Em um novo editorial publicado neste sábado (13), o jornal francês Le Monde disse que julgamento que declarou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus culpados por tentativa de golpe de Estado e mais quatro crimes “um veredicto exemplar para a democracia”.
No artigo de opinião, o veículo afirmou que a condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão “é uma prova de maturidade para um país que esteve submetido ao arbítrio e à brutalidade de uma ditadura militar”. As informações são do jornal O Globo.
Leia mais
“Essa condenação é exemplar, independentemente dos esforços dos apoiadores de Jair Bolsonaro para aprovar uma lei de anistia. Ela recorda a todos o que deveria ser óbvio: o primeiro princípio da democracia é que o exercício do poder depende do veredicto das urnas, e certamente não do saque às instituições”, disse o texto.
O jornal ressaltou a presença de militares entre os oito réus condenados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, de participação em organização criminosa armada, de dano qualificado e de deterioração de patrimônio tombado.
Além disso, criticou a reação de políticos americanos ao julgamento brasileiro. Logo após a condenação, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que seu país vai “responder adequadamente” ao que definiu como “caça às bruxas”.
Para o Le Monde, “a virulência dessa interferência americana impressiona ainda mais porque o Brasil conseguiu onde a potência que por muito tempo se apresentou como a bússola do mundo livre fracassou”. O veículo faz referência ao resultado das eleições americanas de 2020, que também foi contestado e classificado como fraude pelo então candidato derrotado Donald Trump.
Ao fim, o jornal ponderou que “essa vitória democrática brasileira, no entanto, não é completa”. “A polarização política extrema, da qual os Estados Unidos foram laboratório e que contaminou o Brasil, faz com que o julgamento de 11 de setembro ainda não tenha permitido virar uma página sombria da história do país. Pelo contrário, ele reavivou suas fissuras, apesar do deplorável legado, especialmente ambiental e sanitário, do mandato de Jair Bolsonaro. O desafio da reconciliação ainda precisa ser enfrentado”, disse.
Leia menos