é biruta de aeroporto. Ao longo de 2016, o PSB mudou de posição e, na última hora, votou a favor do impeachment da Dilma. Até meados de 2018 e 2020, lideranças do PSB agrediam Lula e diziam que ele queria ‘voltar à cena do crime’ para, em 2022, mudar de novo e virar companheiro de chapa ao Planalto”, diz o partido.

A frase foi dita por Alckmin quando ele estava no PSDB e preparava sua candidatura presidencial em 2018.

Ao Painel, Siqueira disse também que não se pode ter certeza sobre o rumo que o MDB tomará em 2026, uma vez que ele poderia apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a presidente.

Segundo o MDB, seu compromisso com o país, feito em 2023, é “colaborativo-propositivo”. “[O partido] Apresentou ao governo a PEC da Reforma Tributária e a COP30 em Belém e tem votado os bons projetos de iniciativa do próprio governo, como o equilíbrio fiscal”, diz a nota emedebista.

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Atuar por uma oferta de crédito proporcional ao número de habitantes do Nordeste será uma das pautas da Sudene com a nova gestão do Consórcio Nordeste. O colegiado de governadores dos nove estados da Região passa a ser liderado pelo governador do Piauí, Rafael Fonteles, que tomou posse em cerimônia realizada nesta quarta (5) na capital federal. Ele ficará um ano coordenando as ações do Consórcio, substituindo a então presidente Fátima Bezerra, governadora do Rio Grande do Norte.

Para o superintendente da Sudene, Danilo Cabral, o fortalecimento das iniciativas regionais é essencial neste novo ciclo de retomada econômica no Brasil, no qual o Nordeste assume papel de destaque. “A aproximação com o Consórcio é um marco. A posse do governador Rafael ocorre diante de uma oportunidade histórica de integrar nossas ações e ampliar o impacto de projetos conjuntos em áreas estratégicas para o povo nordestino. E as perspectivas de ampliar a nossa parceria em 2025 são evidentes e fortes”, afirmou o superintendente da Sudene.

Os gestores já anteciparam um dos temas que norteará os debates entre as instituições: o aperfeiçoamento das políticas de oferta de crédito ao setor produtivo regional. A ideia é lutar não apenas pela ampliação do volume de recursos, mas estabelecer uma metodologia que considere o contingente populacional como parâmetro para cálculo da disponibilidade de recursos.

Embora represente 27% da população brasileira, a região Nordeste alcança 14% de participação no PIB brasileiro. “Esta é uma condição fundamental para a redução das desigualdades frente às outras regiões do Brasil, sendo pauta importante da nossa aproximação com o Consórcio”, destacou Danilo Cabral. O assunto é pauta do Comitê das Instituições Financeiras Federais – vinculado ao Conselho Deliberativo da Sudene. O Consórcio é integrante do grupo.

Além da assistência ao setor produtivo, sobretudo aos microempreendedores, o presidente do Consórcio Nordeste também destacou a transição energética, segurança pública, e avanços nas áreas de educação e saúde e infraestrutura como frentes de sua gestão. “Vivemos um momento de muita colaboração federativa. Portanto, o Consórcio reforça o compromisso de defesa intransigente de interesses do Nordeste nas pautas legislativas, judiciais e nas pautas ministeriais”, enfatizou o novo presidente.

Parceria

A aproximação com o Consórcio Nordeste foi um dos primeiros movimentos da Sudene no recente processo de reabertura de diálogo com entidades representativas do desenvolvimento regional, ainda em 2023. As instituições têm compartilhado projetos e iniciativas de grande alcance, como os programas Impacta Bioeconomia e a rede de instituições de ciência e tecnologia do Nordeste.

Essas ações visam fomentar pesquisas e estimular novos processos produtivos com base nos insumos dos biomas locais, principalmente da Caatinga, além de criar um ambiente colaborativo para regionalizar as políticas setoriais propostas pelo Governo Federal, como a Nova Indústria Brasil e o Novo PAC.

Sudene e Consórcio colaboram ainda no debate da integração das políticas econômicas de apoio ao setor produtivo regional, pauta que norteia as deliberações do Comitê Regional das Instituições Financeiras Federais. As entidades também estiveram juntas em missões interacionais para atração de investidores que atuam no mercado de geração de energia renovável, sobretudo a partir do uso do hidrogênio verde.

Caruaru - IPTU 2025

Aos ouvintes do Frente a Frente em Surubim e municípios cobertos pela rádio Integração no Agreste Setentrional: não sei, na verdade, a motivação da retirada abrupta do programa do ar pela emissora, a qual nos retransmitia há 18 anos, desde o início da Rede Nordeste de Rádio.

