Em entrevista a um podcast, o deputado federal pela Paraíba Julian Lemos (UB) explicou como funciona e quem são os integrantes do chamado gabinete do ódio. Confira!
Em entrevista a um podcast, o deputado federal pela Paraíba Julian Lemos (UB) explicou como funciona e quem são os integrantes do chamado gabinete do ódio. Confira!
O nome de Dom Helder Câmara passou oficialmente a integrar o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que homenageia personalidades que contribuíram para a história do Brasil na defesa da liberdade, da justiça e dos direitos humanos. A Lei nº 15.242, de autoria do senador Fernando Dueire (MDB-PE), foi sancionada nesta quarta-feira (29) pelo presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e publicada no Diário Oficial da União.
Dueire celebrou a sanção e ressaltou a importância do reconhecimento. “Dom Helder é uma das figuras mais inspiradoras da nossa história. Sua voz em defesa dos mais pobres, dos direitos humanos e da paz ultrapassou fronteiras. É uma alegria e uma honra ver o Brasil inscrever seu nome entre os heróis e heroínas da pátria. Pernambuco se orgulha profundamente desse gesto de justiça e memória”, afirmou o parlamentar.
Apresentado em 2023, o projeto foi aprovado em decisão final pela Comissão de Educação e Cultura do Senado. O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, conhecido como Livro de Aço, fica no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Dom Helder, conhecido como o “Dom da Paz”, foi arcebispo de Olinda e Recife, fundador da CNBB e símbolo da luta por justiça social durante o regime militar, tendo sido indicado quatro vezes ao Prêmio Nobel da Paz.
Por Roberto Policarpo Fagundes*
De tempos em tempos, ressurge o mesmo discurso de que os servidores do Judiciário “descumprem o teto constitucional” e que haveria uma suposta distorção entre suas remunerações e as demais carreiras do serviço público. Trata-se de uma narrativa conveniente, mas profundamente desonesta — construída para gerar confusão, dividir os servidores e enfraquecer o serviço público.
É compreensível que a população se indigne com distorções salariais e privilégios injustificáveis. O cidadão quer ver justiça e eficiência — e tem razão nisso. O problema é que, ao tentar corrigir excessos pontuais com medidas genéricas, o Congresso pode acabar punindo justamente quem sustenta o funcionamento cotidiano do Estado.
Leia maisHá uma diferença clara entre membros do Judiciário (magistrados) e servidores (analistas, técnicos, oficiais, auxiliares, entre outros). São carreiras distintas, com regras, atribuições e remunerações distintas. Contudo, na hora de atacar o serviço público, todos são colocados no mesmo balaio — como se os salários exorbitantes atribuídos a poucos fossem a regra de toda uma categoria.
Essa distorção serve a um propósito político: criar a ideia de que “todo servidor é privilegiado”, apagando o fato de que a maioria cumpre rigorosamente o teto, trabalha com sobrecarga, enfrenta defasagem salarial e sustenta o funcionamento cotidiano da Justiça brasileira.
Exemplo disso são as proposições elaboradas pelo grupo de trabalho da Reforma Administrativa da Câmara dos Deputados. A primeira delas, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), contém nada menos do que 251 alterações à Carta Magna, sejam dispositivos em vigor, seja por meio da inclusão de novos artigos, incisos, parágrafos ou alíneas, dispositivos constitucionais autônomos ou regras de transição de nível constitucional.
O segundo é um Projeto de Lei Complementar que institui a Lei de Responsabilidade por Resultados da Administração Pública. Aborda temas como gestão de resultados, volume de políticas públicas, qualidade dos gastos públicos e evolução de desempenho dos servidores. Na prática, altera a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Código Tributário Nacional.
O terceiro é um Projeto de Lei Ordinária que institui o Marco Legal da Administração Pública brasileira. Trata de questões como planejamento de concursos, diagnósticos da força de trabalho, estruturação de carreiras e outros temas. Os dois projetos dependem, para sua validade, da aprovação da PEC.
À primeira vista, muitas dessas propostas parecem razoáveis — afinal, quem não quer um serviço público mais equilibrado e meritocrático? O problema está na forma como isso vem sendo apresentado: sem distinguir o que é privilégio do que é condição básica para o bom funcionamento das instituições.
