O engenheiro e pré-candidato a deputado federal Eduíno Filho aceitou o convite da presidente do PSDB de Pernambuco, Raquel Lyra, e vai presidir a Juventude do partido no estado.
Eduíno Filho é uma jovem liderança do Sertão do estado, tem 30 anos e é formado em Engenharia Mecânica da Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
“Eduíno Filho conhece os desafios de Pernambuco e vai coordenar um novo momento na juventude do nosso partido, ampliando o debate sobre a importância da atuação política comprometida com a ética, a democracia, o combate à desigualdade e com a defesa de políticas públicas voltadas para os jovens pernambucanos”, destacou Raquel Lyra.
O novo dirigente da Juventude tucana do estado falou sobre sua animação em estar à frente do segmento. “É com muito entusiasmo que eu recebo essa missão de presidir a juventude do PSDB em Pernambuco e coordenar os nossos jovens neste processo de renovação liderado pela presidente e nossa futura governadora Raquel Lyra. Estou à disposição do meu partido e de todo o povo pernambucano para que a gente coloque Pernambuco de volta nos trilhos certos. A nossa Juventude está unida e vai defender um novo tempo em nosso estado”, ressaltou Eduíno.
Apesar de ter solicitado à Câmara dos Deputados autorização para exercer o mandato à distância, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde fevereiro, não tem registrado presença nem voto nas sessões semipresenciais realizadas desde o fim de sua licença parlamentar, encerrada em 20 de julho.
Desde a pandemia de Covid-19, a Câmara permite que os parlamentares participem remotamente por meio de um aplicativo de celular com verificação em duas etapas — geralmente às quintas-feiras e, excepcionalmente, em outros dias da semana. A prática se manteve mesmo após o fim da emergência sanitária. As informações são da CNN Brasil.
Nas seis sessões semipresenciais realizadas desde o fim da licença, Eduardo não participou de nenhuma. Segundo dados disponíveis na página oficial do deputado no site da Câmara, ele tem 13 dias de presença registrados e 17 ausências não justificadas em 2025 — o que representa pouco mais da metade das sessões realizadas neste ano.
Eduardo está nos Estados Unidos desde fevereiro, onde participa de articulações políticas relacionadas a sanções contra autoridades brasileiras. No ofício enviado ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o deputado afirma que está fora do país por conta de “perseguições políticas” e cita como precedente o modelo remoto adotado durante a pandemia.
Em entrevista à CNN no início deste mês, Hugo Motta afirmou que Eduardo Bolsonaro estava ciente dos riscos de perder o mandato ao se mudar para os Estados Unidos e destacou que não há previsão legal para o exercício parlamentar à distância.
A Superintendência do Banco do Nordeste em Pernambuco, em parceria com a Comex Consulting, realiza nesta sexta-feira (5) a Imersão Nordeste – Importações por Pernambuco. O encontro, que começa às 9h no auditório da Superintendência Estadual, reúne empresas interessadas em conhecer as condições que o Estado oferece para operações de importação, como linhas de crédito, logística portuária e incentivos fiscais.
A programação inclui palestras do consultor Eduardo Neves Baptista, que busca desmistificar a ideia de que importar no Brasil é complexo, do empresário Estêvão Vieira, da Tecpel, compartilhando a experiência da empresa no setor de papel, e de Alessandra Cardozo, da VP Trading, sobre logística e incentivos fiscais. O evento será encerrado com a apresentação de Luciano Fabrício Tinoco, gerente de Operações de Câmbio do Banco do Nordeste, que detalhará as linhas de crédito disponíveis e esclarecerá dúvidas dos participantes.
Oito suspeitos foram mortos durante uma operação da Polícia Civil e militar na Vila Aliança, zona oeste do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (4), até o momento.
A ação policial está em andamento e tem como alvos, segundo as corporações, o narcoterrorista conhecido como Coronel, apontado como responsável pelo assassinato da jovem Sther Barroso dos Santos, em agosto, e os envolvidos no ataque ao copiloto da Polícia Civil ferido em uma ação na mesma localidade, em março deste ano. As informações são do Metrópoles.
Todos seriam membros da facção Terceiro Comando Puro (TCP). Até o momento, dois criminosos foram presos. Houve ainda a apreensão de quatro fuzis e de diversas pistolas.
De acordo com a polícia, seis criminosos mortos na operação estavam em uma casa da comunidade, com um pastor e uma criança feitos reféns. O imóvel foi cercado pelos agentes e, em meio ao confronto, os suspeitos morreram. As vítimas foram libertadas sem ferimentos.