A direção alegou que a grade terá apenas programas locais. Estranho para uma emissora com tamanha audiência na região, onde no horário do Frente a Frente era imbatível em audiência.

Só temos a lamentar! Se a decisão tiver motivação política, por exigência de poderosos ou poderosas, será muito grave.

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A Câmara de Vereadores de Bom Conselho revogou, nesta quarta-feira (5), o decreto municipal que afastava diretores de escolas aprovados em processo seletivo realizado em 2023. A decisão foi tomada após parecer da Comissão de Legislação, Justiça e Redação, que considerou arbitrária a ação do Poder Executivo, alegando que a medida teve viés político e violou princípios constitucionais da administração pública.

O decreto assinado pelo prefeito afastava os gestores sob a justificativa de ausência na prestação de contas. No entanto, os diretores comprovaram a regularidade das informações financeiras, com a aprovação das contas apresentadas. A Procuradoria Geral do Município já havia se manifestado anteriormente, afirmando que não havia qualquer irregularidade no processo seletivo realizado no ano anterior.

A secretária de Educação do município, em entrevista a uma rádio local, admitiu que a decisão de afastamento foi política, justificando que novas gestões escolhem profissionais alinhados com a administração. Esse posicionamento reforçou o entendimento dos vereadores de que o afastamento não respeitou os princípios da impessoalidade e do contraditório.

Com a revogação do decreto executivo nº 014/2025, todos os diretores afastados poderão reassumir seus cargos. A medida da Câmara Municipal anula integralmente os efeitos do ato do Executivo, garantindo a manutenção da seleção pública realizada em 2023 e assegurando a legalidade na nomeação dos gestores escolares.

O Shopping Recife anunciou que encerrará suas atividades às 18h30 desta quarta-feira (5) devido às fortes chuvas que atingem a capital pernambucana. Em comunicado oficial, o centro de compras informou que as operações retornarão ao horário normal de funcionamento na quinta-feira (6). A decisão foi tomada como medida preventiva para garantir a segurança de clientes e colaboradores.

O deputado estadual Antônio Moraes, presidente da Comissão de Justiça da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), prestou homenagem à empresária, ex-vereadora e ex-primeira-dama do Recife, Geralda Farias, que completou 90 anos na última segunda-feira (03). Em vídeo divulgado nas redes sociais, o parlamentar destacou a trajetória marcante da homenageada, ressaltando sua atuação na política, no empreendedorismo e no trabalho assistencial, além de sua contribuição ao lado do ex-prefeito e senador Antônio Farias. Confira:

Nesta quinta-feira (06), o Consórcio Intermunicipal Dom Mariano (CONDOMAR) realiza a eleição para escolha da nova diretoria, que conduzirá a entidade no biênio 2025/2027. O pleito ocorre na sede do consórcio, localizada na Avenida Doutor Joaquim de Brito, nº 193, no bairro Prado, em Pesqueira. Com chapa única, a presidência será assumida pelo prefeito César, de Sanharó. A programação inclui o início da votação às 9h, encerramento às 11h30, seguido da posse da nova diretoria e um almoço de confraternização às 12h.

Diante das fortes chuvas que atingem a Região Metropolitana do Recife, o prefeito de Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral, decretou Estado de Alerta e suspendeu as atividades não essenciais, incluindo as aulas na rede municipal. Segundo a Defesa Civil, o acumulado pluviométrico das últimas 24 horas chegou a 89,11 mm, representando 67% da média esperada para todo o mês de fevereiro. Para minimizar os impactos, equipes da Defesa Civil, agentes de trânsito e de limpeza urbana iniciaram ações emergenciais desde a madrugada.

O prefeito acompanhou as operações e esteve no Hospital Infantil do Cabo para verificar vazamentos no teto da unidade. Apesar dos alagamentos registrados em diversos pontos, até o final da tarde não houve registros de deslizamentos, vítimas ou desabrigados. A administração municipal reforça que todo o efetivo de emergência segue de prontidão e orienta a população a acionar a Defesa Civil pelo telefone 0800 281 8531, que funciona 24h.

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

A governadora Raquel Lyra (PSDB) telefonou para o prefeito do Recife, João Campos (PSB), por volta das 12h desta quarta-feira (5), em razão das fortes chuvas que atingiram a capital. De acordo com informações obtidas por este blog, foi uma ligação rápida na qual a gestora se colocou à disposição para ajudar e também disponibilizou a estrutura do Estado.

