Por Clara Oliveira
Do Blog da Folha
A cirandeira Lia de Itamaracá anunciou na noite da última quarta-feira (4) sua exoneração do cargo de Secretaria de Turismo, Cultura e Eventos da Ilha, por meio de nota divulgada em suas redes sociais.
A destituição do cargo veio à tona após Lia ter negado a aprovação da contratação de bandas e artistas para a abertura do festival “Verão na Ilha”. Segundo ela, o compromisso de dar espaço para artistas da cultura popular não foi efetivado pela gestão municipal, liderada pelo prefeito de Itamaracá, Paulo Galvão (PSD).
Leia maisDe acordo com o produtor da artista, Beto Hees, Lia não conseguiu assumir de fato seu cargo, e, mesmo após a nomeação de uma equipe para assumir a pasta, não houve nenhuma reunião com o prefeito a respeito de quais ações Lia ocuparia.
“Depois de exaustivas tentativas de contato e saber do que se tratava, numa reunião com o prefeito, Lia, um assessor, eu e outra pessoa que estava documentando, ele deixou bem clara a minha pergunta: qual era a razão dele ter convidado Lia para ser secretária de turismo, cultura e lazer? Então, ele respondeu que na verdade a intenção dele era homenagear Lia de Itamaracá”, afirmou.
Beto ainda disse que Lia e sua equipe não participaram de nenhuma consulta para o Carnaval, São João e festas de Santo, pois a gestão municipal sempre contratava uma empresa para montar as programações, entregando uma estrutura que não era compatível com a cidade de Itamaracá.
“A Cirandeira teve condições de falar, de propor. Então, decidimos fazer um projeto cultural, um polo do verão da cultura, no espaço de Lia, com os pontos de cultura, dentro da programação da abertura, eles recusaram”, disse Beto.
No dia 3 deste mês, Lia de Itamaracá emitiu uma primeira nota sobre essa situação, alegando que, até o momento da publicação do texto, os eventos e ações promovidos pela Secretaria de Cultura, Turismo e Eventos não contaram com qualquer colaboração e participação de sua parte ou de sua equipe, reiterando que teve sua atuação anulada na pasta de cultura da ilha.
Esse cenário se estende desde janeiro deste ano, quando a artista declarou que, apesar de passados alguns dias de sua gestão, não teve qualquer resposta ou reunião com a equipe da Secretaria. Como justificativa para a ausência de contato, o órgão informou estar enfrentando uma situação emergencial devido a problemas herdados da gestão anterior.
Confira a nova nota divulgada por Lia de Itamaracá na íntegra:
Amigas e amigos, população de Itamaracá, não estou deixando a cultura, mas a Prefeitura Municipal da Ilha de Itamaracá. Meu compromisso com a cultura popular e por todos aqueles que a fazem permanece vivo por que caminha comigo.
Depois das minhas últimas declarações sobre os entraves que vinha enfrentando como Secretária de Turismo, Cultura e Lazer, recebi a notícia da minha exoneração feita pelo prefeito Paulo Galvão nesta noite. Estou em São Paulo onde me preparo para uma sequência de apresentações. Daqui, reitero meu compromisso com a seriedade do meu trabalho e preocupação com um nome que construí ao longo de mais de 70 anos de carreira com muita resistência, inclusive para ser respeitada como mulher e representante da cultura pernambucana pelo mundo.
Eu não poderia fazer o contrário agora. Não concordei com projetos que não pude opinar em nada, nos quais não tive direito de decisão sendo titular da pasta. Minha equipe também não foi consultada para a destinação de recursos para a contratação de bandas dos eventos que serão realizados na cidade, onde não haverá a participação de artistas da cultura popular. Também fui desrespeitada pela gestão municipal quando fui exonerada temporariamente numa manobra administrativa para realização de eventos.
Na próxima semana tenho uma conversa com o Ministério Público de Pernambuco para tratar esses fatos. Enquanto gestora pública, cargo para o qual fui convidada, mas não pude exercer, esse também é meu papel.
Seguirei fazendo minha ciranda de mãos dadas com minha Ilha. Lia não se cala, Lia não se curva e ninguém desmerece ou desrespeita Lia de Itamaracá.
Leia menosA Prefeitura do Recife e a Câmara dos Deputados assinaram ontem, em Brasília, um Acordo de Cooperação Técnica que vai impulsionar a transformação digital e a modernização administrativa do Legislativo Federal. O prefeito João Campos e o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, participam da solenidade.