Enquanto se discute o fim de licenças ou adicionais — pontos que poderiam ser debatidos com transparência e critérios —, o núcleo mais perigoso da reforma passa quase despercebido: o ataque à estabilidade e a criação de brechas para o apadrinhamento político. A estabilidade não é um privilégio — é um escudo contra a corrupção. É o que permite ao servidor agir com independência técnica e denunciar irregularidades sem medo de ser perseguido.
O enfraquecimento dessa garantia abre espaço para um tipo de nepotismo moderno, em que cargos são distribuídos por conveniência política, e não por mérito. O resultado é um Estado cada vez mais vulnerável a pressões de grupos privados e menos comprometido com o cidadão comum. Quando se desmontam as proteções institucionais sob o pretexto de “modernizar”, o que se está fazendo, de fato, é retirando os freios que impedem o abuso de poder e a captura do interesse público por interesses particulares.
O importante aqui é destacar que, nessa discussão sobre a reforma administrativa, existe uma tentativa de transformar os servidores, principalmente os do Judiciário, em vilões.
Ao usar o servidor do Judiciário como bode expiatório, certos setores tentam desviar o foco do verdadeiro problema: a captura do Estado por interesses que desejam mantê-lo frágil, deslegitimado e ineficiente. Esses grupos buscam ganhar a simpatia da população — que, com razão, é contrária a privilégios e medidas que burlem a Constituição —, mas fazem isso manipulando dados e confundindo a opinião pública.
A população quer resultados, e os servidores também. O que diferencia nossa defesa é o método: não se trata de proteger benefícios, mas de preservar a capacidade do Estado de entregar saúde, educação e Justiça de qualidade. Um servidor desmotivado, precarizado ou sujeito à pressão política não serve bem ao cidadão.
O objetivo é dividir os servidores e passar a ilusão de que o serviço público é inimigo da sociedade. Jogando-nos uns contra os outros, acabam favorecendo um projeto que não pretende modernizar o Estado, e sim precarizá-lo. O resultado dessa estratégia é perverso: um serviço público cada vez mais sucateado, distante e inacessível para o cidadão comum — justamente aquele que mais precisa do SUS, da escola pública, da aposentadoria e da Justiça.
A defesa do serviço público não é uma defesa corporativa — é uma defesa civilizatória. É o compromisso com um Estado capaz de garantir direitos, de servir ao povo com ética e competência, e de proteger a democracia contra os interesses de quem lucra com a desinformação e o desmonte institucional.
Se a intenção dos parlamentares fosse, de fato, corrigir distorções salariais ou tornar o serviço público mais justo, não precisariam dos projetos que hoje tramitam no Congresso. Bastaria cumprir a Constituição e aplicar de forma isonômica as regras já existentes — o que garantiria transparência e equilíbrio entre as carreiras.
Mas o que se vê é o contrário: projetos que buscam fatiar direitos, restringir concursos, vincular progressões a avaliações subjetivas e enfraquecer a estabilidade. Em nome de uma falsa “modernização”, querem abrir espaço para indicações políticas, terceirizações e precarização das funções essenciais do Estado.
Essas propostas — apresentadas sob o discurso de eficiência —, na verdade, ameaçam a autonomia técnica e o compromisso social do serviço público, transformando o Estado num balcão de interesses privados.
Defender o serviço público é defender o direito de cada brasileiro a ser atendido com dignidade. É lutar para que o Estado funcione melhor — com gestão, mérito e transparência —, sem se tornar refém de interesses privados. Essa é a reforma de que o Brasil precisa: a que valoriza quem serve e melhora a vida de quem é servido.
*Servidor do TRT da 10ª Região há mais de 30 anos
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A Câmara Municipal de Arcoverde obteve uma decisão favorável no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) nesta quarta-feira (29), durante sessão itinerante da Segunda Turma da Câmara Regional de Caruaru, realizada em Garanhuns. Por unanimidade, os desembargadores rejeitaram o agravo de instrumento do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e mantiveram a validade das Leis Municipais nº 2.740/2024 e nº 2.741/2024, que definem os subsídios do prefeito, vice-prefeito, secretários e vereadores para o exercício de 2025.
