Da Agência Brasil
No mesmo dia em que terminou a Cúpula de Líderes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), um tornado atingiu cidades do Paraná, provocou seis mortes e deixou 750 feridos. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil disseram que o fenômeno é mais uma prova da necessidade de ações concretas e investimentos para lidar com os extremos climáticos.
Segundo Carlos Rittl, diretor global de políticas públicas para florestas e mudanças climáticas da Wildlife Conservation Society (organização não governamental internacional), eventos recentes pressionam por compromissos mais efetivos na COP30.
Leia mais“Tivemos o furacão que assolou a Jamaica. Um tufão que passou pelas Filipinas, provocando mais de 180 mortes. E, depois, o mesmo com o Vietnã. Estamos vivendo na era de extremos. E isso impõe uma responsabilidade muito grande ao Brasil na presidência da COP30, assim como dos demais negociadores, a darem respostas”, disse Carlos.
“Por um lado, é reconhecer que a ação está mais lenta do que o necessário no corte de emissões de gases de efeito estufa. E a principal referência continua sendo o Acordo de Paris, para limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. Precisamos evitar que a interferência humana no sistema climático ultrapasse limites perigosos”, complementou.
Uma das críticas comuns entre as organizações ambientais é a de que o tema “adaptação” recebe menos atenção e investimentos do que a “mitigação”. Reduzir as emissões de gases do efeito estufa é fundamental, mas as cidades precisam de investimentos urgentes para aumentarem a capacidade de lidar com os eventos extremos cada vez mais comuns.
“Eu estou em Belém, prestes a iniciar o evento geral da COP30 e é preciso colocar na mesa dos políticos de que esse mapeamento já foi feito pelos cientistas. Todas as projeções apontam para a necessidade de preparar as cidades. E para fazer essa preparação, é obrigatório ter recurso financeiro”, disse Everaldo Barreiros, professor de meteorologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Barreiras explica que a COP em Belém vai discutir esse financiamento para que os países mais vulneráveis aos eventos extremos de mudanças climáticas possam estar preparados e saibam lidar com esses impactos. “Eles são inevitáveis. Precisamos preparar as cidades para diminuir esses prejuízos e, principalmente, proteger a vida”, complementou.
O diretor da Wildlife Conservation Society reforça que os investimentos externos devem estar alinhados com a aplicação dos próprios municípios em medidas de adaptação climática. Cada região vive os impactos de maneira diferente e precisa estabelecer metodologias próprias aos desafios e vulnerabilidades locais.
“Nessa COP, temos como uma das pautas triplicar os recursos disponíveis para apoiar países em desenvolvimento nas suas ações de adaptação e reduzir as suas vulnerabilidades aos impactos das mudanças climáticas”, disse Carlos Rittl.
O especialista ressalta, entretanto, que cada município deve pensar em estabelecer as próprias estratégias de adaptação. “Tivemos as chuvas severas que atingiram o Rio Grande do Sul. Nesses dois últimos anos, aqui na Amazônia, tivemos seca muito severa, o que agravou a situação dos incêndios. São exemplos que mostram ser necessária essa ação local.”
Leia menos
Menos de vinte dias após ser anunciado como novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL) lança seu primeiro programa à frente da pasta: o Governo na Rua. A iniciativa prevê uma série de reuniões em regiões periféricas do país para ouvir demandas da população e aproximar o governo federal das comunidades.
O lançamento está marcado para este sábado (8), em São Paulo. Boulos deve inaugurar o projeto no Morro da Lua, no Campo Limpo, zona sul da capital — comunidade com a qual mantém ligação simbólica. Morador da região há anos, ele escolheu a comunidade para realizar a convenção que marcou o início de sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo, em 2020. As informações são do jornal O Globo.
Leia maisComo mostrou O GLOBO, a escolha de Boulos para a Secretaria-Geral é vista como uma tentativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de reaproximar os movimentos sociais a um ano das eleições municipais. O deputado do PSOL substituiu Márcio Macêdo e protagonizou a 13ª mudança no primeiro escalão desde o início do mandato.
Com a troca, Lula quer colocar à frente da pasta — responsável pela interlocução com a sociedade civil e movimentos sociais — um nome com forte capacidade de mobilização e diálogo direto com as bases. No Planalto, a avaliação é de que a presença de Boulos pode ajudar a engajar entidades populares em pautas do governo, fortalecer a comunicação com jovens e ampliar o alcance político do presidente.
Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos construiu sua trajetória no ativismo social e tem forte presença nas redes. “Minha principal missão será ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil. Minha grande escola de vida e de luta foi o movimento social brasileiro, e levarei esse aprendizado agora ao Planalto”, escreveu nas redes sociais ao ser escolhido para o cargo.
Com sua nomeação, o PSOL passa a comandar dois ministérios: além da Secretaria-Geral, o partido já está à frente da pasta dos Povos Indígenas, com Sonia Guajajara. Boulos também deve assumir papel central nas negociações sobre a regulamentação do trabalho por aplicativos — promessa de campanha de Lula em 2022 que ainda não saiu do papel.
Leia menos
O Governo de Pernambuco publicou neste sábado (8), no Diário Oficial do Estado, a nomeação de 717 novos servidores aprovados em concursos públicos. A convocação contempla diferentes áreas da administração estadual, com destaque para a segurança pública, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) e a educação. Do total, 419 cargos são destinados à Polícia Civil, sendo 49 delegados, 141 escrivães e 229 agentes. Também foram nomeados 40 integrantes da PGE e 258 analistas e assistentes da Secretaria de Educação.
A governadora Raquel Lyra afirmou que a nomeação reforça o compromisso da gestão com o fortalecimento do serviço público. “São mais de 700 novos servidores estaduais que representam mais um passo no fortalecimento do nosso serviço público. Vamos ampliar a capacidade técnica do Estado e garantir mais eficiência e qualidade na atuação da PGE e na Educação, que é prioridade no nosso governo”, pontuou.
Na área da segurança, os novos servidores vão reforçar o efetivo da Polícia Civil dentro do programa Juntos pela Segurança, que vem promovendo ações estruturantes para melhorar o atendimento à população. “Os novos policiais irão ampliar o efetivo da corporação e reforçar a segurança pública de Pernambuco”, disse o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho.
Na Procuradoria Geral do Estado, os 40 nomeados atuarão nas procuradorias especializadas, em áreas como gestão pública, engenharia e cálculos judiciais. Já na Educação, serão 216 assistentes administrativos e 42 analistas em gestão educacional. Após a publicação da nomeação, os convocados terão 30 dias para tomar posse, prazo que pode ser prorrogado. Caso não o façam, perderão o direito à vaga.
A demissão de dezenas de servidores contratados pela Prefeitura de Iguaracy, no Sertão do Pajeú, causou forte reação entre moradores. A medida, tomada nos últimos dias, deixou diversas famílias sem renda e gerou críticas à gestão municipal pela falta de diálogo e planejamento antes da decisão.
Enquanto cidades vizinhas reduziram gastos com eventos e publicidade para equilibrar as contas, Iguaracy optou por cortar contratos de trabalho. A decisão provocou indignação nas redes sociais, onde moradores e ex-servidores cobram explicações e maior sensibilidade por parte da administração.
A Prefeitura ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. As informações são do blog Mais Pajeú.
Do jornal O Globo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou neste sábado para o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para reclamar da escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do projeto de lei que cria a chamada Lei Antifacção, proposta enviada pelo governo ao Congresso nesta semana. A informação foi publicada pelo blog de Valdo Cruz e confirmada pelo O GLOBO com auxiliares de Motta.
Segundo relatos, Lula demonstrou incômodo com a indicação de Derrite, secretário licenciado de Segurança Pública de São Paulo e aliado do governador Tarcísio de Freitas, nome cotado para disputar a Presidência em 2026. O presidente preferia que o relator fosse um parlamentar considerado mais neutro, diante da polarização entre o governo e a direita no debate sobre segurança pública.
Leia maisHugo Motta assegurou ao presidente que a relatoria será conduzida de forma técnica, sem viés político, e reiterou que o texto do governo não será apensado a propostas que equiparem facções criminosas a organizações terroristas — ponto sensível para o Planalto. Lula já havia se manifestado contra essa equiparação, por avaliar que ela abriria brechas para intervenções estrangeiras no país sob a justificativa de combate ao terrorismo.
Em publicação feita no X, Motta afirmou que a segurança pública é uma “pauta suprapartidária e uma urgência nacional” e disse que vai trabalhar para que a Câmara aprove o projeto ainda neste ano. Segundo ele, o relatório de Derrite “preserva avanços do projeto do governo federal e endurece as penas contra o crime”. O deputado acrescentou que o tema deve servir como “ponto de unidade” entre governo, Congresso e sociedade: “Quando o tema é segurança, não há direita nem esquerda, há apenas o dever de proteger.”
