Já estou nos estúdios da Triunfo FM 87,9, em Triunfo, onde apresento, a partir das 18 horas, o Frente a Frente, hoje com a sonoplastia de Priscila Viih.
Já estou nos estúdios da Triunfo FM 87,9, em Triunfo, onde apresento, a partir das 18 horas, o Frente a Frente, hoje com a sonoplastia de Priscila Viih.
Por AFP
Um navio de guerra americano chegou neste domingo (26) a Trinidad e Tobago, pequeno arquipélago localizado em frente à costa da Venezuela, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensifica sua pressão sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
O destróier USS Gravely foi visto na manhã de domingo no litoral da capital, Port of Spain, segundo jornalistas da AFP. A chegada do navio e de uma unidade de fuzileiros navais para realizar exercícios conjuntos com o exército local havia sido anunciada na quinta-feira pelo governo de Trinidad e Tobago, país de língua inglesa com 1,4 milhão de habitantes. O destróier permanecerá atracado na capital até quinta-feira.
Leia maisDesde agosto, Washington tem enviado navios de guerra ao Caribe e conduz ataques aéreos contra embarcações de supostos narcotraficantes.
Os Estados Unidos também anunciaram a intenção de enviar à região o porta-aviões Gerald R. Ford, o maior do mundo, um reforço significativo da presença militar americana no Caribe. Na sexta-feira, Maduro classificou a movimentação como uma tentativa de “inventar uma nova guerra”.
Trump acusa o presidente venezuelano de chefiar redes de tráfico de drogas, algo que Maduro nega categoricamente. O líder venezuelano afirma que Washington usa o narcotráfico como pretexto para tentar impor uma mudança de regime e se apropriar das vastas reservas de petróleo do país.
“Entre dois muros”
Em Port of Spain, parte da população aprova a presença americana próxima às costas venezuelanas. “Há um bom motivo para trazerem o navio de guerra. É para ajudar a limpar os problemas de drogas que há no território venezuelano”, disse Lisa, moradora de 52 anos. “É por uma boa causa, muita gente será ‘libertada da opressão’ e do ‘crime’”, acrescentou.
Outros moradores, porém, expressaram preocupação com a possibilidade de uma intervenção militar. “Se acontecer algo entre Venezuela e Estados Unidos, podemos acabar levando golpes”, teme Daniel Holder, de 64 anos. “As pessoas não percebem o quão sério é isso agora, mas coisas podem acontecer aqui.”
A primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, é uma aliada de Trump e, desde que assumiu o cargo em maio, tem adotado um discurso duro contra a imigração e a criminalidade venezuelana no país.
Caracas acusa seu governo de agir em favor dos interesses de Washington. Persad-Bissessar “convida os Estados Unidos” quando “deveria se manter neutra” e deixar que os dois países resolvam suas diferenças “em vez de tentar se colocar no meio”, lamentou Holder, comparando a situação a “estar entre dois muros”.
Segundo dados do governo americano, os ataques realizados desde agosto deixaram 43 mortos em dez bombardeios contra supostas embarcações de tráfico em águas internacionais do Caribe e do oceano Pacífico.
Famílias trinitárias afirmam que dois cidadãos locais morreram nestes bombardeios em meados de outubro, mas as autoridades não confirmaram as mortes. Especialistas questionam a legalidade das operações.
“Não precisamos de todos esses assassinatos e bombardeios, só precisamos de paz… e de Deus”, disse Rhonda Williams, recepcionista de 38 anos.
Para o venezuelano Ali Ascanio, que vive há oito anos em Trinidad e Tobago, a chegada do destróier “é alarmante, porque sabemos que é um sinal de guerra”, mas ele espera que a pressão de Washington leve Maduro a “sair logo”.
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Por Flávio Chaves*
Há imagens que não precisam de legenda, apenas de coragem para encará-las. A promptografia que circula nas redes sociais, contrapondo o prato farto de um presidiário ao lanche miserável de uma criança em uma escola pública, não é apenas chocante. É simbólica. É cruel. É o retrato nu de um país que perdeu o juízo moral sobre suas prioridades.
Não se trata de negar direitos a quem cumpre pena, trata-se de questionar a lógica perversa de um Estado que alimenta mais quem transgrediu do que quem ainda sonha. Enquanto o cárcere garante três refeições diárias completas, as escolas, especialmente nas periferias, servem suco artificial e bolachas secas como se isso fosse suficiente para uma infância em formação. Não é. Nunca foi.