O MPPE argumentava que as leis teriam sido aprovadas em desacordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), por terem sido votadas após as eleições e dentro do período de 180 dias que antecede o fim do mandato, o que, segundo o órgão, impediria reajustes remuneratórios. A defesa da Câmara, representada pelo advogado João Batista Rodrigues, sustentou que a fixação dos subsídios respeitou o princípio da anterioridade previsto no artigo 29, inciso V, da Constituição Federal, e que esse dispositivo não está condicionado ao calendário eleitoral. Ele também destacou que a Assembleia Legislativa de Pernambuco e o Congresso Nacional aprovaram reajustes semelhantes no mesmo período.
“Juntamos comprovação de que não houve incremento da despesa de pessoal em relação à receita corrente líquida em função dos reajustes”, afirmou o advogado. Em voto-vista, o desembargador Paulo Augusto, presidente da Segunda Turma, acompanhou os argumentos da defesa e negou provimento ao recurso do MPPE. O voto foi seguido pelos desembargadores Evanildo Coelho e Paulo Victor, restabelecendo os efeitos das leis municipais que definem os novos valores dos subsídios a partir de 2025.
CORREIO DA MANHÃ
O deputado Pauderney Avelino (União-AM) comenta sobre uma nova modalidade de crime que vai se intensificando na Amazônia: a pirataria nos rios. Na região, o transporte de caras é essencialmente fluvial, feito com o uso de grandes chatas. Segundo Pauderney, os piratas ficam acompanhando o movimento das margens ou em rios menores.
Abordam os barcos e levam as cargas. Tudo articulado pelo crime organizado. No caso, não apenas os grandes grupos que atuam nos grandes centros do país, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). Mas facções locais, como a Família do Norte. A situação relatada por Pauderney é sintoma da grande doença brasileira: o crime se alastrou pelo país inteiro.
Leia maisGuerra
As cenas de guerra – e não há outro termo possível – ocorridas nesta terça-feira (28) no Rio de Janeiro são o sintoma mais agudo de algo que se espalhou pelo país, e o caso do Amazonas é um exemplo. “O Estado perdeu. O crime venceu”, resume o cientista político André Cesar.
Transnacional
Algumas apreensões de armas ocorridas na terça no Rio revelam sua origem vinda de outros estados. O que acontece, portanto, não é mais isolado. “Há uma transnacionalidade hoje no crime, o que claramente exige no combate uma ação organizada e nacional”, diz André.
Segurança é a preocupação
Com o debate interditado, resulta que as pesquisas mostram que hoje a segurança é um dos maiores, senão o maior, ponto de preocupação da sociedade. O tema certamente dominará a campanha eleitoral do ano que vem. Mas, infelizmente, sem que se apontem claramente soluções. “É incrível como o ponto de maior preocupação da sociedade tem seu debate interditado”, comenta o cientista político. E isso acontece pela forma como a Constituição divide as tarefas na área de segurança. Principalmente, o policiamento ostensivo e o combate mais intenso ao crime é tarefa das Polícias Militares, estaduais. Esse modelo precisa ser rediscutido.
Empurra
Em momentos graves como o desta terça, fica claro o jogo de empurra. De maneira legítima, o governo estadual reclama falta de apoio federal. O governo federal responde dizendo o que faz. Enquanto isso, um projeto de segurança segue estacionado no Congresso.
Exército
O governador Claudio Castro (PL) afirma ter pedido várias vezes o envio de Forças Armadas ao Rio de Janeiro. Outros questionam, como o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), se a solução estaria em ainda mais violência. O fato: algo precisa ser feito urgentemente.
Desafio
“O país mergulhou em uma guerra de fato contra o crime organizado, com facções que se estruturaram como exércitos, controlam territórios, impõem leis e desafiam abertamente o poder do Estado”, observa o líder da Oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS).
SUS
A solução exigiria a construção de um grande debate que fosse capaz a essa altura de eliminar as disputas políticas. Como os sanitaristas, de esquerda e de direita, conseguiram fazer na Constituinte quando criaram o Sistema Único de Saúde (SUS). Há, porém, ambiente?
