Por Flávio Chaves*
O que era promessa se confirmou com brilho e emoção na madrugada deste domingo, 3 de agosto. O pernambucano Rafael Câmara, aos 19 anos, escreveu uma das páginas mais marcantes do automobilismo brasileiro ao vencer a corrida principal do GP da Hungria e sagrar-se campeão da Fórmula 3 com uma etapa de antecedência. Um feito gigante, digno de quem carrega no peito o talento nato e, nas veias, o sangue quente do Recife.
Piloto da equipe Trident, Rafael cruzou a linha de chegada em Budapeste com a leveza de quem venceu muito mais do que uma prova: venceu o tempo, os obstáculos, a distância da família, a dureza da estrada — e consagrou uma trajetória construída com suor, persistência e fé no sonho.
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“Estou muito feliz, principalmente com o trabalho da equipe. Desde o começo da temporada, fomos constantes, e isso fez a diferença para conquistar o título antes da última etapa”, declarou, emocionado, em entrevista à repórter Mariana Becker.
A vitória na Hungria coroou uma temporada irrepreensível. Com três vitórias em corridas principais, consistência em todos os fins de semana e um foco obstinado, Rafael dominou a F3 com a maturidade de quem já vislumbra o próximo passo: a Fórmula 2 em 2026, e, quem sabe, a Fórmula 1 em breve.
Mas, por trás do capacete, existe o menino que começou no kart aos seis anos, em Recife, correndo com apenas dez pilotos no grid. E é impossível não reconhecer o papel fundamental de seus pais, Maru Câmara e Paula Chaves Câmara, que foram os primeiros a acreditar, mesmo quando o futuro parecia incerto.
“Meus pais sempre pensavam se deveriam continuar, se dava para seguir… e eu sempre conseguia surpreender de algum jeito. Eles não queriam tirar esse sonho de mim. Ver hoje todo mundo torcendo, a família mandando mensagem, é até uma pressão a mais — mas uma pressão boa”, revelou o campeão.
Agora, após nove corridas intensas, Rafael planeja descansar com os pais, os amigos e a família. A participação ainda em 2025 em provas da F2 está sendo considerada, mas o foco principal é 2026, e tudo indica que as negociações já estão avançadas.
“Tenho uma ideia, mas não posso falar ainda. Provavelmente já nessas férias vai estar assinado. Depois de Monza, a ideia é focar completamente na Fórmula 2 e começar o ano do jeito certo”, disse, com a serenidade de quem sabe o caminho que trilha.
A última etapa da F3 será em Monza, na Itália, em setembro. Mas, para Rafael Câmara, o campeonato já está vencido. E não é apenas um troféu que ele leva para casa — é o reconhecimento mundial de que o Brasil, mais uma vez, revela ao mundo um talento de ouro.
De Recife para Budapeste, das pistas do kart aos holofotes do automobilismo europeu, Rafael Câmara é hoje símbolo de uma nova geração e motivo de imenso orgulho para Pernambuco.
*Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras
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