O texto relatado por Derrite propõe equiparar o tratamento penal das facções criminosas a atos de terrorismo, sem classificá-las formalmente como organizações terroristas. O substitutivo endurece penas, amplia o confisco de bens e permite bloqueio imediato de recursos usados por grupos criminosos.
Leia menos
O ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal), acompanhou o relator, ministro Alexandre de Moraes, e votou para aceitar a denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República) e tornar réu Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes acusado de vazar informações sigilosas.
Com o voto de Zanin, o placar ficou em 2 a 0. Como o caso tramita na 1ª Turma do tribunal, falta apenas um voto para formar maioria. Ainda faltam as manifestações de Cármen Lúcia e Flávio Dino, que têm até meia-noite de sexta-feira (14) para depositarem seus votos no plenário virtual. Os magistrados ainda podem pedir vista, suspendendo a análise do caso, ou destaque, levando o debate para o plenário físico. As informações são da CNN Brasil.
Leia maisZanin acompanhou integralmente o voto de Moraes, que se posicionou para aceitar a acusação de PGR contra Tagliaferro por todos os quatro crimes citados na denúncia: violação de sigilo funcional; coação no curso do processo; obstrução de investigação envolvendo organização criminosa; e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O magistrado disse que Tagliaferro reforçou a “campanha de deslegitimação das instituições” com o vazamento de mensagens e dados sigilosos, criando um “ambiente de intimidação institucional”.
Quem é Eduardo Tagliaferro
Tagliaferro ocupava o cargo de assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação. Ele é acusado de vazar para a imprensa diálogos sobre assuntos sigilosos que ele manteve com servidores do gabinete de Moraes tanto no STF quanto no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). As mensagens em questão indicam que o ministro teria usado a Corte Eleitoral para investigar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em fevereiro, Tagliaferro foi indiciado pela PF (Polícia Federal) por violar o sigilo funcional, com dano à administração pública. Com base em arquivos obtidos no celular do ex-assessor, a PF afirma que o vazamento ocorreu de forma proposital.
Quatro meses depois, em julho, Tagliaferro se mudou para a Itália. Do exterior, ameaçou que iria revelar bastidores do gabinete de Moraes. Em agosto, a PGR apresentou uma denúncia contra ele.
Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Tagliaferro aderiu às condutas da organização criminosa investigada nos inquéritos da trama golpista — relatados por Moraes —, das fake news e das milícias digitais. O PGR disse ainda que os diálogos foram relevados para atender aos “interesses ilícitos” da organização, que agia para disseminar notícias falsas contra o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas, “bem como pela tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”.
Tagliaferro foi detido na Itália em outubro, após Moraes pedir a sua extradição.
Leia menos
O ministro da Educação, Camilo Santana, garantiu que nenhum inscrito no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) será prejudicado em razão do tornado que atingiu o Paraná. O fenômeno causou destruição na região central do estado, deixando pelo menos seis mortes e mais de 700 feridos.
Camilo Santana, em vídeo publicado nas redes sociais neste sábado (8), informou que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) deve anunciar uma nova data para a aplicação das provas nos locais afetados. As informações são da CNN Brasil.
Leia mais
“Deixar um recado claro aqui que nenhum inscrito no Enem será prejudicado por conta dos acontecimentos do Paraná. Aqueles que não poderão fazer a prova terão direito a fazer uma reaplicação em uma data que será anunciada pelo Inep”, afirmou o ministro.
Neste sábado (8), o ministro Camilo Santana se reuniu no Ministério da Educação com o Inep para acertar o planejamento da aplicação do primeiro dia de provas do Enem neste domingo (8).
Como mostrou a CNN, a Seed-PR (Secretaria de Estado da Educação do Paraná) suspendeu a aplicação das provas no município de Rio Bonito do Iguaçu em razão dos danos provocados pelo tornado que devastou a cidade.
Leia menos
Do jornal O Globo
Quando a presidente do TSE, Cármen Lúcia, abriu na última terça-feira (4) a sessão do julgamento da cassação do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e do presidente da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), todos no plenário já sabiam que a noite acabaria com um pedido de vista e que o desfecho do processo não ocorreria ali.
Os dias anteriores tinham sido marcados por conversas duras, “climão” entre ministros e uma guerra de lobbies que pavimentaram o caminho da suspensão.