Em meio à escalada da crise de segurança no Rio, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, afirmou ter conversado com outros governadores para participarem de uma reunião nesta quarta-feira no Rio para discutir medidas de enfrentamento ao crime organizado. O encontro, segundo ele, foi discutido em videoconferência com Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Tarcísio de Freitas, de São Paulo, Jorginho Mello, de Santa Catarina, e Mauro Mendes, de Mato Grosso.
O grupo, segundo Caiado, decidiu viajar ao estado comandado pelo colega Cláudio Castro (PL) nesta quarta-feira para prestar solidariedade e oferecer apoio das forças estaduais. As informações são do jornal O GLOBO.
Leia maisSegundo participantes da reunião, o grupo quer demonstrar unidade diante do avanço da violência e se colocar à disposição para colaborar com o enfrentamento da crise, inclusive com o envio de efetivos de segurança, caso seja solicitado. Outros governadores devem ser contactados para integrar o movimento.
—Tivemos uma reunião agora pela manhã por videoconferência e estamos marcando a hora para nós virmos amanhã ao Rio de Janeiro, para levar não só nossa solidariedade, mas colocar também nossas tropas à disposição para que o Rio de Janeiro consiga combater a criminalidade— disse Caiado ao GLOBO.
Os eventos de ontem abriram uma nova crise entre o governo e representantes da direita. Integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que as declarações do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), de responsabilizar a falta de apoio federal pela crise de segurança, é um movimento político de Castro para antecipar a disputa eleitoral do ano que vem. Em entrevista nesta terça-feira, após uma megaoperação para conter o avanço do Comando Vermelho, Castro afirmou que o Rio está “sozinho” e teve pedidos de ajuda para enfrentar facções criminosas negados pela gestão petista.
A cúpula do Ministério da Justiça afirma que o governador não chegou a solicitar ajuda da pasta na operação desta terça-feira. Integrantes do governo afirmam ainda que, em ocasiões anteriores, quando Castro foi a Brasília pedir ajuda de estrutura federal, como transferência de presos de facções criminosas para penitenciárias federais e apoio aéreo, sempre foi atendido.
Em entrevista à imprensa, o governador citou como exemplo solicitações para que as Forças Armadas emprestassem blindados para atuar no estado, mas que esses pedidos foram negados. Integrantes do Ministério da Defesa, contudo, afirmam haver um erro de conduta e explicam que esse tipo de pedido não deveria ser feito diretamente aos militares. Cabe ao governo estadual solicitar apoio ao governo federal e que compete à Presidência da República analisar e autorizar um um pedido de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que prevê a atuação das Forças Armadas em ações de segurança pública.
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Por Josias de Souza – UOL
Mal comparando, a elaboração de uma política de combate ao crime organizado é simples como a preparação de um misto-quente. O sanduíche se faz com queijo, presunto e duas torradas. Para combater as facções, os ingredientes são união, planejamento e duas esferas de governo: o federal e os estaduais.
No Rio, a megaoperação desta terça-feira contra o Comando Vermelho produziu mais de cem cadáveres. Foi a ação policial mais letal da história do estado. Dois meses antes, seguindo a lógica do misto-quente, uma força-tarefa com autoridades de Brasília e de oito estados deflagrou um cerco ao PCC sem dar um mísero tiro.
O governador Cláudio Castro celebrou seu fracasso estalando de orgulho nas redes sociais. Publicou uma foto com dezenas de armas. Escreveu uma legenda panfletária: “O Rio termina o dia com uma imagem que fala por si: mais de 100 fuzis apreendidos pelas polícias Civil e Militar. Depois disso, alguém ainda duvida que nossas forças de segurança estão fazendo sua parte?”.
Leia maisNo caso do PCC, deu-se preferência à apreensão do arsenal financeiro. Foram mapeados 40 fundos de investimento ligados ao crime. Movimentaram R$ 52 bilhões em quatro anos. A Receita lavrou R$ 8,4 bilhões em autuações fiscais. A Justiça bloqueou R$ 1,2 bilhão em ativos. Foram sequestrados 192 imóveis e duas lanchas. Apreenderam-se 141 veículos.