“Recife é hoje referência nacional e internacional em transformação digital com foco no cidadão. E agora, nossa experiência passa a inspirar também o Congresso Nacional. Assinamos em Brasília um Acordo de Cooperação Técnica com a Câmara dos Deputados para levar a lógica do Conecta Recife, que já reúne mais de 820 serviços digitais e 1,7 milhão de usuários cadastrados, para modernizar e aproximar os serviços da população”, ressaltou João Campos. As informações são do jornal O Poder.
Leia maisJoão destacou ainda que a parceria permitirá “a criação de um canal único e integrado de serviços digitais, inclusive pelo WhatsApp, o desenvolvimento de uma plataforma de inteligência estratégica para transformar a voz do cidadão em dados qualificados e a modernização das ferramentas usadas pelos servidores para mais eficiência administrativa”.
Pelo acordo, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e da Empresa Municipal de Informática (Emprel), compartilha a experiência bem-sucedida do Recife em governo digital, reconhecida nacionalmente com iniciativas como o Conecta Recife e o Conecta Zap. A parceria prevê apoio técnico à Câmara na criação de um canal único e integrado para serviços digitais e comunicação direta com o cidadão, inspirado no modelo recifense.
O plano de cooperação também contempla a modernização do portal da Câmara, a implantação de soluções digitais voltadas a servidores e a criação de uma plataforma de inteligência estratégica baseada em recursos de inteligência artificial.
O objetivo é reunir percepções da sociedade a partir de consultas públicas, interações nas redes sociais e ouvidoria, ajudando a orientar decisões políticas mais conectadas às demandas reais.
“ Todo o trabalho que o João Campos vem fazendo no Recife inspira a nós aqui da Câmara a buscar, de certa forma, os serviços da Prefeitura. Essa interação nos dá condições de avançar na modernização digital e entregar à sociedade brasileira um parlamento mais atualizado, moderno e que possa ser exemplo no ponto de vista da transformação digital”, destacou o presidente da Câmara, Hugo Motta.
A parceria terá vigência inicial de 24 meses, podendo ser renovada, sem transferência de recursos financeiros entre as partes. Cada instituição será responsável por arcar com suas próprias despesas e equipes técnicas.
Leia menosDa CNN Brasil
O STF (Supremo Tribunal Federal) aceitou ontem uma manifestação da PGR (Procuradoria-Geral da República) para tornar o deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP) réu em uma ação por contrabando florestal. O caso teria acontecido enquanto Salles ainda era ministro do Meio Ambiente durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Alexandre de Moraes, ministro e relator do caso, assina a decisão. Procurado pela CNN, Ricardo Salles informou que “não há nada de novo”, e que o processo “já estava em andamento na primeira instância” judicial.
Leia maisSegundo investigou a PF (Polícia Federal), havia uma atuação coordenada de servidores do Ministério do Meio Ambiente, indicados por Salles, atuando para permitir “interesses ilegítimos” de empresas madeireiras. Os crimes teriam acontecido na cidade de Altamira, no Pará.
O caso surgiu a partir de uma notícia-crime apresentada pelos ex-deputados federais Joenia Wapichana (Rede-RR) e Alessandro Molon (PSB-RJ), com base em vídeos registrados durante uma reunião ministerial que teria acontecido em abril de 2020.
“A Polícia Federal representou, ainda, pelo deferimento de inúmeras diligências criminais em face de diversos agentes públicos e pessoas jurídicas, em tese envolvidos em grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais”, aponta o documento.
A ação havia sido arquivada no mesmo ano e desarquivada um ano depois por Moraes. A denúncia, inicialmente, havia sido oferecida em 2023, contemplando 22 pessoas.
Em junho de 2021, Ricardo Salles pediu demissão do Ministério do Meio Ambiente, deixando o governo Bolsonaro. No mesmo ano, tanto a pasta como o ex-ministro foram alvos de uma operação da PF que culminou no afastamento de dez agentes públicos que ocupam cargos e funções de confiança no Ibama e no ministério.
As investigações apontavam que um despacho emitido permitia a exportação de produtos florestais sem a necessidade de emissão de autorização teria sido feito a pedido de empresas com cargas apreendidas nos Estados Unidos e na Europa.