Raquel está em Brasília cumprindo agenda oficial, mas enviou nota à imprensa informando que acompanha todas as ações desenvolvidas pelas secretarias e órgãos do Estado para minimizar os impactos das chuvas que ocorreram na Região Metropolitana do Recife nas últimas horas.

Além de João Campos, a governadora telefonou para outros prefeitos das cidades mais afetadas pela precipitação. “Desde as primeiras horas do dia estou acompanhando o volume de chuvas que tem caído no Grande Recife e coordenando tudo o que está sendo feito pelos órgãos estaduais para mitigar os efeitos desse temporal”, afirmou a governadora, por meio de nota.

“Há pouco entrei em contato com vários prefeitos e informei que estamos prontos para ajudá-los com o que for necessário. Nossa prioridade, agora, é o cuidado com as pessoas e a salvaguarda das vidas de quem vive e trabalha nesse chão”, acrescentou Raquel Lyra.

A Prefeitura de Camaragibe divulgou, nesta quarta-feira (5), um balanço das ocorrências registradas devido às fortes chuvas que atingiram o município. De acordo com relatório técnico da Secretaria de Defesa Civil, apesar de quedas de árvores, alagamentos e deslizamentos de barreiras, não houve registro de vítimas. A pasta informou que equipes seguem atuando em ações de prevenção e monitoramento das áreas de risco. Entre os principais registros, destacam-se duas quedas de árvores, sendo uma na Estrada de Aldeia e outra na Vila da Fábrica, onde três residências foram atingidas. Além disso, foram contabilizados alagamentos em três pontos e deslizamentos em seis bairros, como Tabatinga, Areeiro e Jardim Primavera.

Como parte das medidas emergenciais, a Defesa Civil já instalou lonas de proteção em cinco áreas vulneráveis e prevê a aplicação de 800 metros quadrados de material até o final do dia. Além disso, dois pontos de abrigos foram preparados para receber possíveis desabrigados. Os índices pluviométricos registrados em Camaragibe nas últimas 24 horas chegaram a 141,84 mm no Jardim Primavera e 136,56 mm em Timbi, superando a média histórica para o mês, que é de 123 mm. O município segue em alerta, com monitoramento contínuo das áreas mais afetadas.

Por Johanns Eller
Blog de Malu Gaspar – O Globo

A inclusão de um prefácio assinado pela governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), no anuário “Brasil em Números” do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi uma contrapartida pela ajuda financeira da gestão pernambucana para viabilizar sua veiculação na forma impressa. Ao menos é essa a justificativa do presidente do instituto, Marcio Pochmann, para dar um espaço à política em uma publicação oficial do IBGE.

A situação inédita na história do anuário, publicado desde 1992, provocou protestos internos na instituição já abalada por uma crise de confiança em relação à gestão de Pochmann. O caso veio à público também por meio de uma carta assinada por servidores em cargos de chefia que disseram ter opinado contra a inclusão do texto, mas teriam sido ignorados pela cúpula do instituto.

O “Brasil em Números” é uma publicação bilíngue que serve como uma espécie de guia do país, usado particularmente para apresentar o país aos estrangeiros. É distribuído em repartições públicas, embaixadas, consulados e eventos internacionais, entre outros ambientes.

O prefácio da governadora pernambucana, em inglês e português, celebra estatísticas de sua administração e outros feitos de sua gestão, como os programas “Morar Bem” e o “Bora Empreender”. No texto, Raquel diz que “política boa” é feita “com senso de união e atenção às necessidades” da população, e que seu governo está trabalhando para “romper ciclos de pobreza e desigualdade” e “dar assistência a quem ainda sofre com essa realidade”.

Ao ser questionado sobre o assunto em uma entrevista coletiva na última quarta-feira (29), o presidente do IBGE se justificou: “Demos ontem o Brasil em Números, que é uma publicação já longeva da instituição, importantíssima, porque ela traduz em síntese informações [sic]. Todavia, nós não tínhamos dinheiro para publicar. Nós fizemos, portanto, em pareceria com o Banco do Nordeste, com a Sudene [Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste] e com o governo do estado de Pernambuco.”

E completou: “O que nós fizemos? Na apresentação nós demos um espaço para que essas instituições que colaboraram para que pudéssemos tornar pública essa informação na forma impressa a possibilidade deles informarem administrativamente como eles trabalham. E entendemos que não há nenhum ferimento à forma que nós entendemos de tornar os dados públicos à nação [sic]”.

A indicação de que o texto de propaganda de Raquel Lyra foi publicado em troca de patrocínio provocou indignação entre servidores do IBGE, segundo os quais nunca houve esse tipo de troca em publicações técnicas.

