Por Juliana Albuquerque – repórter do blog
A situação das redes conveniadas ao Sassepe que realizam o atendimento médico dos servidores e seus familiares não está fácil. Parece piada, mas com mais de R$ 280 milhões em dívidas, o Governo do Estado propôs pagar os atrasados com um desconto de 40% do saldo devedor. E o pior, que o pagamento dos atrasados fosse feito no período de dois anos sem juros.
Tal proposta, apresentada ontem durante encontro no Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas do Estado de Pernambuco (Sindhsope), tem sido considerada um absurdo pelas redes conveniadas que atendem os usuários do Sassepe.
Leia mais“Foi uma proposta muito mesquinha e muito ruim da parte do Governo, porque o prestador que já está com um atraso de mais de seis meses será obrigado a abrir mão de 40% a que tem direito e ainda dividir em 24 vezes. Quem não concordar, a proposta é que esse mesmo prestador, que já vem bancando para não suspender os atendimentos aos usuários, procure a justiça para receber”, afirma um prestador credenciado sob sigilo ao Blog.
Um outro prestador, que também pediu para que seu nome fosse preservado nesta publicação, revelou que se de fato a proposta final do Governo seja essa, além dos credenciados, que já vêm sofrendo com os constantes atrasos, os maiores penalizados serão os usuários.
“A gente vem bancando os atendimentos há mais de um ano na expectativa que o Estado reponha os custos de diárias, já defasadas, por sinal, desses atendimentos. Há instituição que já esgotou todas as reservas mantendo o serviço ao servidor e seus familiares. O que acontece agora é que quem ainda não deixou de atender, vai começar a se descredenciar do Sassepe. Com menos credenciados, mais os servidores que dependem da rede credenciada, visto que o Hospital dos Servidores não consegue absorver a demanda, vai sofrer em busca de atendimento”, revela.
Audiência pública
É fato que a crise do Sassepe não surgiu agora. Ela foi uma herança maldita deixada pela gestão passada. Mas é fato também que quando se assume a administração de um Estado, assume-se com o bônus e o ônus. Portanto, o pagamento dos atrasados da rede credenciada do Sassepe é um ônus que tem que ser assumido à altura da responsabilidade que compete a qualquer governo e com propostas que não penalizem quem tal somente prestou os serviços contratados.
É justamente com o objetivo de ampliar esse debate sobre a situação administrativa e financeira do Sassepe, que o deputado e presidente da Comissão de Administração Pública da Alepe, Joaquim Lira, convocou os parlamentares para participar de debate público. Será na próxima terça-feira (16), a partir das 10h30, no auditório Ênio Guerra.
“Vamos em busca de uma solução conciliatória que vise atender a todos, ou será instaurado um caos na saúde do servidor do estado que tem seu recolhimento mensal descontado em folha e poderá não ter onde recorrer quando precisar de atendimento de saúde. Se contarmos esses 40% que o governo quer tirar com os 20% da emissão das notas fiscais, o que sobra, sem as devidas correções e ainda dividido em 24 meses, não cobre os custos que já tivemos e o que vamos continuar a ter se mantivermos o credenciamento com o Sassepe ”, revela a diretoria do Sindhospe.
Ainda informações da diretoria do Sindhospe, além de receber o que já foi produzido, a categoria pretende cobrar na audiência pública na Alepe uma solução da parte do governo que promova a sustentabilidade das prestadoras de serviço.
“Havia sido prometido que o grupo de trabalho instituído pelo governo criaria um modelo de nova gestão, mas esse modelo não foi apresentado junto com a proposta de pagamento na última quarta, conforme prometido”, destaca a direção do sindicato, que reforça o desejo de todos para que uma solução seja apresentada na próxima terça.
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