Leia menosA governadora Raquel Lyra e o superintendente da Polícia Federal (PF) em Pernambuco, Antônio de Pádua, formalizaram ontem a instalação de uma Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) em Petrolina, no Sertão do São Francisco. A medida, oficializada com a assinatura de um Termo de Cooperação Técnica, amplia a atuação integrada contra o crime organizado no território pernambucano e nas divisas com outros estados. O acordo foi firmado no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, e contou com a presença da vice-governadora Priscila Krause.
“Com a instalação da FICCO na cidade de Petrolina, nós oficializamos mais uma parceria com a Polícia Federal de Pernambuco para reforçar a segurança no nosso Estado. Juntos, governo e PF vão seguir combatendo o crime organizado, movimento que já se mostra muito eficaz por aqui. Ninguém faz nada sozinho, por isso quero agradecer à PF e parabenizar o nosso time da Secretaria de Defesa Social pela iniciativa”, celebrou a governadora Raquel Lyra. As informações são do blog do Elielson.
Leia maisA nova FICCO terá como foco o combate à criminalidade violenta no Sertão, em especial nas regiões que fazem divisa com a Bahia, Piauí, Ceará e Paraíba. O trabalho integrado permitirá a ampliação de investigações, otimizar recursos e fortalecer a cooperação entre as forças policiais.
“A FICCO é um projeto do governo federal, uma força integrada de combate ao crime organizado que se estabelece junto com os governos estaduais. Aqui em Pernambuco nós temos uma estrutura montada, que visa investigar, prender e desmantelar as quadrilhas que estão envolvidas em crime organizado, tendo como resultado a redução da criminalidade”, pontuou o superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Antônio de Pádua.
Em Pernambuco, a FICCO reúne as polícias Federal, Civil, Militar, Penal e Rodoviária Federal. A integração já vem garantindo resultados expressivos, como a desarticulação de organizações criminosas, prisão de integrantes de quadrilhas e apreensão de bens ilícitos, com impacto direto na redução dos índices de violência letal.
“Na estrutura da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado o trabalho é feito de forma integrada, e isso nos trará uma qualidade nas investigações e nas operações para a agir com mais efetividade na repressão ao crime organizado, com resultados muito positivos não só para Petrolina, como também para toda a região”, ressaltou o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro Carvalho.
De acordo com o secretário de Administração Penitenciária do Estado, Paulo Paes, a implementação da FICCO em Petrolina vai promover um avanço estratégico no combate ao crime nas divisas com outros estados brasileiros. “A instalação da FICCO em Petrolina é estratégica. Esta é uma cidade muito próxima da Bahia, onde o crime organizado tem atuação, e esta novidade permitirá que os policiais trabalhem em união e com mais integração”, destacou.
Também participaram da assinatura de oficialização da FICCO em Petrolina a secretária-executiva de Defesa Social do Estado, Mariana Cavalcanti; o comandante-geral da PMPE, coronel Ivanildo Torres; o delegado-geral da PCPE, Renato Rocha, e o delegado Márcio Tenório, da PF.
Leia menosPetrolina recebe o terceiro hotel de padrão internacional da cidade, o Ibis Budget Petrolina, da líder mundial em hotelaria ACCOR. O novo empreendimento conta com 144 apartamentos funcionará na Av. da Integração Ayrton Senna, 630, na Cidade Universitária.
O Ibis Budget Petrolina é resultado da parceria entre a Pedra do Reino, a Benedetto Desenvolvimento Imobiliário, a Busca Hub de Negócios e a Catavento Empreendimentos. As informações são do blog Edenevaldo Alves.
Leia maisEm reunião com o empresário da Catavento Empreendimentos, Diogo Lima e o Diretor de desenvolvimento, Anderson Farias, o prefeito Simão Durando destacou que o empreendimento mostra que “Petrolina é a cidade que mais cresce no interior de Pernambuco”.
“É uma satisfação, mais uma operação hoteleira que chega forte aqui, mais um empreendimento do grupo Ibis, com a geração de emprego e renda em Petrolina, com mais de 50 empregos que serão gerados somente na obra e um investimento na cidade de mais de R$ 50 milhões. Só agradecer aos investidores que acreditam na cidade, para mim é uma alegria, no mês de aniversario de Petrolina, 130 anos, a gente estar anunciando a chegada de mais um empreendimento”, disse o prefeito.