Leia maisEssa desigualdade revela uma escolha: o abandono da infância como projeto de nação. O Brasil, em sua indiferença institucional, trata as crianças como uma estatística futura da marginalidade, ao invés de reconhecê-las como sementes de um país possível. O que alimentamos hoje, com comida ou com descaso, define o que colheremos amanhã.
A sociedade que se mobiliza para garantir os direitos humanos dos presos, e que bom que esses direitos existam, permanece muda diante da fome emocional, física e simbólica das crianças em nossas escolas públicas. O direito à dignidade não pode ser seletivo. Se um preso tem direito a arroz, feijão, carne, ovo, fruta, por que uma criança não?
Onde estão os que se dizem defensores dos direitos? Onde estão as ONGs? Onde estão os gestores públicos, os secretários de educação, os prefeitos, os governadores? Onde está o clamor do Congresso diante da dieta infantil que mais parece ração do que refeição?
O que se vê é um Estado que não investe em educação porque tem medo de cidadãos conscientes. Prefere formar delinquentes para depois alimentá-los com dignidade no sistema penal. É mais fácil controlar do que educar. É mais lucrativo punir do que prevenir.
Mas há uma escolha moral diante de nós: ou alimentamos a infância com dignidade, ou estaremos alimentando a violência com descaso.
Uma criança que se sente esquecida pelo Estado cresce com a certeza de que o crime é o único caminho que oferece acolhimento, ainda que distorcido. Não é uma questão de opinião, é uma questão de justiça social.
Estamos falhando. Como nação. Como sociedade. Como humanos.
E enquanto o prato de um presidiário continuar mais nutritivo que o de uma criança inocente, não poderemos nos chamar de civilizados. Teremos, no máximo, erguido uma prisão chamada Brasil.
*Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras
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O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho e a concessionária Aena, anunciam, amanhã (27), às 15h, no Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes Gilberto Freyre, um novo pacote de investimentos voltado à modernização e expansão da infraestrutura aeroportuária de Pernambuco.
Durante o evento, o ministro apresentará as ações previstas no Plano de Desenvolvimento Imobiliário e no projeto do Terminal Intermodal, que devem gerar 15 mil empregos diretos e indiretos para a região. O objetivo é transformar o entorno do aeroporto em um polo de negócios e integração urbana, com melhorias de mobilidade, sustentabilidade e oferta de serviços à população.
Os projetos incluem melhorias de mobilidade, sustentabilidade e integração urbana na região metropolitana do Recife. O evento contará com a presença de representantes da concessionária, autoridades locais, parceiros institucionais e do setor produtivo. As informações são do blog Cenário.
O deputado estadual Edson Vieira (União Brasil) anunciou, em evento realizado em sua residência, em Santa Cruz do Capibaribe, o apoio à prefeita de Casinhas, Juliana de Chaparral, como sua pré-candidata a deputada federal. O encontro, que também celebrou o aniversário do parlamentar, reuniu lideranças políticas de diversas cidades do Agreste.
Edson ressaltou que a decisão foi fruto de diálogo e construção coletiva com o deputado federal Fernando Filho e demais integrantes do União Brasil, além de lideranças do grupo em Santa Cruz. “Após muito diálogo, chegamos ao consenso de que Juliana será nossa pré-candidata a deputada federal. E não havia momento melhor do que este, ao lado de amigos, aqui em casa para fazer esse anúncio ”, afirmou.
Juliana agradeceu o apoio e destacou a importância da união. “Edson é um amigo e um político experiente, que vem realizando um excelente trabalho na Alepe. Essa parceria nasce sólida e trará bons frutos para o Agreste e para todo Pernambuco”, declarou.
O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, falou neste domingo (26) que acertou um acordo para que a China adie as restrições à exportação de terras raras e que retome as compras da soja americana. Em conversas paralelas à Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) em Kuala Lumpur, lideranças dos dois países encaminharam acordos que serão finalizados pelos líderes Donald Trump e Xi Jinping ainda nesta semana.
Objetivo é interromper as tarifas americanas mais rígidas e os controles de exportação de terras raras chinesas, assim como a retomada das vendas de soja dos Estados Unidos para a China. As informações são do portal UOL.
Leia maisO Secretário do Tesouro dos Estados Unidos disse que as negociações eliminaram a ameaça das tarifas de 100% impostas por Trump sobre importações chinesas a partir de 1º de novembro. Bessent disse que espera que a China adie a implementação de seu regime de licenciamento de minerais de terras raras e ímãs por um ano, enquanto a política é reconsiderada.