Em outro ponto da comunidade, outros dois suspeitos foram mortos.
Ainda durante a ação policial, dois traficantes foram capturados enquanto tentavam dominar um ônibus. Eles pretendiam usar o coletivo para dificultar o acesso das forças de segurança à comunidade.
Imagens compartilhadas nas redes sociais por moradores da Vila Aliança mostram um ônibus pegando fogo, usado como barricada pelos criminosos.
Assassinato de Sther Barroso dos Santos A jovem Sther Barroso dos Santos foi espancada de forma brutal até a morte na madrugada de 17 de agosto em Senador Camará, na zona oeste do Rio. Segundo a polícia, ela teria se recusado a deixar um baile funk na comunidade da Coreia acompanhada do traficante Coronel, apontado como chefe do tráfico na comunidade do Muquiço, em Guadalupe.
Familiares relataram que Sther foi deixada na porta de casa desfigurada pelas agressões. A família tentou socorrê-la e a levou ao Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, onde ela chegou morta.
A historiadora, escritora e produtora cultural triunfense Diana Rodrigues, referência no Sertão de Pernambuco por sua atuação na preservação da memória local e autora de diversos livros de história, registrou suas impressões após a leitura do meu livro, “Os Leões do Norte”, que reúne 22 minibiografias de ex-governadores de Pernambuco.
Por Diana Rodrigues
Registro minhas impressões sobre a obra Os Leões do Norte do pajeuzeiro Magno Martins, resultado de um grande resgate histórico e cultural que traz o passado para o presente e o perpetua para as gerações futuras.
Não é uma simples coleta, nem um comunicado do velho, nem do novo, mas a pluralidade harmoniosa da vida e ações daqueles que governaram Pernambuco, ultrapassando o tempo e assentando nos dias atuais.
Na leitura de Os Leões do Norte naveguei na nave do tempo desde 1930 a 2022, fazendo uma releitura de fatos adormecidos há muito tempo. Ratifico o que disse a Magno: Pernambuco ainda tem muitos leões e leoas a serem biografados, para que suas histórias não sejam arquivadas, mas tornadas públicas através do escritor Magno Martins.
O Complexo Industrial Portuário de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, recebeu a licença prévia para a instalação da primeira fábrica de e-metanol (metanol verde) das Américas. O empreendimento, da empresa dinamarquesa European Energy, prevê investimento de R$ 2 bilhões e deve gerar 1.500 empregos diretos durante a fase de obras. O prefeito do Cabo, Lula Cabral, comemorou a conquista e afirmou que o projeto “vai colocar Suape, consequentemente o Cabo de Santo Agostinho, na vanguarda da transição energética no Brasil”.
De acordo com o gestor, a prefeitura tem mantido diálogo com o Ministério de Portos e Aeroportos e com a administração de Suape para adequar a infraestrutura municipal ao empreendimento. Ele também destacou que a prioridade será a contratação de mão de obra local, que passará por capacitação para atender às necessidades da planta industrial. “Esse investimento não só reforça a economia do município, como abre um novo ciclo de desenvolvimento para a região”, afirmou Lula Cabral.
O projeto será implantado em uma área de 10 hectares, com capacidade de produção estimada em 100 mil toneladas por ano, utilizando energia solar e eólica no processo. A fábrica é a primeira do tipo a obter licenciamento oficial no segmento e representa um marco para a industrialização de baixo carbono em Pernambuco.
De volta a Caruaru, cidade que me adotou com título pela Câmara Municipal, acabei de correr meus 8 km diários na Via Parque. Daqui a pouco, exatamente às 19 horas, faço uma noite de autógrafos do meu livro Os Leões do Norte no auditório da Câmara. Reitero o convite aos meus conterrâneos do País de Caruaru, como batizou o saudoso Nelson Barbalho.
Nesta quinta-feira (4), o presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta (Republicanos) se reuniu com o prefeito do Recife João Campo (PSB) para assinar um acordo técnico de cooperação.
O acordo promove o intercâmbio educacional e técnico-científico entre a Câmara dos Deputados e a prefeitura do Recife. As informações são da CNN Brasil.
Segundo Motta, o objetivo é digitalizar o parlamento, deixando os serviços e os trabalhos da Câmara mais acessíveis à população. A iniciativa veio do presidente da Casa, que falou sobre a vontade de “mudar a burocracia no poder público vista como um peso”.
“É a oportunidade de deixar um legado de modernização e eficiência nessa minha passagem pela Câmara dos Deputados”, afirmou o presidente.
O plano pretende modernizar o portal da Casa, implementar soluções digitais voltadas a servidores e criar uma plataforma de inteligência estratégica baseada em recursos de inteligência artificial.