Leia maisTudo começou quando Cármen decidiu pautar o julgamento, no dia seguinte à operação policial mais letal da história do Rio, que resultou na morte de 121 pessoas e colocou o Palácio Guanabara em rota de colisão com o Palácio do Planalto.
O caso foi liberado pela relatora, Isabel Gallotti, e estava pronto para entrar na pauta desde junho, mas até então Cármen o vinha mantendo na gaveta. A decisão da presidente do TSE de finalmente marcar o julgamento na sequência da operação não só pegou de surpresa os outros ministros como acendeu o sinal de alerta no entorno de Castro e Bacellar, que passaram a falar em oportunismo.
“Isso é preocupante”, afirmou um ministro do TSE, que considerou “muito ruim” o agendamento logo após a operação policial no Rio. “Aparenta oportunismo político.”
Antes mesmo que a tropa de Castro em Brasília entrasse em ação, porém, a própria Gallotti abordou Cármen na sala de togas, onde os ministros costumam lanchar, conversar antes das sessões e acertar estratégias para os julgamentos.
Segundo apurado pelo Globo, Gallotti se mostrou incomodada com o momento político para a análise do caso. A relatora então sugeriu duas possibilidades: simplesmente adiar o início do julgamento ou suspendê-lo após a leitura do voto, já que Gallotti deixa o TSE no próximo dia 21, quando termina o seu mandato.
Mas Cármen insistia que o julgamento deveria prosseguir e sem interrupções, o que chamou a atenção de colegas: toda a pressa que a presidente não teve desde junho para pautar, ela demonstrava agora para definir a situação do governador.
A tensão entre as duas só diminuiu, segundo relatos, quando o ministro Antonio Carlos Ferreira entrou na conversa e avisou que pediria vista, como acabou ocorrendo. Pelo regimento do TSE, Antonio Carlos tem até 60 dias para devolver o processo, o que pode fazer com que o caso só volte à pauta do tribunal em fevereiro, já que os prazos processuais são congelados durante o período de recesso de fim de ano.
A solução proposta por Antonio Carlos permitiu a Gallotti ler o voto – que foi duro, pela cassação de Castro e Bacellar e a declaração de inelegibilidade dos dois — e ainda favoreceu a estratégia das defesas.
Castro, Bacellar e o ex- vice-governador Thiago Pampolha – que deixou o cargo para assumir o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio – são acusados de abuso de poder político e econômico no chamado “escândalo do Ceperj”.
No caso, revelado pelo UOL em 2022, descobriu-se a existência de uma “folha de pagamento secreta” do governo do Rio, com 20 mil pessoas nomeadas para cargos temporários no próprio Ceperj e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), incluindo aliados e cabos eleitorais do governador.
Timing
O entorno de Castro aposta em uma série de pedidos de vista para empurrar o desfecho do julgamento quando o ministro Kassio Nunes Marques já tiver assumido a presidência do TSE. Indicado ao STF por Jair Bolsonaro, Nunes Marques é um ministro com mais trânsito na classe política, mais próximo de lideranças do Centrão e, no mapa de votos, considerado mais inclinado a salvar Castro – ou seja, é oposto de Cármen, que deixa o comando do tribunal em junho do ano que vem.
“Qualquer momento do julgamento vai ser ruim a partir de agora”, disse ao Globo um ministro do TSE ouvido em caráter reservado. Para uma ala do tribunal, os ministros terão de “escolher o mal menor”, considerando as consequências políticas do caso, que se terminar com a cassação deverá levar à realização de novas eleições no Rio a menos de um ano do pleito marcado para outubro do ano que vem.
Terceiro maior colégio eleitoral do país, o Rio nunca viu um governador no exercício do mandato ser cassado pelo TSE.
Pressão
Diante da decisão de Cármen, políticos próximos a Castro passaram a procurar os ministros e aliados pedindo a suspensão do julgamento – um lobby que teria reunido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil) ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD).
De outro lado, pelo menos dois ministros do STF e políticos ligados ao governo pressionaram integrantes do TSE para antecipar o voto e já formar um placar pela cassação do governador, mesmo com o pedido de vista.
Além disso, os advogados de defesa – uma espécie de “força-tarefa” jurídica formada por seis ex-ministros do TSE – também acionaram seus contatos na Corte para tentar convencer os ministros a empurrar a definição do processo mais para frente.
Em meio à tensão que se estabeleceu dentro e fora do tribunal, as defesas ainda tentaram uma última jogada: uma questão de ordem que, se aceita, poderia levar ao arquivamento do caso.