As polícias de Cláudio Castro realizaram batidas nos complexos do Alemão e da Penha. A Polícia Federal fez incursões em endereços elegantes, incluindo escritórios de prósperas corretoras. Em São Paulo, o PCC amargou o fechamento de algumas de suas lavanderias. No Rio, o Comando Vermelho fechou a cidade.
A comparação entre as duas megaoperações reforça a noção de que o combate ao crime organizado é mais eficiente na Faria Lima do que nas favelas. Alega-se que a crise do Rio é diferente, pois envolve a reocupação de territórios ocupados pelo crime. Trata-se de uma meia verdade, pois o poder real do tráfico e das milícias não mora no morro, mas nas coberturas.
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Por Eduardo Gomes de Figueiredo*
Quando os limites ao poder estatal desafiam a própria democracia
Quando Thomas Hobbes escreveu “O Leviatã” em 1651, seu diagnóstico era inequívoco: sem poder soberano capaz de impor ordem, a humanidade mergulha no “estado de natureza”, onde a vida é “solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta”.
O filósofo compreendia que o contrato social exige transferir parte da liberdade individual para um ente capaz de garantir segurança coletiva. Quase quatro séculos depois, Pernambuco e o Brasil vivenciam um paradoxo: a tentativa legítima de conter excessos do Estado pode estar criando vácuo de autoridade que nos empurra de volta ao caos.
Leia maisA Constituição Federal de 1988 estabeleceu sofisticado sistema de freios e contrapesos ao poder estatal. O artigo 5º consolida direitos à vida, segurança, propriedade e inviolabilidade do domicílio. Mas a Carta também determina, no artigo 144, que “a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública”.
Para equilibrar esses princípios, o Supremo Tribunal Federal utiliza a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), instrumento constitucional que permite ao STF intervir quando atos do poder público violam direitos fundamentais. A ADPF 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, impôs restrições às operações policiais no Rio: planejamento obrigatório, comunicação ao Ministério Público, presença de ambulâncias e câmeras corporais. A ADPF 828 suspendeu despejos coletivos durante a pandemia e estabeleceu protocolos com audiências de mediação obrigatórias. Os objetivos são legítimos: reduzir letalidade policial e proteger famílias vulneráveis.
Contudo, essas limitações criaram efeitos colaterais. No Rio de Janeiro, comunidades tornaram-se feudos do crime organizado. Facções ampliaram armamentos, incluindo drones com explosivos. As operações de outubro de 2025 expuseram a gravidade: mais de 60 mortos, fechamento do espaço aéreo, paralisação da cidade. O Estado deparou-se com estrutura criminal militarizada.
Em Pernambuco, o padrão se repete. Cabo de Santo Agostinho e São Lourenço da Mata figuram entre as dez cidades mais violentas do Brasil (Anuário de Segurança Pública 2025), com o estado na quarta posição nacional (36,2 mortes por 100 mil habitantes). O Instituto Fogo Cruzado registrou recorde no primeiro semestre de 2025: 39 vítimas de balas perdidas, 35 mortas, com crianças baleadas dobrando em relação ao ano anterior. Recife teve 159 homicídios no último trimestre, Jaboatão 61, Petrolina 50.
No campo, Pernambuco liderou invasões de terras em 2025: 20 ocorrências em quatro meses, quase metade das 53 nacionais. A ADPF 828 sinalizou que ocupações podem prosperar sem resposta célere. Proprietários relatam ouvir que “não se pode fazer nada”.
Hobbes não defendia Estado totalitário, mas forte o suficiente para garantir paz. Cidadãos, percebendo que o Leviatã não pode protegê-los, buscam seguranças privadas, blindagens, armamento civil – sintomas de perda de fé estatal. É crucial enfatizar: ninguém defende letalidade policial descontrolada. Operações que resultam em mortes de inocentes são inaceitáveis. Direitos humanos são inegociáveis.
Mas precisamos reconhecer que limites excessivos produzem resultados opostos. Quando o Estado não pode agir, o crime age. Quando a polícia não entra, facções dominam. Quando reintegrações são suspensas, invasões proliferam. A solução é aperfeiçoar controles: operações planejadas, mas eficientes; inteligência policial; protocolos que garantam direitos sem criar impunidade; presença estatal através de políticas públicas e participação social.