Inicialmente, a Câmara deve criar um novo portal web e, no futuro, desenvolver um aplicativo de celular.
A referência é o “Conecta Recife”, plataforma digital do município que integra os serviços públicos da cidade com 820 serviços digitais e 1,7 milhão de usuários cadastrados.
No evento, João Campos relembra que a pandemia foi um grande propulsor do desenvolvimento digital da cidade. “Tivemos que fazer um sistema digital de vacinação. O cidadão poderia escolher o dia, o horário e o local”.
Segundo Campos, esse sistema permitiu uma criação de banco de dados em tempo recorde. A ideia do acordo é unir a experiência do Recife com o corpo técnico da Câmara dos Deputados.
O acordo tem duração de 24 meses, sem transferência de recursos financeiros entre as partes. Cada instituição será responsável por arcar com suas próprias despesas e equipes técnicas. Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia do Recife, Rafael Cunha, a ideia é fazer a primeira entrega do Acordo de Cooperação Técnica até novembro.
O deputado federal Fernando Monteiro (Republicanos) reuniu-se, nesta quarta-feira (3), com o ministro da Educação, Camilo Santana, para discutir a elevação do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da Universidade Federal de Pernambuco à condição de campus oficial. A agenda, em Brasília, contou também com a presença do prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSD), e do secretário de Governo do município, Gilvan Calado.
Inaugurado em março de 2006, o CAA foi o primeiro centro avançado da UFPE no interior do Estado e, ao longo dos anos, consolidou-se como polo estratégico de formação acadêmica e pesquisa para o Agreste. Para Fernando Monteiro, a oficialização como campus permitirá ampliar a oferta de cursos, investimentos e oportunidades. “Estamos nos inteirando dos critérios exigidos pelo Ministério para que, num esforço conjunto, esse processo avance. A educação superior transforma realidades, e Caruaru e o Agreste merecem essa conquista”, afirmou o parlamentar.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (4) o Projeto de Lei nº 1546/2024, de autoria do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), que estabelece regras mais rígidas para impedir descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. A proposta segue agora para análise do Senado Federal.
Pelo texto, mensalidades só poderão ser descontadas mediante autorização formal por escritura pública, firma reconhecida, assinatura eletrônica qualificada ou biometria. O INSS também terá de verificar todas as autorizações de forma individual e periódica, inclusive por meio eletrônico, o que elimina o atual modelo de conferência por amostragem. A medida tem como objetivo reforçar a segurança contra fraudes e proteger os beneficiários de cobranças realizadas por associações sem consentimento.
“Aposentadoria é direito de quem trabalhou a vida inteira. Não podemos permitir que os segurados sejam lesados por cobranças que não autorizaram. Nosso projeto garante mais transparência, segurança e respeito com quem mais precisa”, declarou Eduardo da Fonte.
O advogado Walber Agra, professor de Direito da Universidade Federal de Pernambuco, é o convidado do meu podcast em parceria com a Folha de Pernambuco, o Direto de Brasília, da próxima terça-feira (9). Autor do processo que resultou na inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, ele vai analisar o julgamento em andamento no Supremo Tribunal Federal e seus desdobramentos.
Livre-docente pela USP e doutor em Direito, Agra é referência nacional em Direito Constitucional e Eleitoral. É autor de diversos livros na área jurídica, entre eles obras de destaque sobre Direito Constitucional e Direito Eleitoral, utilizados em cursos e referências acadêmicas em todo o país. Além da atuação acadêmica, participa de entidades jurídicas e contribui para o debate público em temas centrais da democracia. Em junho de 2025, elaborou parecer jurídico a convite do ex-presidente Evo Morales e relatou ter sido declarado “persona non grata” na Bolívia após questionar decisões do Tribunal Constitucional Plurinacional.
O podcast ‘Direto de Brasília’ vai ao ar das 18h às 19h com transmissão pelo YouTube da Folha de Pernambuco e do meu blog, incluindo também cerca de 165 emissoras de rádio no Nordeste.
Retransmitem o programa a Gazeta News, do Grupo Collor, em Alagoas, a Rede Mais Rádios, com 25 emissoras, na Paraíba, e a Mais-TV, do mesmo grupo, sob o comando do jornalista Heron Cid. Ainda a Rede ANC, do Ceará, formada por mais de 50 emissoras naquele Estado, além da LW TV, de Arcoverde.