Autoridades chinesas foram mais cautelosas com relação às negociações. Os chineses não forneceram detalhes sobre o resultado das reuniões. Embora a Casa Branca tenha anunciado oficialmente as tão esperadas conversas entre Trump e Xi, o governo chinês ainda não confirmou que os dois líderes se encontrarão durante cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) em Gyeongju, Coreia do Sul, na quinta-feira (30), para assinar os termos.
China havia anunciado planos de restringir exportações de terras raras aos Estados Unidos. Medida valeria a partir do próximo dia 1º de dezembro. O presidente americano Donald Trump respondeu anunciando tarifas de 100% sobre produtos chineses.
Terras raras são matérias-primas imprescindíveis para a indústria automotiva e de alta tecnologia. Os elementos são usados em baterias e sistemas de IA (Inteligência Artificial). A falta desses insumos pode paralisar a produção em diferentes cadeias industriais.
Estados Unidos também negociam retomada das exportações de soja para China. O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos afirmou nas entrevistas à TV americana que as compras chinesas do grão serão significativas.
China não comprou soja dos Estados Unidos em setembro. Principal importadora mundial do grão, a economia chinesa aumentou as compras do grão de outros fornecedores, em especial do Brasil.
Outros assuntos vão ser negociados. Autoridades americanas e chinesas também vão conversar sobre crise do fentanil, taxas de entrada nos portos dos Estados Unidos e a transferência do TikTok para o controle acionário americano.
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Por Jorge Henrique Cartaxo e Lenora Barbo*
Especial para o Correio Braziliense
Requebrune é uma pequena vila francesa à beira-mar, na Côted’Azur, entre Menton e Mônaco. Nos anos 1920, o singelo lugarejo, com suas belas paisagens, tornou-se um point de parte da elite intelectual europeia. Coco Chanel — a famosa estilista que, de certa forma, inaugurou a moda do século XX — construiu na região a sua festejada La Pausa, onde recebia a inteligência e a nobreza de então. Entre outros, Salvador Dalí e Winston Churchill foram seus hóspedes.
A célebre arquiteta modernista e designer irlandesa Eileen Gray, casada com o também arquiteto Jean Badovici, construiu, nos anos 1920, sua residência minimalista em Requebrune: a E-1027. O poeta e dramaturgo irlandês William Butler Yeats, Prêmio Nobel de Literatura em 1923, faleceu no Hôtel Idéal Séjour, onde morava, na vizinha cidade de Menton, em 28 de janeiro de 1939.
Leia mais“Tenho um castelo na Riviera que mede 3,66 metros por 3,66 metros. Fiz para minha esposa e é um lugar extravagante, de conforto e gentileza”, observou Le Corbusier ao se referir à sua pequena cabana de madeira, construída em 1951, numa encosta de Requebrune, de onde contemplava o mar, e onde costumava passar o verão com a esposa, Yvonne Gallis.
Na manhã de 27 de agosto de 1965, Le Corbusier desceu o pequeno morro para o seu mergulho diário nas águas azuis da acolhedora enseada francesa. “O Velho”, como o chamavam os locais, então com 77 anos, teve um infarto e morreu enquanto nadava.
Lucio Costa estava no Rio de Janeiro quando soube, naquele mesmo dia, da morte do amigo e inspirador — no Brasil, referência maior da arquitetura, do urbanismo e da estética modernistas. Charlotte Perriand, a bela arquiteta, decoradora e designer de mobiliário, parceira de Le Corbusier desde 1927, também estava no Rio naquele 27 de agosto. Partiram no mesmo voo, com destino a Paris e, em seguida, para Requebrune. Iriam acompanhar todo o cortejo fúnebre, da pequena vila até o ateliê de Corbusier em Paris e a grande cerimônia no Louvre.
“Havia uma casa perto do cemitério, uma casa burguesa que era justamente utilizada para as cerimônias de velório. Nós chegamos lá, estava fechada. Havia também dois dominicanos esperando para entrar. Subimos então — a Charlotte Perriand, eu e os dois dominicanos — uma escada típica burguesa, aquele mau gosto, aquela coisa, e chegando em cima havia uma sala vazia, iluminada por velas, e o caixão onde ele estava, um caixão horrível. Uma coisa tão chocante, aquele ambiente negativo, que eu fiquei com aquilo atravessado”, relembra Lucio Costa em sua entrevista a Jorge Czajkowski, Maria Cristina Burlamaqui e Ronaldo Brito, em 1987.