Estado Democrático de Direito equilibra limite e capacidade de ação. Enquanto pernambucanos temem pela vida e produtores veem propriedades invadidas, o contrato social falha. O Leviatã não pode ser tão acorrentado que se torne incapaz de cumprir sua função. Do contrário, escolhemos entre barbáries. E todos perdemos.
Por fim, esta discussão não pode ser sequestrada pela polarização política. Não se trata de agenda de direita ou esquerda. Trata-se de respeito às instituições constitucionais. A Constituição não é instrumento partidário, é pacto social que estabeleceu proteção de direitos fundamentais e responsabilidade estatal. Quando o debate constitucional vira trincheira ideológica, traímos a redemocratização e enfraquecemos instituições. O desafio exige transcender rótulos: construir Estado limitado em excessos e eficiente em funções essenciais.
*Advogado especializado em Gestão e Políticas Públicas
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Pré-candidato a deputado federal e dirigente estadual do PSDB, Gabriel Porto foi recebido no Palácio do Campo das Princesas, hoje, pelo governador em exercício e presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, desembargador Ricardo Paes Barreto.
Acompanhado pelo ex-prefeito de Quipapá Alvinho Porto, Gabriel definiu o encontro como uma oportunidade valiosa de diálogo e aprendizado. “Pudemos compartilhar ideias e reconhecer o trabalho exemplar de um pernambucano que honra cada cargo que ocupa”, disse.
Na avaliação de Gabriel, Pernambuco sempre estará muito bem representado com o desembargador à frente de qualquer uma de suas funções. “Doutor Ricardo é um verdadeiro exemplo de liderança, respeito e dedicação ao serviço público”, ressaltou.
A Prefeitura de Taquaritinga do Norte, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), realizam, nesta sexta-feira (31), o 1º Fórum Sobre Pesquisa Aplicada à Cadeia Produtiva do Café. O evento, inteiramente presencial, será na Câmara Municipal de Taquaritinga do Norte, com programação das 9h às 16h30.
O fórum reunirá representantes da academia, gestores públicos e produtores locais para debater os avanços e desafios da pesquisa voltada ao setor cafeeiro em Pernambuco. A iniciativa conta com apoio da Rede Café de Pernambuco, APROTAQ, IPA e ADEPE.
Leia maisA programação tem início às 9h com um coffee-break de recepção. Às 10h, ocorre a abertura institucional com representantes da Prefeitura, do MDA/Rede Café de Pernambuco, da UFRPE e da APROTAQ. Em seguida, às 10h30, a Pró-Reitoria de Pesquisa da UFRPE destaca a importância da interação entre academia e setor produtivo.
Às 10h45, o articulador estadual do MDA, Álvaro Eugênio, apresenta um panorama da colaboração entre a universidade e os produtores de café, além dos principais eixos de pesquisa em andamento. Na sequência, o professor André Melo (UFRPE) aborda as potencialidades de pesquisa voltadas ao café pernambucano.
A escuta ativa das demandas dos produtores está prevista para às 11h15, com foco nos eixos apresentados. Após o almoço, às 13h, os pesquisadores participantes farão um resumo de suas atuações, com destaque para as demandas identificadas.
No período da tarde, às 14h30, o professor Romilson Cabral (UFRPE) conduz a mediação e a síntese coletiva das propostas, priorizando as demandas mais urgentes. O encerramento está marcado para às 16h, com Romilson Cabral e Álvaro Eugênio apresentando os encaminhamentos do encontro.
O 1º Fórum Sobre Pesquisa Aplicada à Cadeia Produtiva do Café marca um passo importante na articulação entre pesquisa científica e desenvolvimento regional, reforçando o papel estratégico da cafeicultura na economia e na cultura pernambucana.
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O cenário político de Petrolina ganhou novos contornos, na manhã de hoje, com uma reunião de articulação promovida pelo ex-prefeito e ex-deputado federal Guilherme Coelho. O encontro, realizado em sua residência, reuniu parte do grupo de oposição local, com o objetivo de formalizar uma nova postura estratégica visando as próximas eleições e, principalmente, fortalecer o apoio à reeleição da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD).