Os parceiros neste projeto são o Grupo Ferreira de Santa Cruz do Capibaribe, a Autoviação Progresso, o Grupo Antonio Ferreira Souza, a Água Santa Joana, a Faculdade Vale do Pajeú, o grupo Grau Técnico e o Berlitz Idiomas.
A investida do presidente dos EUA, Donald Trump, para influenciar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro permitiu ao governo Lula disputar contra o bolsonarismo de forma inédita as simbologias associadas ao patriotismo, recolocando o presidente numa “melhor posição de largada” para as eleições de 2026.
Essa é a avaliação do cientista político Antonio Lavareda, presidente do conselho científico do instituto de pesquisas Ipespe e professor colaborador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). As informações são da BBC Brasil.
Enquanto há a expectativa no mundo político de que o presidente americano volte a aplicar sanções contra o Brasil e membros do governo e do Supremo Tribunal Federal (STF) caso Bolsonaro seja condenado por tentativa de golpe de Estado, Lavareda avalia que, caso sejam confirmadas, as medidas podem reforçar a imagem do governo como defensor da pauta do orgulho nacional.
“Do ponto de vista meramente político, com o efeito que desperta na população, a capacidade de mobilizar solidariedade e reforçar a coalizão tecnicamente chamada de around the flag, em torno da bandeira nacional, do símbolo, é óbvio que o governo Lula é beneficiado”, opina.
Na última sexta-feira, numa ampliação desse discurso, o governo federal lançou um novo slogan: “Governo do Brasil – Do lado do povo brasileiro”, no lugar de “União e Reconstrução”, adotado no início do atual mandato de Lula.
Na ocasião, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, disse: “Agora, vivemos uma nova fase, em que o nosso país, nossa economia e conquistas da população vivem ameaças externas.”
A nova marca já está sendo usada em peças publicitárias e de comunicação institucional.
Mas Lavareda pondera que, caso uma eventual nova ofensiva de Trump afete de forma significativa a economia brasileira, o ganho do governo Lula pode ser anulado — ainda mais que a percepção da população sobre a situação econômica já é negativa, mesmo com dados positivos sobre desemprego, por exemplo.
“Isso vai exigir que o governo faça o esforço de persuasão a respeito do desempenho econômico do país, porque apenas as estatísticas oficiais não são capazes de criar esse tipo de sentimento [positivo] na população”, diz.
Especialista em comportamento eleitoral e marketing político, Lavareda também avalia que o caminho da direita para escolher o sucessor político de Bolsonaro para as eleições de 2026 está completamente indefinido, já que caberá exclusivamente ao ex-presidente decidir como e quando tomar sua decisão.
“Às vezes, algumas análises apressadas subestimam, no eleitorado de direita, o tamanho que o ex-presidente mantém”, diz.
A última pesquisa do Ipespe, de Lavareda, sobre quem os eleitores de direita consideram como sua maior liderança, coloca Bolsonaro como “líder inconteste” desse campo político.
Para 67%, Bolsonaro segue sendo a grande liderança da direita, seguido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 16%, e pelos governadores Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Romeu Zema (Novo), de Minas, com 3% cada.
“A direita quer chegar ao Natal com a sucessão de 2026 resolvida. Mas Bolsonaro não tem pressa”, resume Lavareda.
Para o cientista político, o ex-presidente segue aguardando “fatos novos”, inclusive mais ofensiva dos EUA, para decidir a quem (e se) passa o bastão.
Paralelamente, ganha fôlego no Congresso uma campanha para anistiar Bolsonaro e outros condenados pelos ataques de 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram as sedes dos três poderes, em Brasília.
Parlamentares de partidos do Centrão e o governador Tarcísio de Freitas trabalham por um acordo para anistiar o ex-presidente logo após o fim do julgamento do STF.
Tarcísio inclusive chegou a dizer que seu “primeiro ato” numa eventual Presidência seria conceder uma anistia a Bolsonaro.
Segundo a avaliação de Lavareda, tudo isso mostra que o julgamento em andamento no STF é só uma “partida” no embate entre bolsonaristas e o Judiciário.
“E as disputas de cada round vão ser resolvidas por pontos, não vai haver nocaute”, diz.
Uma dessas partidas será neste 7 de Setembro, no domingo, quando estão previstos atos de bolsonaristas em defesa da anistia ao ex-presidente.
Para Lavareda, a depender do tamanho do ato, será possível visualizar “a quantas anda hoje na sociedade o potencial de mobilização dessa causa”.
Leia abaixo os principais trechos editados da entrevista com Lavareda:
BBC News Brasil – O julgamento da tentativa de golpe já está tendo toda a atenção do país. Na sua avaliação, ele enfraquece a figura política de Bolsonaro ou, ao contrário, trará um fortalecimento da base bolsonarista, em torno do discurso de perseguição?