“Acreditar em Petrolina é acreditar no futuro. Depois de tantos negócios entregues que contribuíram com o avanço dessa região, é um privilégio participar de mais um projeto que conecta desenvolvimento e oportunidade. O Ibis Budget Petrolina nasce para atender uma cidade em constante crescimento, que já se destaca como um dos principais polos econômicos do Nordeste”, destacou Diogo Lima.
Leia menosO Sextou, programa musical que ancoro às sextas-feiras no lugar do Frente a Frente, recebe hoje o artista Antônio Nóbrega, reconhecido pela versatilidade. Multifacetado e excelente em tudo que faz, Nóbrega é ator, dançarino, violinista, cantor e pesquisador das manifestações culturais populares do Brasil.
Em 1971, convidado por Ariano Suassuna para integrar o Quinteto Armorial, após ser visto interpretando Bach no violino, Nóbrega iniciou uma trajetória de imersão nas expressões da cultura popular, como caboclinho e cavalo-marinho. Atualmente, ao lado da esposa Rosane Almeida, coordena o Instituto Brincante, em São Paulo.
O Sextou vai ao ar das 18h às 19h, pela Rede Nordeste de Rádio, que reúne 48 emissoras em Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha 96,7 FM, no Recife. Para ouvir pela internet, acesse o link do Frente a Frente no topo desta página ou baixe o aplicativo da Rede Nordeste de Rádio na Play Store.
Por Aurélio de Macedo Rodrigues*
Neste 7 de setembro, além da Independência do Brasil, celebramos também um marco no Vale do São Francisco: os 110 anos da fundação de O Pharol. Criado em Petrolina, em 1915, quando a cidade tinha pouco mais de 11 mil habitantes e apenas duas décadas de emancipação política, o periódico cresceu junto com a cidade, tornando-se o mais longevo jornal do interior de Pernambuco. Durante 73 anos, foi testemunha atenta da vida sertaneja, registrando suas lutas, conquistas e esperanças.
Tudo começou um ano antes, quando João Ferreira Gomes, o Joãozinho, ainda menino de 13 anos, lançou o Correio Infantil, um jornal manuscrito que teve sete edições. A paixão pelas letras e pelo ofício logo floresceu: assim nasceu O Pharol, o primeiro ainda manuscrito e depois impresso em Juazeiro (BA). O jornal seguia de trem, avião, ônibus e até nas barcas do Velho Chico — um feito e tanto para a época em termos de logística.
Leia maisEm 1916, com a parceria do irmão José Mariano, Joãozinho instalou uma gráfica em Petrolina. Ali, o jornal ganhou vida própria, passando a ser feito na cidade. Com paciência e teimosia, ele reuniu máquinas, tipos de letras e muita disposição. Poucos acreditavam que um jornal sertanejo pudesse resistir por tanto tempo — mas O Pharol atravessou mais de sete décadas, sempre “vivo e bulindo”, como registrou o jornalista Waldimir Maia Leite sobre a “imprensa matuta”.
Joãozinho do Pharol: a alma por trás das páginas
Com o tempo, Joãozinho e o jornal se tornaram inseparáveis. No sertão inteiro ele era conhecido como “Joãozinho do Farol”. Ele foi dono, editor, repórter, revisor e até entregador do jornal. Mais do que informar, ele tinha um compromisso silencioso com a memória e a identidade de nossa gente.
O Pharol era um retrato vivo da comunidade. Casamentos, aniversários, debates políticos, poesias e acontecimentos do mundo todo. A chegada do jornal era motivo de reunião familiar em torno da sua leitura em voz alta e muitos aprenderam a ler pelas páginas de O Pharol.
O Pharol foi um espelho do seu tempo. Relatou guerras, revoluções, enchentes, secas, o cotidiano do comércio, a vida política e até os feitos de Lampião. Era mais que notícia: era memória preservada em preto e branco.
Um legado que resiste
O fim do jornal deixou um vazio profundo. Não era apenas um semanário que se encerrava, mas um elo com a memória viva de Petrolina e do Vale do São Francisco. Outros jornais surgiram depois em Petrolina: O Sertão, de Luciano Pinto; Gazzeta, de Eudes Celestino; O Tempo, de Ubirajara Figueiredo; a Folha Verde. Mas todos tiveram vida efêmera, e nenhum conseguiu ocupar o mesmo lugar em nossos corações.