Ao longo dos dois dias de intensa peregrinação por gabinetes e conversas de pé de ouvido, todos foram informados de que prevaleceria a suspensão do julgamento, que a questão de ordem seria descartada e que nenhum ministro anteciparia o voto.
Constrangimento no plenário
Mas o mal-estar no TSE não ficou restrito aos bastidores, antes da sessão. Durante, também houve diversos momentos de incômodo e constrangimento no plenário.
Primeiro com Cármen Lúcia, por sugerir que os advogados dos réus tivessem, cada um, direito a apenas dois minutos de sustentação oral – o Ministério Público, autor de uma das ações, teve direito a dez.
Ao final, depois de diversas partes desistirem de falar para que os advogados tivessem um pouco mais de tempo, as defesas de Castro e Bacellar tiveram 7 minutos e 30 segundos. O de Pampolha teve cinco. O processo reúne ao todo 12 réus, entre candidatos eleitos e secretários de Castro.
A postura da relatora, Galloti, também causou incômodo.
A ministra só distribuiu o voto aos outros seis integrantes do TSE, impresso em um envelope, durante a própria sessão, em uma estratégia para impedir vazamentos. Na prática, a decisão de não compartilhar antecipadamente o inteiro teor do voto não permitiu que os ministros estudassem os argumentos, ainda que a conclusão de Gallotti já fosse prevista por todos.
Além dos ministros, também recebeu o voto durante a sessão o vice-procurador-geral eleitoral, Alexandre Espinosa, que no caso não atua apenas como representante do Ministério Público e “fiscal da lei”, mas também é autor de um dos recursos pela cassação.
Isso levou o advogado Fernando Neves, responsável pela defesa de Castro, a reclamar e pedir “tratamento isonômico”: que, assim como o vice-procurador geral eleitoral, Alexandre Espinosa, os advogados dos réus também pudessem ter acesso ao inteiro teor do voto, já que parte dele havia sido lida, mas outros trechos não.
Gallotti, porém, respondeu que os advogados poderiam transcrever o voto dela ouvindo a sessão pelo YouTube. “Foi uma situação constrangedora e a resposta da Isabel foi grosseira”, criticou um colega da ministra.
Durante a leitura do voto, que se estendeu por quase duas horas, a ministra chamou de “Marcelo Frouxo” o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, autor de uma das ações, e errou repetidas vezes o sobrenome de “Pampolha”, chamado por ela de “Pamplona”.
Ao final, defendeu até mesmo a cassação do mandato de Pampolha, mesmo ele tendo deixado o cargo em maio deste ano para assumir uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – e, por isso, só podendo ser punido com inelegibilidade (algo afastado pelo Ministério Público) ou multa. Depois, a ministra se corrigiu e pediu desculpas.
Como o mandato de Gallotti no TSE termina no fim deste mês, quando o julgamento de Castro for concluído, ela não vai estar mais na Corte Eleitoral.
O que diz o TSE
Procurada, Gallotti não se manifestou. O TSE informou que o voto da relatora será “disponibilizado com o final do julgamento, quando será proferido o acórdão pelo Tribunal Superior Eleitoral”.
Leia menos
A ex-prefeita de Itaíba, Regina da Saúde, pré-candidata a deputada estadual, marcou presença ontem (7) no 5º Festival de Economia Criativa de Arcoverde, promovido pelo Sesc. O evento celebra a força da cultura, do artesanato e do empreendedorismo sertanejo, reunindo artistas, produtores e empreendedores da região.
Durante a visita, Regina foi recebida com carinho por amigos e apoiadores, entre eles o vereador João Taxista, o ex-secretário de Esportes Thiago Santana e o Capitão Vieira. Ela percorreu os estandes, conversou com artesãos e destacou a importância de iniciativas que valorizam o trabalho local. “Arcoverde é uma cidade irmã de Itaíba. Tenho um carinho enorme por esse povo, que sempre me recebeu com respeito e amizade”, afirmou.
A ex-prefeita também elogiou o papel do Sesc na promoção do evento, ressaltando que a economia criativa é um instrumento de inclusão e desenvolvimento no Sertão. “Quando o Sesc promove um festival dessa grandeza, ele dá visibilidade a quem vive de seu talento e incentiva a autonomia das famílias empreendedoras”, disse. Regina lembrou ainda que, durante sua gestão em Itaíba, investiu em políticas de incentivo ao comércio local, ao artesanato e ao empreendedorismo feminino.