Antonio Lavareda – À primeira vista, as sessões do julgamento, da forma como vêm se desdobrando, resultam em mais desgaste para a imagem do ex-presidente, o fragilizando politicamente.
Não houve uma posição articulada das defesas que lhes conferisse alguma unidade de posicionamento. Desse modo, a narrativa sobre a “trama golpista” não foi refutada em uníssono.
A maioria dos acusados reconheceu a tentativa de ruptura da ordem democrática, com cada um deles apenas ressalvando a sua inocência individual.
Quando você olha as pesquisas a respeito [do processo contra Bolsonaro] de vários institutos, você vê o seguinte: uma maioria da opinião pública, 55%, achou justa a prisão domiciliar de Bolsonaro, e 39% acharam injusta a prisão, segundo a pesquisa Quaest de agosto.
No final de julho, uma pesquisa do Ipespe, a Pulso Brasil, que é uma pesquisa bimestral, perguntava se as medidas cautelares impostas então ao ex-presidente Bolsonaro eram leves, adequadas, exageradas ou descabidas. 54% classificaram como leves ou adequadas, 43% como exageradas ou descabidas.
Óbvio que o julgamento é outra coisa, mas é inegável que há uma certa conexão de atitudes e opiniões entre uma coisa e outra.
BBC News Brasil – Bolsonaro já entrou nesse julgamento como inelegível, por outras razões que já foram determinadas anteriormente. Isso quer dizer que a direita já precisa de um novo nome para as eleições de 2026. Na sua avaliação, o que o julgamento traz de novo nessa corrida eleitoral da direita?
Lavareda – Vai depender muito das escolhas do ex-presidente Bolsonaro.
Às vezes, algumas análises apressadas subestimam, no eleitorado de direita, o tamanho que o ex-presidente mantém.
A mesma pesquisa do Ipespe, a Pulso Brasil do final de julho, perguntava aos eleitores quem era o maior líder da direita do ponto de vista da representação das opiniões e dos valores desse segmento do eleitorado.
Bolsonaro foi mencionado por 67% como a grande liderança do setor. O segundo colocado, governador Tarcísio de Freitas (de São Paulo), veio com apenas 16%.
Por que digo isso? O ex-presidente Bolsonaro se mantém como líder inconteste desse segmento. É ele que detém o bastão da condução desse processo.
E não é por nada. O Brasil construiu na Nova República duas lideranças carismáticas. Primeiro, foi o presidente Lula. O segundo, que apareceu no século 21, foi Bolsonaro.
É muito difícil imaginar que o país supere líderes carismáticos desse tamanho, mesmo em episódios difíceis. Lula, por exemplo, enfrentou o processo da acusação pelo petrolão, o julgamento, a prisão, etc., e emergiu como a grande força no espectro à esquerda.
A Bolsonaro estão colocadas três opções. Ele pode apoiar o nome de um candidato da direita, um dos governadores, sendo o mais cotado, preferido da chamada Faria Lima, o governador Tarcísio.
A segunda opção é escolher o nome de um familiar seu. Ele conta com dois filhos em condições de sucedê-lo, o deputado Eduardo e o senador Flávio, e conta ainda com a sua esposa, Michelle.
Ou ele pode, numa terceira alternativa que se abra, apoiar seu próprio nome. Ou seja, insistir na candidatura e manter essa candidatura até o momento do registro das chapas, seguindo uma estratégia utilizada pelo presidente Lula em 2018.
Então, essa candidatura da direita passa pelo ex-presidente Bolsonaro. Agora, qual será o caminho que ele escolherá nós vamos ver mais adiante.
BBC News Brasil – O senhor vê como possível um cenário em que a direita se divida nas eleições de 2026, isto é, venha com dois ou três candidatos? Ou a direita está caminhando para tentar encontrar um nome de acordo?
Lavareda – É possível que outros nomes da direita se apresentem, mas de forma independente e não como ungido e como escolhidos por Bolsonaro. Candidato associado à marca Bolsonaro só haverá um.
Eu acho muito difícil que a direita não apresente mais de um nome nesta eleição. Se fosse o próprio Bolsonaro, essa eleição certamente contaria no ano que vem basicamente com dois candidatos. Mas sem poder disputar porque ele está inelegível, é muito difícil que esse campo consiga se organizar em torno de apenas uma candidatura.
BBC News Brasil – Na sua visão, Bolsonaro está esperando o resultado desse julgamento para decidir? Ou seja, se ele vai ser condenado ou não, e como vai ser o próprio desempenho da sua defesa e dos ministros do STF?