Hoje, graças ao acervo digital, O Pharol segue acessível, mantendo viva a história que Joãozinho do Farol ajudou a escrever com tanto amor e dedicação. A chama que ele acendeu em 1915 continua a iluminar — um farol que jamais se apagará na memória dos sertanejos.
*Historiador
Leia menosAfiliada da Globo em Caruaru, a TV Asa Branca deu uma importante contribuição para o sucesso da noite de autógrafos do meu livro “Os Leões do Norte” ontem na Câmara de Vereadores da capital do Agreste. Clique e veja!
Por Leonardo Sakamoto
Do UOL
Acostumado a abandonar aliados na beira da estrada quando deixavam de serem úteis, Jair Bolsonaro teve um gostinho do que é ser largado à própria sorte. Os advogados dos generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira jogaram o ex-presidente na fogueira para livrar os pescoços de seus clientes. Todos são réus na ação penal sobre a tentativa de golpe.
Andrew Farias, defensor de Paulo Sérgio disse, várias vezes, que o seu cliente tentou tirar a ideia de golpe da cabeça do então presidente. “Costumo dizer que o general atuou sim, mas atuou contra”, afirmou. Tanto que, ao final, a ministra Cármen Lúcia o questionou diretamente sobre isso e ele reafirmou o que havia dito.
Leia maisConsiderando que não se tratava de um aspone qualquer, mas do ministro da Defesa, e que um advogado não fala nada antes de combinar muito bem com seu cliente, a declaração reforça a acusação e bota Jair mais perto da cadeia. Entretanto, sempre bom lembrar que o ministério do general pressionou o TSE em busca de algum problema nas urnas eletrônicas que justificasse o golpismo de Jair (não encontrando, claro). E ele estava presente em reunião em que foi discutida a minuta do golpe no final de 2022.
Já o advogado Matheus Milanez tentou vender a tese de que Heleno, um dos mais próximos assessores do então presidente, afastou-se da cúpula decisória de Bolsonaro com a chegada do centrão ao governo. Não apenas isso, como também “perdeu a influência” após a filiação do chefe ao PL.
Defendeu que, no curso da intentona, “nenhum militar foi procurado pelo general Heleno” e “nenhum militar foi pressionado”. Ou seja, ema, ema, ema, cada um com seu problema.
Claro que isso é feito com uma boa dose de cinismo. Augusto Heleno seguia próximo a Bolsonaro no fim do governo. Tanto que defendeu o golpe na reunião ministerial de 5 de julho de 2022: “Não vai ter segunda chamada de revisão. Não vai ter revisão do VAR. O que tiver que ser feito, vai ter que ser feito antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições. Depois das eleições será muito difícil que tenhamos alguma nova perspectiva”, afirmou.
Heleno contou que pretendia infiltrar agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) nas campanhas de Lula e Bolsonaro. “O problema todo disso é se fazer qualquer coisa. Se houver qualquer acusação de infiltração desse elemento da Abin em qualquer um dos lados…”, disse antes de ser interrompido pelo próprio Jair, que pediu para o assunto ser tratado de forma privada.
O general parece não ter entendido o recado e passou a tratar de algo ainda mais sensível, a necessidade de dar um Hadouken na democracia antes das eleições. E veio a história da virada de mesa. E ele foi além: “Vai chegar um ponto em que não vamos poder mais falar, vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e determinadas pessoas, isso para mim é muito claro”. Para a gente também, general.
De um lado e de outro, não há santos ou inocentes. Todos sabiam muito bem o que significa cravar um punhal verde e amarelo no coração da democracia. Agora, que o xilindró dá aquela piscadela aos envolvidos, essa disputa fratricida ajuda a revelar detalhes úteis para a Justiça. Cármen Lúcia percebeu e destacou isso.
Na política, a traição é o maior dos pecados. Tanto que o bom político é visto como aquele que cumpre acordos, independentemente do quanto isso lhe custe. Bolsonaro é visto como traidor de aliados próximos para tentar salvar a própria pele, basta ver a quantidade de pessoas que ele abandonou no meio do caminho. A imensa lista inclui, por exemplo, o general Santos Cruz, Gustavo Bebianno, Paulo Marinho, Major Olímpio, entre outros, durante seu governo.
Por fim, o golpe, vale lembrar, não surgiu de um Bolsonaro que contaminou os militares ou de militares que manipularam o pobre Jair, mas é fruto de uma parceria.