Na viagem a Paris, o pequeno grupo pernoitou no Convento Sainte-Marie de La Tourette, em Éveux. Projetado por Le Corbusier e inaugurado em outubro de 1960 — sua última grande obra na França —, o convento dominicano foi considerado Monumento Histórico em dezembro de 1979. Em 2016, a Unesco o declarou Patrimônio Mundial. Em junho de 1970, frei Tito, exilado na França, foi acolhido no convento Sainte-Marie de La Tourette. Foi ali que o dominicano cearense, atormentado pelas torturas sofridas no Brasil, enforcou-se no galho de um álamo, em 10 de agosto de 1974.
“A igreja fica numa encosta em declive e, quando chegamos, os padres dominicanos vieram ao nosso encontro. Estava chuviscando, era noitinha, e eles vieram devagar, aquele passo lento, eterno, de religioso. Passo que não faz barulho. Puseram o caixão nos ombros e desceram o caminho no talude para a entrada. Na nave, ficaram todos alinhados e o Superior leu o elogio do arquiteto que tinha feito o convento deles e que agora estava ali. Cerimônia simples e digna que apagou aquela impressão horrível lá de Menton”, lembrou ainda Lucio Costa, na mesma entrevista.
O ateliê de Le Corbusier em Paris ficava no Edifício Molitor, em 24, rue Nungesser et Coli, no 16º arrondissement. Ali ele morou e trabalhou desde 1934 até sua morte em 1965. Uma pequena multidão se aglomerava no local quando Lucio Costa e o cortejo chegaram. Sobre um corredor de acesso, com uma escada ao fundo, estava o amplo ateliê. Na antiga casa de jesuítas, o espaço de trabalho tinha cinco metros de largura e um extenso comprimento. Uma tapeçaria de Corbusier, de cor preta e vermelha, foi afixada ao fundo, compondo o cenário do esquife. Em seguida, ocorreu a cerimônia no Louvre, com o discurso histórico de André Malraux. Assim, numa demonstração incomum de admiração, amizade e respeito, Lucio Costa disse adeus ao seu mestre do urbanismo e da arquitetura modernistas.
Na Europa, Le Corbusier foi mais combatido do que admirado, ainda que suas obras sejam reconhecidas e festejadas, isoladamente, até hoje. Nos Estados Unidos, o modernismo do urbanista e arquiteto franco-suíço também teve seu lugar e vasta influência, mas em um diálogo mais amplo e, digamos assim, eclético. No Brasil, precisamente desde 1937, com o projeto do Ministério da Educação e Saúde e a consultoria de Le Corbusier — a convite pessoal de Lucio Costa —, o modernismo no urbanismo e na arquitetura se fez presente e ainda hoje nos faz sentir seus eflúvios. Claro, sem prejuízo das curvas e linhas originais de Oscar e Costa.
Lucio Marçal Ferreira Ribeiro Lima da Costa, o Lucio Costa, nasceu na cidade de Toulon, na França, em 27 de fevereiro de 1902, na Villa Dorothée Louise, no Mourillon. Seu pai era o almirante Joaquim Ribeiro da Costa, natural de Salvador, e sua mãe, Alina Ferreira, natural de uma região da Amazônia, passou boa parte da infância e adolescência em Lisboa, no internato de Mademoiselle Roussel. Só deixaria a escola para casar, numa cerimônia na igreja de São Jorge. Seguiu para Le Havre, depois Marselha e, em seguida, Toulon, onde nasceu o terceiro filho do casal.
Nesse longo período na Europa, Lucio estudou no Royal Grammar School, em Newcastle (Inglaterra), e no Collège National, em Montreux (Suíça). De volta ao Brasil, em 1917, então com 19 anos, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, estimulado e orientado pelo pai, concluindo o curso de arquitetura e pintura em 1924.
Ainda estudante do terceiro ano, já notável pelos seus desenhos, foi convidado pelo então diretor da Escola, o famoso paisagista Baptista da Costa, a participar de algumas obras na antiga casa de Lopes Quintas, que estava sendo loteada e agora pertencia a familiares do mestre. Nessa toada, Lucio conquistou seu primeiro emprego na firma Rebecchi e, logo em seguida, no Escritório Técnico Heitor de Mello. Foi nessa empresa que Lucio Costa realizou sua primeira obra, em 1921/22: a casa de Rodolfo Chambelland, em estilo inglês, na Avenida Paulo de Frontin.