“A imparcialidade é um princípio caro ao IBGE e, dentre outras coisas, inclui a manutenção de “distanciamento” de governos, partidos políticos e interesses privados que possam comprometer a credibilidade das informações. O Pochmann não entendeu nada”, diz um experiente funcionário do IBGE.

No entanto, procurados pela equipe do blog, tanto o Banco do Nordeste quanto a Sudene contradisseram a fala de Pochmann.

A superintendência, em nota, afirmou não ter contribuído financeiramente com o anuário, mas disse ter firmado em 2024 um acordo de cooperação técnica que prevê a disponibilização de dados e estatísticas com recortes regionais, além de qualificação de pessoal, o que culminou na inauguração do espaço Casa Brasil IBGE Sudene, em Recife (PE).

“O IBGE lançou o anuário no Recife, como fez em outras capitais, seguido de um seminário para discussão dos dados realizado em parceria com a Sudene. Este evento, realizado no dia 29/01, contou com apoio da autarquia. E as duas instituições pretendem lançar uma edição do documento com recorte regional, unindo esforços de suas equipes técnicas e de outros atores importantes para a região”, completa a nota.

A Sudene é comandada pelo ex-deputado federal Danilo Cabral (PSB), que foi candidato a governador em 2022 mas acabou de fora do segundo turno vencido por Raquel Lyra – que, embora tucana, tem feito acenos ao governo Lula e cogita se filiar a um partido da base, como o PSD, de olho na reeleição em 2026.

Na mesma linha, o Banco do Nordeste, presidido pelo ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara (sem partido), também negou ter feito aportes financeiros.

“O banco participou da produção com o prefácio destacando a importância de dados técnicos para elaboração de políticas públicas no Brasil. Ademais, continua à disposição para contribuir com seus dados e estudos sobre sua área de atuação, produzidos especialmente por seu Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste, para esta ou outras publicações que tratem de pesquisas sobre a economia da região”, completou.

Nós questionamos o governo de Pernambuco na última segunda-feira para esclarecer se a gestão Lyra ajudou a financiar o anuário impresso, mas não houve retorno até a publicação dessa reportagem. O espaço segue aberto.

Procurado pela equipe do blog, o IBGE também não esclareceu quanto dinheiro recebeu e se aportes financeiros de parceiros para a publicação do anuário são de praxe até o fechamento da matéria, tampouco o custo do periódico. O texto será atualizado caso haja manifestação do instituto.

Os prefácios assinados pelo Banco do Nordeste e pela Sudene são mais enxutos e tratam mais da importância do Brasil em Números para a elaboração de políticas públicas do que sobre as instituições em si. O banco elogia o anuário e diz que a instituição financeira “tem sido um agente fundamental” na promoção do empreendedorismo e na “redução das desigualdades regionais”. As introduções são assinadas por Paulo Câmara e Danilo Cabral, respectivamente.

Nunca antes na história do IBGE
A inserção de um texto assinado por um político do Executivo no periódico do IBGE não ocorreu nem sob o governo Jair Bolsonaro, quando o instituto também passou por períodos turbulentos com o adiamento do Censo e apreensão quanto à possibilidade de manipulação das estatísticas oficiais para favorecer a gestão do ex-presidente.

O episódio foi relatado em uma carta assinada por Ana Raquel Gomes da Silva, da Gerência de Sistematização de Conteúdos Informacionais, e Leonardo Ferreira Martins, da Gerência de Editoração. No texto, os dois alertam sobre o risco da abertura de um precedente sobre conteúdos de conotação política em publicações técnicas foram recebidos com “solene indiferença” por parte da gestão atual.

Pochmann foi questionado na coletiva do dia 29 em função da carta, que se soma a outras duas publicadas desde o mês passado diante do imbróglio da Fundação IBGE+, entidade pública de direito privado apresentada como carro-chefe da gestão Pochmann que rachou a instituição e acabou suspensa pelo Ministério do Planejamento.

A polêmica da fundação provocou uma mobilização inédita na história do instituto, materializada em uma carta com 651 assinaturas, das quais 289 de quadros em cargos de chefia, na qual Pochmann é apontado como autoritário pela imposição de agendas como a entidade de direito privado e outras decisões interna.

O caso do prefácio de Raquel Lyra ajudou a colocar lenha na fogueira internamente e ampliou o desgaste de Pochmann.

Conforme publicamos no blog na última sexta, outro manifesto foi divulgado, dessa vez por integrantes da área de comunicação, e subscrito por mais de 400 funcionários. Nela, Pochmann é acusado de usar o cargo para se promover politicamente e não para reforçar a missão do instituto de produzir estatísticas confiáveis.