Lavareda – Acho que ele está esperando para tomar uma decisão. Embora o resultado do julgamento em linhas gerais já seja uma aposta consensual entre analistas e, ao que parece, até entre os defensores do próprio ex-presidente, acho que ele está dando tempo ao tempo e esperando fatos novos.
Também precisamos lembrar que tem outro ingrediente nesse julgamento.
Quando as pessoas dizem que é o julgamento do século, é verdade. É a primeira vez que um ex-presidente é julgado e mais ainda, um conjunto de pessoas que foram autoridades do governo anterior e alguns generais das Forças Armadas.
Mas também é a primeira vez que você tem um julgamento contando com o acompanhamento ativo — porque a qualquer momento poderá se pronunciar eventualmente com sanções, com nova medida contra o Brasil —, de um presidente da maior nação do mundo, dos Estados Unidos.
Isso confere esse grau de excepcionalidade para o significado desse julgamento.
Então, diante de tudo isso, o ex-presidente Bolsonaro pode estar esperando para escolher qual o melhor caminho, porque, a rigor, ele não tem essa urgência.
Quem tem urgência são os outros pré-candidatos, que têm problema de desincompatibilização lá em abril. Todos querem chegar ao Natal com essa equação da sucessão de 2026 resolvida. O ex-presidente, eu diria, é o único que não tem pressa.
BBC News Brasil – Já que tocou nesse assunto, vamos tratar do fator Trump. O governo Lula, desde que Trump anunciou o tarifaço, tem adotado um tom mais nacionalista, investindo na narrativa de que é um governo que defende o interesse e a soberania nacional. Visto que o Brasil pode ser alvo de novas sanções dos Estados Unidos com esse julgamento, o senhor avalia que Lula pode sair beneficiado?
Lavareda – É uma assertiva que precisa levar em conta vários aspectos.
Do ponto de vista meramente político, com o efeito que desperta na população, a capacidade de mobilizar solidariedade e reforçar a coalizão tecnicamente chamada de around the flag, em torno da bandeira nacional, do símbolo, é óbvio que o governo Lula é beneficiado.
A ofensiva do Trump já facultou ao governo, por exemplo, de certa forma tomar ou disputar no campo bolsonarista todas as simbologias associadas ao patriotismo.
Esse discurso entre aspas ‘patriota’, que era um monopólio da direita nos últimos tempos, foi no mínimo bastante disputado hoje pelo governo Lula também.
A maioria nítida da opinião pública rechaça as investidas de Trump sobre o Brasil.
Toda vez que o Trump der um passo adiante contra o Brasil, vai ampliar essa coalizão ‘around the flag’, a coalizão em torno da bandeira, fortalecendo o presidente.
Mas precisamos estar atentos também para o fato de que o presidente norte-americano, pelo que se vê, não tem limites. E essas ações podem, de certa forma, prejudicar cada vez mais a economia brasileira e isso terminar sendo danoso para o país.
Então tem essas duas dimensões. Do ponto de vista político eleitoral, a curto médio prazo, pode ser positivo, mas se for danoso para a economia do país e se arranhar muito mais do que o tarifaço arranhou até agora, se ferir com contundência a economia nacional, isso pode se tornar negativo para o governo, porque, uma vez que seja negativo para o país, inexoravelmente será negativo também para o governo.
BBC News Brasil – Mas olhando no cenário hoje, na sua visão, Lula se cacifa como o favorito à reeleição ou o escolhido de Bolsonaro nesse momento é a opção favorita para 2026?
Lavareda – Olha, 60 dias atrás, antes de Trump, Lula era um provável derrotado em 2026, basta recuperar todos os prognósticos feitos e o clima predominante entre os partidos e as lideranças de oposição.
A combinação desses eventos trouxe o Lula de volta ao grid de largada numa melhor posição em relação a 2026.
O agregador que nós do Ipespe Analítica fazemos, no mês de agosto, apontou o presidente Lula com 47% de aprovação versus 51% de desaprovação. Ainda é um saldo negativo, mas é o melhor saldo desse ano de 2025 — por volta de março e abril, o saldo negativo era de 12 pontos percentuais.
Então você imagina o quanto o governo melhorou. Hoje, com esse percentual, o incumbente é largamente competitivo, mas ainda não chegou àquele patamar de 50 pontos de aprovação, que conferiria a ele a condição de favorito.
Nós temos um ano pela frente e temos a questão da economia. A economia tem tido um desempenho objetivamente melhor do que a percepção que a população tem da economia.