As novas atividades profissionais retardaram um pouco a conclusão dos cursos na Escola de Belas Artes, mas isso não impediu os avanços de Lucio Costa. Um colega da turma que se formou em 1922 — ele só concluiria em 1924 —, Fernando Valentin, o convidou para abrirem um escritório de arquitetura. As primeiras salas foram alugadas na rua Gonçalves Dias, nº 30, ao lado da Confeitaria Colombo. Meses depois, mudaram para o edifício das Docas de Santos, com sua monumental porta entalhada, na Avenida Rio Branco.
“Era a época do chamado ecletismo arquitetônico. Os estilos ‘históricos’ eram aplicados sans façon, de acordo com a natureza do programa em causa. Tratando-se de igreja, recorria-se ao receituário românico, gótico ou barroco; se edifício público ou palacete, ao Luís XV ou XVI; se banco, ao Renascimento italiano; se casa, a gama variava do normando ao basco, do missões ao colonial”, relembraria, posteriormente, Lucio Costa.
Envolto nas brumas dos amores impossíveis — como ele mesmo sugere —, em 1926 resolve passar uma nova e longa temporada na Europa. No início de 1927, na Itália, adoece, é diagnosticado com um problema pulmonar e internado na Villa Igiea, sob os cuidados de uma bonita irmã de caridade. No quarto contíguo ao de Lucio, recuperava-se uma linda e simpática italiana chamada Fana. Ela gostava de recitar versos de Carducci para o enfermo arquiteto brasileiro. Certa manhã, ele acordou com um alvoroço ao lado: a gentil amiga e cúmplice daquele sofrimento e lirismo havia falecido, vítima de uma violenta hemoptise. Já em Paris, foi orientado a consultar o mais famoso especialista da época. A recuperação foi confirmada!
De volta ao Brasil, estendeu sua vilegiatura até o Caraça, em Minas Gerais, onde ficou um mês como hóspede de Dom Jeronymo. Durante o dia, comprazia-se na contemplação do vasto monumento religioso. Lamentava a destruição, pelos padres franceses, no século XIX, da linda capela do Irmão Lourenço. Gostava do monumento gótico que a substituiu, bem como da preservação da originária balaustrada, dos degraus e da escada — tudo em pedra-sabão — que ainda estavam lá.
Seguiu para Sabará, onde hospedou-se na pensão das “gordas”. Gostava da varanda dos quartos, onde apreciava o Rio das Velhas e contemplava o crepúsculo até a primeira estrela despontar. Depois, Mariana, Ouro Preto e, mais uma vez, Diamantina. Sempre que lembrava essa viagem, registrava o seu constrangimento por não ter percebido, na ocasião, a beleza e o esplendor que nos oferece a Igreja de São Francisco.
De volta ao Rio, em 1929, casou-se com sua Leleta — Julieta, filha do Dr. Modesto Guimarães. O casal foi morar em Corrêas, em Petrópolis, na casa de verão da família. Lucio gostava de lembrar do amontoado de coisas que levaria para a nova casa, sobretudo do aparelho de Macau, comum na Colônia e no Império, mas que daria lugar à louça inglesa na República. Foi com esse serviço que suas filhas, Maria Elisa e Helena, aprenderam a se servir à mesa.
Em 1930, veio a Revolução — o redesenho dos valores, das formas, da estética, da beleza e do mundo. Lucio Costa, o aristocrata gentil, iria se deparar com o moderno, a modernidade e o modernismo. E neles se faria gigante.
*Jorge Henrique Cartaxo é jornalista e diretor de Relações Institucionais do IHG-DF | Lenora Barbo é arquiteta e diretora do Centro de Documentação do IHG-DF
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Da Folha de Pernambuco
Uma semana após a explosão que provocou o desabamento de um conjunto residencial no bairro de Ouro Preto, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, a Polícia Científica voltou até o local do acidente para uma investigação estrutural do terreno.
De acordo com o perito criminal José Lourenço, a perícia, que ocorreu na manhã deste domingo (26), teve como objetivo compreender a real dimensão da planta do imóvel.
Leia mais“Tendo em vista que o projeto não tem uma planta oficial, estamos aqui para obter uma real dimensão da planta e saber a exata localização da cozinha, onde foi o epicentro da explosão. Assim, conseguimos compreender melhor o acontecimento”, destacou.
Segundo a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE), a principal suspeita é de que um vazamento de gás tenha provocado o acidente. A Polícia Civil investiga o caso, e o laudo pericial concreto deve ser concluído em até 30 dias.
