Por José Roberto Padilha
O Santa Cruz FC, dirigido por Evaristo de Macedo, foi uma máquina de jogar futebol, no fim dos anos 80 (Joel Mendes, Carlos Alberto Barbosa, Lula Pereira, Levir Culpi e Pedrinho; Givanildo, Wilson Carrasco, Betinho e eu; Nunes e Fumanchú). O clube enfrentou o Palmeiras, no Parque Antártica, pelas semifinais do Brasileiro de 78.
Na preleção, Evaristo nos deu uma missão: anular Rosemiro, naquela ocasião, lateral da nossa seleção. E sem perder a ironia, seu conhecido sarcasmo, completou: “Os dois não vão jogar. Como ele joga muito e você não joga nada…”
Leia maisRosemiro não jogou e Luiz Fumanchú (2) e Nunes (1) contra 1 de Toninho, garantiram nossa histórica vitória, cuja recepção à delegação no Aeroporto de Guararapes, parou o Recife. Fomos recebidos como heróis.
Se, hoje, os treinadores tivessem a humildade de sacrificar uma peça para anular uma outra que faz a diferença, uma marcação homem a homem sobre Bruno Henrique, por exemplo, talvez o Botafogo não teria perdido o clássico.
Serão sempre onze contra onze, mas, quando no time adversário um joga por dois, é melhor sacrificar um dos nossos. Ou no pôquer não tem blefe? Na sinuca não tem sinuca?
No auge da marcação em cima, saía de campo para tomar água ao seu lado, e Rosemiro me mandou tomar naquele lugar, entre outros elogios. Porém, já tinha desenvolvido um antídoto: “Desculpe, amigo, mas meu treinador mandou anular o melhor do time!”
Vaidosos, até queriam confirmação. “Evaristo disse mesmo? Que sou o melhor do time!” E aí até relaxavam. Mesmo sendo eliminados dentro de casa.
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