Isso vai exigir que o governo faça o esforço de persuasão a respeito do desempenho econômico do país, porque apenas as estatísticas oficiais não são capazes de criar esse tipo de sentimento [positivo] na população.
Há uma estrada aberta de possibilidades. E o fator Trump, que vai estar provavelmente presente ao longo de toda esta jornada que nos levará às eleições de 2026.
BBC News Brasil – A política externa normalmente não é um tema que costuma dominar o debate eleitoral brasileiro, não fica na boca do povo nas rodas de conversa. Com Trump, isso muda? Teremos uma eleição em que a política externa vai ter um protagonismo inédito aqui no Brasil?
Lavareda – Olha, já está tendo. As eleições de 2026 de fato já começaram. Então, nesta conjuntura político-eleitoral, há esse fato absolutamente extraordinário para nós da presença ostensiva do presidente norte-americano.
Isso nunca ocorreu, mesmo quando presidentes americanos interferiram no processo brasileiro e isso foi descoberto com a revelação de documentos oficiais dos Estados Unidos.
O presidente John F. Kennedy cogitava a interferência no Brasil. O presidente Lyndon Johnson despachou uma flotilha para o litoral brasileiro para eventualmente desempenhar um papel quando do golpe militar de 1964.
Mas tudo isso era feito de forma mais discreta possível. Nenhum deles deu declarações tão diretas em relação ao processo político brasileiro e às instituições brasileiras.
Isso vai estar conosco no ano que vem. De hoje e até o ano que vem, com absoluta certeza os eleitores nos domicílios, no local de trabalho, nos bares, vão estar discutindo não exatamente política externa no sentido geral, vão estar discutindo Trump, o significado da interferência de Trump e se o papel de Trump é descabido, se o Brasil deve reagir com mais contundência.
BBC News Brasil – Nos últimos dias, todos os grandes jornais americanos estão falando sobre o julgamento de Bolsonaro, inclusive o colocando em suas capas e num tom de ‘Brasil ensinando os Estados Unidos’. Isso, na sua avaliação, é um sinal que o assunto Brasil vai seguir preocupando Trump?
Lavareda – Não só a imprensa dos EUA, mas do mundo todo. Isso será mais um motivo para o Trump não poder ignorar o julgamento. Várias análises internacionais chegam a citar o julgamento como um enfrentamento entre o governo brasileiro e Trump.
E, a partir destas análises, provavelmente o presidente norte-americano se sentirá provocado a reagir ao andamento e reagir aos resultados desse julgamento. No meu entendimento, é quase certo, uma vez que todos os prognósticos apontam na direção de uma condenação ao ex-presidente Bolsonaro.
BBC News Brasil – A base bolsonarista segue muito forte no Congresso e já está buscando se fortalecer para 2026, principalmente no Senado, que é onde se poderia votar, por exemplo, impeachment de ministros do STF. Isso sinaliza que, além do julgamento de Bolsonaro, a gente vai ter ainda vários rounds dessa disputa entre bolsonaristas e STF?
Lavareda – Com certeza. O julgamento de Bolsonaro encerra uma fase de um processo específico que corre no terreno da Justiça, mas não encerra o processo político.
E Bolsonaro continuará a ter centralidade nesse processo. Dada a força da direita brasileira do ponto de vista político e eleitoral e o peso que ela tem no Congresso Nacional, é óbvio que essa relação conflituosa com o Judiciário vai continuar.
A expressão “mais rounds” é absolutamente cabível. E as disputas de cada round vão ser resolvidas por pontos, não vai haver nocaute.
Pensemos apenas no PL (partido de Bolsonaro). Se o PL repetir o desempenho que teve na última eleição senatorial em 2022, que foi uma eleição uninominal (com uma vaga apenas para senador), o PL terá 24 senadores, perto de um terço do Senado.
Se somarmos a isso a nova federação União Progressista, eventuais senadores do Novo, mesmo do MDB ou PSD mais ligados à corrente bolsonarista, podemos ter no Senado o elemento que seria capaz de desestabilizar essa relação entre os poderes que já anda longe de ser harmoniosa. Poderia ganhar uma voltagem que traria ainda mais instabilidade à nossa democracia.
Ou seja, o julgamento de Bolsonaro é apenas um momento da partida. Longe de vermos o encerramento da partida.
BBC News Brasil – Paralelamente ao julgamento, o Congresso já avança na proposta de anistia. Visto que as pesquisas têm demonstrado que a maioria da população concorda com as medidas contra o ex-presidente, o que leva a classe política a insistir nessa proposta? O que esse avanço no Congresso mostra sobre a força do bolsonarismo?