Familiares do proprietário do lote também acompanharam o processo de peritagem. Segundo uma parente que não quis se identificar, a atual preocupação dos donos do terreno é buscar ajuda para os inquilinos que foram afetados. “Estamos nos mobilizando, juntando cestas básicas e tentando dar suporte”, explicou.
Em entrevista por telefone com a equipe da Folha de Pernambuco, a moradora de uma das casas, Sandra Moura, contou que ela, assim como os outros vizinhos, estão se abrigando temporariamente com amigos e familiares. Ela ainda relatou que não recebeu assistência financeira dos órgãos municipais.
Segundo a Prefeitura de Olinda, equipes da Secretaria de Desenvolvimento Social atuaram no local nos dias iniciais do acidente prestando assistência às famílias atingidas. O suporte incluiu, de acordo com a gestão, a oferta de abrigo temporário, orientações jurídicas e ajuda para emissão de documentos perdidos.
Além de Sandra, familiares dos donos do terreno que estiveram no local hoje também mencionaram a promessa de um auxílio financeiro que supostamente seria entregue pela prefeitura aos moradores.
Procurada para esclarecer a informação, a prefeitura disse ter mapeado as famílias afetadas, inquilinos do imóvel e moradores das residências vizinhas oferecendo “imediato suporte psicológico e assistencial, incluindo vagas em abrigo municipal. No entanto, nenhuma das famílias aceitou a hospedagem, optando por se deslocar para casas de parentes”.
Relembre o caso
O acidente aconteceu na manhã do domingo (19), após uma forte explosão provocar o desabamento dos oito imóveis residenciais localizados na Rua Drº Bernadino Sena Dias.
No total, 12 pessoas foram atingidas pelos escombros e pelo fogo. Dessas, nove ficaram feridas e outras duas pessoas morreram no local. Um terceiro morador faleceu na última quarta-feira (22), após ser hospitalizado com 85% do corpo queimado.
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Por AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou um amplo envio de forças militares para a América Latina com o objetivo declarado de combater o narcotráfico, mas o venezuelano Nicolás Maduro teme que a operação tenha como meta provocar uma mudança de regime em Caracas.
O avanço das tropas americanas e os ataques contra supostos traficantes de drogas no mares do Caribe e do Pacífico despertaram receios de um conflito militar mais amplo, além de gerarem novos embates verbais entre Trump e líderes da região.
Leia maisA seguir, a AFP analisa o poder militar de Washington e de Caracas, o balanço das ofensivas americanas e as consequências diplomáticas das tensões.
Forças militares
Os Estados Unidos mobilizaram no Caribe oito navios da Marinha, incluindo três destróieres, um cruzador, um navio de combate litorâneo e três embarcações de assalto anfíbio com um contingente de fuzileiros navais. Também deslocaram dez caças furtivos F-35 para Porto Rico. Trump ordenou ainda o envio do porta-aviões USS Geral R. Ford, o que reforça significativamente o poderio militar americano na região.
Na quinta-feira, Washington posicionou pelo menos um bombardeiro B1-B diante da costa venezuelana, após já ter sobrevoado o país por várias horas na semana anterior com aeronaves B-52.
Em caso de confronto direto, a Venezuela ficaria em clara desvantagem militar diante dos Estados Unidos. O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos aponta que as Forças Armadas venezuelanas contam com cerca de 123 mil militares e 220 mil integrantes de milícias civis voluntárias formadas por simpatizantes de Maduro, embora especialistas considerem esses números inflados.
Maduro afirmou, no início da semana, que o país possui 5 mil mísseis terra-ar russos para se defender das forças americanas. O presidente ordenou exercícios militares em todo o território e reforçou as fronteiras diante do aumento da tensão.
Milhares de civis venezuelanos também se juntaram a milícias locais em resposta ao apelo de Maduro por uma “defesa popular” do país, que enfrenta grave crise econômica. Muitos participam de treinamentos com armas em quartéis e bairros residenciais.
Ataques a embarcações
Por ordem de Trump, as forças americanas começaram em setembro uma série de ataques contra barcos suspeitos de contrabando de drogas, que já resultaram na destruição de ao menos dez embarcações, nove lanchas e um semissubmersível.
Essas operações deixaram ao menos 43 mortos, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais, embora Washington ainda não tenha apresentado provas de que os alvos realmente transportavam narcóticos.
Especialistas alertam que execuções sumárias são ilegais, mesmo quando se tratam de traficantes confirmados.