Conhecido por utilizar o tradicional café da manhã em sua casa como um palco para diálogos e tratativas políticas, Coelho destacou a importância do momento para a coesão do grupo. “Esse foi apenas um primeiro encontro para um café que promovo tradicionalmente aqui em casa. Considerei proveitoso e vi uma turma animada,” afirmou Guilherme Coelho. “Nosso objetivo agora é ampliar essa rede, receber outros atores e fortalecermos o grupo. Política se faz assim mesmo, conversando, dialogando e buscando espaços”, disse.
Segundo o ex-prefeito, o encontro serviu para ouvir os posicionamentos dos presentes e traçar as primeiras estratégias para o futuro político do grupo. O foco principal está na reorganização da frente de oposição no município para dar suporte à plataforma da governadora no pleito vindouro. A reunião contou com a participação do ex-deputado Odacy Amorim, vereadores Diego Serra e Ronaldo Silva, ex-vereador Elismar Gonçalves, jornalista Carlos Britto, do jovem Artur Coelho, filho de Guilherme e Júlio Lossio Filho, que também representou o seu pai, ex-prefeito Julio Lossio.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou, hoje, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou “estarrecido” com número de mortes na megaoperação contra o crime organizado realizada ontem, no Rio de Janeiro.
A operação que mirou a facção Comando Vermelho (CV) foi considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, nos complexos do Alemão e da Penha. Mais de 130 pessoas morreram.
Leia maisLula ainda não se manifestou publicamente sobre o caso. Ele estava retornando de viagem para a Ásia, durante as atividades policiais, e foi informado ao chegar a Brasília na noite de terça (28). Nesta quarta, ele passou a manhã reunido com ministros.
Depois da reunião no Palácio da Alvorada, o ministro deu uma coletiva de imprensa, ao lado do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Segundo Lewandowski, o caso no Rio de Janeiro foi uma “operação extremamente cruenta e violenta”.
“É muito importante que se diga que a responsabilidade da segurança pública é dos governos estaduais. Com a PEC da Segurança Pública queremos inverter essa operação, queremos fazer com que todas as forças colaborem entre si, mudar esse panorama”, destacou.
O ministro da Justiça também disse que Lula ficou surpreso com a falta de informações repassadas ao governo federal sobre a operação realizada no Rio.
Questionado sobre a possibilidade de instalação de uma norma de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), Lewandowski afirmou que trata-se de uma operação complexa, que precisa ser “requerida primeiramente pelo governador”.
O ministro afirmou que para que uma GLO fosse determinada, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, precisaria reconhecer a incapacidade do estado para lidar com a crise na segurança.
Além disso, caberia ao presidente Lula decidir pelo decreto de GLO. O ministro também afirmou que essa hipótese não foi tratada na reunião desta quarta no Palácio da Alvorada. “Não é uma ação espontânea do presidente ou do governo federal. É algo exatamente complexo, medida excepcionalíssima”, seguiu.
Lewandowski também disse que o governo colocou à disposição do Rio de Janeiro vagas em presídios federais para alocar as lideranças criminosas. Além disso, homens da Força Nacional e institutos nacionais de perícia para ajudar na identificação dos corpos e elucidação dos crimes. Ele disse que, na reunião da tarde desta quarta, vai ouvir o governador Cláudio Castro sobre as necessidades do estado para disponibilizar mais apoio.
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O cantor e compositor Augusto César Filho é o convidado do Sextou desta semana. Filho do ícone do brega pernambucano Augusto César, o músico vai falar sobre a sua trajetória na música e o legado do seu pai, que tenta manter vivo por onde passa.
Desde os 13 anos, Guto, como também é conhecido, acompanhava o pai nos bastidores e nos palcos. Hoje, ele assume a missão de manter viva a história que ajudou a construir. Seu show “A Escalada Continua” é uma homenagem direta ao legado familiar e já está disponível nas plataformas digitais.
O Sextou vai ao ar na próxima sexta-feira, das 18h às 19h, pela Rede Nordeste de Rádio, que reúne 48 emissoras em Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha 96,7 FM, no Recife. Para ouvir pela internet, acesse o link do Frente a Frente no topo desta página ou baixe o aplicativo da Rede Nordeste de Rádio na Play Store.