Nos seus quatro anos de governo de Jair, os militares tiveram cargos, vantagens na Reforma da Previdência, licitações suspeitas de produtos para levantar o moral do oficialato. Eles se beneficiaram de Viagra e próteses penianas, mas também de camarão e filé mignon e continuaram ganhando pensões especiais para filhas não casadas e acesso a hospitais especiais. Coronéis articularam bizarras reuniões em que se negociou com reverendos, servidores públicos e indicados de políticos, sobrepreço e propinas para a compra de doses de vacina contra a covid-19 enquanto pessoas morriam por falta de imunizante.
Há militares legalistas que se moveram para impedir o golpe bolsonarista, inclusive eles foram duramente atacados pelos militares golpistas, como mostram as investigações. Mas é importante ressaltar que muitos militares formaram um dos pilares do bolsonarismo. O ex-presidente não criou a extrema direita golpista, apenas deu a ela organização e sentido através de sua eleição em 2018. Inclusive nas Forças Armadas.
Leia menosPor Wolney Queiroz*
Em pouco mais de 100 dias desde que fui escalado pelo presidente Lula para assumir o Ministério da Previdência Social, trabalho para cumprir as missões que ele me confiou: proteger quem mais precisa, reparar injustiças históricas e modernizar o maior sistema de proteção e distribuição de renda do país. É um desafio e uma honra conduzir essa política pública essencial, que garante dignidade, segurança e esperança a milhões de brasileiros e brasileiras.
A Previdência Social, presente na vida de mais de 100 milhões de pessoas, garante todos os meses mais de 40 milhões de benefícios das políticas previdenciária e assistencial administradas pelo INSS. Movimenta cerca de R$ 1,03 trilhão por ano — o equivalente a mais de R$ 2 bilhões por dia — e sustenta a economia de mais de 4 mil municípios onde o valor pago em benefícios supera toda a transferência recebida pelo Fundo de Participação dos Municípios. Em muitas dessas cidades, ela é a principal fonte de renda das famílias e o motor do comércio.
Leia maisAssumi o Ministério da Previdência Social em um dos momentos mais delicados de sua história recente, no contexto dos desdobramentos da Operação Sem Desconto, que revelou práticas irregulares contra aposentados e pensionistas. A prioridade foi somar esforços para resolver o problema com firmeza e rapidez. Suspendemos todos os descontos associativos, bloqueamos bens e valores de entidades suspeitas e avisamos a milhões de beneficiários que haviam sido descontados. Criamos um processo simples e acessível para contestar cobranças pelo aplicativo Meu INSS, pela Central 135 e nas mais de 5 mil agências dos Correios.
Firmamos, em conjunto com o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil, o INSS e outras instituições, um acordo histórico para reparar os aposentados e pensionistas prejudicados, homologado pelo Supremo Tribunal Federal. Com o envio da Medida Provisória ao Congresso Nacional, essa solução passou a contar com o compromisso dos três Poderes da República, configurando um verdadeiro pacto nacional em defesa dos aposentados.
O acordo garante o ressarcimento integral de todos os prejudicados, com prioridade para idosos acima de 80 anos, indígenas e quilombolas. Praticamente todos que aderiram já receberam o pagamento, realizado em parcela única, de forma ágil e contínua, diretamente na conta do benefício, com correção pelo IPCA e sem exigência de apresentação de documentos ou fornecimento de dados bancários, com segurança e tranquilidade para quem aguardava essa reparação.
Modernizamos processos e avançamos na redução da fila de requerimentos de benefícios do INSS, que caiu de 2,7 milhões para 2,4 milhões entre março e junho de 2025 — menos 264 mil pedidos aguardando análise. A fila de pedidos de aposentadoria recuou 25%. Essa melhora é resultado de um conjunto de ações, como mutirões que somaram mais de 46 mil perícias médicas, reforço de servidores e ampliação de ferramentas digitais. Reduzimos o tempo médio de análise de processos pós-perícia de 53 para 29 dias, aumentamos o número de unidades com tele perícia de 245 para 293 e implantamos novas funções no Meu INSS, com atendimento digital ampliado e uso de inteligência artificial para orientar o segurado. Também adotamos biometria para LOAS e reforçando a segurança e prevenindo fraudes.