Com a publicação do acórdão das condenações sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu prazo para que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresente os últimos recursos. O principal deles é o embargo de declaração, que pode ser protocolado em até cinco dias. Depois dessa etapa, o ministro Alexandre de Moraes deve encerrar o processo, tornando as penas definitivas e abrindo caminho para uma eventual prisão. As informações são da CNN Brasil.
Enquanto isso, a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape) já começou a discutir os preparativos para o caso de Bolsonaro ser preso. De acordo com a CNN, o órgão pediu a Moraes que o ex-presidente passe por uma avaliação médica para saber se ele poderia cumprir pena em uma unidade prisional de Brasília. O ministro, no entanto, negou o pedido por considerar o momento inadequado.
Um dos locais cogitados é o Complexo Penitenciário da Papuda, onde estão outros condenados pelos atos de 8 de janeiro. Mesmo assim, a defesa de Bolsonaro deve pedir prisão domiciliar, alegando idade e problemas de saúde.
Os recursos que ainda restam devem ser analisados nos próximos dias. Depois disso, se o STF confirmar o fim das possibilidades de recurso, Moraes poderá determinar o início do cumprimento da pena — o que deixaria o ex-presidente mais perto de uma prisão.
O chorinho, ou choro, é um gênero musical brasileiro instrumental que surgiu no Rio de Janeiro no final do século XIX, conhecido por sua melodia envolvente e ritmo animado. É considerado um Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e foi fundamental para a identidade cultural do País.
Aos sábados, quando estou no Recife, venho matar a minha saudade do mais autêntico chorinho no Bar Chef, no Riomar. O gênero é uma fusão de influências musicais europeias, africanas e indígenas e foi popularizado por músicos como Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth.
Por Áureo Cisneiros*
Pernambuco vive uma crise silenciosa, mas devastadora: a do abandono da sua Polícia Civil. A instituição responsável por investigar crimes, desarticular quadrilhas e garantir justiça à população está agonizando — não por falta de vontade dos seus profissionais, mas por falta de compromisso político e estrutural do Governo do Estado.
Hoje, são mais de 94 mil inquéritos sem investigação e 14 mil inquéritos de homicídios paralisados. Cada processo parado é um crime sem resposta, uma família sem justiça e um criminoso à solta. É a impunidade institucionalizada, o maior combustível da violência.
Leia maisAs Delegacias da Mulher, que deveriam ser símbolo de acolhimento e proteção, funcionam de forma precária (a dpmur de Prazeres está caindo aos pedaços) e interrompem o atendimento à noite, nos fins de semana e feriados, justamente quando as vítimas mais precisam de ajuda. Esse é o retrato real de um Estado que figura entre os mais violentos do país.
Enquanto isso, os policiais civis de Pernambuco recebem o pior salário do Brasil. E não é por falta de promessa: a própria governadora Raquel Lyra, ainda candidata, esteve no SINPOL e assinou um termo público de compromisso, prometendo valorização e melhores condições para a categoria. Hoje, essa promessa virou silêncio e frustração.
O governo anunciou com grande alarde mais de R$ 2 bilhões em investimentos na segurança pública. Mas, até agora, esses recursos não chegaram às delegacias, nem às investigações, nem aos policiais civis. Nenhuma melhoria concreta, nenhum avanço visível.
A pergunta é inevitável: será que esses investimentos só aparecerão em 2026, quando o calendário eleitoral exigir propaganda? Enquanto o governo investe em publicidade, as delegacias caem aos pedaços e os policiais adoecem por falta de estrutura e reconhecimento.
Faltam melhores equipamentos, tecnologia e valorização salarial (o policial de Pernambuco ganha uma vergonha de salário). Falta tudo — menos coragem e compromisso dos profissionais que continuam nas ruas, sustentando o que resta da credibilidade da segurança pública pernambucana. Mas nenhum herói resiste ao abandono.
A verdade é simples: sem valorização, não há investigação; sem investigação, não há justiça; sem justiça, não há paz. O povo vive com medo, e os policiais, com o sentimento de abandono. O resultado disso é um Estado refém da violência e da impunidade.
Governadora, a palavra de um político é sua maior riqueza. Ninguém aguenta mais tanta violência, tanta propaganda e, de concreto, tão pouco. Cumpra com o que a senhora prometeu aos policiais civis e ao povo pernambucano. Cumpra, Raquel. O povo está esperando — e a história também.
*Presidente do SINPOL-PE
Leia menos