Por Rinaldo Remígio*
O recente show do cantor Roberto Carlos, amplamente repercutido nas plataformas digitais, reafirma um fato incontestável: o Rei permanece como um dos maiores pilares da música popular brasileira. Sua presença no palco vai além do entretenimento; transforma-se em um reencontro afetivo com a memória coletiva do país, onde cada canção carrega história, emoção e identidade.
Nesse cenário simbólico, a participação do pernambucano João Gomes ganhou destaque especial. Com seu sotaque nordestino marcante e uma alegria genuína, João Gomes mostrou respeito e emoção ao dividir o palco com um ícone que influenciou gerações. Em um gesto espontâneo, quebrou o protocolo ao cantar à capela a introdução de uma das músicas do Rei – não como ousadia, mas como homenagem sincera.
Leia maisO momento ganha ainda mais significado quando lembramos que, por muitos anos, Roberto Carlos dividiu o palco quase exclusivamente com seu parceiro histórico, o saudoso Erasmo Carlos, além de alguns nomes da Jovem Guarda e da MPB. Era o retrato de um ciclo artístico natural. Com o tempo, porém, o Rei parece ter percebido a riqueza de novos talentos que surgiram pelo Brasil, trazendo novos ritmos, narrativas e sotaques.
Ao abrir espaço para artistas como João Gomes, Roberto Carlos demonstra grandeza, sensibilidade e visão histórica. Afirma-se como ponte entre gerações e reafirma a pluralidade da música brasileira. O espetáculo, assim, não foi apenas musical: foi histórico, simbólico e profundamente humano. O Rei segue reinando – não apenas pelo que construiu, mas pela capacidade de compreender o tempo e valorizar o novo.
*Professor universitário aposentado e memorialista
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