Também investimos nas pessoas que fazem a Previdência Social funcionar. Nomeando 500 novos peritos médicos federais – que atuarão em mais de 235 municípios do país, notadamente nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, que eram as áreas mais desassistidas da atuação da perícia médica no país –, realizamos concurso para 300 analistas do Seguro Social e solicitamos autorização para mais 8.500 vagas — 7.000 técnicos e 1.500 analistas. É gente preparada e comprometida para garantir que o direito de cada cidadão seja reconhecido no menor tempo possível.
A Previdência Social é presença concreta na vida de milhões de brasileiros. É o trabalhador rural que encontra amparo depois de uma vida inteira na roça, a professora aposentada, os contribuintes individuais que são protegidos pela Previdência Social nos momentos de incapacidade temporária ou permanente que movimentam o comércio da sua cidade. É o Brasil real, que constrói este país todos os dias e, muitas vezes, não aparece nas estatísticas econômicas, mas está no coração de quem governa com compromisso social.
Seguiremos trabalhando para que a Previdência Social seja cada vez mais justa, moderna e próxima de quem precisa. Nosso compromisso é claro: reconhecer e pagar direitos no tempo certo, ampliar a rede de proteção e fortalecer a confiança de que o Brasil é um país que respeita e cuida da sua gente.
*Ministro da Previdência Social. Artigo originalmente publicado no Fórum CNN.
Leia menosNa minha ida, ontem, a Câmara de Vereadores de Caruaru, um detalhe me deixou curioso: o gabinete de um vereador que adotou o apelido de um animal na campanha e se deu bem: Thiago Macaco, do Podemos. Não esteve no lançamento do meu livro, mas no seu gabinete o casal de macaquinhos, ao lado do seu nome, soa hilário.
Independente do lado pitoresco e engraçado, o fato que também desperta curiosidade é o bom gosto na montagem do gabinete, que é um luxo: sofás de espera extremamente confortáveis, uma foto em destaque ao lado do prefeito, num sinal de extrema lealdade.
No seu primeiro mandato, Thiago Macaco teve 2.603 votos, sendo o décimo quarto mais votado numa Casa Legislativa composta por 23 vereadores.
A denúncia sobre conflito de interesses e improbidade administrativa contra o secretário estadual de Meio Ambiente, Daniel Coelho (PSD), antecipada pelo jornal O Globo, pode ter novos desdobramentos. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que ele recebeu mais de R$ 1 milhão dos irmãos ou de empresas de parentes nas últimas eleições.
As informações comprovam que o gestor se beneficia diretamente dos negócios da família, o que gera suspeitas sobre mais de R$ 5 milhões pagos pela gestão da governadora Raquel Lyra (PSD), sem licitação, a um posto de combustíveis de Rafael Pires Coelho, irmão de Daniel.
Leia maisAs doações eleitorais ocorreram em 2012 e 2016, quando Daniel concorreu à Prefeitura do Recife, e em 2014 e 2018, anos em que foi eleito deputado federal. Os repasses partiram de Raquel Pires Coelho e Rafael Pires Coelho, irmãos de Daniel, bem como de empresas da família, como MS Petróleo Ltda., Petro Cabo Ltda. e Investgás Locação e Investimento Ltda.
Os valores chegaram ao total de R$ 1.038.543,04. Rafael é dono do posto Vila Bela, o único de Fernando de Noronha, que vem recebendo pagamentos do Governo de Pernambuco pela oferta de combustível para a frota da gestão estadual na ilha.
Segundo O Globo, o caso foi denunciado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e também deve entrar na mira do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Segundo a denúncia, a quantia recebida pelo posto Vila Bela desde 2023, já no Governo Raquel Lyra, foi paga sem licitação e é o dobro do valor que o Poder Executivo costumava repassar ao estabelecimento em gestões anteriores, quando o serviço era regido por contrato.
Daniel era secretário do Governo Raquel Lyra em 2023, mas atuava na pasta de Turismo. Em 15 de julho deste ano, porém, assumiu a Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha, passando a estar à frente de ações de fiscalização e licenciamento que envolvem o arquipélago onde seu irmão mantém monopólio sobre a oferta de combustíveis, o que configuraria um conflito de interesses. A denúncia indica ainda que, desde a nomeação de Daniel no novo cargo, o posto já recebeu R$ 200 mil do Governo do Estado, o que também pode levar à apuração de improbidade administrativa.
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