Por José Adalbertovsky Ribeiro*
MONTANHAS DA JAQUEIRA – A imagem é recorrente: o Brazil é um vulcão com pele de cordeiro e o vulcão está em erupção. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, é um democrata e um gentil-homem cercado de lobos e carcarás nas latitudes federais. Haverá conciliação nacional, conforme preconizado? Os índios estão pintados de urucum vermelho de guerra.
Mudando de assunto: filho de Seu Dondinho e Dona Celeste, o menino Dico era um negrinho abençoado por Deus e bonito por natureza. Antes dele a bola era quadrada. Pelé inventou a bola redonda, dominou a pelota e tornou-se o Rei do Futebol.
Luizinho, filho de Seu Januário e Dona Santana, era um menino levado da breca nas terras sertanejas do Araripe. Recebeu de presente de Seu Januário uma sanfona feita nas minas de ouro do coração sertanejo. Com sua cara de lua nova sob o brilho do luar sertanejo, Luiz fez-se o Rei do Baião.
Roberto Carlos tinha no peito a sonoridade das cachoeiras de Itapemirim. Com emoção e talento, foi aclamado Rei da Jovem Guarda, Rei da Canção brasileira. É um coração iluminado.
Lampião, rei do cangaço, é a historia escrita pelo avesso. Chico Anísio e Jô Soares são os reis do riso.
Todo o poder da Monarquia tropical emana do talento das almas auriverdes.
Dão Pedro II foi destronado pelo golpe de Estado de República, mas a Monarquia brasileira vive.
Todos os súditos proclamam a nobreza de Pixinguinha, Noel Rosa, Tom Jobim, Villa-Lobos, Waldir Azevedo, João Pernambuco, Catulo – eles tangem as cordas de violino de nossos corações. Machado de Assis, Manuel Bandeira, Nelson Rodrigues, Drummond, Castro Alves, Augusto dos Anjos, estes compõem a epopeia das letras nacionais. São os estadistas das letras e das melodias.
O rei da carne de sol, rei das baterias, rei do brega, rei do gado, rainha da sucata, rainha do bumbum , rei da fuleram, quantas majestades e quanta criatividade!
Esta também é uma república povoada por safadões, cafuçus e almas sebosas. Pior são os cafuçus corruptos e autoritários, de índole má.
Se Lampião, rei do cangaço, não tivesse sido massacrado, torturado e decapitado pelas volantes policiais na gruta de Angicos (SE) em 1938, Maria Bonita seria a nossa rainha-consorte, ou princesa regente na linha da Princesa Izabel. As volantes policiais cometiam tantas atrocidades quando os cangaceiros, tai o historiador Frederico Pernambucano da gema, príncipe dos historiadores, que não me deixa mentir. O cangaceiros foram esfolados e decapitados a sangue frio, a chamada “gravata vermelha”, em nome da lei e da ordem. As volantes de hoje prendem, arrebentam e censura também em nome da lei e da ordem.
O beato Antônio Conselheiro e seus seguidores também foram massacrados e barbarizados pelas forças republicanas da lei e da ordem. Disseram que eles espalhavam o ódio contra a República porque viviam no Arraial de Canudos, no Interior da Bahia, sem pagar impostos, sem render obediência aos sacramentos da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana e sem puxar cobra para os pés nas fazendas dos coronéis. 25 mil camponeses famélicos foram barbarizados pelas tropas federais em nome da “pax” republicana.
Arriba, leitores Magnaneanos, monarquistas e republicanos da Nova Lusitânia.
*Periodista e escritor