Quando governador, Miguel Arraes gostava de comprar suas becas do dia a dia na Ele e Ela, do empresário Assis Farinha, hoje com a marca Monserraz. O capricho na escolha ficava por conta do gerente Chico Nascimento, há mais de 40 anos na loja. Verdadeiro gentleman, Chico vestiu, literalmente, os mais importantes chefes de Estado, de Moura Cavalcanti até Arraes.
A medição do paletó completo, para autoridades, especialmente governadores, sempre ocorre na residência oficial, o Palácio do Campo das Princesas, uma das sete maravilhas do reino encantado de Pernambuco. Ambiente que lembra os palacetes de despachos de nobres do Velho Mundo, o Palácio das Princesas se reveste de tamanha beleza que encanta a todos.
Leia maisJá deveria ter virado um museu, aberto ao público, para deixar os turistas mais encantados ainda com a terra de Maurício de Nassau. O que mais enche os olhos são os seus jardins, o varandão. Nas suas cercanias jaziam, a oeste, os escombros do que outrora foi o Palácio de Friburgo, sede do governo nassoviano durante as invasões holandesas.
Sua construção é datada de meados do século XIX, quando, em 1841, o então governador Francisco do Rego Barros, futuro Conde da Boa Vista, mandou o engenheiro Firmino Herculano de Morais Âncora construir o Palácio Provincial que a República transformaria em Palácio do Estado.
Em 1859 sofreu uma reforma para hospedar o imperador Dom Pedro II, a imperatriz Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias e suas filhas, ocasião em que recebeu o nome de Campo das Princesas. Inicialmente, dado ao jardim, depois estendendo-se a denominação ao Palácio. Em 1967, o Palácio chegou a servir de sede para o governo da República, na época do presidente Arthur da Costa e Silva e do governador Nilo de Sousa Coelho.
Chamado por dona Magdalena Arraes, viúva do ex-governador, Chico, com a trena nas mãos, fica a contemplar os jardins à espera do cliente especial Miguel Arraes, que gostava de ternos brancos, cor preferida dos velhos coronéis e do patriarcado nordestino. Chico estava tão deslumbrado que não percebeu a chegada de Arraes, na companhia de dona Magdalena.
Para não dar a entender que estava desligado e não se tocara com a chegada de Arraes, Chico puxou conversa, elogiando a beleza dos jardins, quando Arraes, no seu estilo bem-humorado, tacou: “Não se impressione tanto. Isso aqui é um inferno”!
Era ano de eleição, 1998, Arraes disputava um novo mandato enfrentando Jarbas Vasconcelos, de quem levou a maior surra eleitoral da sua carreira política, com mais de 1 milhão de votos de diferença.
Dona Magdalena, que parece ter sido contaminada pelas tiradas bem humoradas do velho companheiro, não perdeu a oportunidade para deixá-lo numa saia justa. E sapecou: “Que inferno é esse, Miguel, que você quer continuar nele?
Chico tirou as medidas do terno de Arraes rindo sem parar.
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