O Pentágono informou ao Congresso que os Estados Unidos estão em “conflito armado” com os cartéis latino-americanos de drogas, classificou-os como grupos terroristas e passou a se referir aos supostos contrabandistas como “combatentes ilegais”.
Confrontos verbais
Washington acusa Maduro de chefiar um cartel de drogas e oferece uma recompensa de 50 milhões de dólares (268 milhões de reais) por sua captura. Trump também afirmou ter autorizado ações secretas contra o governo venezuelano.
Maduro pediu calma e declarou: “No crazy war, please (sem guerra louca, por favor)”, enquanto o ministro da Defesa prometeu resistir a qualquer tentativa de instalar um governo “ajoelhado” diante dos Estados Unidos. Outros líderes latino-americanos também se manifestaram.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, crítico das ofensivas americanas no Caribe e no Pacífico, trocou ataques verbais com Trump. Nesta sexta-feira, Washington impôs sanções a Petro, acusando-o de “permitir que os cartéis prosperassem” na Colômbia. Desafiador, o colombiano respondeu nas redes sociais: “Nem um passo atrás e jamais de joelhos”.
Já o assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, declarou à AFP que o Brasil “não pode aceitar uma intervenção estrangeira” na Venezuela.
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Por Flávio Chaves*
Aquele que já esteve do outro lado da pele, onde os nomes se dissolvem como sal na boca do tempo e só resta o sopro, sabe que o abismo não é ausência, mas espaço onde a alma aprende a respirar sem ilusão. Ele tocou o avesso da existência com dedos sangrados e olhos exaustos, e ali não encontrou apenas o frio do abandono, mas o calor exato da própria presença, uma brasa oculta que resistia sob o entulho. Caminhou por águas antigas, onde o tempo não era medida, mas pressentimento, sem farol à vista, guiado apenas por lampejos interiores, vestígios de uma infância quase nua, onde o impossível ainda era chão e as cicatrizes ainda não tinham nome. Construiu galés com as mãos cruas, sem gritos, sem alarde, movido apenas pela convicção muda de que estava vivo, e de que o ato de seguir, mesmo sem garantias, já era uma forma de eternidade.
Ele viu desabar os templos onde repousavam antigas crenças. Viu ruírem os altares de uma esperança esculpida em vidro fatigado. Libertou-se de presenças que pareciam eternas, deixou cair os papéis que antes encenavam a própria identidade e abandonou promessas que apenas decoravam o vazio. E ainda assim, seu coração, tambor antigo de rituais esquecidos, seguiu batendo entre as ruínas. Sua alma, desfiada como véu de luto ancestral, continuou entoando, mesmo na escuridão, um canto que só os que caminham sós compreendem. Já não esperava milagres. Caminhava com a firmeza dos que sabem que o caminho já está sob os pés, pois foram os próprios pés que o desenharam.
Leia maisNão era mais conduzido por ventos alheios. O corpo havia decorado os trilhos. Os pés sabiam conversar com as pedras. O ritmo da respiração se harmonizava com o silêncio que existe no interior das árvores. Já não buscava sinalização exterior. Cada cicatriz havia se tornado um mapa. Cada queda, uma lição não verbal. Cada perda, uma janela aberta. Havia nele a presença serena de quem conhece o próprio território, mesmo que feito de ruínas, mesmo que habitado por fantasmas já reconhecidos e nomeados.
E se por vezes percebia em si uma certa contenção, um retraimento das exuberâncias antigas, isso não o diminuía, o intensificava. Era menos disponível para distrações, mais afinado com a substância. Menos atento ao aplauso, mais escutador do próprio silêncio. Era menos superfície, mais substância. Menos reflexo, mais fonte. E isso não era fraqueza: era precisão. Era síntese. Era núcleo. A exuberância havia se recolhido para dentro como uma fogueira que arde em brasa, e ali, no centro do seu ser, a luz não se apagava, apenas se aprofundava.
Sua liberdade não era feita de escolhas barulhentas, mas de permanência interior. Estava em pé, não porque alguém o sustentava, mas porque ele mesmo erguera seu eixo, pedra sobre pedra, tempo sobre tempo. Já não mendigava presença. Não ansiava por testemunhas. A própria respiração era suficiente. Seu canto existia, mesmo sem plateia. A música era íntima, mas inteira. A dança acontecia, mesmo que os olhos do mundo não vissem.