Lavareda – Na verdade, o tema da anistia ganhou tração ao ser capturado pelas estratégias eleitorais de 2026.
Está em jogo o apoio do ex-presidente e de seus filhos, condicionado pela demonstração explícita de compromisso com o projeto capaz de lhe resgatar a liberdade, mesmo sem recuperar sua elegibilidade.
Aguardemos as manifestações programadas para o 7 de setembro para avaliarmos a quantas anda hoje na sociedade o potencial de mobilização dessa causa.
O estilista Giorgio Armani morreu nesta quinta-feira (4), conforme comunicado publicado pela empresa. Com a marca fundada em 1975, o italiano construiu um legado único na moda. Mais do que isso: ele deixa um império, que o fez um dos homens mais ricos do mercado fashion.
“Sr. Armani, como sempre foi chamado com respeito e admiração pelos funcionários e colaboradores, faleceu pacificamente, cercado pelos seus entes queridos. Incansável, trabalhou até os últimos dias, dedicando-se à empresa, às coleções, aos diferentes e sempre novos projetos”, comunicou a marca.
O designer esteve doente recentemente e chegou a se ausentar de um desfile, pela primeira vez, em junho deste ano. As informações são do Metrópoles.
Trajetória de Giorgio Armani Em 11 de julho de 1934, Giorgio Armani nasceu na província de Placência, ao norte da Itália. Na juventude, chegou a entrar para a graduação de medicina na Universidade de Milão, além de servir ao exército italiano em 1957. Depois, foi vendedor na loja de departamentos La Rinascente.
O italiano começou a carreira como estilista na década de 1960, como designer da marca Nino Cerutti, na qual ficou por quase 10 anos. Também passou pela grife Emanuel Ungaro. Contudo, foi nos anos 1970 que Armani decidiu seguir a carreira fashion de forma independente.
Ao lado do amigo Sergio Galeotti, fundou a Armani em 1975. Com criações minimalistas e elegantes, o designer italiano ficou conhecido pelo acabamento sofisticado. Ao desenvolver looks para mulheres, Giorgio Armani não se prendia a estereótipos de gênero, sobretudo na alfaiataria. O design considerado andrógino — para a época — consagrou o estilista como inovador.
Depois de abrir uma subsidiária nos Estados Unidos, nos anos 1980, o designer expandiu o negócio para a Ásia. Também passou a dividir a grife em linhas: nasceram a Emporio Armani e a Armani Exchange, além dos primeiros perfumes e acessórios. A Armani Privé, de alta-costura, por exemplo, estreou em 2005. Foi uma resposta ao desejo de clientes por mais exclusividade e peças feitas sob medida.
Giorgio Armani era crítico do fast fashion e defensor de uma moda de luxo tradicional, com a qualidade e a atemporalidade como prioridades. “A chave, para mim, é fazer roupas à prova de envelhecimento, criadas para serem mais elegantes do que responder ao apelo de moda, relevantes por anos em vez de meses. As pessoas deveriam investir em algo que tem valor e durabilidade”, disse em 2000, em entrevista à Harper’s Bazaar.
Ao longo dos anos, a marca construiu relacionamentos com celebridades. Um dos principais destaques foi a relação de longa data com a atriz e cantora Michelle Pfeiffer. Diversas personalidades, como Beyoncé, Lady Gaga, Cristiano Ronaldo, Megan Fox, Cate Blanchett, Nicole Kidman, Calvin Harris e Rihanna, também estão entre os parceiros da etiqueta.
Império Armani Atualmente, a Armani é uma das poucas etiquetas de luxo que não faz parte de conglomerados de moda, como o LVMH e o Kering. Até o fim da vida, Giorgio Armani comandou o próprio negócio. Ainda não se sabe quem o sucederá, mas especula-se que seja Leo Dell’Orco, braço-direito do estilista e responsável pela linha masculina da grife. Inclusive, o próprio Armani já teria elogiado e apontado Dell’Orco como seu escolhido.
No desfile de primavera/verão 2016, em Milão, inclusive, o italiano chegou a declarar à imprensa: “Enquanto eu estiver vivo, haverá independência. Logo depois, talvez terei preparado o terreno para um tipo de independência que é mais medida, mais controlada”.
O império construído por Armani vai muito além da moda e inclui uma linha de mobiliário e decoração, a Armani Home. Atualmente, o Grupo Armani é dono de uma rede de hotéis, imóveis e restaurantes pelo mundo. O Armani Teatro, a casa noturna Armani Privé Club e o museu Armani Silos completam a lista.