Acabei de ancorar em Belém do São Francisco, a 480 km do Recife, para o lançamento da biografia de Marco Maciel. Será às 19 horas, no Memorial Zé Pereira e Vitalina, berço de inspiração, criação e produção dos bonecos gigantes que desfilam nos carnavais de Olinda.
Foi inaugurado em 2022 pelo prefeito Gustavo Caribé (MDB), que fez questão do ambiente servir de cenário para a noite de autógrafos do livro ‘O Estilo Marco Maciel’. Quem não conhece os bonecos gigantes do Carnaval de Olinda? O que pouca gente sabe é que esses belos objetos de cena não nasceram na cidade histórica, mas em Belém do São Francisco.
Leia maisO primeiro de todos, batizado como Zé Pereira, foi confeccionado em 1919 e, somente 12 anos depois, é que surgiu, inspirado nele, o primeiro boneco de Olinda lançado pelo famoso bloco Homem da Meia-noite. Os bonecos gigantes têm uma inspiração longínqua trazida pelo padre belga Norbetro Phalempin, que chegou Belém do São Francisco em 1903.
Em seus relatos sobre o Velho Continente, o padre teria contado aos jovens belemitas que a Igreja Católica europeia usava bonecos gigantes em suas procissões. Os bonecos representariam personagens bíblicos e seu objetivo, segundo o padre, era atrair os fiéis para os ritos litúrgicos.
Cenário de Senhora do Destino
Às margens do Rio São Francisco, Belém do São Francisco ganhou fama depois numa novela global. Sou apaixonado pelo seu sítio histórico. Seus casarões coloniais belíssimos serviram para a Globo montar uma cidade cenográfica para as primeiras gravações da novela Senhora do Destino, em 2005.
Foram levantadas as frentes das casas de Maria do Carmo (Carolina Dieckmann) e de seus vizinhos, interpretados pelos atores pernambucanos José Fonseca e Daniela Nogueira. Nos primeiros capítulos da novela, numa referência ao romance ‘Vidas Secas’, de Graciliano Ramos, a cachorra Baleia é atropelada ao tentar seguir a família, que embarcara em um pau de arara.
Em uma sequência emocionante, Maria do Carmo (Carolina Dieckmann) e os filhos voltam à estrada e enterram a cadela, para que ela não seja comida pelos carcarás.
A tristeza do momento é pontuada pela canção Asa Branca, entoada por um sanfoneiro cego, em participação especial do músico Alceu Valença. Uma das cenas mais simbólicas da trama é a que a jovem Maria do Carmo dá banho em sua filha no Rio São Francisco. Ficou como uma marca da novela.
O autor da novela é o pernambucano Aguinaldo Silva. Numa outra cena marcante, revela a sequência em que Maria do Carmo reencontra a filha, mas não pode revelar que é sua mãe.
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