E o mundo, às vezes, passava por ele como quem passa por uma árvore antiga sem saber que ela carrega frutos secretos. Porque sua grandeza não reluzia, queimava. Não se exibia, emanava. Sua grandeza era subterrânea, feita de raízes profundas, de seiva lenta, de gestos não performáticos. Apenas quem tivesse olhos treinados pela dor e pela beleza seria capaz de enxergar. Havia nele um ser que não apenas havia atravessado o fogo, mas o integrara. Um ser que, mesmo marcado, guardara intacta a ternura. E isso era sua força.
Por isso, aquele que atravessou a dor com lucidez não se quebrou, se consagrou. Não se fez menor, tornou-se eterno. Criou raízes que descem até o centro do mundo. E quem tem raiz não desaparece, não recua, não desaba.
Cresce. Agudo e incandescido. Sempre.
*Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras
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As defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete integrantes do “núcleo 1” da tentativa de golpe de Estado têm até segunda-feira (27) para recorrerem da condenação no STF (Supremo Tribunal Federal).
Elas deverão apresentar até 23h59 o principal recurso disponível: os embargos de declaração. Esse tipo de recurso permite que os advogados questionem contradições ou omissões nos votos dos ministros, mas raramente mudam o resultado da condenação. Na prática, costumam ser rejeitados e são utilizados como manobra para adiar o fim da ação penal e, no caso, a prisão dos condenados. As informações são da CNN Brasil.
Leia maisOs recursos serão analisados e votados em plenário virtual pelos ministros da Primeira Turma. Não há prazo para que esse julgamento seja marcado, mas a tendência é de celeridade.
Se rejeitados os embargos, as defesas normalmente podem apresentar mais um. Se o segundo também for negado, o STF reconhece o “trânsito em julgado” da ação, que é quando a condenação passa a ser definitiva.
É a partir daí que as penas começam a ser cumpridas e os condenados podem ser presos. Com a pena mais alta do grupo, Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão em regime fechado.
Conforme apurou a CNN, o tenente-coronel Mauro Cid deve ser o único do núcleo 1 a não apresentar recurso. Com isso, a ação pode se encerrar para ele antes dos outros.
Caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, publicar o certificado de trânsito em julgado e dar início à execução penal de Cid. Com isso, a defesa do militar poderá solicitar novamente uma declaração do cumprimento de pena. Condenado a dois anos de reclusão em regime aberto, Cid já cumpriu dois anos e cinco meses em restrição de liberdade e sob medidas cautelares.
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Alunos da Escola Técnica Estadual Arlindo Ferreira dos Santos, em Sertânia, divulgaram uma nota de repúdio contra a atual direção da unidade, denunciando maus-tratos a animais, negação de alimentação a um estudante e o encerramento de projetos estudantis. No documento, eles afirmam que a gestão tem agido com “falta de empatia, respeito e compromisso com a comunidade escolar” e anunciam a coleta de assinaturas para um abaixo-assinado que pede investigação imediata, providências da Secretaria de Educação e possível afastamento do diretor.

A posse do escritor Roberto Pereira, amanhã (27), às 19h, na Academia Pernambucana de Letras, vem cercada de muita expectativa em face da presença de imortais da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, da Academia de Letras de Goiana e a de Escada, além dos Institutos Históricos de Pernambuco, do Grupo de Amigos do Turismo (GAT), dos seus colegas de engenharia, cuja turma é conhecida, na UFPE, por turma dos jacarés, além de sua legião de ex-alunos do Radier.
Pereira assumirá a Cadeira 35, antes ocupada pelo escritor Marcos Vilaça, quando, no seu discurso de investidura, vai fazer a defesa da Cultura e da preservação do Patrimônio Histórico, sendo este um dos elos da ligação entre o sucessor e o sucedido. O cerimonialista será Silas da Costa e Silva, uma das referências de Pernambuco neste campo de atuação.
Após a solenidade será servido um coquetel e, nos jardins, as apresentações do Bloco das Ilusões e do Caboclinho Sete Flexas de Goiana, respectivamente, patrocinadas pela Empetur e Fundarpe, entidades antes presididas por Roberto Pereira.
O novo acadêmico fará também uma homenagem ao seu pai, Nilo Pereira, e ao seu irmão, Geraldo Pereira, antes, em épocas diferentes, imortais da Pernambucana de Letras. Roberto Pereira é autor dos livros “O idealismo da Confederação do Equador (opúsculo)”, de “Um olhar sobre o imaginário cultural” e o “Arte e cultura, pensar, livre pensar”.
